Evento de integração dos programas de pós-graduação da PUCRS aconteceu entre os dias 1º e 2 de outubro 

A conferência de abertura foi conduzida pela secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Simone Stülp. / Foto: Giordano Toldo

A segunda edição do Conexão Pós reuniu mais de 400 pesquisadores de diferentes áreas em uma programação de dois dias. Com o objetivo de integrar estudantes e professores de todos os Programas de Pós-Graduação da Universidade, a programação englobou apresentações de pesquisa, palestras e oficinas. Neste ano, o evento aconteceu entre os dias 1º e 2 de outubro durante a Semana Acadêmica Integrada. 

A conferência de abertura foi conduzida pela secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Simone Stülp. A palestra “Academia e Sociedade: a importância da pesquisa para o desenvolvimento de políticas públicas efetivas”, aconteceu no teatro do prédio 40, abordando estratégias e programas que visam a conexão entre pesquisa e soluções para os desafios da sociedade e foi mediada pelo pró-reitor de pesquisa e pós-graduação Carlos Eduardo Lobo e Silva. 

Em sua fala de acolhida, o reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira, destacou a importância do evento para a descoberta de novas perspectivas, que influenciem positivamente as trajetórias acadêmicas.  

Foto: Giordano Toldo

“Sabemos que o caminho da pesquisa, especialmente no âmbito da pós-graduação, é desafiador. Ele exige não apenas curiosidade e criatividade, mas também resiliência, rigor e uma grande dose de perseverança. Mas é justamente nesses desafios que reside a beleza da ciência; uma ciência que acreditamos nos permitir melhor compreender os problemas complexos da contemporaneidade e buscar respostas que agreguem valor e impacto para a sociedade”, adicionou. 

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Pesquisas conectadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 

Mestrandos/as e doutorandos/as apresentaram suas pesquisas em 42 sessões temáticas no contexto dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, além de uma categoria livre. O objetivo foi, a partir de uma temática em comum, reunir discentes de diferentes PPGs e incentivar conexões e trocas entre as pesquisas realizadas pelos alunos nos diferentes Programas da PUCRS. 

Além das apresentações, oficinas e painéis também integraram a programação. Entre elas estava a oficina The challenges of interdisciplinary research, com o professor visitante Roland Sturm, da Pardee RAND Graduate School, dos Estados Unidos. O docente está na Universidade como parte do Programa Cátedra da Fulbright. 

Outras temáticas como pesquisa e mercado de trabalho, inteligência artificial, gestão do tempo e emoções, internacionalização e empreendedorismo também foram abordadas durante o evento. Mais de 80 professores da PUCRS integraram a programação como mediadores e painelistas. 

Para a estudante do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais Daniele Maio o evento foi uma oportunidade de compartilhar sua pesquisa e ouvir outros colegas.  

“Ter essa interação com outros PPGs é muito interessante, pois nos faz sair de uma ‘bolha’ e identificar questões que talvez não vejamos no nosso dia a dia”, comentou. 

Para o diretor de pós-graduação Luiz Gustavo Leão Fernandes, o evento é uma oportunidade de promover a integração entre os diferentes Programas de Pós-Graduação e de fortalecer a interdisciplinaridade, essencial para enfrentar os desafios complexos da sociedade contemporânea. Fernandes acredita que ao reunir pesquisadores de diversas áreas em torno de temas globais como as 17 ODS da ONU, é possível criar um ambiente propício para o surgimento de novas ideias e parceiras que podem gerar impactos não só na academia como também no setor produtivo.  

“Além disso, é uma excelente chance para os alunos desenvolverem habilidades como comunicação científica e capacidade de interagir com outras áreas do conhecimento, fundamentais para suas carreiras futuras”, completou Fernandes. 

Inscrições abertas para o Mestrado e Doutorado PUCRS 

Estão abertas as inscrições para os processos seletivos dos 20 programas de pós-graduação da PUCRS. Os programas de Mestrado e Doutorado da Universidade têm tudo para você desenvolver sua pesquisa, se especializar na sua área ou até mesmo se aprofundar em algo totalmente novo. Na PUCRS, você segue a sua trajetória de aprendizado e crescimento em uma das melhores pós-graduações do país, segundo a CAPES.

Inscreva-se no Mestrado e Doutorado na PUCRS

Fotos: Giordano Toldo e Gabriel Pedroso

Próxima edição do evento também contará com o lançamento de mais um livro com Selo PUC+ 

Evento reuniu editores e outras autoridades das editoras das PUCs. / Foto: Aline Urbano

Nos dias 4 e 5 de setembro, a PUC-Rio recebeu o 1º Fórum Editorial PUC+, um evento com o objetivo de unir as editoras das diferentes Pontifícias Universidades Católicas. Foram dois dias de reuniões para debater ações em conjunto e um selo editorial comum, além de partilhas sobre as estruturas de cada uma das editoras. As iniciativas buscam integrar as editoras das PUCs e ampliar o alcance e a repercussão da atividade editorial empreendida em cada instituição. 

O Fórum e o selo editorial PUC+ já nascem com o peso, a tradição e o reconhecimento acadêmico nacional e internacional de sete PUCs existentes em diferentes regiões do Brasil. A associação entre essas instituições oferece uma visibilidade ainda maior para o conhecimento acadêmico produzido por pesquisadores e pesquisadoras de cada uma delas, no âmbito de toda comunidade acadêmica nacional.  

Além do lançamento do primeiro livro editado com o selo PUC+, intitulado Teoria, política e história: diálogos com Marcelo Jasmin, publicado em parceria pelas Editoras da PUCRS e da PUC-Rio, o Fórum teve também por objetivo reunir os editores de todas as PUCs do Brasil para discutir questões relacionadas à edição universitária no País.  

O editor-chefe da ediPUCRS, Luciano Abreu, e a coordenadora da ediPUCRS, Aline Urbano, representaram a Universidade.  Ainda compareceram acadêmicos das PUCs de Campinas, Goiás, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.  

“Pretende-se realizar anualmente o Fórum PUC+ e, nessa ocasião, lançar também um novo livro com este selo. Foi previamente acordado também que o próximo Fórum deverá ocorrer na PUCRS que, junto com a PUC-Rio, foi pioneira na criação dessa parceria. Originalmente, o Fórum que ora se realizou no Rio deveria ocorrer em Porto Alegre, mas isso não foi possível devido às enchentes e às restrições que ainda sofremos com o aeroporto. Espero que em 2025 possamos receber aqui os editores de todas as PUCs”, comenta Luciano Abreu.  

