Setembro Amarelo relembra a importância de cuidar da saúde mental, e hábitos como meditação podem ajudar a regular as emoções
É importante reservar um tempo para cuidar de você. / Foto: Jonathan Heckler
Em meio a um estilo de vida cada vez mais acelerado e conectado, a meditação pode ser um bom recurso para o cultivo da saúde mental e do bem-estar. Esses exercícios, que podem ser feitos em casa, e estimulam a conexão emocional e de autocuidado. Confira as dicas do filósofo Mateus Luis Schäfer, líder do projeto de meditação do Centro de Pastoral e Solidariedade.
Para meditar, você não precisa de nenhum equipamento especial para praticar e não há contraindicação, independentemente da idade ou do estilo de vida. Para conseguir se desconectar e iniciar uma jornada de meditação, é necessário persistência e paciência, até que a prática leve ao hábito.
É possível meditar sozinho/a, com um professor, utilizando um aplicativo, assistindo a um vídeo na internet, entre outros. Confira dicas que podem facilitar nas primeiras práticas:
Se é importante, está na sua agenda! Reservar um momento ao longo do dia para se desligar do mundo externo e se conectar com você é muito importante. Pode ser ao acordar, para começar o dia com menos ansiedade e mais foco; no meio do dia, para descansar um pouco das tarefas; ou quando for se deitar, para acalmar a mente antes de dormir. Idealmente, um período de 10 a 15 minutos é um ótimo tempo para começar e trazer pequenos benefícios em relação à atenção e à respiração, mas cinco minutos já são suficientes para permitir uma sensação de tranquilidade.
É recomendado separar um espaço onde você possa se sentar com um pouco de tranquilidade, como uma sala, um jardim, um sofá, sendo possível na própria cadeira do escritório, ou até no carro, após estacionar antes de ir para o trabalho, por exemplo.
Na PUCRS, há diversos espaços para você praticar a meditação. A Universidade oferece a sala de meditação no prédio 15 (sala 327), no Tecnopuc (sala 117, prédio 96C), a Capela (prédio 23) além dos jardins, um convite para parar e respirar fundo.
Esqueça a postura que costumamos ver por aí, da pessoa sentada em posição de lótus. Essa posição, em especial, exige treinamento prévio. Para quem está começando, ela pode ser bem desconfortável.
Faça alguns breves e leves alongamentos e comece sentando-se em uma cadeira. Pés firmes no chão, mãos sobre as pernas, o queixo levemente levantado. Apenas tome cuidado para que sua coluna fique reta, sem forçar. O importante é que você consiga achar uma postura que te permita ficar relaxado, mas, ao mesmo tempo, desperto e atento.
É importante aprender a dar uma atenção especial a sua respiração, utilizando os pulmões completamente. Deve ser feita uma inspiração profunda, puxando o ar, inflando a barriga e o tórax, e uma expiração lenta e prazerosa.
O controle da respiração pode não ser fácil no começo, o que é percebido durante a prática, mas é importante que seja confortável e sem forçar, para que não se torne um momento desagradável. Um exercício que pode ser feito é contar até quatro na inspiração, e repetir esse tempo para a expiração.
Na meditação tradicional é necessário encontrar um foco para manter a atenção. Geralmente podemos usar um mantra, que é qualquer som, sílaba, palavra ou frase que deve ser repetida várias vezes para exercer um poder específico sobre a mente e que auxilie a concentração para a meditação.
Na meditação cristã é usada a palavra Maranatha. O importante é que você encontre um ritmo confortável para sua respiração, mantendo o foco total no movimento.
É muito comum que surjam diversos pensamentos durante a meditação, e, neste caso, não se deve brigar com eles, mas sim deixá-los vir e depois partir. Jamais vamos “esvaziar nossa mente”, ela é assim e sempre existirão muitos pensamentos. Com o tempo e a prática, fica mais fácil não se prender aos pensamentos.
O Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS disponibiliza diversas iniciativas e conteúdo para quem deseja inserir a meditação na rotina. Entre as atividades estão podcasts, grupos e programas de mentoria. Mais informações sobre as ações podem ser conferidas abaixo:
O curso presencial MindShift: Mude Seu Padrão Mental e Transforme Seus Resultados ocorrerá neste sábado (14) no TECNOPUC, das 8h às 18h. Esta experiência imersiva combina técnicas de mindfulness com estratégias baseadas em ciência para promover mudanças comportamentais e criação de hábitos saudáveis. Ministrado por Malone Rodrigues e Rodrigo Paganella, o curso visa desenvolver habilidades de resiliência, aumentar a autoconsciência e promover transformações significativas na vida pessoal e profissional dos participantes. Inscreva-se e garanta sua vaga!
A Pastoral da PUCRS convida para a nova turma presencial de Meditação Slow, uma prática voltada para a promoção da saúde e bem-estar. Facilitada por Álvaro Righi de Leonço, a turma acontecerá nas quintas-feiras, de 19 de setembro a 31 de outubro, das 12h10min às 13h, na Sala 327. As inscrições são gratuitas e abertas para todos que desejam explorar técnicas de meditação para desacelerar e encontrar equilíbrio no cotidiano.
Em setembro, mês dedicado à saúde mental, a nova temporada do podcast Respira Fundo já está disponível, trazendo conteúdos enriquecedores sobre bem-estar e autocuidado. Com uma abordagem leve e fundamentada em ciência, o podcast é uma iniciativa da Pastoral da PUCRS e do Grupo de Pesquisa: Avaliação em Bem-Estar e Saúde Mental da Escola de Ciências da Vida e Saúde. Apresentado pelo Prof. Wagner de Lara Machado, pela psicóloga Juliana Markus e pelo Psicólogo e filósofo Malone Rodrigues, o programa oferece uma exploração profunda dos temas de saúde mental, com base em estudos recentes e insights aplicáveis à vida diária. Os episódios estão disponíveis quinzenalmente no YouTube da PUCRS e no Spotify.
