Todo ano, mais de mil estudantes da PUCRS realizam estágio na Unidade de Saúde Vila Fátima  

Todos os anos, passam pelo CEUVF mais de mil estudantes de nove cursos de graduação: Medicina, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Odontologia, Fisioterapia, Serviço Social, Direito e Educação. / Foto: Giordano Toldo

Quando pediu transferência para a PUCRS, Alexandre Rodrigues Dias se sentiu realizado. “Não que a outra universidade não fosse boa, mas aqui encontrei uma estrutura muito melhor para aprender”, diz o estudante do último semestre de Fisioterapia. O elogio não é atribuído apenas à infraestrutura da Universidade, à grade curricular e ao corpo docente. Refere-se também às atividades de extensão, como a do Centro de Extensão Universitária Vila Fátima (CEUVF) da PUCRS. “Foi uma experiência muito rica e que agregou demais ao meu currículo”, pontua Dias.   

Criado em 1980, o Vila Fátima está localizado no bairro Bom Jesus, próximo ao campus da Universidade. No princípio, tratava-se de uma iniciativa marista de interação e aproximação com a comunidade – uma das mais carentes de Porto Alegre. A ideia era ter um espaço para vivências práticas a partir da realidade e das necessidades da população. E assim aconteceu.  

Hoje, o CEUVF oferece programas de formação profissional, além de mutirões de saúde e de atendimento social aos 9 mil moradores da região – sempre com a contribuição dos estudantes. Parte disso graças à ampliação que marcou os 40 anos do centro. Em 2020, o CEUVF inaugurou a Unidade de Saúde Vila Fátima, vinculada à Prefeitura de Porto Alegre e ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

Com a soma dos esforços da equipe da Unidade de Saúde e do centro de ensino, o Vila Fátima se tornou um espaço interdisciplinar e interprofissional referência para os estudantes, que podem vivenciar a realidade do sistema único de saúde e outras organizações e equipamentos sociais.  

“É uma oportunidade ímpar para praticar o que aprendem na graduação”, diz Clarissa Blattner, professora responsável pela Coordenadoria de Ensino-Serviço em Saúde da unidade. Na prática, o ensino ocorre por meio de estágios obrigatórios, práticas assistidas e disciplinas extensionistas. Isso faz com que os alunos aprendam por meio de desafios reais, tornando-se protagonistas da própria aprendizagem, mais qualificados e competitivos. Todos os anos, passam pelo CEUVF mais de mil estudantes de nove cursos de graduação: Medicina, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Odontologia, Fisioterapia, Serviço Social, Direito e Educação.  

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“Eu sinto que esse é o tipo de experiência que me deixa totalmente preparada para o mercado de trabalho”, conta Carolina Briceno, aluna do 9º semestre de Odontologia da PUCRS. 

Durante o estágio no Vila Fátima, dois semestres atrás, ela aprendeu a fazer anamneses mais criteriosas e a mexer no sistema online de agendamento. Também entendeu melhor o funcionamento do SUS e desenvolveu habilidades técnicas importantes.  

“Às vezes, chegavam atendimentos de urgência bastante complexos, que a gente não tinha contato na faculdade. Era muito dinâmico e instrutivo solucionar esses casos com o suporte dos professores”, diz Carolina.  

Além das hard skills, quem passa pelo CEUVF desenvolve as soft skills – habilidades comportamentais e socioemocionais, como empatia, resiliência e colaboração.  

“O centro faz uma conexão poderosa da teoria com a prática, e aproxima os estudantes a diferentes realidades e desafios. Isso permite que eles desenvolvam um cuidado muito mais humanizado”, afirma a professora Andrea Bandeira, decana da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e atual responsável pela gestão dos cursos de graduação que atuam no Vila Fátima. 

A equipe tem 23 profissionais, além da participação de 28 professores. Em 2023, foram 48,7 mil atendimentos. No mesmo ano, a execução de três emendas parlamentares permitiu a aquisição de novas cadeiras odontológicas. O CEUVF também recebeu pintura na parte externa e reformas nas áreas de odontologia e recepção, com ampliação de espaços e melhorias nos equipamentos e climatização dos ambientes. Esses incrementos impactam diretamente a qualidade dos serviços prestados à comunidade da Vila Fátima, aumentando o número de atendimentos e o bem-estar dos pacientes.  

Transformação através do esporte  

As aulas da NBA Basketball School acontecem no Parque Esportivo da PUCRS. / Foto: Alexandre Carvalho/FOTOP

Com base na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”, o Parque Esportivo – que integra o Campus da Saúde – busca sempre oferecer as melhores opções para uma vida mais saudável e para o aumento do bem-estar. Uma delas é a Cicclo, plataforma de esporte e educação com valores inspirados no Judô, que traz na sua metodologia princípios como construção, conquista e compartilhamento.  

O método foi desenvolvido pelo medalhista olímpico Flávio Canto e conta com a participação de outros ex-atletas de destaque, como Tande (vôlei), Gabriel Lima (futsal) e Diego Hypólito (ginástica artística). No Parque Esportivo, as aulas de judô infantil são ofertadas para alunos a partir de quatro anos e as de jiu-jítsu a partir de 15 anos de idade, com o professor e atleta olímpico Alex Pombo. 

Mais recentemente, foi inaugurado no espaço o NBA Basketball School, programa de desenvolvimento pessoal através do basquete. O método NBA instrui os jogadores em um ambiente estruturado, focado no desenvolvimento de habilidades e na promoção de valores positivos, como integridade, trabalho em equipe, respeito e determinação. 

O objetivo final do NBA Basketball School é fortalecer a cultura do basquete juvenil, ensinar lições de vida e capacitar jovens atletas para o sucesso dentro e fora da quadra. No Parque Esportivo, o projeto é destinado a meninos e meninas de seis a 17 anos, contando ainda com uma turma exclusiva para adultos. Método NBA busca fortalecer a cultura do esporte, ensinar lições de vida e capacitar os jovens para o sucesso na carreira. 

*Entrevista originalmente publicada na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.    

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No mês que marca o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, conheça escritoras que compartilham suas histórias, lutas e conhecimentos por meio da literatura 

Em 2020, Conceição Evaristo participou de um episódio da série Ato Criativo, promovido pela PUCRS Cultura. / Foto: Divulgação

Em um país como o Brasil, onde a maioria da população é negra (56 %, segundo o IBGE) e as desigualdades sociais, raciais e de gênero são gritantes. Esse contraste também pode ser percebido na literatura, onde obras de escritoras negras tendem a sofrer os efeitos do embranquecimento e apagamento histórico. Mudar esse cenário está nas mãos de todos e todas, e um dos caminhos para combater o preconceito é conhecer mulheres negras e o trabalho produzido por elas.  