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Começar uma nova rotina de estudos é algo empolgante, mas que também exige planejamento, veja dicas para iniciar uma pós-graduação  

Foto: Giordano Toldo

Está aberto o processo seletivo para ingressar no mestrado e doutorado da PUCRS no primeiro semestre de 2025. As inscrições para os 20 programas de pós-graduação podem ser realizadas até o dia 25 de novembro, exclusivamente de maneira online.     

Mas antes de ingressar em uma pós-graduação do tipo Stricto Sensu, seja mestrado ou doutorado, é preciso saber que esta nova etapa de estudos mudará sua rotina. E para poder conciliar esta nova jornada do conhecimento com as suas atividades cotidianas, é preciso planejar. Pensando em facilitar a sua preparação, a PUCRS reuniu uma lista de dicas para você:  

1) Pense no que você quer estudar e entenda sua rotina 

Pesquise livremente sobre tema que você goste, e busque este repertório não apenas por meios acadêmicos. Consumir cultura e notícias, conhecer novos ambientes, histórias, filmes, séries, artistas e livros são ótimas maneiras de ampliar seus interesses e conhecimentos. Assim você consegue ampliar seus horizontes e pode até mesmo se interessar por estudar uma área diferente.  

Analise seu dia a dia e perceba como você consegue inserir horas de estudo na sua semana. Veja em que turno do dia é possível encaixar as aulas, organize um espaço dentro de casa para poder se dedicar as pesquisas e elaborações de trabalho. Conte também com outros espaços de trabalho e aprendizagem, como a Biblioteca Irmão José Otão, que conta com milhares de exemplares, além de computadores e diversas áreas de estudo.  

2) Pesquise os editais 

Esteja atento aos editais de seleção dos programas de pós-graduação para conhecer quais áreas são estudadas e identificar quais formações são aceitas para a candidatura. Alguns Programas de Pós-Graduação (PPGs) exigem formação específica em uma determinada área do conhecimento, outros são mais abrangentes. Se a sua formação estiver nas áreas permitidas para o ingresso no PPG da sua escolha, basta se candidatar normalmente.  

Uma das formas de se aproximar dos temas estudados nos PPGs é buscar informações nas páginas dos programas. Além de dados gerais, elas também apresentam o corpo docente e as estruturas de pesquisa (grupos, laboratórios, núcleos e centros) vinculadas aos professores. Conhecer em mais detalhes o tipo de pesquisa, conduzida pelos pesquisadores nas referidas estruturas, permite que você adquira maior familiaridade com a área que ingressará. 

3) Leia sobre o tema para elaborar seu projeto de pesquisa 

Se você decidiu cursar mestrado ou doutorado, talvez tenha se deparado com um item no edital chamado projeto de pesquisa. Esse é um dos requisitos dos processos seletivos de alguns Programas de Pós-Graduação da PUCRS. Ele consiste em apresentar uma proposta de pesquisa a ser desenvolvida durante o curso.    

Nesse projeto, a ideia é que você demonstre seu conhecimento na área. Também é preciso apresentar, ainda que de maneira inicial, o problema que se pretende resolver, bem como caminhos a serem investigados para encontrar soluções. Geralmente, os tópicos necessários em um projeto de pesquisa são os seguintes:    

4) Escolha um orientador 

Você pode entrar em contato com possíveis orientadores para conhecer melhor suas áreas de pesquisa, bem como conversar sobre as possibilidades de projetos a serem desenvolvidos durante a pós-graduação. Além de experiência, os professores se dedicam a estudos nos quais podem contar com a contribuição de estudantes. Assim, o candidato pode tentar conciliar seus interesses com as áreas de atuação de um pesquisador do Programa de Pós-Graduação que deseja ingressar.    

Todas as informações necessárias para o desenvolvimento do projeto de pesquisa estão no edital do curso de mestrado ou doutorado, na parte referente às etapas do processo seletivo. Dúvidas podem ser esclarecidas com a secretaria do PPG ou, se forem questões relacionadas ao conteúdo do projeto, com o professor com o qual o candidato optar por estabelecer contato.   

4) Atualize seu Currículo Lattes 

Um dos pré-requisitos para quem deseja cursar mestrado ou doutorado é ter um Currículo Lattes. Além de informações pessoais básicas, como nome, identidade e filiação, o Currículo Lattes inclui especificações sobre a trajetória acadêmica e atividades profissionais. São solicitados dados pessoais; formação acadêmica; idiomas e competências na fala, escrita e leitura; área de produção científica; artigos publicados; projetos de pesquisa ou de extensão que tenha desenvolvido; e grupos de pesquisa que participe ou tenha participado. Veja aqui um passo a passo.  

5) Conheça as condições de financiamento  

Estudantes de mestrado e doutorado poderão concorrer a bolsas de agências de fomento, como da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da própria PUCRS, por meio do Programa Institucional para Incentivo à Pós-Graduação Stricto Sensu (PRO-Stricto).  

Outra facilidade oferecida pela Universidade para cursar mestrado ou doutorado é o Programa de Crédito Educativo da PUCRS (Credpuc). Com essa possibilidade, o estudante recebe um auxílio de 50% do valor das mensalidades, reembolsadas pelo aluno após o término do curso, pelo mesmo período de utilização. Mais informações sobre o Credpuc podem ser obtidas junto ao Setor Financeiro Acadêmico da Universidade pelo telefone (51) 3320-3588 ou pelo e-mail [email protected].   

6) Aprenda um novo idioma e pense na internacionalização  

Embora seja fundamental possuir um conhecimento consistente em outra língua, ser fluente não é uma exigência. Alguns cursos pedem que o candidato indique um idioma (ou até mesmo dois, no caso de doutorado) com o qual tem mais afinidade. Nesses processos, uma das etapas da seleção consiste em uma prova de proficiência – essa, sim, uma obrigatoriedade para entrada nos cursos de pós-graduação stricto sensu. A Universidade possibilita que os ingressantes nos cursos de pós-graduação realizem a prova gratuitamente até o final do primeiro ano (para os PPGs que aceitam essa opção, pois alguns programas exigem que o candidato realize a prova antes de se matricular).  

Mas para além disso, aprender um novo idioma possibilita novas oportunidades para você, como entender textos e vídeos sobre seu tema de pesquisa sem precisar traduzir, além de poder retirar exemplares estrangeiros na biblioteca. E ainda abre a possibilidade de realizar disciplinas de maneira remota em outras países ou até mesmo passar um período estudando em uma das instituições estrangeiras vinculadas a PUCRS.  O Centro de Idiomas (Lexis) oferece uma variedade de cursos para quem busca aprender um novo idioma. Confira!  