A Universidade oferece diversos espaços para estudantes praticarem meditação. / Foto: Giordano Toldo
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GRADUAÇÃO PRESENCIAL
Professora do curso de Psicologia explica os processos pelos quais passam as pessoas que perderam alguém
Foto: Envato
A morte de uma pessoa amada é considerada uma das experiências mais difíceis de serem superadas, individualmente e pelo núcleo familiar. A dor gerada pelo rompimento de um vínculo afetivo produz a necessidade de reorganização em uma nova realidade a ser experimentada sem a pessoa que faleceu.
“A perda desencadeia o chamado processo de luto, que pode se evidenciar de diferentes formas e intensidades, conforme o vínculo e o significado de quem nos deixou”, explica Ângela Seger, professora do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS.
A docente explica que o luto se manifesta por meio de uma série de reações que envolvem respostas emocionais (sentimentos de tristeza, culpa, raiva, autocensura, ansiedade, saudade), cognitivas (pensamentos de descrença, confusão, preocupação) e comportamentais (distúrbios do sono, do apetite, isolamento social, agitação, choro, evitação de lembranças).
“Essas manifestações são reações naturais e esperadas, e esse processo precisa ser vivido para as transformações necessárias serem efetivadas”, pontua.
A professora também destaca que, no contexto atual, algumas ações que atuam como facilitadoras para o luto, como acompanhar a pessoa em seus últimos dias, ter a sensação de que fez tudo que podia e realizar os rituais formais de despedida, ficaram comprometidas. “O distanciamento físico, as perdas secundárias e a dificuldade para receber apoio podem tornar este processo mais doloroso e as reações podem se intensificar, exigindo maior atenção do enlutado e sua família”, aponta Ângela.
No entanto, alguns comportamentos podem auxiliar a lidar com as perdas. Confira:
Após uma perda é esperado que sentimentos como medo, tristeza, culpa, raiva e insegurança sejam potencializados e, com isso, alguns comportamentos se evidenciem, como o desejo de ficar só e a sensação de falta de energia ou de motivação, por exemplo. É importante observar que, durante o período de luto, suas emoções são respostas às mudanças ocorridas a partir da falta que a pessoa faz em sua vida. Procure acolher seus sentimentos, sem evitá-los ou suprimi-los.
Foto: Envato
Procure não se cobrar ou exigir de outros familiares e amigos que as mesmas emoções sejam expressas de igual maneira, pois cada pessoa acessa e demonstra seus sentimentos de forma diferente. Lembre-se que o luto necessita de um período para ser vivido, mas que com o passar do tempo a dor da perda poderá se transformar em saudade.
As relações com pessoas afetivamente significativas são uma importante fonte de suporte emocional. Reforçar as estratégias de contato virtual, aumentando sua frequência, não substitui a relação presencial, mas minimiza a tendência ao isolamento, uma reação que, aliada a tristeza e ao desânimo, pode potencializar o afastamento e o sofrimento.
Manter contato com pessoas com quem você se sente confortável para falar sobre sua experiência e pedir auxílio nas atividades cotidianas que estão mais difíceis de serem realizadas são algumas das estratégias que podem ser utilizadas para que você se sinta acolhido/a.
Construir novas rotinas, preferencialmente que contemplem períodos de atividade mais organizadas (trabalho e estudos) e períodos de descanso e relaxamento, pode contribuir para que você se reestabeleça. Você também pode buscar diversificar as atividades, identificando novas possibilidades de interesse e desenvolvimento de habilidades que gerem satisfação e prazer. Fazer um planejamento objetivo dessas atividades permite que elas sejam “concretizadas” no papel, o que facilita a implementação prática.
Para algumas pessoas, a retomada das atividades pode ocorrer de forma mais rápida, como uma maneira de se conectar com outras pessoas e se ocupar de modo saudável, mas há quem necessite de um tempo maior para isso. Entenda seu próprio tempo e não se culpe.
Foto: Envato
Durante o processo de luto, há a necessidade de ampliar o autocuidado, pois os impactos produzidos pela perda podem fazer com que sejam alterados hábitos como sono, alimentação e cuidado na manutenção de tratamentos de saúde prolongados. A saúde mental também pode ser afetada, pois o sofrimento desencadeado pode levar ao uso de respostas não adaptativas e à busca de estratégias pouco saudáveis. A identificação e realização de atividades que gerem bem-estar e satisfação podem ser utilizadas e incrementadas conforme o interesse do enlutado.
Algumas pessoas podem encontrar esta sensação de bem-estar, mesmo que de maneira temporária, na leitura de um livro, na música, em uma caminhada, em uma conversa com alguém, na pintura, entre outras. A espiritualidade também pode exercer uma função significativa de conforto e proteção nestes momentos. É importante assinalar que cada pessoa deve se observar e descobrir qual ou quais estratégias respondem melhor a sua necessidade e estão de acordo com seus valores e crenças.
Busque ajuda caso perceba que seu sofrimento está muito intenso, se prolongando ou mesmo impedindo que consiga manter suas atividades, causando muito impacto na sua vida e em suas relações. Outro sinal de que é preciso buscar suporte emocional pode surgir quando as pessoas a sua volta sinalizam que estão preocupadas com sua saúde mental. Esses sinais podem significar que as perdas vivenciadas neste período estejam lhe sobrecarregando e, neste caso, pode ser necessário o auxílio de um profissional qualificado para não haver agravamento das dificuldades.
O Núcleo de Apoio Psicossocial realiza atendimentos a estudantes e professores/as com orientações sobre os cuidados com a saúde mental e seus impactos nos processos de ensino e aprendizagem. O acolhimento está sendo feito por profissionais da Psicologia com apoio da equipe multidisciplinar.
Atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, mediante agendamento pelo e-mail [email protected], pelo telefone (51) 3320-3703 ou diretamente na sala 301 do Centro de Apoio Discente (no 3º andar do Living 360°, prédio 15).