Relembrar suas histórias e conquistas, mas também reconhecer os desafios que seguem enfrentando é essencial – e a literatura é um campo muito rico nesse sentido. Pensando nisso, e como uma forma de celebrar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho), separamos algumas dicas de livros de escritoras negras que estão disponíveis na Biblioteca da PUCRS. Confira!  

1. Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves 

A obra traz a história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada pela violência e pela escravidão. Um defeito de cor está inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro, e é narrado de uma maneira na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens. 

O livro, lançado originalmente em 2006, venceu o Prêmio Casa de las Américas e foi considerado pela folha como um dos 200 livros mais importantes para entender a história do Brasil. Em 2024, o livro foi tema do samba enredo da Portela, e devido a homenagem na Sapucaí, a obra alçou o posto dos mais vendidos no Brasil

2. Becos da memória, de Conceição Evaristo 

Nesse importante romance memorialista da literatura contemporânea brasileira, a autora traduz, a partir de seus muitos personagens, a complexidade humana e os sentimentos profundos dos que enfrentam cotidianamente o desamparo, o preconceito, a fome e a miséria; dos que a cada dia têm a vida por um fio. Sem perder o lirismo e a delicadeza, a autora discute, como poucos, questões profundas da sociedade brasileira.  

Conceição Evaristo é escritora e participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra do Brasil. Nascida em Belo Horizonte, ganhou prêmios como o Jabuti de Literatura de 2015, na categoria Contos e Crônicas; e Literatura do Governo do Estado de Minas Gerais de 2018 pelo conjunto de sua obra. Em 2020, Conceição participou de um episódio da série Ato Criativo, promovido pela PUCRS Cultura. A gravação está disponível no YouTube: 

3. Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus 

O livro tem origem no diário da autora, à época catadora de papel e moradora da favela do Canindé, em São Paulo. A obra apresenta um relato feito a partir do olhar sensível e realista da escritora, contando o que viu, viveu e sentiu nos anos em que viveu naquela comunidade.  

O livro foi o primeiro de Carolina Maria de Jesus, publicado em 1960. A obra foi vendida em 40 países e traduzida para 16 idiomas. A autora, uma das primeiras escritoras negras do Brasil, ainda publicou mais dois livros e, após sua morte, em 1977, outras seis obras póstumas foram lançadas. 

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4. Pequeno manual antirracista, de Djamila Ribeiro  

O livro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em onze capítulos curtos, a autora apresenta caminhos de reflexão para quem deseja aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Para a escritora, a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.  

Djamila Ribeiro é filósofa, pesquisadora e uma importante voz brasileira no combate ao racismo e ao feminicídio. Já recebeu premiações como o Cidadão SP em Direitos Humanos e Dandara dos Palmares, além de ter sido a primeira brasileira a receber o BET Awards, maior prêmio da comunidade negra estadunidense. Djamila também está entre as 100 pessoas mais influentes do mundo abaixo de 40 anos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A autora integra alguns cursos da Pós-Graduação PUCRS Online.  

5. Úrsula, de Maria Firmina dos Reis 

Considerado o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, a obra traz a história de Tancredo e Úrsula, dois jovens puros e altruístas. Com a vida marcada por perdas e decepções familiares, eles se apaixonam tão logo o destino os aproxima, mas se deparam com um empecilho para concretizar seu amor. Lançado em 1859, o romance também inaugura a literatura afro-brasileira e retrata homens autoritários e cruéis, mostrando atos inimagináveis de mando patriarcal e senhorial em um sistema que não lhes impõe limites. 

Sobre o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha  

A data faz menção ao dia 25 de julho de 1992, quando grupos femininos negros de 32 países da América Latina e do Caribe se reuniram na República Dominicana com o objetivo de denunciar opressões e debater soluções na luta contra o racismo e o sexismo. O encontro ficou marcado na história e foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e da Diáspora.  

No Brasil, 25 de julho também é marcado pelo Dia Nacional de Tereza Benguela e da Mulher Negra, em homenagem à líder quilombola no século 18 e exemplo de luta e resistência contra a escravização e a opressão.  

Egressa da Universidade, Isabela Welter compartilha sua experiência internacional e os planos para o futuro  

Isabela Welter é recém-diplomada na PUCRS e conquistou a dupla titulação na Itália.

O curso de Direito da PUCRS forma pessoas capacitadas para analisar, interpretar, argumentar e valorizar acontecimentos jurídicos, sociais e políticos. Com disciplinas de direitos civil, penal, trabalhista, processual, humanos, ambiental, tributário, administrativo e internacional, e professores altamente capacitados e reconhecidos no mercado e até mesmo internacionalmente, o curso já formou mais de 30 mil profissionais.  

Em 75 anos da graduação, o currículo foi atualizado conforme as necessidades e contextos, sem ignorar a formação humanística e de valores da Universidade. Os alumni se tornam juízes, assessores e assistentes jurídicos, promotores, advogados públicos e privados, políticos, diplomatas, servidores públicos e professores. E ainda durante a graduação, os estudantes têm oportunidades de pesquisa, de estágio e de grupos de prática jurídica.  

Um dos programas de destaque é o de Dupla Titulação em Direito, um convênio com a instituição de estudo italiana Universitá Degli Studi di Parma. É um acordo bilateral, e alunos da PUCRS, uma vez selecionados, passam um ano e meio em Parma, realizando disciplinas pré-estabelecidas pelo convênio, aproveitadas em seu retorno, conforme um plano de estudos estabelecido. Ao concluir o curso na Escola de Direito, o aluno recebe o diploma da PUCRS e o de Parma.  

“Além do diploma reconhecido pela União Europeia, em uma instituição de ensino tradicional, e a possibilidade de advogar na Itália, também ressalto a experiência acadêmica e cultural. O período no exterior ainda auxilia na ampliação de rede de contatos com docentes, profissionais, estudantes, e oferece a oportunidade de conhecer uma realidade jurídica distinta da brasileira”, comenta Elton Somensi, coordenador do curso de Direito. 