Inscreva-se no mestrado e doutorado na PUCRS 

Ao ingressar nos Programas de Pós-Graduação da PUCRS, estudantes de mestrado e doutorado passam a integrar uma das melhores estruturas de pesquisa do Brasil, com docentes reconhecidos pelo alto padrão de investigação científica. Reconhecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) por sua excelência, a formação stricto sensu possibilita a internacionalização e o desenvolvimento de pesquisas conectadas com temas atuais e tendências para o futuro em todas as áreas do conhecimento.     

Inscreva-se

Docente é doutor em Comunicação e ministrará disciplinas na graduação e na pós-graduação  

Max contribuirá para fortalecer a atuação da Famecos na perspectiva da Indústria Criativa

Um dos principais nomes da pesquisa e dos projetos em Indústria Criativa no Rio Grande do Sul, o professor Cristiano Max passou a integrar o corpo docente da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS neste segundo semestre de 2024. Com um currículo diferenciado e pioneiro em projetos que envolvem games, produção audiovisual e cultura em geral, o professor chega para reforçar o posicionamento da Escola com inovação e impacto social, mantendo o foco na excelência da formação de seus alunos. 

O novo docente atuará em disciplinas da graduação e como professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), no qual orientará pesquisas de mestrado e doutorado. Entre os objetivos da Famecos está tornar-se um polo de referência na produção de conhecimento para a indústria criativa. A experiência de Max na coordenação de programas e na criação de cursos inovadores será uma grande contribuição para o desenvolvimento de estratégias que aprimorem a qualidade do ensino e expandam a atuação da escola no setor criativo. 

A decana da Escola, professora Rosângela Florczak, destaca que o impacto da Famecos na formação de profissionais da indústria criativa também está relacionado à valorização da área e de seus profissionais pela sociedade.  

“Formamos os profissionais de diferentes áreas da Indústria Criativa. Nossos futuros jornalistas, publicitários, produtores audiovisuais, designers e comunicadores empresariais são parte dessa grande área que forma o segmento econômico que tem como base produtiva a capacidade de criar. Ter os melhores professores para formar nossos estudantes é fundamental para que eles contribuam, ampliem e melhorem o que se faz em suas futuras áreas de atuação. Essa é uma tarefa que requer o esforço coletivo”, explica.  

Já o professor Max acredita que os cursos tecnólogos e de bacharelado, assim como o mestrado e doutorado da Famecos, com sua tradição e articulações internacionais, têm o potencial de causar um impacto significativo ao aprofundar a conexão com a indústria criativa, tanto na prática quanto na pesquisa. Para ele fortalecer a interdisciplinaridade é crucial para compreender e resolver problemas complexos que afetam a sociedade. 

“Na minha visão como pesquisador em indústria criativa, a comunicação precisa abraçar a ideia e o conceito de indústria, economia, cidades criativas, territórios criativos, pois ela sempre foi, de certa forma, uma dimensão transversal a essa revolução da indústria e da economia criativa. Um programa como o PPGCOM da PUCRS, que tem tradição e grandes articulações internacionais, ele consegue trazer e causar um impacto muito maior, olhando e trazendo seu olhar para a indústria criativa”, reforça o docente.  

Leia mais: Empreender ou começar uma graduação? Na PUCRS você pode fazer os dois 

Saiba mais sobre o currículo do professor Cristiano Max 

Max é graduado em Publicidade e Propaganda, e possui Mestrado e Doutorado em Comunicação Social, com a tese intitulada “Apontamentos para uma Aproximação entre Jogos Digitais e Comunicação.” Entre 2007 e 2014, foi coordenador dos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda na Universidade Feevale, onde também fundou o curso de Graduação em Jogos Digitais e o programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Indústria Criativa, que coordenou até 2024. 

Além de sua atuação acadêmica, Max foi sócio e fundador da Agência de Publicidade Engenho de Ideias e da desenvolvedora Ludema Game Studio. Coordena o Cluster GameRS e fundou a Rede Ibero-Americana Interdisciplinar de Pesquisa em Economia Criativa. É também membro do Comitê de Economia Criativa de Porto Alegre, da Associação de Jogos Digitais do RS e do Comitê Gestor do RS Fantástico (Ecossistema de Audiovisual). Ele representa a PUCRS em grupos de trabalho da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Inovação do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. 

Com sua chegada, Max contribuirá, além de fortalecer a atuação da Famecos na perspectiva da Indústria Criativa, para a pesquisa acadêmica e o vínculo entre profissionais e estudantes. Ele também fará parte do HUB da Indústria Criativa, coordenado pela professora Denise Pagnussatt, que desenvolve projetos voltados à educação, ao empreendedorismo e à valorização da indústria criativa por meio de parcerias público-privadas.  

Veja também: Mestrado e doutorado: inscrições abertas para o primeiro semestre de 2025  

A doença é viral e se propaga por toque físico prolongado e íntimo. O tratamento disponível hoje é para alívio dos sintomas  

 Foto: Daniel Dan/Pixabay

A doença Mpox voltou a ser uma preocupação global neste ano. Em 2022, ela havia sido declarada emergência de saúde após uma alta na proliferação de casos em diversos países, incluindo o Brasil. A enfermidade tem sido um problema de saúde pública em territórios da África há décadas, mas recebeu pouca atenção até se espalhar para outros locais e desenvolver novas cepas.  

Anteriormente conhecida como Varíola dos Macacos, a doença (monkeypox em inglês) é uma zoonose viral, causada por um vírus do gênero Orthopoxvirus, com sintomas similares aos da varíola, mas menos severos. A nomenclatura da doença foi alterada para Mpox, pois na realidade os animais prováveis de transmitir aos humanos são roedores, e a nome anterior poderia levar ao assassino de primatas, como tentativa de conter a contaminação.  

Em agosto deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o cenário no continente africano constitui emergência em saúde pública de importância internacional em razão do risco de disseminação global. Os casos em 2024 já superam o total registrado no ano anterior e somam mais de 14 mil, além de mais de 500 óbitos. O que mais preocupa os cientistas são as novas cepas que surgem com as mutações do vírus. O professor da Escola de Medicina e chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infeccção do Hospital São Lucas da PUCRS, Diego Falci, explica como o contágio acontece.  

“É uma doença transmissível, principalmente pelo contato próximo, com as lesões na pele, sexual, com gotículas respiratórias, e geralmente precisa ser um contato prolongado. Os casos do Brasil aparentam ser da cepa anterior, e não desta nova variante mais grave que causa preocupação na África. Mas o público que precisa reforçar seus cuidados de higiene e atenção aos sintomas são as pessoas com sistema imunocomprometido, crianças, idosos e gestantes”, elucida o médico infectologista.  