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O professor de Psicologia da PUCRS Wagner de Lara Machado separou algumas dicas de ações diárias para mitigar esses sintomas
É importante reservar um tempo para cuidar de você. / Foto: Envato
O Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no mundo: 9,3%, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Um estudo publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) também destacou que a necessidade de aumento nos investimentos em serviços de auxílio psicológico, devido a maior ocorrência de sintomas de depressão e ansiedade em diversos países.
Para auxiliar quem se sente ansioso, o professor Wagner de Lara Machado, docente da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, reuniu cinco dicas de ações diárias para reduzir esses sintomas. Confira:
Pratique meditação, busque dormir bem e identifique os momentos em que você precisa uma pausa para cuidar de si. Há exercícios (como os de respiração, por exemplo) que auxiliam no controle de crises de ansiedade e no desenvolvimento de um foco no presente, no “aqui e agora”. Além disso, essas práticas auxiliam a desenvolver uma “leitura” de seus estados internos (pensamentos e emoções) e seus sinais corporais (coração acelerado, suor, tremores).
Nem tudo está sob nosso controle, procure aceitar isso. Compreender esse fato pode eliminar boa parte das fontes de nossa ansiedade e frustração. Entenda que há momentos em que você está ansioso/a, mas você não é a sua ansiedade. Não exija de si a perfeição. Busque estabelecer metas em que você consiga dar um passo de cada vez. Valorize seus pequenos avanços. Compartilhe com alguém que você tenha intimidade os seus planos e as suas vitórias em relação ao manejo de sua ansiedade.
Aprenda com sua ansiedade. Identifique as situações ou estímulos que deixam você ansioso/a ou muito estressado/a. Uma boa dica é anotar pensamentos e os sentimentos que se repetem. Gradualmente você passa a entender melhor seu funcionamento e pode ir modificando seus pensamentos. Você começará a examiná-los e questionar o quão são justificáveis. Nesta etapa, considerar uma ajuda profissional é fundamental.
Reduza alimentos com cafeína, açúcar, estimulantes e industrializados. Eles podem ser um “gatilho químico” para a ansiedade, ativando em excesso seu sistema nervoso. Faça exercícios físicos regularmente. Entre tantos outros benefícios, a prática de exercícios auxilia na regulação das emoções.
Conheça suas habilidades e procure ampliá-las e desenvolvê-las. Reconheça a melhor versão de si e trabalhe para cultivá-la. Estudos indicam que se envolver em atividades voluntárias, exercitar a gratidão e o otimismo (esperar os melhores resultados mediante engajamento nas tarefas), envolver-se em atividades que geram absorção (concentração, dedicação) e afetos positivos (alegria, realização, tranquilidade) promovem a saúde e diminuem significativamente os efeitos de problemas como a ansiedade.
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Professora de Nutrição da PUCRS Carolina Abud promove workshop para colaboradoras e alunas. Evento acontece nos dias 26 e 27 de agosto
Agosto é o mês mundial do incentivo ao aleitamento materno/ Foto: Giordano Toldo
Essencial para a sobrevivência, a nutrição e o desenvolvimento nos primeiros meses de vida e no início da infância, o leite materno é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o “alimento de ouro” para os bebês. Para conscientizar a população sobre a importância da amamentação, o Agosto Dourado marca a campanha mundial de incentivo ao aleitamento materno.
Mas, afinal, por que a prática do aleitamento é tão essencial? Caroline Abud é nutricionista materno infantil, pesquisadora e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e da Escola de Medicina, e afirma que além da questão da saúde, a amamentação também traz benefícios psicológicos e de qualidade de vida. “A amamentação é uma das formas de estabelecimento de vínculo entre mãe e bebê”.
A amamentação possui inúmeros benefícios para a saúde da criança como um todo. Caroline explica que o leite humano é um alimento completo e personalizado em termos de nutrientes, proporcionando o adequado crescimento e desenvolvimento do bebê.
“Há evidências associando a exposição ao leite humano (quanto mais prolongada, melhor) à prevenção de sobrepeso, obesidade e diabete tipo II ao longo da vida, maior potencial intelectual, menos chances de má oclusão dental e até mesmo redução de mortalidade e morbidade no recém-nascido e lactante. Para as mães, os achados dos estudos consideram a prática como forma de prevenção de câncer de mama e ovário e contribuição para controle de natalidade”, pontua.
O leite materno possui nutrientes específicos necessários para os bebês, que não podem ser nem mesmo replicados em formulações artificiais. Os principais componentes desse leite são carboidratos, proteínas, lipídeos (gorduras), vitaminas, minerais, compostos imunológicos e componentes que favorecem a melhor colonização de bactérias para o intestino. Todos esses componentes se fazem presentes no leite em proporções exatas, que variam conforme as etapas da vida da criança. Caroline destaca, inclusive, que uma dieta saudável por parte da mãe pode contribuir significativamente para a qualidade do leite.
Falta de informação adequada e a ausência de uma rede de apoio contribuem para o desmame precoce/ Foto: Giordano Toldo
A nutricionista alerta que o desmame precoce, ou seja, quando as mães deixam de amamentar seus filhos, pode ser um fator de risco para alterações de saúde, crescimento e desenvolvimento da criança. Além disso, a alimentação do bebê em caso de desmame também é um fator determinante, com alguns aspectos a serem considerados, como a exposição precoce ao leite de vaca (antes dos 12 meses), alimentos ultraprocessados e açúcar (24 meses). Também é importante considerar os fatores socioeconômicos e de informação envolvidos. Apesar de tudo isso, Caroline deixa um alerta:
“É importante olhar para essa questão com empatia, e que estes dados não levem as mães que não amamentaram por algum motivo a se sentirem menos mães ou como algum tipo de fracasso.”