GRADUAÇÃO PRESENCIAL

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A recém-diplomada Isabela Welter soube da possibilidade de diploma duplo enquanto ainda estava no Ensino Médio e depois, já aluna da Universidade, por meio da divulgação interna. Ela estava interessada nas oportunidades de mobilidade acadêmica e já se qualificava, estudando italiano há dois anos, quando se deparou com o edital aberto da Dupla Titulação. Após o processo de seleção, ela continuou aprendendo o idioma por mais um ano.  
 
“Existem muitas habilidades que vão além de se tornar um jurista, um operador do direito. Naturalmente, possuir dois diplomas me abriu inúmeras portas que eu jamais teria de outro modo. Entretanto, eu ganhei em muitos outros aspectos que me moldaram pessoal e profissionalmente e me tornaram a pessoa que sou hoje. Em Parma, me tornei uma pessoa muito resiliente, adaptável e flexível, pronta para encarar desafios. A vivência intercultural é muito valiosa, pois pude fazer amizade com estudantes de todo o mundo. Essas experiências diversas são muito engrandecedoras e nos tornam pessoas determinadas e prontas para encarar desafios, mas, ao mesmo tempo, com compreensão da pluralidade social. Os contatos que fazemos lá ficam para o resto da vida, até hoje mantenho boas relações com vários colegas e professores, com os quais conduzo projetos acadêmicos e profissionais”, compartilha a alumni de Direito Isabela Welter.  

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Dentre as possibilidades abertas com este diferencial no currículo estão as oportunidades de trabalhar no exterior ou atuar em negócios internacionais entre Brasil-Itália ou Brasil-União Europeia. Além de poder obter a titulação de advogado na Itália, ao prestar o exame da prova da ordem italiana e cumprir com os demais requisitos necessários. Isabela já se prepara para em breve viajar e realizar a prova, e deixa um recado para os estudantes interessados na Dupla Titulação.  

“O desafio é grande, mas se o aluno consegue cumprir com ele, os frutos são incríveis. Não existe uma experiência igual, e você muda completamente, do modo mais positivo possível. É difícil, mas eu faria tudo de novo. Se prepare bem, estude muito, mantenha boas notas e nunca perca a vontade de superar os desafios. É um programa verdadeiramente maravilhoso para aqueles que o conquistam, e você se torna uma pessoa completamente mudada, resiliente, adaptável, flexível, plural. E são inúmeras as oportunidades acadêmicas e profissionais que se abrem.  São vários desafios do começo ao fim, mas são vários os resultados e frutos, que fazem a experiência valer a pena”, ressalta a jurista.  

Estude Direito na PUCRS

Encontro fortalece projeto de pesquisa da Escola de Medicina sobre cirurgias gastrointestinais menos invasivas 

O Simpósio aconteceu no auditório do Instituto do Cérebro e contou com a presença de diversos palestrantes nacionais e internacionais. / Foto: Giordano Toldo

Nos dias 18 e 19 de julho de 2024, a Universidade recebeu a comitiva de 12 médicos chineses para o Simpósio Internacional China-Brasil.  Durante a visita, promovida pelo Escritório de Cooperação Internacional (ECI) da PUCRS, os visitantes foram recepcionados pela coordenadora, Carla Bonan, pelo decano da Escola de Medicina, Leonardo Pinto, e pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde Claudio Mottin.  

O Simpósio aconteceu no auditório do Instituto do Cérebro e contou com a presença de diversos palestrantes nacionais e internacionais, como o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Antônio Carlos Valezi, e médico do Fourth Affiliated Hospital of China Medical University, Wang Yong.  

Com o objetivo de promover uma imersão de conhecimentos para o desenvolvimento da saúde gastrointestinal, o evento explorou tendências e técnicas com especialistas do Brasil e da China. Com palestras, painéis e debates, foram discutidos temas sobre inovação em tecnologia cirúrgica minimamente invasiva e treinamento de cirurgiões em cirurgia bariátrica e metabólica, coloprocto e digestiva. 

A comitiva foi composta por representantes da CKTrade e da Victor Medical Instruments, empresas parceiras para equipamentos médicos avançados e equipamentos cirúrgicos, e médicos dos Xiangya Hospital Central South university, The Fourth Affiliated Hospital of China Medical university, Capital Medical University beijing Friendship Hospital e The First Hospital of Hebei Medical University. Os visitantes também puderam conhecer espaços de referência em ensino e pesquisa da Universidade, como o Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc) Living 360° e o Hospital São Lucas

Saiba mais sobre os convênios internacionais da PUCRS 

A PUCRS tem convênio com instituições de mais de 30 países, distribuídas em todos os continentes. As ligações com instituições internacionais permitem que sejam realizadas pesquisas em cooperação, mobilidade acadêmica discente e docente, além de projetos em conjunto. Esses convênios promovem a internacionalização e possibilitam cooperação com instituições estrangeiras, e as parcerias são realizadas com universidades, instituições e demais órgãos.  

Mobilidade Acadêmica 

Para quem sonha em estudar em outro país, a PUCRS conta com o programa de Mobilidade Acadêmica. No programa, estudantes da PUCRS de todos os cursos de graduação podem escolher a universidade de destino de interesse para estudar por um semestre, com aproveitamento dos créditos cursados no exterior em sua grade curricular. Os participantes estão isentos de taxas acadêmicas na universidade de destino, devendo manter vínculo com a PUCRS durante o período no exterior.  As inscrições estão abertas, com início dos estudos no exterior no primeiro semestre de 2025. Nestes editais, há mais de 100 vagas em 22 em países, como Canadá, Japão, Suécia, Estados Unidos e Chile. O edital 1 recebe inscrições até 5/8 e edital 2 até 15/8.    

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Fotos: Giordano Toldo

Com o auxílio da tecnologia já se descobriu que práticas como orar e meditar podem blindar o cérebro contra diversas doenças

Para o diretor do Instituto do Cérebro (InsCer) e médico docente da PUCRS, Jaderson Costa, em tempos de inteligência artificial e robotização, entender a essência humana é cada vez mais importante. / Foto: Giordano Toldo

Uma freira se posta em genuflexão à frente do altar da Igreja Universitária Cristo Mestre, na PUCRS. Ela une as mãos, cerra os olhos e se entrega a uma compenetrada oração. As lágrimas vertem fartas, enquanto uma sensação de leveza toma o seu ser. Longe dali, um monge senta-se em lótus sobre uma rocha milenar dos Himalaias. A boca murmura um mantra, e os dedos correm o japamala – o cordão de contas dos iogues. O frio e o mundo à sua volta, os pensamentos e seu próprio corpo, tudo parece se dissipar no vaivém do ar gelado em suas narinas.  