Confira os sintomas da Mpox:  

A infecção ainda pode acontecer por meio do contato com objetos infectados, como roupas, toalhas, roupas de cama, utensílios de cozinha e outros objetos contaminados com o vírus de uma pessoa doente. A transmissão da doença pode ocorrer desde o momento em que os sintomas começam até a cicatrização completa das feridas cutâneas. O quadro viral pode durar de duas a quatro semanas. 

Ainda não existe um tratamento antiviral efetivo, apenas algumas medicações em teste, O tratamento é de suporte para aliviar os sintomas, porque com o sistema imune adequado, as lesões tendem a resolver em algumas semanas. No entanto, é possível que haja cicatrizes e marcas na pele decorrentes dessas lesões.  Já o teste para a confirmação da suspeita é feito em laboratório, após a coleta de material das lesões.  

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O professor de Psicologia da PUCRS Wagner de Lara Machado separou algumas dicas de ações diárias para mitigar esses sintomas 

É importante reservar um tempo para cuidar de você. / Foto: Envato

O Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no mundo: 9,3%, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Um estudo publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) também destacou que a necessidade de aumento nos investimentos em serviços de auxílio psicológico, devido a maior ocorrência de sintomas de depressão e ansiedade em diversos países.  

Para auxiliar quem se sente ansioso, o professor Wagner de Lara Machado, docente da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, reuniu cinco dicas de ações diárias para reduzir esses sintomas. Confira:  

1. Autocuidado 

Pratique meditação, busque dormir bem e identifique os momentos em que você precisa uma pausa para cuidar de si. Há exercícios (como os de respiração, por exemplo) que auxiliam no controle de crises de ansiedade e no desenvolvimento de um foco no presente, no “aqui e agora”. Além disso, essas práticas auxiliam a desenvolver uma “leitura” de seus estados internos (pensamentos e emoções) e seus sinais corporais (coração acelerado, suor, tremores).  

2. Aceitação 

Nem tudo está sob nosso controle, procure aceitar isso. Compreender esse fato pode eliminar boa parte das fontes de nossa ansiedade e frustração. Entenda que há momentos em que você está ansioso/a, mas você não é a sua ansiedade. Não exija de si a perfeição. Busque estabelecer metas em que você consiga dar um passo de cada vez. Valorize seus pequenos avanços. Compartilhe com alguém que você tenha intimidade os seus planos e as suas vitórias em relação ao manejo de sua ansiedade.  

3. Autoconhecimento 

Aprenda com sua ansiedade. Identifique as situações ou estímulos que deixam você ansioso/a ou muito estressado/a. Uma boa dica é anotar pensamentos e os sentimentos que se repetem. Gradualmente você passa a entender melhor seu funcionamento e pode ir modificando seus pensamentos. Você começará a examiná-los e questionar o quão são justificáveis. Nesta etapa, considerar uma ajuda profissional é fundamental.  

4. Bons hábitos 

Reduza alimentos com cafeína, açúcar, estimulantes e industrializados. Eles podem ser um “gatilho químico” para a ansiedade, ativando em excesso seu sistema nervoso. Faça exercícios físicos regularmente. Entre tantos outros benefícios, a prática de exercícios auxilia na regulação das emoções. 

5. Cultive o que há de melhor em você 

Conheça suas habilidades e procure ampliá-las e desenvolvê-las. Reconheça a melhor versão de si e trabalhe para cultivá-la. Estudos indicam que se envolver em atividades voluntárias, exercitar a gratidão e o otimismo (esperar os melhores resultados mediante engajamento nas tarefas), envolver-se em atividades que geram absorção (concentração, dedicação) e afetos positivos (alegria, realização, tranquilidade) promovem a saúde e diminuem significativamente os efeitos de problemas como a ansiedade. 

Leia também: Provas que mudam a vida: como acolher seu filho em época de vestibular e ENEM 

A perda líquida de cobertura de floresta na Amazônia foi de 67,4 milhões de hectares 

Maior bioma do Brasil, a Amazônia contribui para a regulação do clima e abriga uma vasta biodiversidade. / Foto: Juvenal Pereira/WWF Brasil

Representando dois terços das florestas naturais do Brasil e cobrindo quase 50% do território brasileiro, a Amazônia é o maior bioma do País. Com extensão aproximada de 421 milhões de hectares, sendo a principal floresta tropical do mundo, o ecossistema concentra uma vasta biodiversidade.  

Celebrado nesta quinta-feira, 5 de setembro, o Dia da Amazônia busca alertar para a necessidade de preservação do bioma, um dos mais valiosos patrimônios naturais da humanidade. Apenas em agosto de 2024, a floresta registrou mais de 38 mil focos de incêndio. A fumaça decorrente das queimadas na Amazônia tem afetado diversos municípios do norte do país.   

O professor da Escola de Ciências e Saúde da Vida Pedro Maria de Abreu Ferreira explica que a Amazônia é essencial para o equilíbrio climático e a floresta contribui para a manutenção e distribuição da umidade em todo o continente.  

“As árvores da floresta retiram água da terra para uso no metabolismo em todas as partes da planta. A água é levada até as folhas, onde é liberada na atmosfera em forma de vapor. Esse vapor concentrado acima das copas das árvores, aliado à umidade que vem dos oceanos, forma o que conhecemos como ‘rios voadores’, responsáveis pela distribuição da umidade acumulada. Esse fenômeno cria situações interessantes, como a ausência de desertos ao leste da Cordilheira dos Andes, por exemplo, onde se esperaria que ocorressem formações desérticas semelhantes às dos demais continentes” 

Impacto Ambiental  

Apenas em agosto de 2024, a floresta registrou mais de 38 mil focos de incêndio. / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A redução contínua de área florestal, provocada pelo desmatamento, pode levar a consequências catastróficas, além de gerar alterações na dinâmica de umidade. O professor explica que com a redução do número de árvores, o efeito de translocação da umidade do solo para a atmosfera será reduzido, bem como o efeito de atração de umidade oceânica que a floresta como um todo promove.  

“O aporte de chuva proveniente dos rios aéreos, principal fonte de umidade para muitas áreas importantes para as atividades de agricultura, por exemplo, reduzirá ou até mesmo cessará. Não sabemos quando isso acontecerá, ou o quanto de floresta pode ser removida sem que isso ocorra. Mas, quando ocorrer, estaremos possivelmente em um ponto sem retorno, com consequências continentais”, alerta.  

De acordo com levantamentos do Mapbiomas, entre 1985 e 2022, a perda líquida de cobertura de floresta na Amazônia foi de 67,4 milhões de hectares (15,2%).  

Conhecer é fundamental para preservar 

O professor da Escola de Ciências e Saúde da Vida enfatiza que a produção científica é primordial para expandir o conhecimento sobre o ecossistema e a biodiversidade. 