Caroline também destaca os principais motivos que levam mães a não amamentarem seus filhos. Um deles, que acaba permeando todos os outros, é a ausência de uma rede de apoio – que deve ser composta pela sociedade como um todo: familiares, amigos, profissionais de saúde, empresas. A pouca acolhida para com a mãe pode dificultar a produção de ocitocina, hormônio relacionado à ejeção de leite, que está ligado às emoções.
Outro fator que pode contribuir é falta de informação assertiva em diferentes momentos (gestação, pós-parto imediato e ao longo do tempo de amamentação). Além disso, também há a questão de orientações inadequadas quanto ao início da alimentação complementar, que deve iniciar após os seis meses de vida, e também quanto ao manejo de intercorrências, como ganho de peso, problemas de pega, fissuras nas mamas. “Muitos profissionais acabam iniciando complementos de forma precoce, o que pode contribuir para menor produção de leite”, explica a pesquisadora. Há ainda a ação das indústrias alimentícias, que contribui para esse desmame.
Em casos onde a mãe não pode amamentar diretamente, o bebê pode receber o leite ordenhado ou doado/ Foto: Giordano Toldo
“A indústria de fórmulas infantis, a propaganda abusiva de produtos alimentícios e dispositivos que podem favorecer ao desmame (bicos e mamadeiras, por exemplo). Para isso temos normativas de controlam alguns aspectos relacionados a indústria e o quanto se atingem os vulneráveis (pais e crianças na primeira infância)”, pontua Caroline.
A separação do binômio mãe/bebê, em casos de um nascimento prematuro, por exemplo, também pode ser um fator determinante. “Neste caso, assim que o bebê pode ser alimentado (muitas vezes não diretamente ao seio materno), ele pode receber o leite da mãe ordenhado, ou ainda, doado. Para esse processo existem os bancos de leite humano”, explica a docente.
Entre as situações específicas que impedem que a mãe amamente seu bebê estão a presença do vírus HIV e HTLV, galactosemia (erro inato do metabolismo) e o uso de algumas medicações e drogas ilícitas. Nesses casos, é sempre importante consultar um médico para fazer as avaliações necessárias.
Com o objetivo de expressar apoio e acolhimento para as mulheres que são mães, a PUCRS possui sua própria Sala de Amamentação. Localizada na sala 220 do Living 360 (prédio 15), o espaço é frequentado por estudantes e colaboradoras que desejam ter um espaço seguro e confortável para a extração e armazenamento de leite materno. Egressas podem utilizar o espaço mediante a apresentação da carteirinha Alumni PUCRS.
A Universidade também realiza diversas pesquisas sobre o tema. Em abril, o Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em Nutrição e Saúde da Criança, coordenado pela professora Caroline Abud, apresentou quatro trabalhos sobre aleitamento materno no XVI Encontro Nacional de Aleitamento Materno (ENAM), no VI Encontro Nacional de Alimentação Complementar Saudável (ENACS) e no I Encuentro Latino Americano y Caribeño de Lactancia Materna (ELACLAM) realizado pela Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN).
No evento, que conta com o apoio do Ministério da Saúde, CAPES, CNPq, UNICEF e OPAS, uma das pesquisas apresentadas foi sobre o próprio espaço no Campus: “Implantação de Sala de Apoio à Amamentação no Campus de uma Universidade Privada no Sul do Brasil: um estudo de caso”.
As Escolas de Medicina e de Ciências da Saúde e da Vida promovem, nos dias 26 e 27 de agosto, o V Encontro PUCRS em Homenagem ao Agosto Dourado. O evento, que acontece na sala 321 do Prédio 15 (Living), compartilhará informação e conhecimento, além de proporcionar discussões relacionadas à importância do leite materno e prática da amamentação. Você pode encontrar mais informações sobre e o encontro e fazer sua inscrição aqui.
A professora Caroline coordena o evento, realizado anualmente em apoio à Semana Mundial do Aleitamento Materno, e convida todos os alunos, profissionais e comunidade a participarem.
“Entendemos como nossa responsabilidade, enquanto universidade, promover a prática, por meio desta e outras ações de incentivo. Quem participa carrega alguma informação importante a ser multiplicada, contribuindo assim para a formação da rede de apoio que queremos.”
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Iniciativa busca contribuir para a saúde e qualidade de vida de pessoas com mais de 60 anos
Foto: Divulgação Parque Esportivo
Desenvolvido e conduzido pelo Parque Esportivo da PUCRS, o Programa de Incentivo à Atividade Física para Idosos (PIAFI) tem o objetivo de contribuir para a saúde e qualidade de vida dos idosos por meio de um conjunto de ações voltadas à prática de exercício físico para pessoas com 60 anos ou mais. Criada em 2022, a iniciativa conta uma programação de atividades físicas multicomponentes, ou seja, que combinam três ou mais modalidades de treino numa mesma sessão, com 12 modalidades que atendem as características e necessidades de pessoas idosas. Esse conjunto de ações se dá através da parceria entre a empresa PIAFI Brasil, idealizadora do programa, em parceria com o Parque Esportivo e apoio da PUCRS.
Através da prática do exercício físico regular, o programa promove e melhora a condição de saúde dos idosos, prevenindo e tratando as principais doenças que incidem na velhice. O PIAFI busca colaborar para que os idosos consigam desfrutar de uma velhice com autonomia e independência.
Um dos grandes diferenciais do programa é a personalização dos exercícios físicos, ou seja, realizado de acordo com as condições de cada idoso. Algumas atividades previstas são: câmbio, hidroginástica, funcional, pilates e dança circular. Susana da Silva Rosa tem 63 anos e é uma das alunas do programa. Ela explica que o PIAFI vem impactando positivamente a sua saúde.