A freira e o monge são movidos por crenças pessoais distintas. Mas o cérebro de ambos experimenta sensações quase idênticas, advindas da introspecção mística. Você também pode vivenciá-las, mesmo se não der bola para temas transcendentais. Basta fechar os olhos e concentrar-se na sua respiração. Uma ebulição química logo será desencadeada. O cortisol, hormônio do estresse, cairá rapidamente. Em contrapartida, haverá uma torrente de serotonina, dopamina e ocitocina – presentes em estados de felicidade, prazer e afetuosidade. 

Outra mudança ocorre no recrutamento das áreas cerebrais. O lobo parietal, responsável pelas percepções físicas, é quase desativado. Daí vem a sensação de torpor e a perda da noção de espaço-tempo. O cérebro também possui um piloto automático, acionado quando estamos ruminando ideias. Chamado de rede padrão, esse sistema se desarma durante orações e em estados meditativos. Assim, o fluxo de pensamentos é freado, viabilizando o esvaziar da mente e o terreno para o êxtase místico.  

“Algumas pessoas conseguem alcançar uma abstração mais profunda e entram quase em estágio de flutuação”, confirma o neurocientista Jaderson Costa da Costa, diretor do Instituto do Cérebro (InsCer) e médico docente da PUCRS. 

A divisão entre ciência e espiritualidade começa a ser extinguida pelo trabalho de pessoas como ele – há 10 anos dedicado ao tema. Mas essa reaproximação tem mais tempo: o primeiro artigo médico sobre a importância de práticas religiosas para a saúde data de 1910. Os grandes avanços é que vieram nas últimas décadas, levando ao surgimento da chamada neuroteologia. 

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Além do placebo 

Na atualidade, a exploração empírica se dá por meio de técnicas como o ultrassom. Um dos estudos basilares foi realizado pela Universidade da Pensilvânia (EUA), em 2001. Oito monges tibetanos foram submetidos a tomografias enquanto meditavam. Em 2003, o mesmo ocorreu com freiras franciscanas em oração. As áreas de ativação cerebral foram iguais nos dois grupos. Isso permitiu o entendimento de que a experiência espiritual, embora subjetiva, tem seus traços comuns. Outro aspecto compartilhado é o benefício trazido aos praticantes.  

O Women’s Health Initiative, organizado pelo National Institutes of Health (EUA), avaliou 43 mil mulheres em menopausa. As participantes que mantinham atividades espirituais apresentaram menores índices de AVC, câncer e suicídio. Já um levantamento da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) analisou 130 pessoas e encontrou uma relação direta entre práticas espirituais e a queda dos níveis de ansiedade e depressão.  

A explicação está no banho de neurotransmissores benéficos e em reconfigurações da estrutura do cérebro. Um estudo da Universidade de Columbia (EUA), por exemplo, constatou mudanças na espessura do córtex. Análises anteriores indicaram que pessoas propensas à depressão têm essa camada externa mais fina. Nota-se o oposto em quem se dedica a orar e meditar.  

Possuir um córtex robusto, entretanto, não indica que você será uma pessoa de fé. A relação de causa e efeito parece ser inversa. Ou seja, essas atividades tendem a promover a neuroplasticidade – a capacidade de o cérebro se modificar a partir de estímulos. Então a espiritualidade seria um marcador evolutivo da humanidade? Um estudo de Harvard (EUA) vai nesse sentido. 

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Propensão natural  

As sinapses são os impulsos elétricos que interligam os neurônios, criando rotas de informação. Cientistas da Faculdade de Medicina de Harvard descobriram que os circuitos da fé se alocam na Substância Cinzenta Central (PAG, na sigla em inglês) – uma região ligada a sensações como medo e resiliência a dor. A PAG é uma área extremamente primitiva do cérebro. Assim, é possível inferir que a experiência espiritual é inata à nossa espécie.  

“Há funções que são absorvidas, a exemplo da matemática. Já outras são intrínsecas, como a linguagem. A espiritualidade pertence ao segundo tipo. Somos seres espirituais por natureza”, explica Costa. 

O neurocientista ressalta que esse fator independe de uma crença vertical em algo supremo. Isso porque também há uma dimensão horizontal da espiritualidade, expressa por meio da empatia com o próximo. Em casos assim, os estímulos cerebrais são um pouco distintos. Mas os benefícios se parecem.  

“Quando acolhemos o sofrimento de alguém, o cérebro recruta áreas de prazer e satisfação semelhantes às estimuladas por certas drogas. A diferença, claro, é que esses atos são construtivos e nos dignificam”, compara Costa.  

Essa é a origem da sensação de recompensa vivenciada por quem se entrega a causas humanitárias. E também explica, em parte, por que a atenção aos efeitos da espiritualidade está entre as vanguardas da ciência. 

A PUCRS, por exemplo, tem uma disciplina sobre o tema desde 2020. Foi introduzida no curso de Medicina a pedido dos próprios alunos. Antes disso, em 2018, discentes de Medicina, Teologia, Psicologia e Filosofia haviam criado a Liga Acadêmica de Espiritualidade e Ciência (Liase). O núcleo fomenta a investigação acadêmica sobre espiritualidade, religiosidade e saúde – por meio de estudos e eventos. 

Para Jaderson da Costa, essas ações consolidam uma nova cultura da espiritualidade no ambiente científico – um fenômeno acelerado pela pandemia e o surgimento das novas tecnologias. “Em tempos de inteligência artificial e robotização, entender a essência humana é cada vez mais importante.”  

Respiros para a alma 

Os alunos da PUCRS podem exercer a introspeção de diversas formas. Uma delas é pelo Projeto de Meditação. O programa, coordenado pelo Centro de Pastoral e Solidariedade, oferece sessões diárias. As atividades envolvem diferentes linhas de conhecimento – como meditação cristã, zenbudismo e mindfulness.  

“A universidade é o lugar da pluralidade. Conjugar essas tradições é um exemplo de como as coisas podem caminhar juntas”, explica João Fett, coordenador da Pastoral. Guiadas por especialistas, as aulas gratuitas acontecem na sala de meditação (Prédio 15), no Tecnopuc (Prédio 96C), na Igreja Cristo Mestre (aberta de segunda a sexta, das 7h às 22h) e nos jardins do Campus. 