“As reduções drásticas no financiamento à pesquisa que estão ocorrendo sistematicamente no Brasil só contribuem para a perda cada vez mais acelerada de áreas naturais, incluindo a Floresta Amazônica. Para utilizarmos o potencial dos ecossistemas, precisamos conhecê-los. Para conhecê-los, precisamos pesquisá-los.” 

Segundo Pedro, a ciência conhece apenas uma pequena fração de toda a biodiversidade amazônica. Ele também destaca muitas das espécies que estão neste momento sendo extirpadas da natureza pelo desmatamento ou pelas queimadas relacionadas não são conhecidas, ou seja, nunca foram coletadas e formalmente descritas.   

“Além de seu valor intrínseco, esta biodiversidade desconhecida tem um valor potencial inestimável no sentido de uso pela sociedade humana. Novos fármacos, cosméticos, e materiais de interesse para a engenharia são apenas alguns exemplos dos potenciais de aplicação”, aponta.   

Além da atuação científica, a ação e participação da sociedade é indispensável para a preservação. A PUCRS conta com pesquisadores que realizam estudos sobre o bioma, além de também possui iniciativas voltadas para sustentabilidade, como o Instituto do Meio Ambiente (IMA): criado em 1998, ele tem como objetivo desenvolver projetos de pesquisa e extensão voltados para a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos 

“Há diversas organizações nacionais e internacionais que têm como principal objetivo a conservação da biodiversidade da Floresta Amazônica. Participar ativamente destes grupos é um caminho. Mas, antes disto, penso que o mais importante seja buscar informação. Só se conserva o que se conhece” 

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Guido Mainardi é estudante do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação e participou da última edição do evento  

Guido Luis Glufke Mainardi é estudante de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação. / Foto: Paula Fabricio

Conectar a pesquisa realizada na Universidade com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU): esse é o objetivo do Conexão Pós, evento promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS, que neste ano acontece entre os dias 1 e 2 de outubro. O evento é uma oportunidade para que pesquisadores e pesquisadoras terem contato de forma transversal com outras pesquisas realizadas na PUCRS. 

Guido Luis Glufke Mainardi é estudante de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (PPGCC) e participou da última edição do Conexão Pós. Embora Guido já tivesse algumas ideias sobre a sua tese, ele ainda tinha incertezas sobre qual caminho seguir. Por incentivo de sua professora Soraia Musse, decidiu se inscrever no Conexão Pós e o evento acabou sendo aquilo que Guido precisava para definir sua pesquisa de mestrado. 

“Minha ideia inicial tinha um pouco a ver com geração de imagens e modelos representar animais que não existem. Por conta disso eu acabei me inscrevendo na sala dos animais terrestres, o que chamou atenção de muitas pessoas da Biologia. O mediador da minha sala foi o professor Júlio Bicca, e depois da minha apresentação e de ver o que a computação conseguia fazer, ele chamou a minha orientadora para conversar sobre algumas ideias que ele tinha. E uma delas envolvia o que depois se tornaria o meu projeto de pesquisa, a detecção dos macacos bugios nas imagens”, explica Guido que hoje é coorientado pela professora Soraia Musse e pelo professor Júlio Bicca. 

A pesquisa de Guido envolve uma problemática que se relaciona com o contexto da urbanização e a conciliação com os animais que vivem na cidade. O estudante está realizando uma pesquisa que usa o computador para encontrar coisas (nesse caso, macacos bugios) dentro de imagens de forma otimizada. Esse estudo se conecta com outra pesquisa da Biologia sobre as pontes instaladas em Porto Alegre que buscam ajudar os bugios na travessia de estradas, evitando, acidentes.  

“A ideia é entender se essas pontes realmente estão sendo efetivas, e para isso foram instaladas o que chamamos de “armadilha de imagem” que funciona como um sensor de movimento. No entanto, pela captura se dar pelo sensor, não teria como saber se o que passou pela ponte realmente foi um bugio, outro animal, ou até mesmo vento. Na pesquisa da Biologia eles tinham cerca de 16 mil vídeos de 30 segundos cada, então era muito tempo de vídeo para assistir. Desse total, cerca de 2.500 mil de fato tinha um animal, ou seja, mais de 13 mil vídeos eram descartáveis. Foi aí que veio a ideia da pesquisa e parceria da Biologia com a Ciência da Computação para automatizar esse processo”.  

Guido Mainardi acredita que participar do Conexão Pós oferece muitas vantagens. Ele trabalha no Laboratório de Simulação de Humanos Virtuais (coordenado pela professora Soraia Musse) e vê que o evento é uma oportunidade para abrir os horizontes dentro da pesquisa acadêmica. 

“Muitas vezes a gente acaba se fechando no nosso próprio contexto, então realizamos simulações dentro do que a gente imagina que seja interessante para a área. No entanto, às vezes acontece de a gente ter uma tecnologia que outras pessoas de outras áreas também precisam. Por isso eu acho que esse tipo de evento ajuda bastante a conectar as áreas. Estamos ficando cada vez mais especialistas em coisas micro, quando há essa troca de ideias a gente consegue conectar esses micros para construir o macro”, finaliza.  

Participe do Conexão Pós

Faça Pós-Graduação na PUCRS  

Com 30 anos de tradição, o Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da PUCRS é considerado um dos melhores do Brasil, com a nota máxima na avaliação Capes (nota 7). O programa propõe uma produção científica de alta qualidade e impacto, tanto em aspectos teóricos quanto práticos e tecnológicos. As inscrições para ingressar no mestrado e doutorado na PUCRS no primeiro semestre de 2025 estão abertas e podem ser realizadas até o dia 25 de novembro exclusivamente de maneira online.

Inscreva-se! 

Por Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, professor da Escola de Direito da PUCRS

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública desempenha um papel crucial na construção de indicadores de segurança pública no Brasil, proporcionando uma visão abrangente e detalhada da situação da criminalidade e das políticas de segurança pública em todo o país. Desde sua primeira edição, o anuário tem sido uma fonte vital de dados, análise e reflexão crítica para formuladores de políticas, pesquisadores, sociedade civil e gestores públicos. 

O histórico da publicação do Anuário remonta a 2007, quando o Fórum Brasileiro de Segurança Pública decidiu criar uma ferramenta que unisse dados estatísticos e análises qualitativas para fornecer um retrato fiel e abrangente da violência e da criminalidade no Brasil. Desde então, a publicação anual tem se tornado uma referência essencial, ganhando cada vez mais importância à medida que a sociedade e os governos reconhecem a necessidade de políticas baseadas em evidências para enfrentar a complexidade da violência e da criminalidade. 