“O PIAFI é um marco na minha vida, pois não sabia o quanto eu era sedentária até fazer a primeira avaliação, e eu diria até um pouco depressiva. Esse Projeto mudou minha vida em vários sentidos. Nós temos um acolhimento dos professores que é impressionante, eles fazem tudo com maior cuidado, dedicação e competência, e sempre muito afetivos. Tive muitas melhoras físicas, de equilíbrio, ganhos cognitivos também, além do nosso mental e emocional, onde ganhamos uma família maravilhosa, os alunos se tornaram amigos, um torce e se preocupa com o outro, ou seja, PIAFI nos ajuda inclusive na nossa sociabilidade, fazemos festa, temos saudades uns dos outros.”
Foto: Divulgação Parque Esportivo
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Susana acredita que a participação no programa tem impactado positivamente na sua qualidade de vida. Para esta nova edição do PIAFI, Susana espera que o programa continue a ajudar ela e outras pessoas idosas a ter uma velhice digna e alegre.
“Todos esses cuidados que temos aqui no Parque Esportivo nós não encontramos em lugar nenhum outro lugar do mundo”, finaliza.
A nova edição do programa iniciou no dia 1º de agosto e contou com 250 vagas, já preenchidas no momento. As vagas para as próximas edições serão limitadas e abertas mediante disponibilidade. Fique atento/a aos canais oficiais do Parque Esportivo da PUCRS para novas divulgações.
Iniciativa tem como público-alvo pessoas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul
O serviço foi desenvolvido para ajudar a população a cuidar da saúde mental após as enchentes no RS. / Foto: Lucas Azevedo
Já está disponível uma iniciativa que oferece apoio psicológico às pessoas atingidas pelas fortes enchentes de maio no Rio Grande do Sul. O programa chamado Text4Hope-RS é uma parceria do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (NEPTE) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e da Dalhousie University do Canadá que envia mensagens de texto baseadas na terapia cognitivo-comportamental (TCC).
O professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS Christian Kristensen explica que além de gratuito, o serviço foi desenvolvido especialmente para ajudar a população gaúcha a cuidar da saúde mental e do bem-estar emocional após as fortes chuvas que causaram diversos prejuízos ao estado.
“As recentes enchentes no Rio Grande do Sul causaram impactos devastadores em nossas comunidades. Sabemos que eventos como esse podem afetar profundamente nossa saúde mental. Estudos em diversos países mostram que a exposição a catástrofes desta natureza pode aumentar problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático, e que estes problemas podem persistir por meses ou mesmo anos”, sintetiza.
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Depois disso, a pessoa já estará inscrita e começará a receber mensagens baseadas na TCC, com conteúdos sobre autocuidado, apoio emocional e resiliência. O SMS é enviado diariamente, às 9h, durante três meses. O cancelamento do serviço gratuito pode ser feito a qualquer momento.
“Ler e refletir diariamente sobre o conteúdo das mensagens e sobre como os pensamentos e emoções influenciam nos nossos comportamentos, pode fazer uma grande diferença no bem-estar emocional de cada pessoa”, conclui o professor.
Professor do curso de Nutrição da PUCRS comenta os cuidados com a alimentação e a importância do acompanhamento adequado
Foto: Divulgação Metropoles.com / Michael Kappeler / Picture Alliance / Getty Images
A preparação de um atleta para uma competição da dimensão dos Jogos Olímpicos envolve diversos segmentos da saúde e anos de disciplina em muitas áreas. Dentre os cuidados com o corpo, com preparadores físicos, técnicos e fisioterapeutas, e com a saúde mental, contando com auxílio psicológico, outro ponto fundamental é a alimentação, que permite que o esportista tenha disposição para os treinos e um corpo preparado para o esforço.
A dieta do atleta, preparada por um profissional da Nutrição, é o que faz com que o esportista consuma os nutrientes necessários para ter saúde, energia para atividades físicas e um equilíbrio calórico. Além da reposição energética pós-treino, para garantir a recuperação muscular e mental do esportista.
“Se a nutrição não está adequada em atletas olímpicos, que tem um nível de rendimento muito alto, o atleta não se recupera o suficiente e o corpo pode acabar dando sinais de alerta. Essa deficiência pode trazer algumas complicações, inicialmente em rendimento e depois pode chegar à saúde, desde complicações hormonais ou teciduais, mas podendo levar até mesmo a uma lesão que poderia ter sido evitada”, explica Giuseppe Potrick Stefani, professor do curso de Nutrição da PUCRS e especialista em nutrição esportiva.
Os Jogos Olímpicos deste ano, em Paris, têm como ideal e premissa serem o mais sustentável da história. Com isso, a alimentação oferecida pelo Comitê Organizador é 1/3 vegetal, e há um espaço 100% vegetariano. Esta preocupação nutricional comentada pela docente também foi estudada pelo Comitê Olímpico Brasileiro, que criou um espaço de alimentação especial destinado aos atletas do Time Brasil na Vila Olímpica. Este espaço serve pratos típicos e caseiros, não apenas para os esportistas terem uma nutrição adequada, mas para a comida ser afetiva.
Foto: Divulgação Revista Veja / Zhao Wenyu/China News Service/VCG/Getty Images
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O requerimento energético em algumas modalidades é muito alto, podendo chegar a mais 3.000 kcal durante o exercício físico. Há ainda os atletas que competem em categorias de acordo com seus pesos, e para isso não podem ultrapassar 5% de alteração corporal durante uma competição, como os Jogos Olímpicos. Os atletas passam os dias anteriores as competições treinando na Vila Olímpica e nas respectivas arenas, e assim precisam repor a energia gasta de maneira adequada.
Leia mais: Saiba quais hábitos podem contribuir para o envelhecimento saudável do cérebro
Outro aspecto essencial para a manutenção da saúde e do funcionamento pleno do corpo é a hidratação. Ainda mais quando se trata de esportes de alto gasto calórico e/ou longa duração, é preciso um cuidado grande para repor os níveis de hidratação do praticante. E a desidratação pode ainda causar confusão mental, tontura e outros efeitos imediatos que levam o atleta a ter que se retirar do treino ou da competição, para tomar um isotônico ou outro tipo de reposição rápida e eficaz.