*Texto originalmente publicado na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.     

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A coordenadora do laboratório de Cognição e Neurobiologia da Memória do InsCer, Cristiane Furini, explica que o cérebro é um espelho do corpo 

O sono e alimentação são dois fatores considerados fundamentais para o bom funcionamento das capacidades cognitivas. / Foto: Envato Elements

O envelhecimento é um processo natural. Enquanto alguns aspectos são mais visíveis, como a queda na produção de colágeno e a atrofia de músculos, outros são menos aparentes, mas têm um impacto direto na qualidade de vida e bem-estar das pessoas.  Entre eles, está a redução do volume cerebral, que ocorre a partir da perda de neurônios e da diminuição de conexões entre células cerebrais, também conhecidas como sinapses. De acordo com a pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Cognição e Neurobiologia da Memória do Instituto do Cérebro (InsCer), Cristiane Furini, alguns hábitos contribuem para o envelhecimento saudável do cérebro. 

De acordo com ela, mesmo que seja um processo fisiológico comum, o declínio cognitivo após os 60 anos não é algo padrão. A pesquisadora enfatiza que esse processo é muito heterogêneo.  

“Hábitos como ler, estudar e se desafiar em relação a novos aprendizados contribuem para uma reserva cognitiva maior, minimizando aspectos como a perda de memória ou atenção. Com isso, a intensidade das consequências naturais do envelhecimento será menor”, revela.  

Mais saúde, mais vida, mais memória  

O desempenho físico e cognitivo de uma pessoa idosa está diretamente ligado ao estilo de vida que ela teve ao longo de sua história. Cristina explica que o cérebro é um espelho do restante do corpo, e que os mesmos fatores que prejudicam a saúde dos demais órgãos impactam no funcionamento do raciocínio, fixação de memórias e outros processos neurológicos. Entre os motivos que alteram o desempenho cognitivo, estão: a má alimentação, a falta de exercícios físicos, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo.  

Exercitar-se regularmente melhora a vascularização, ou seja, a circulação do sangue no corpo, levando mais nutrientes ao cérebro. Os exercícios também estimulam o crescimento de novos neurônios e sinapses, além da produção de fatores neurotróficos, que são proteínas essenciais para o crescimento, desenvolvimento e sobrevivência das células nervosas”, explica a pesquisadora do InsCer. 

Outro fator que impacta no desempenho cognitivo é o exercício físico, visto que ele está diretamente relacionado ao que chamamos de plasticidade cerebral: a capacidade das células se conectarem umas às outras, formando novas conexões e caminhos a uma informação, dificultando o seu esquecimento. “Caso um caminho seja perdido, ainda existirão outros capazes de levar à mesma memória.” 

O sono e alimentação são os outros dois fatores que são elencados como fundamentais para o bom funcionamento das capacidades cognitivas. Cristina explica que parte do processo de fixação de nossas memórias ocorre enquanto dormimos e que por isso, é importante conseguir manter uma rotina de sono com as horas adequadas para cada faixa etária.  

“Além disso, é durante o sono que o cérebro realiza uma ‘limpeza de resíduos’ produzidos ao longo do dia, e que já não têm mais utilidade”, diz Cristiane.   

No que diz respeito à alimentação, Cristiane explica o papel significativo do que o corpo absorve. A pesquisadora reitera que devemos evitar ao máximo o consumo de açúcar, ultraprocessados e alimentos industrializados.

“Para uma dieta adequada, precisamos ingerir legumes, verduras, grãos integrais, carnes magras e oleaginosas, que podem proteger o cérebro de processos inflamatórios.” 

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Cristiane Furini é pesquisadora e atua como Coordenadora do Laboratório de Cognição e Neurobiologia da Memória do InsCer. / Foto: Giordano Toldo

Conheça os tipos de memória 

Para entender como a memória é afetada, é preciso também conhecer os tipos de memória que o cérebro registra. Cristiane cita alguns deles:  

1. Memória de trabalho 

Diz respeito às informações retidas temporariamente por uma pessoa enquanto realiza uma tarefa. Eu posso não lembrar a quinta palavra de uma frase dita anteriormente, mas lembro do contexto o suficiente para continuar a conversa”, exemplifica Cristiane.   

2. Memória episódica 

Está relacionada a fatos e acontecimentos marcantes ao longo da vida de uma pessoa, como o nascimento de um filho ou uma formatura.  

“Este tipo de memória pode ser atingido com o envelhecimento, mas não necessariamente terá impacto significativo na vida das pessoas. A não ser em caso de doenças neurodegenerativas, quando o paciente acaba esquecendo o que fez durante o dia ou do que se alimentou”.  

3. Memória prospectiva 

Esta é a capacidade de planejar o futuro, como a necessidade de lembrar de tomar um remédio, por exemplo. Cristiane explica que quando esta memória é afetada, é importante entender que ao utilizarmos de artifícios como alarmes ou lembretes, não estamos atrapalhando ou prejudicando, mas auxiliando o cérebro a registrar informações importantes sobre ações fundamentais do cotidiano para o nosso bem-estar.  

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4. Memória de procedimento  

São ações aprendidas ao longo da vida, como dirigir um carro, utilizar talheres e atender o telefone. A coordenadora do Laboratório de Cognição e Neurobiologia explica que estas memórias são as menos afetadas com o envelhecimento.  

“Andar de bicicleta é um exemplo muito comum, pois dizemos que não se esquece. Podemos adquirir limitações físicas com o envelhecimento, mas não esquecemos de como realizar a ação.”  

5. Memória semântica  

É a memória que guardamos sobre conhecimentos gerais, como de história e geografia. Ao contrário das demais, esse tipo de memória tende apenas a aumentar ao longo da vida. Quanto mais conhecimento uma pessoa adquire, mais conexões entre os neurônios são criadas, fortalecendo a memória.  

As memórias de trabalho, episódica e prospectiva são os tipos mais afetados com o envelhecimento do cérebro; sua alteração é um sintoma comum em pacientes com doenças neurodegenerativas. O acompanhamento com médico geriatra e neurologista, além de atividades de reforço cognitivo, são fundamentais para um envelhecimento saudável do corpo e da mente. Contudo, a pesquisadora alerta: alguns fatores estão além do controle individual.  

“Existem diversas questões atreladas ao declínio cognitivo, entre elas a genética. O risco, claro, é muito maior se não nos prevenirmos. A medicina tem avançado muito nos últimos anos e a expectativa de vida das pessoas tem aumentado cada vez mais. É muito importante mantermos nosso cérebro ativo para um envelhecimento saudável.”  