A importância do Anuário reside na sua capacidade de sistematizar dados de diversas fontes, como secretarias de segurança pública estaduais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, entre outros. Essa sistematização permite a criação de indicadores robustos que não só refletem a realidade nacional, mas também permitem comparações entre estados e regiões. 

Além disso, o Anuário contribui significativamente para a transparência e a accountability no setor de segurança pública. Ao fornecer dados atualizados e de fácil acesso, com séries históricas que apontam tendências, a publicação possibilita que a sociedade civil, a mídia e os próprios gestores públicos possam monitorar a efetividade das políticas públicas implementadas, bem como identificar lacunas e ineficiências que necessitam ser corrigidas. 

O Anuário também se destaca por incluir análises de especialistas sobre cada dimensão dos dados apresentados que vão além das estatísticas tradicionais, incorporando discussões sobre direitos humanos, desigualdades sociais, racismo estrutural e outras questões fundamentais para a compreensão da segurança pública em uma sociedade complexa e desigual como a brasileira. 

A produção do Anuário Brasileiro de Segurança Pública é uma tarefa desafiadora em um país como o Brasil, historicamente marcado pela falta de transparência e pela opacidade dos dados relacionados à criminalidade e à segurança pública. A construção de indicadores confiáveis e consistentes esbarra frequentemente em entraves como a resistência institucional à divulgação de informações, a inconsistência nos registros e a ausência de padronização nos métodos de coleta de dados entre os diferentes estados. Esses desafios são amplificados pela falta de uma cultura de transparência em muitas administrações públicas, que, por vezes, preferem manter um controle rigoroso sobre a divulgação dos dados de segurança pública para evitar críticas ou escrutínio externo. 

Essa dificuldade em produzir e manter um instrumento como o Anuário reflete-se em várias situações em que governos estaduais romperam relações com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Essas rupturas são, em grande parte, motivadas pela incapacidade ou relutância desses governos em lidar com dados que expõem deficiências em suas políticas de segurança pública, como o aumento da violência policial, a superlotação carcerária ou o crescimento dos índices de criminalidade. 

Em vez de utilizarem o Anuário como uma ferramenta para diagnosticar problemas e ajustar suas estratégias, muitos governos optam por criticar ou deslegitimar os dados apresentados, evitando enfrentar as questões estruturais que os indicadores revelam. 

A viabilização do Anuário só se tornou possível em grande escala após a promulgação da Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011), que estabeleceu um marco legal para a transparência e obrigou os estados e municípios a fornecerem dados públicos, incluindo aqueles relacionados à segurança pública. 

Essa legislação representou um avanço significativo para a transparência no Brasil, pois impôs obrigações claras para a divulgação de informações e garantiu à sociedade civil e aos pesquisadores o direito de acesso a dados anteriormente restritos. A Lei de Acesso à Informação foi crucial para que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública pudesse compilar, analisar e publicar os dados de maneira consistente e independente. 

Entretanto, a aplicação da Lei de Acesso à Informação nem sempre é homogênea. Em alguns estados, ainda há resistência em fornecer informações completas ou atualizadas, ou os dados são apresentados de maneira fragmentada, dificultando uma análise aprofundada. Essa resistência é frequentemente alimentada por uma cultura política que teme as repercussões de tornar públicos dados sensíveis. Além disso, a falta de investimentos em tecnologia e em recursos humanos capacitados para a coleta e análise de dados também limita a qualidade das informações disponíveis. 

A criação e manutenção do Anuário, portanto, não é apenas um esforço técnico, mas um ato político de afirmação da transparência e da accountability. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública tem desempenhado um papel essencial ao insistir na importância dos dados para a construção de políticas públicas eficazes e fundamentadas. No entanto, para que o Anuário continue a evoluir e a contribuir para o debate sobre segurança pública no Brasil, é fundamental que haja um compromisso contínuo com a transparência, o que inclui não apenas a disponibilização de dados, mas também a promoção de uma cultura de responsabilização e de melhoria contínua das práticas de gestão da segurança pública. 

A resistência de alguns governos em fornecer dados completos e de qualidade reflete a necessidade de um movimento mais amplo pela transparência e pela responsabilização pública, elementos essenciais para o fortalecimento da democracia no Brasil. 

A cobertura jornalística dos dados do Anuário permite que informações detalhadas sobre violência e criminalidade cheguem a um público amplo, contribuindo para uma maior conscientização sobre os problemas enfrentados em diferentes regiões do país. Essa visibilidade midiática tem um efeito multiplicador, ao levar os dados para além dos círculos acadêmicos e de políticas públicas, engajando a sociedade civil e ampliando o entendimento das questões de segurança pública. A análise dos dados do Anuário pela mídia também pressiona gestores públicos e políticos a responderem de maneira mais transparente e a justificarem suas ações e políticas, estimulando um ciclo virtuoso de responsabilização e melhoria das práticas. 

Além disso, o Anuário possibilita a realização de análises consistentes com rigor científico sobre as séries históricas apresentadas. Ao fornecer dados de vários anos consecutivos, o Anuário permite identificar tendências, padrões de violência e criminalidade e a eficácia (ou ineficácia) das políticas de segurança pública ao longo do tempo. Essa possibilidade de análise longitudinal é essencial para desenvolver uma compreensão aprofundada e baseada em evidências sobre o que funciona ou não em termos de políticas públicas. Pesquisadores, acadêmicos e formuladores de políticas têm, portanto, à sua disposição uma base de dados confiável e abrangente para conduzir estudos que contribuam para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de enfrentamento à violência e ao crime. 

Dados do ano de 2023 publicados pelo 18º Anuário 

O 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela um cenário multifacetado da segurança pública no Brasil em 2023. A taxa de homicídios manteve-se elevada, especialmente devido ao uso de armas de fogo, responsáveis por 73,6% dos casos. No entanto, entre 2017 e 2023, houve uma redução significativa de 27,7% nas mortes violentas intencionais (MVI), abrangendo homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, mortes de policiais e mortes decorrentes de intervenção policial. Por outro lado, a letalidade policial aumentou 23,4% no mesmo período, passando a representar 13,8% do total de MVI em 2023 . 

A violência policial continua sendo um problema grave, com destaque para municípios como Jequié, na Bahia, com 46,6 mortes decorrentes de intervenção policial (MDIP) a cada 100 mil habitantes, Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, com 42,4 MDIP por 100 mil habitantes, e Macapá, capital do Amapá, com 29,1 MDIP por 100 mil habitantes, enquanto que a taxa média nacional é de 3,1 MDIP por 100 mil habitantes. O estado com maior letalidade policial foi o Amapá, com 23,6 MDIP por 100 mil habitantes, seguido da Bahia, com 12 por 100 mil, e de Sergipe, com 10,4 por 100 mil. 