“Das inovações mais recentes, gostaria de destacar os sensores de hidratação. O atleta usa para um treino ou para uma competição e esse adesivo aponta por meio de um aplicativo o quanto ele perdeu de sódio no suor, responsável pelo método que no nosso corpo mais usa durante o esforço físico na tentativa de esfriar o corpo para não superaquecer. Ainda é bastante caro para o bolso do público, mas em um ano ou dois anos, isso começará a ser inserido de uma forma mais direcionada”, comenta o nutricionista.
Todo ano, mais de mil estudantes da PUCRS realizam estágio na Unidade de Saúde Vila Fátima
Todos os anos, passam pelo CEUVF mais de mil estudantes de nove cursos de graduação: Medicina, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Odontologia, Fisioterapia, Serviço Social, Direito e Educação. / Foto: Giordano Toldo
Quando pediu transferência para a PUCRS, Alexandre Rodrigues Dias se sentiu realizado. “Não que a outra universidade não fosse boa, mas aqui encontrei uma estrutura muito melhor para aprender”, diz o estudante do último semestre de Fisioterapia. O elogio não é atribuído apenas à infraestrutura da Universidade, à grade curricular e ao corpo docente. Refere-se também às atividades de extensão, como a do Centro de Extensão Universitária Vila Fátima (CEUVF) da PUCRS. “Foi uma experiência muito rica e que agregou demais ao meu currículo”, pontua Dias.
Criado em 1980, o Vila Fátima está localizado no bairro Bom Jesus, próximo ao campus da Universidade. No princípio, tratava-se de uma iniciativa marista de interação e aproximação com a comunidade – uma das mais carentes de Porto Alegre. A ideia era ter um espaço para vivências práticas a partir da realidade e das necessidades da população. E assim aconteceu.
Hoje, o CEUVF oferece programas de formação profissional, além de mutirões de saúde e de atendimento social aos 9 mil moradores da região – sempre com a contribuição dos estudantes. Parte disso graças à ampliação que marcou os 40 anos do centro. Em 2020, o CEUVF inaugurou a Unidade de Saúde Vila Fátima, vinculada à Prefeitura de Porto Alegre e ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Com a soma dos esforços da equipe da Unidade de Saúde e do centro de ensino, o Vila Fátima se tornou um espaço interdisciplinar e interprofissional referência para os estudantes, que podem vivenciar a realidade do sistema único de saúde e outras organizações e equipamentos sociais.
“É uma oportunidade ímpar para praticar o que aprendem na graduação”, diz Clarissa Blattner, professora responsável pela Coordenadoria de Ensino-Serviço em Saúde da unidade. Na prática, o ensino ocorre por meio de estágios obrigatórios, práticas assistidas e disciplinas extensionistas. Isso faz com que os alunos aprendam por meio de desafios reais, tornando-se protagonistas da própria aprendizagem, mais qualificados e competitivos. Todos os anos, passam pelo CEUVF mais de mil estudantes de nove cursos de graduação: Medicina, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Odontologia, Fisioterapia, Serviço Social, Direito e Educação.
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“Eu sinto que esse é o tipo de experiência que me deixa totalmente preparada para o mercado de trabalho”, conta Carolina Briceno, aluna do 9º semestre de Odontologia da PUCRS.
Durante o estágio no Vila Fátima, dois semestres atrás, ela aprendeu a fazer anamneses mais criteriosas e a mexer no sistema online de agendamento. Também entendeu melhor o funcionamento do SUS e desenvolveu habilidades técnicas importantes.
“Às vezes, chegavam atendimentos de urgência bastante complexos, que a gente não tinha contato na faculdade. Era muito dinâmico e instrutivo solucionar esses casos com o suporte dos professores”, diz Carolina.
Além das hard skills, quem passa pelo CEUVF desenvolve as soft skills – habilidades comportamentais e socioemocionais, como empatia, resiliência e colaboração.
“O centro faz uma conexão poderosa da teoria com a prática, e aproxima os estudantes a diferentes realidades e desafios. Isso permite que eles desenvolvam um cuidado muito mais humanizado”, afirma a professora Andrea Bandeira, decana da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e atual responsável pela gestão dos cursos de graduação que atuam no Vila Fátima.
A equipe tem 23 profissionais, além da participação de 28 professores. Em 2023, foram 48,7 mil atendimentos. No mesmo ano, a execução de três emendas parlamentares permitiu a aquisição de novas cadeiras odontológicas. O CEUVF também recebeu pintura na parte externa e reformas nas áreas de odontologia e recepção, com ampliação de espaços e melhorias nos equipamentos e climatização dos ambientes. Esses incrementos impactam diretamente a qualidade dos serviços prestados à comunidade da Vila Fátima, aumentando o número de atendimentos e o bem-estar dos pacientes.
As aulas da NBA Basketball School acontecem no Parque Esportivo da PUCRS. / Foto: Alexandre Carvalho/FOTOP
Com base na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”, o Parque Esportivo – que integra o Campus da Saúde – busca sempre oferecer as melhores opções para uma vida mais saudável e para o aumento do bem-estar. Uma delas é a Cicclo, plataforma de esporte e educação com valores inspirados no Judô, que traz na sua metodologia princípios como construção, conquista e compartilhamento.
O método foi desenvolvido pelo medalhista olímpico Flávio Canto e conta com a participação de outros ex-atletas de destaque, como Tande (vôlei), Gabriel Lima (futsal) e Diego Hypólito (ginástica artística). No Parque Esportivo, as aulas de judô infantil são ofertadas para alunos a partir de quatro anos e as de jiu-jítsu a partir de 15 anos de idade, com o professor e atleta olímpico Alex Pombo.