Um dos maiores pensadores da comunicação no mundo diz que a capacidade de negociação e o respeito ao outro são princípios basilares para o efetivo avanço da sociedade 

Para o sociólogo, a felicidade e o futuro não estão na internet, mas em conseguir que as pessoas se encontrem, se respeitem. / Foto: Giordano Toldo

Ao mesmo tempo em que a chamada “comunicação técnica” acelera o seu avanço, a capacidade humana de estabelecer conexões esbarra no egocentrismo. Quem diz é Dominique Wolton, fundador e diretor do Instituto de Pesquisa em Comunicação e Mídia da Universidade de Lyon III, na França. Autor de mais de 20 livros sobre comunicação no contexto digital, comunicação política, relação entre mídia e poder e interação entre culturas, Wolton mantém há mais de duas décadas uma estreita relação com o Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da PUCRS. Na entrevista a seguir, ele reflete sobre estes e outros temas – inclusive com um aparte sobre o Brasil. 

Quais são os maiores desafios de comunicação do século XXI?  

A comunicação técnica é cada vez maior, enquanto a comunicação humana é sempre muito difícil. O grande desafio é conciliar essas duas formas de comunicação. É conseguir diminuir a comunicação técnica e tecnológica e dar tempo aos seres humanos para que eles possam ser humanidade. 

Segundo um levantamento da Edelman, 80% dos brasileiros dizem nunca ter visto tamanha falta de civilidade e respeito no país como atualmente. Enquanto isso, a média global é de 65%. Como reverter essa realidade? 

A questão da civilidade é muito importante. Antigamente, não havia escolha, era preciso respeitar os adultos, os idosos. Hoje vivemos uma situação inversa, em que cada um pode e faz o que quiser, sem ser obrigado a nada. A grande regra da civilidade, agora, é respeitar o outro, é a liberdade do outro que me obriga a respeitar. Então tem sempre duas possibilidades de civilidade: a da obrigação e a da civilidade da atenção, do respeito ao outro. O problema é que a gente não se interessa mais pelos outros.  

E o que nos interessa? 

Nós só nos interessamos por nós mesmos. Damos “bananas” à civilidade, que é a primeira aceitação do outro, e é fundamental às relações humanas e sociais. Temos que reintroduzir a civilidade nas relações. Quando dizemos “bom dia, senhor”, “bom dia, senhora”, é um reconhecimento. Isso é muito mais importante do que pensar o tempo inteiro “eu, eu, eu”. Tem um pouco de formalidade? Sim, mas é acima de tudo uma questão humana.   

Por que temos esse nível tão alto de falta de respeito mútuo e de civilidade no Brasil? 

Desconfio um pouco de estatísticas sobre questões tão complicadas, mas dá para pensar numa hipótese. A sociedade brasileira é violenta, com relações desiguais, negros e brancos, e até ontem era muito hierárquica. Pode ser que alguém não queira dizer bom dia ao outro como forma de emancipação e liberdade. Mas a verdadeira emancipação é reconhecer o outro em sua diferença: quando a gente dá bom dia, não quer dizer que seja amor, mas um mínimo de respeito. 

Que abordagens ou práticas levam a boas negociações? 

A condição número um é o respeito do outro. Tem sempre algum grau de desigualdade nas relações. Para negociar, pode existir muita dominação, e a negociação é sempre um progresso humano. Existe muita negociação desigual. Na negociação contemporânea, tenta-se respeitar o outro, relacionar-se com o outro a partir de um pouco de igualdade. Ninguém tem as mesmas opiniões quando negociamos, mas fazemos isso justamente para ter algo em comum: o respeito e interesse de todos. 

Nesse processo, o reconhecimento do outro parece ser um ponto chave, certo? 

É assim que começamos a sair da lógica do ódio e da dominação. E para mostrar como funciona a negociação, basta pegar o exemplo do comércio. Desde o início da humanidade, os homens se batem, se combatem e se massacram. A única situação em que isso muda é quando entra em cena o comércio. Eu tento te dominar na negociação, você tenta me dominar, e finalmente a gente acha valores justos. Quando se está negociando, ninguém tem ilusão em relação ao outro, mas se busca evitar o conflito. Comunicação é comerciar, é negociar. 

Como a capacidade de negociação pode ajudar em um contexto de guerras e impasses diplomáticos, por exemplo? 

A pior das coisas na globalização, na vida, em todos os tempos, é a guerra. Desde sempre, os homens tentam se comunicar para evitar a guerra. Com a democracia, tentamos ter uma comunicação mais igualitária, mas seguimos tendo desigualdade. Um dos riscos da globalização é que, em vez de fortalecer o entendimento entre as pessoas, entre os povos de um país, ela acaba por fortalecer o ódio. Para salvar o conceito de comunicação, é preciso fazer várias coisas. 

Por onde podemos começar? 

Reconhecendo que a comunicação humana é mais difícil do que a técnica – e que a guerra é uma questão humana. Aí, voltamos ao ponto de que a comunicação se baseia no respeito. Atualmente, temos três situações: a comunicação bem-sucedida, em que a gente discute, compartilha e chega à paz – e é muito rara. A segunda questão, muito comum, é a incomunicação, que significa que nós não estamos de acordo. A gente discute, apesar das diferenças, e isso pode ser visto como um progresso. E a terceira situação é a comunicação, que é quando não tem mais jeito, ninguém se entende, e aí acaba em guerra. A questão do século é como negociar para evitar a guerra. É comunicar no sentido da negociação. E acho impressionante o desejo de guerra ser mais forte que o de amor – como percebemos na internet, na televisão. A gente vê os outros e não há vontade de nos aproximarmos deles. A comunicação deve ser sempre um progresso no sentido de reduzir o ódio. 

De onde vem tanta dificuldade em comunicar? 

Alguém diz uma coisa, o outro não escuta ou não está de acordo, então ele responde ao interlocutor, que também não se interessa, não escuta. Faz um século que que a gente vem confundindo essa questão do emissor, da mensagem e do receptor. Tentou-se resumir a um problema principal, que seria a expressão. Mas não é porque eu digo uma coisa que o outro vai estar de acordo. A expressão, a mensagem, não é a comunicação, porque a gente em geral não concorda com o outro. Comunicar é negociar. A gente pode não estar de acordo, mas tem que querer negociar. 