Em 2023, houve uma queda de 18,1% na taxa de policiais civis e militares vítimas de CVLIs (Crimes Violentos Letais e Intencionais) em comparação com o ano anterior no Brasil, enquanto a taxa de suicídios de policiais civis e militares da ativa aumentou 26,2% no mesmo período. Focando na Polícia Militar, o número de suicídios superou, em 2023, o total de registros de PMs mortos em confronto, tanto em serviço quanto fora dele. Foram registrados 110 suicídios, em contraste com 46 casos de PMs mortos em confronto em serviço e 61 mortos em confronto ou por lesão não natural fora de serviço, totalizando 107 óbitos. 

Ainda conforme os dados do Anuário, o número de registros ativos de armas de fogo no Brasil aumentou significativamente em 2023, refletindo uma tendência de crescimento no armamento da população. Esse aumento no número de armas em circulação está diretamente relacionado ao crescimento da violência no país, especialmente no que diz respeito a crimes cometidos com uso de armas de fogo. Notícias recentes apontam a participação de Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs) no crime organizado, ampliando o acesso a armas de fogo para grupos criminosos através da compra de armamento legalmente autorizado. O crescimento no acesso a armas de fogo eleva o risco de conflitos armados e homicídios, além de dificultar o trabalho das forças de segurança no controle da criminalidade. 

A violência contra a mulher também é alarmante, com 3.930 homicídios de mulheres e mais de 200 mil casos de agressões no contexto doméstico registrados em 2023. Foram contabilizados pelo menos 199 estupros diários e 848.036 chamadas para o 190 relacionadas à violência contra a mulher, evidenciando uma crise contínua de violência de gênero no país. O feminicídio, especificamente, atingiu seu maior número desde a tipificação do crime em 2015, com 1.467 casos registrados. As maiores taxas de feminicídio foram encontradas em Rondônia, Mato Grosso, Acre e Tocantins, enquanto os estados com as menores taxas foram Ceará, São Paulo, Alagoas e Amapá . 

O 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública destaca um aumento expressivo nos furtos e roubos de celulares, assim como nos casos de estelionato, refletindo uma mudança nas dinâmicas criminais no Brasil. Esses crimes, frequentemente associados ao avanço da tecnologia e ao aumento da conectividade digital, impactam diretamente a sensação de insegurança da população. Em 2023, houve um crescimento de 8,4% nos furtos e de 10,5% nos roubos de celulares em comparação a 2022. Esse tipo de criminalidade tem se tornado cada vez mais comum, alimentado pelo alto valor de revenda dos aparelhos no mercado paralelo e pela facilidade de execução. Além disso, o anuário ressalta que o aumento dos estelionatos, especialmente os cometidos por meio eletrônico, contribui significativamente para a percepção de vulnerabilidade e medo entre os cidadãos, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais eficazes e focadas na prevenção e no combate a esses tipos de crimes. 

Com relação ao sistema prisional, dados do Anuário mostram que o Brasil registrou um total de aproximadamente 852 mil pessoas encarceradas em 2023, incluindo presos em regime fechado, semiaberto, e aqueles em prisão domiciliar monitorada eletronicamente, que correspondem a 75,5% do total. O restante, que corresponde a presos provisórios, representa 24,5% do total. 

Em termos de taxa de encarceramento, o Brasil apresenta uma média nacional de aproximadamente 407 presos por 100 mil habitantes. No entanto, essa taxa varia significativamente entre os estados. Os cinco estados brasileiros que, em 2023, mais encarceraram, levando em conta a taxa de presos a cada 100 mil habitantes, foram o Distrito Federal, com taxa de 1.011,8 por 100 mil; o Acre, com taxa de 972 por 100 mil; Rondônia, com taxa de 915,6 por 100 mil; o Paraná, com taxa de 828 por 100 mil e Roraima, com taxa de 759,4 por 100 mil. Segundo os dados do Anuário, os estados com maior déficit de vagas são o Paraná (49.128), São Paulo (36.948) e Pernambuco (26.738). 

Por outro lado, algumas iniciativas em relação ao uso de alternativas penais, como medidas cautelares diversas da prisão, penas restritivas de direitos, e programas de monitoramento eletrônico, têm produzido resultados. Minas Gerais, por exemplo, destaca-se pelo uso relativamente maior de medidas alternativas, buscando reduzir a pressão sobre o sistema carcerário. O estado tem investido em programas de reintegração social e em práticas restaurativas, que buscam proporcionar alternativas ao encarceramento, especialmente para crimes de menor gravidade. A adoção de medidas como a suspensão condicional do processo, a suspensão condicional da pena, o monitoramento eletrônico, e os programas de justiça restaurativa refletem uma tentativa de repensar o uso da prisão como a principal resposta à criminalidade. 

No entanto, a aplicação das alternativas penais ainda enfrenta desafios consideráveis. O anuário destaca a resistência cultural e institucional em muitos estados, onde persiste uma visão punitivista que privilegia o encarceramento em detrimento de alternativas mais eficazes para crimes não violentos. Além disso, há uma falta de infraestrutura adequada e de programas de acompanhamento para garantir a efetividade dessas medidas alternativas. 

A análise dos dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública evidencia os múltiplos desafios que o Brasil enfrenta na área de segurança pública. A fragilidade das políticas de segurança se destaca pela incapacidade de lidar de forma eficaz com o crescimento do crime organizado no país. A falta de um compromisso claro e consistente de governos de diferentes posições no espectro político agrava esse cenário. Muitas vezes, esses governos adotam um discurso negacionista em relação aos dados, além de improvisar e recorrer ao populismo penal como resposta à ineficiência das políticas de segurança, ao invés de implementar estratégias baseadas em evidências. 

Por outro lado, o sucesso de alguns governos estaduais na redução da violência mostra que é possível alcançar resultados positivos quando as políticas de segurança são baseadas em evidências e na integração eficaz entre as polícias e diferentes níveis de governo. Esses estados demonstram que uma abordagem coordenada e colaborativa pode ser eficaz no combate à criminalidade. Além disso, as políticas municipais de prevenção à violência têm se tornado cada vez mais relevantes, com municípios adotando iniciativas que abordam as causas subjacentes da violência, contribuindo para uma segurança pública mais abrangente e preventiva. 