Mais recentemente, foi inaugurado no espaço o NBA Basketball School, programa de desenvolvimento pessoal através do basquete. O método NBA instrui os jogadores em um ambiente estruturado, focado no desenvolvimento de habilidades e na promoção de valores positivos, como integridade, trabalho em equipe, respeito e determinação.
O objetivo final do NBA Basketball School é fortalecer a cultura do basquete juvenil, ensinar lições de vida e capacitar jovens atletas para o sucesso dentro e fora da quadra. No Parque Esportivo, o projeto é destinado a meninos e meninas de seis a 17 anos, contando ainda com uma turma exclusiva para adultos. Método NBA busca fortalecer a cultura do esporte, ensinar lições de vida e capacitar os jovens para o sucesso na carreira.
*Reportagem originalmente publicada na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.
A competição oferece visibilidade para profissionais falarem sobre suas trajetórias e desafios
Simone Biles foi uma das principais atletas a levantar a questão da saúde mental no esporte. Foto: Loic Venance/AFP.
A discussão sobre a importância da saúde mental cresce exponencialmente, sendo ampliada para áreas além da psicologia, como o esporte. Nos últimos anos, atletas começaram a falar sobre o tema, trazendo relatos pessoais do impacto nas suas vidas. A estadunidense Simone Biles, da ginástica artística, desistiu de continuar competindo ainda durante os últimos Jogos Olímpicos, em Tóquio.
Ela fez uma pausa na carreira para cuidar da saúde mental e retornou para o Mundial da modalidade em 2023, que garantiu sua vaga para os Jogos Olímpicos em Paris, trajetória que rendeu uma série documental. Ainda em 2021, quando Simone anunciou a pausa, a tenista japonesa Naomi também falou sobre saúde mental, especificamente sua luta de anos contra a depressão.
Estes exemplos são importantes para movimentar o mundo do esporte em relação ao psicológico dos atletas. Os esportistas de alto rendimento passam por diversos acompanhamentos físicos, e cada vez mais há também auxílio psicológico profissional, como parte fixa na equipe, assim como fisioterapeutas, nutricionistas e outros especialistas em saúde.
Ainda é preciso considerar os contextos pessoais dos atletas: a skatista Rayssa Leal, de 16 anos, gerou repercussão ao pedir uma liberação para que sua mãe pudesse acompanhá-la na Vila Olímpica de 2024. Ela disse que a mãe passa uma sensação de segurança e com sua companhia se sente mais forte. Este é um exemplo clássico de impacto na saúde mental, causado por normas técnicas de competições, visto que a liberação para a acompanhante foi negada.
“Vemos os atletas enfrentarem dificuldades para lidar com as suas emoções e conseguir regular para melhor desempenhar a sua tarefa na modalidade esportiva. Também tem as questões relacionadas à distância familiar, porque isso implica na própria rotina desse atleta. Esses são os principais desafios psicológicos, lidar com as questões da saudade, ansiedade e pressão. Em algumas situações, atletas têm uma dificuldade de lidar com críticas que não são construtivas e isso pode ter repercussão na forma como vai se regular suas emoções”, explica Fernanda Faggiani, psicóloga esportiva e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida.
Outros dois fatores importantes que fazem parte da manutenção da saúde mental são os cuidados com sono e alimentação. É preciso manter uma rotina que tenha descanso e trabalho, mas que incorpore questões de lazer, momentos com a família e amigos. Profissionais ainda ressaltam que é necessário um acompanhamento que considere todos os pontos da saúde de uma pessoa, e nestes casos considerando as peculiaridades de um atleta que vive sob pressão.
“Assim como a saúde física de um atleta, a saúde mental é fundamental para que ele esteja equilibrado e apto para sua performance esportiva. Isso vai influenciar de forma positiva quando o atleta está saudável mentalmente, possibilitando que ele consiga regular suas emoções e mantenha um foco de atenção naquilo que é relevante na sua prática, e que exigiu longos períodos de treinamento e dedicação exclusiva, como para competir nos Jogos Olímpicos”, reforça a psicóloga esportiva.
Um dos cuidados para esses atletas em busca de uma medalha olímpica é um acompanhamento das questões emocionais e físicas. Pensando na regulação do sono, da alimentação, no descanso, nas rotinas adequadas e no acompanhamento amplo com o departamento de saúde, além das sessões com um psicólogo.
A professora ainda ressalta que dependendo da modalidade esportiva também há muitos desafios relacionados a investimento e patrocínio. O que pode causar mais preocupações para os atletas e suas equipes. Principalmente em relação aos atletas paralímpicos, que têm mais dificuldade de reconhecimento na mídia, locais de treinamentos e equipamentos adequados e outros obstáculos.
GRADUAÇÃO PRESENCIAL
Com o auxílio da tecnologia já se descobriu que práticas como orar e meditar podem blindar o cérebro contra diversas doenças
Para o diretor do Instituto do Cérebro (InsCer) e médico docente da PUCRS, Jaderson Costa, em tempos de inteligência artificial e robotização, entender a essência humana é cada vez mais importante. / Foto: Giordano Toldo
Uma freira se posta em genuflexão à frente do altar da Igreja Universitária Cristo Mestre, na PUCRS. Ela une as mãos, cerra os olhos e se entrega a uma compenetrada oração. As lágrimas vertem fartas, enquanto uma sensação de leveza toma o seu ser. Longe dali, um monge senta-se em lótus sobre uma rocha milenar dos Himalaias. A boca murmura um mantra, e os dedos correm o japamala – o cordão de contas dos iogues. O frio e o mundo à sua volta, os pensamentos e seu próprio corpo, tudo parece se dissipar no vaivém do ar gelado em suas narinas.
A freira e o monge são movidos por crenças pessoais distintas. Mas o cérebro de ambos experimenta sensações quase idênticas, advindas da introspecção mística. Você também pode vivenciá-las, mesmo se não der bola para temas transcendentais. Basta fechar os olhos e concentrar-se na sua respiração. Uma ebulição química logo será desencadeada. O cortisol, hormônio do estresse, cairá rapidamente. Em contrapartida, haverá uma torrente de serotonina, dopamina e ocitocina – presentes em estados de felicidade, prazer e afetuosidade.