Uma prática comum nas relações é o silêncio como punição. O que o senhor acha desse tipo de atitude? 

A comunicação sempre tem que ser vista como um progresso da democracia, porque ela é um diálogo. É poder falar, argumentar, discutir, dizer o que pensa. O silêncio é sintoma de que alguma coisa não está bem. Hoje, a questão não é a expressão, a possibilidade de falar, porque todo mundo pode falar. O maior problema está na dificuldade de dialogar, de escutar o outro, argumentar. 

Como conciliar a velocidade exigida atualmente com a comunicação pessoal? 

Para se respeitarem, os homens precisam de tempo. Por isso, existe uma grande mentira no advento da internet e do digital. Tudo vai muito mais rápido, é verdade, mas a gente não se compreende. Todo mundo envia mensagens, responde a todos os contatos, mas nessa velocidade o que se estabelece é a incomunicação. As pessoas se interessam pelas relações afetivas, sexuais etc., e é na lentidão que isso acontece, pois toda relação afetiva demanda tempo. Só que mesmo nas relações afetivas, hoje, todos querem respostas rápidas, querem saber onde o outro está, onde foi. Esse tipo de comunicação técnica, mediada pela tecnologia, é fantástica. Veja na política, em que os chefes de Estado sabem de tudo que está acontecendo em todo lugar, mas há cada vez menos tempo para eles se encontrarem, dialogarem. Apesar desses encontros de cúpula – G7, G8, G12, G20 –, eles não conseguem estabelecer uma comunicação no sentido de aprofundamento pessoal, de olho no olho. 

Nesse sentido, as ferramentas mais apoiam ou atrapalham a comunicação? 

Depende do que estamos falando. O telefone, por exemplo: o melhor é quando duas pessoas se falam. Elas se comunicam de maneira simples e nem sempre concordam, mas se comunicam. A televisão e o rádio são cultura de massa, e funcionam como meios muito úteis por permitirem que pessoas diferentes se sintam parte de algo. Já a internet é uma comunicação muito forte entre pessoas que estão em acordo, que formam comunidades. Só que viver em sociedade não é necessariamente viver em comunidade, apenas; tem que sair da bolha. 

Mas hoje o uso das tecnologias é um processo sem volta. 

Faz mais de um século que o progresso tecnológico não para. Mas nem por isso há mais comunicação humana. É paradoxal que quanto mais as pessoas podem contatar umas as outras, menos elas têm a possibilidade de se encontrar. A comunicação humana é frágil, é a mais imperfeita. Também é a única que tem consciência sobre paz e guerra. A comunicação tecnológica é formidável, mas a solução não passa por Google, Apple, Microsoft e demais big techs. A felicidade e o futuro não estão na internet, mas em conseguir que as pessoas se encontrem, se respeitem. A grande ilusão é pensar que, com todas essas ferramentas à disposição, os homens se compreendem mais. O futuro feliz não está na performance tecnológica, mas na comunicação entre seres humanos. Quem faz a guerra não são robôs, são homens. 

*Entrevista originalmente publicada na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.    

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Krist Antunes realizou mestrado e doutorado na PUCRS 

O programa que Krist Antunes irá participar tem duração de dois anos. / Foto: Jonathan Heckler

A mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação (PPG) em Pediatria e Saúde da Criança da PUCRS Krist Antunes foi uma das 10 selecionadas para a edição de 2024 do Pew Latin American Fellowship. O programa busca ajudar no desenvolvimento de cientistas latino-americanos em início de carreira que estejam realizando pesquisas biomédicas e em ciências da saúde nos Estados Unidos.  

A iniciativa, além de fomentar pesquisas de alto impacto, visa criar uma rede de cientistas altamente qualificados que possam contribuir para a saúde pública na América Latina. Krist Antunes segue desenvolvendo na Princeton University a pesquisa iniciada na PUCRS. A universidade americana é reconhecida globalmente por sua qualidade acadêmica, além de ser uma das mais antigas do país, fundada em 1747. 

No Laboratório de Imunologia Infantil e Materna da universidade norte-americana, a pesquisadora investiga como a erradicação da contaminação por parasitas promoveu o crescimento de asma e infecções respiratórias.  

“Nosso sistema imunológico evoluiu na presença de diversos micróbios. No entanto, a vida urbana, o saneamento, os antibióticos e o tratamento de desparasitação alteraram significativamente a exposição microbiana humana durante as diferentes fases da vida. Esta mudança na exposição a entidades infecciosas alterou a forma como o nosso sistema imune funciona, levando potencialmente à inflamação e à autoimunidade”, explica Krist. 

Perspectivas do programa 

Além do prestígio em ser selecionado em um dos mais importantes programas de desenvolvimento científico, o Pew Latin American Fellowship, que conta com duração de dois anos, oferta aos contemplados uma série de benefícios como: subsídio financeiro para o/a pesquisador/a e o projeto de pesquisa; treinamentos de alto impacto e uma rede de contatos única de egressos e cientistas. O programa também oferece recursos para que o/a pesquisador/a retorne ao país de origem após a conclusão do programa. Ao final de sua participação, a pesquisadora planeja voltar ao Brasil.  

Leia mais: Como escolher quem vai te orientar no mestrado ou doutorado? 

“Eu acredito que ao adquirir a experiência necessária no ambiente científico norte-americano, vou poder contribuir significativamente para o progresso científico no nosso país”, aponta a alumni da PUCRS. 

A pesquisadora também afirma que, ao voltar ao Brasil, seguirá construindo iniciativas que impactem o bem-estar pulmonar em estrutura própria.  

“Ao final desse fellowship receberei um incentivo financeiro de U$ 70.000 para cobrir os custos relacionados a implementação do meu laboratório no Brasil. Esses recursos iniciais vão ser essenciais para impulsionar a minha carreira independente, o que futuramente vai contribuir na produção soluções inovadoras que tenham um efeito de longo alcance na saúde respiratória no Brasil”, destaca.  

Percurso formativo de excelência 

Para a pesquisadora, o currículo abrangente e desafiador da PUCRS, durante os cursos de mestrado e doutorado, incentivou seu pensamento crítico e desenvolveu habilidades de resolução de problemas, características essenciais para um bom cientista.  