Ademais, há uma necessidade urgente de reforçar a implementação do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), que visa a coordenação de ações entre os governos federal e estaduais. Esse sistema pode proporcionar uma resposta mais organizada e coesa às questões de segurança. Por fim, é fundamental assegurar que as regras do Estado Democrático de Direito sejam mantidas e respeitadas, garantindo que a responsabilização criminal dos autores de delitos seja conduzida de forma justa e eficiente, sem abrir mão dos direitos e garantias fundamentais. Este compromisso com a legalidade é essencial para construir uma sociedade mais segura e justa, assegurando a igualdade de tratamento perante a lei, na perspectiva da consolidação da democracia e da redução da violência e da criminalidade. 

*Artigo publicado originalmente no Jornal GGN escrito pelo professor da Escola de Direito da PUCRS Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo. O docente é é sociólogo, associado sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, membro do Comitê Gestor do INCT-InEAC, e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq. 

Cientistas da PUCRS desenvolvem diversos estudos para explorar os benefícios da IA 

Embora seja assustadora para algumas pessoas, a IA pode ser utilizada para diversas finalidades, da saúde à educação. / Foto: República Conteúdo/Reprodução

Desde sua fundação a PUCRS sempre se propôs a ser uma universidade de pesquisa, comprometida com o avanço do conhecimento e contribuindo com o desenvolvimento científico e tecnológico. Isso se reflete na qualidade do ensino oferecido, tanto nos cursos de graduação quanto nos programas de pós-graduação.  

Manter a interação ensino-pesquisa exige estar sempre na vanguarda do campo científico. Para isso, é necessário desbravar áreas em que o ser humano ainda tem muito a aprender, como a Inteligência Artificial (IA). Embora seja assustadora para algumas pessoas, a IA pode ser utilizada para diversas finalidades, da saúde à educação. E a PUCRS desenvolve diversas pesquisas nesse sentido. Confira!  

Ética e democracia da IA 

Se por um lado a IA é capaz de otimizar certos processos de maneira mais eficiente do que seres humanos, por outro, essas decisões nem sempre estão alinhadas com aquilo que podemos chamar de “justo” ou “correto”. Sistemas inteligentes autônomos podem conter diversos vieses discriminatórios.  

Desde 2021, com a coordenação do professor Nythamar de Oliveira, o grupo de pesquisas interdisciplinares RAIES (Rede de IA Ética e Segura) reúne cientistas que se propõem a investigar a interface da inteligência artificial com a sociedade e a história. O trabalho aborda o desenvolvimento da democracia digital nas sociedades tecnológicas através de suas instituições, bem como a cultura política e problemas teóricos correlatos, destacando a ética da IA e suas interfaces de sustentabilidade com a ética de maneira geral. 

O RAIES reúne mais de 50 pesquisadores, bolsistas e professores das Escolas de Humanidades, Politécnica, Medicina e Direito. Entre suas propostas está a criação de um Instituto BRICS (grupo de países emergentes) de IA, incluindo smart cities com sustentabilidade e inclusão digital para a educação socioeconômica, étnico-racial e de gênero em Porto Alegre, Beijing (China), Goa (Índia), Joanesburgo (África do Sul) e São Petersburgo (Rússia). 

Pacientes em hemodiálise 

Com a coordenação do vice-coordenador do Centro de Ciência de Dados, Dalvan Jair Griebler, o objetivo deste projeto da Escola Politécnica é identificar fatores que levam à internação ou morte de pessoas em tratamento de hemodiálise. Os pacientes realizam, periodicamente, diversos exames e acompanhamentos médicos. No entanto, uma análise manual dos resultados não permite identificar o desfecho dos casos, o que dificulta a tomada de decisão para pacientes em condições mais graves.  

A iniciativa busca desenvolver um modelo preditivo de desfechos para pacientes em hemodiálise com base nas queixas e evoluções registradas nos prontuários eletrônicos, utilizando modelos de linguagem para o processamento de dados textuais. 

Tradução bidirecional de Libras 

Desenvolvido pelo Laboratório de Machine Learning Theory and Applications Lab (Malta), do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (PPGCC) da PUCRS, o projeto visa contribuir com a maior base de dados anotada de sinais na Língua Brasileira de Sinais (Libras), por meio de coleta sistemática de todas as informações disponíveis na internet. Além disso, busca oferecer uma ampla gama de informações confiáveis para fins de pesquisa e desenvolvimento na área de processamento de sinais nessa linguagem. 

Projetar e desenvolver modelos de redes neurais profundas capazes de realizar a tradução automática entre PT-BR (o português falado no Brasil) e Libras é bastante complexo, já que requer desenvolver redes neurais capazes de codificar as características dos sinais a partir de vídeos e posterior decodificação dessa representação em palavras equivalentes em língua portuguesa. Também há desafios inerentes a todas as línguas de sinais, como ambiguidade – diferentes sinais representam o mesmo significado e o mesmo sinal pode ter diferentes traduções –, variações regionais, etc. O projeto é coordenado pelo professor do PPGCC Lucas Silveira Kupssinskü e pelo e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Inteligência de Máquina e Robótica, Rodrigo Coelho Barros. 

Rastreamento e detecção de veículos 

O protótipo de ferramenta Truckfier utiliza uma abordagem de aprendizagem profunda para detectar, rastrear e contabilizar veículos – principalmente caminhões – para auxiliar na análise de tráfego. O foco é especificamente nas rotas brasileiras, porque existem diversas classes de caminhões no País, algumas muito parecidas entre si.  

Para garantir a qualidade do conjunto de dados, a equipe contou com a ajuda de especialistas que etiquetaram cada veículo. São utilizadas imagens horizontais capturadas com a câmera em posição paralela à estrada – situação mais propensa a problemas como oclusão; em alguns casos, os caminhões não cabem em todo o quadro. O Truckfier também fornece uma interface interativa para auxiliar o usuário com os resultados do pipeline de detecção e auxiliar na análise de tráfego que um grupo de especialistas validou. O projeto tem coordenação da professora do PPGCC, Soraia Raupp Musse. 

Limites constitucionais do Estado 

No momento em que tramita no Congresso nacional um projeto que regulamenta os sistemas de inteligência artificial e estabelece uma série de regras para a utilização dessas tecnologias pelo poder público, tornam-se ainda mais pertinentes as discussões sobre o assunto. Escrito em 1651, Leviatã (ou “Leviathan”) é o principal livro do filósofo inglês Thomas Hobbes, e traz sua teoria a respeito da origem contratual do Estado. Com inspiração nessa obra clássica, os estudos da Escola de Direito se dirigem ao surgimento de um Leviathan Artificial (uma espécie de devorador de dados pessoais) e dos necessários limites constitucionais ao poder artificial do Estado. No Programa de Pós-Graduação em Direito da PUCRS o projeto é coordenado pelo professor Paulo Antônio Caliendo Velloso 

*Texto originalmente publicado na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.      

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