Outra mudança ocorre no recrutamento das áreas cerebrais. O lobo parietal, responsável pelas percepções físicas, é quase desativado. Daí vem a sensação de torpor e a perda da noção de espaço-tempo. O cérebro também possui um piloto automático, acionado quando estamos ruminando ideias. Chamado de rede padrão, esse sistema se desarma durante orações e em estados meditativos. Assim, o fluxo de pensamentos é freado, viabilizando o esvaziar da mente e o terreno para o êxtase místico.
“Algumas pessoas conseguem alcançar uma abstração mais profunda e entram quase em estágio de flutuação”, confirma o neurocientista Jaderson Costa da Costa, diretor do Instituto do Cérebro (InsCer) e médico docente da PUCRS.
A divisão entre ciência e espiritualidade começa a ser extinguida pelo trabalho de pessoas como ele – há 10 anos dedicado ao tema. Mas essa reaproximação tem mais tempo: o primeiro artigo médico sobre a importância de práticas religiosas para a saúde data de 1910. Os grandes avanços é que vieram nas últimas décadas, levando ao surgimento da chamada neuroteologia.
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Na atualidade, a exploração empírica se dá por meio de técnicas como o ultrassom. Um dos estudos basilares foi realizado pela Universidade da Pensilvânia (EUA), em 2001. Oito monges tibetanos foram submetidos a tomografias enquanto meditavam. Em 2003, o mesmo ocorreu com freiras franciscanas em oração. As áreas de ativação cerebral foram iguais nos dois grupos. Isso permitiu o entendimento de que a experiência espiritual, embora subjetiva, tem seus traços comuns. Outro aspecto compartilhado é o benefício trazido aos praticantes.
O Women’s Health Initiative, organizado pelo National Institutes of Health (EUA), avaliou 43 mil mulheres em menopausa. As participantes que mantinham atividades espirituais apresentaram menores índices de AVC, câncer e suicídio. Já um levantamento da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) analisou 130 pessoas e encontrou uma relação direta entre práticas espirituais e a queda dos níveis de ansiedade e depressão.
A explicação está no banho de neurotransmissores benéficos e em reconfigurações da estrutura do cérebro. Um estudo da Universidade de Columbia (EUA), por exemplo, constatou mudanças na espessura do córtex. Análises anteriores indicaram que pessoas propensas à depressão têm essa camada externa mais fina. Nota-se o oposto em quem se dedica a orar e meditar.
Possuir um córtex robusto, entretanto, não indica que você será uma pessoa de fé. A relação de causa e efeito parece ser inversa. Ou seja, essas atividades tendem a promover a neuroplasticidade – a capacidade de o cérebro se modificar a partir de estímulos. Então a espiritualidade seria um marcador evolutivo da humanidade? Um estudo de Harvard (EUA) vai nesse sentido.
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As sinapses são os impulsos elétricos que interligam os neurônios, criando rotas de informação. Cientistas da Faculdade de Medicina de Harvard descobriram que os circuitos da fé se alocam na Substância Cinzenta Central (PAG, na sigla em inglês) – uma região ligada a sensações como medo e resiliência a dor. A PAG é uma área extremamente primitiva do cérebro. Assim, é possível inferir que a experiência espiritual é inata à nossa espécie.
“Há funções que são absorvidas, a exemplo da matemática. Já outras são intrínsecas, como a linguagem. A espiritualidade pertence ao segundo tipo. Somos seres espirituais por natureza”, explica Costa.
O neurocientista ressalta que esse fator independe de uma crença vertical em algo supremo. Isso porque também há uma dimensão horizontal da espiritualidade, expressa por meio da empatia com o próximo. Em casos assim, os estímulos cerebrais são um pouco distintos. Mas os benefícios se parecem.
“Quando acolhemos o sofrimento de alguém, o cérebro recruta áreas de prazer e satisfação semelhantes às estimuladas por certas drogas. A diferença, claro, é que esses atos são construtivos e nos dignificam”, compara Costa.
Essa é a origem da sensação de recompensa vivenciada por quem se entrega a causas humanitárias. E também explica, em parte, por que a atenção aos efeitos da espiritualidade está entre as vanguardas da ciência.
A PUCRS, por exemplo, tem uma disciplina sobre o tema desde 2020. Foi introduzida no curso de Medicina a pedido dos próprios alunos. Antes disso, em 2018, discentes de Medicina, Teologia, Psicologia e Filosofia haviam criado a Liga Acadêmica de Espiritualidade e Ciência (Liase). O núcleo fomenta a investigação acadêmica sobre espiritualidade, religiosidade e saúde – por meio de estudos e eventos.
Para Jaderson da Costa, essas ações consolidam uma nova cultura da espiritualidade no ambiente científico – um fenômeno acelerado pela pandemia e o surgimento das novas tecnologias. “Em tempos de inteligência artificial e robotização, entender a essência humana é cada vez mais importante.”
Os alunos da PUCRS podem exercer a introspeção de diversas formas. Uma delas é pelo Projeto de Meditação. O programa, coordenado pelo Centro de Pastoral e Solidariedade, oferece sessões diárias. As atividades envolvem diferentes linhas de conhecimento – como meditação cristã, zenbudismo e mindfulness.
“A universidade é o lugar da pluralidade. Conjugar essas tradições é um exemplo de como as coisas podem caminhar juntas”, explica João Fett, coordenador da Pastoral. Guiadas por especialistas, as aulas gratuitas acontecem na sala de meditação (Prédio 15), no Tecnopuc (Prédio 96C), na Igreja Cristo Mestre (aberta de segunda a sexta, das 7h às 22h) e nos jardins do Campus.
*Texto originalmente publicado na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.
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