“Comecei na PUCRS ainda na iniciação científica, no Laboratório de Imunologia Clínica e Experimental, coordenado pela professora Ana Paula Duarte de Souza, onde permaneci durante o mestrado e doutorado. Ali me envolvi em diversos projetos, o que aprimorou minhas habilidades de pesquisa, incluindo desenho experimental, análise de dados e redação científica – habilidades que têm sido inestimáveis em minha pesquisa de pós-doutorado”, afirma Krist. 

Leia também: Programa Hangar conecta pesquisas de mestrandos e doutorandos ao empreendedorismo 

Carla Bonan é professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e coordena o Escritório de Cooperação Internacional da Universidade 

Carla Bonan é professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e também dos programas de pós-graduação em Biologia Celular e Molecular e em Medicina e Ciências da Saúde. / Foto: C. Todd Reichart

Nos dias 5 e 6 de dezembro de 2024, acontecerá no Rio de Janeiro o sétimo Encontro Brasileiro de Integridade em Pesquisa, Ética na Ciência e em Publicações (BRISPE). O evento atua como uma plataforma para a comunidade científica discutir e explorar novas maneiras de conduzir e comunicar suas pesquisas, em um cenário com múltiplos desafios sociais, culturais e tecnológicos. 

A professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e também dos programas de pós-graduação em Biologia Celular e Molecular e em Medicina e Ciências da Saúde, Carla Bonan, atuará como Co-Chair do evento. O evento também conta com a participação do professor da Escola de Humanidades e dos programas de pós-graduação em Comunicação Social, Filosofia e Teologia, Nythamar Fernandes de Oliveira Junior, que faz parte do Comitê Consultivo do VII BRISPE.  

Para a professora, esse será um grande momento para refletir sobre o futuro do mundo acadêmico e suas conexões com as tecnologias emergentes.

“O evento será uma excelente oportunidade para discutir com especialistas nacionais e internacionais o uso da inteligência artificial generativa nas universidades e nos sistemas de publicação, bem como aspectos éticos, culturais e as relações entre integridade em pesquisa e política científica e governança”.

Programação e envio de resumos 

O evento é aberto a todos os alunos de pós-graduação, pesquisadores e professores das diferentes áreas do conhecimento. Está disponível a submissão de resumos em português e inglês, até o dia 5 de agosto, que explorem o impacto da inteligência artificial generativa na integridade da pesquisa, abordando desde a confiabilidade dos estudos até questões de autoria responsável, plágio, propriedade intelectual e comunicação científica. 

A programação do evento contempla conferências, discussões em painel, fóruns para pesquisadores em início de carreira e sessões de networking. A programação completa estará disponível no início de setembro de 2024. 

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Na PUCRS, há seis opções de cursos de engenharias diferentes, e uma enorme infraestrutura com laboratórios para aulas práticas

Cada curso conta com infinitas possibilidades de carreira e atuação no mercado. / Foto: Giordano Toldo

As áreas de exatas contam com diferentes possibilidades de atuação e, entre elas, estão as Engenharias, cursos desafiadores que abrem um leque de opções para a sua carreira. Na PUCRS, são ofertadas seis diferentes graduações, são elas: Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, Engenharia Química, Engenharia de Computação, Engenharia de Produção e de Energias Renováveis.

Quem deseja cursar Engenharia em uma das melhores universidades do Brasil e reconhecida internacionalmente, pode ingressar na PUCRS por meio da nota do Vestibular ou com o aproveitamento da sua nota do Enem. Também é possível solicitar Transferência ou Ingresso Diplomado. 

Confira a diferença entre cada uma delas:  

Energias Renováveis: foco em sustentabilidade 

Primeiro curso de graduação presencial em Engenharia de Energias Renováveis no Sul do Brasil, a formação promove o estudo em energias limpas e sustentáveis, com o objetivo contribuir na criação e desenvolvimento de soluções inovadoras e não-poluentes. Os profissionais formados serão capazes de dimensionar, gerir e analisar sistemas de energia em modalidades como hídrica, eólica, solar, bioenergética e de hidrogênio, além de realizar a gestão de energia e de eficiência energética.  

Química: a que transforma o mundo  

Profissionais da Engenharia Química projetam e operam processos industriais de transformação, passando pelo desenvolvimento de novas técnicas para obtenção de matérias-primas e produtos químicos, controle de qualidade, proteção e gerenciamento ambiental, consultorias industriais e controle/automação de processos, dentre outros.  

Civil: construindo o futuro  

É a Engenharia Civil que ajuda a construir a história de tantas cidades, estados e do País. Neste curso você vai aprender sobre construção civil, estruturas, fundações e obras de terra, estradas, saneamento e transporte. 

Leia mais: Está em dúvida entre dois cursos de graduação? Confira essas dicas

Computação: inovando o amanhã  

O curso de Engenharia de Computação forma estudantes capacitados para o desenvolvimento de sistemas embarcados, projeto de hardware/software, circuitos integrados, segurança de sistemas computacionais, projetos envolvendo Internet das Coisas, além de aplicações de inteligência artificial e robótica

Produção: aprimoramento de processos  

Na Engenharia de Produção são abordados assuntos relacionados ao planejamento, programação e controle da produção, gestão de cadeias de suprimentos, organização industrial, modelagem e simulação de processos, sistemas da qualidade, confiabilidade de produtos e processos, gestão de projetos, gestão de custos industriais e ergonomia.  

Mecânica: criando e inovando 

A Engenharia Mecânica trata principalmente de cinco grandes áreas de concentração: materiais, processos de fabricação, projeto mecânico e mecânica computacional; fluido-térmica e energia, automação e controle industrial, com múltiplas possibilidades de atuação e conexões com o mercado. 

Leia também: Pioneiras da educação online: conheça as professoras da PUCRS referências no uso do ensino mediado pela tecnologia

Ingresse em uma das melhores universidades do Brasil 

Estão abertas as inscrições para o Vestibular da PUCRS. A prova para candidatos e candidatas que desejam ingressar na Universidade no segundo semestre de 2024 acontece nos dias 17 e 18 de julho. O vestibular será por meio de uma prova de redação online. Outra opção de ingresso para todos os cursos é aproveitar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado nos últimos dez anos.

Além do reconhecimento pela estrutura disponível, com a Biblioteca Irmão José Otão, o Living 360° e o Parque Esportivo, o corpo docente formado por pesquisadores e profissionais destaque em suas áreas de atuação, a PUCRS prioriza a facilidade de acesso aos seus cursos e uma série de condições financeiras como bolsas, créditos educativos e diferentes possibilidades de financiamento.

GRADUAÇÃO PRESENCIAL

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