Todo ano, mais de mil estudantes da PUCRS realizam estágio na Unidade de Saúde Vila Fátima  

Todos os anos, passam pelo CEUVF mais de mil estudantes de nove cursos de graduação: Medicina, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Odontologia, Fisioterapia, Serviço Social, Direito e Educação. / Foto: Giordano Toldo

Quando pediu transferência para a PUCRS, Alexandre Rodrigues Dias se sentiu realizado. “Não que a outra universidade não fosse boa, mas aqui encontrei uma estrutura muito melhor para aprender”, diz o estudante do último semestre de Fisioterapia. O elogio não é atribuído apenas à infraestrutura da Universidade, à grade curricular e ao corpo docente. Refere-se também às atividades de extensão, como a do Centro de Extensão Universitária Vila Fátima (CEUVF) da PUCRS. “Foi uma experiência muito rica e que agregou demais ao meu currículo”, pontua Dias.   

Criado em 1980, o Vila Fátima está localizado no bairro Bom Jesus, próximo ao campus da Universidade. No princípio, tratava-se de uma iniciativa marista de interação e aproximação com a comunidade – uma das mais carentes de Porto Alegre. A ideia era ter um espaço para vivências práticas a partir da realidade e das necessidades da população. E assim aconteceu.  

Hoje, o CEUVF oferece programas de formação profissional, além de mutirões de saúde e de atendimento social aos 9 mil moradores da região – sempre com a contribuição dos estudantes. Parte disso graças à ampliação que marcou os 40 anos do centro. Em 2020, o CEUVF inaugurou a Unidade de Saúde Vila Fátima, vinculada à Prefeitura de Porto Alegre e ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

Com a soma dos esforços da equipe da Unidade de Saúde e do centro de ensino, o Vila Fátima se tornou um espaço interdisciplinar e interprofissional referência para os estudantes, que podem vivenciar a realidade do sistema único de saúde e outras organizações e equipamentos sociais.  

“É uma oportunidade ímpar para praticar o que aprendem na graduação”, diz Clarissa Blattner, professora responsável pela Coordenadoria de Ensino-Serviço em Saúde da unidade. Na prática, o ensino ocorre por meio de estágios obrigatórios, práticas assistidas e disciplinas extensionistas. Isso faz com que os alunos aprendam por meio de desafios reais, tornando-se protagonistas da própria aprendizagem, mais qualificados e competitivos. Todos os anos, passam pelo CEUVF mais de mil estudantes de nove cursos de graduação: Medicina, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Odontologia, Fisioterapia, Serviço Social, Direito e Educação.  

Saiba mais: Saiba quais hábitos podem contribuir para o envelhecimento saudável do cérebro

“Eu sinto que esse é o tipo de experiência que me deixa totalmente preparada para o mercado de trabalho”, conta Carolina Briceno, aluna do 9º semestre de Odontologia da PUCRS. 

Durante o estágio no Vila Fátima, dois semestres atrás, ela aprendeu a fazer anamneses mais criteriosas e a mexer no sistema online de agendamento. Também entendeu melhor o funcionamento do SUS e desenvolveu habilidades técnicas importantes.  

“Às vezes, chegavam atendimentos de urgência bastante complexos, que a gente não tinha contato na faculdade. Era muito dinâmico e instrutivo solucionar esses casos com o suporte dos professores”, diz Carolina.  

Além das hard skills, quem passa pelo CEUVF desenvolve as soft skills – habilidades comportamentais e socioemocionais, como empatia, resiliência e colaboração.  

“O centro faz uma conexão poderosa da teoria com a prática, e aproxima os estudantes a diferentes realidades e desafios. Isso permite que eles desenvolvam um cuidado muito mais humanizado”, afirma a professora Andrea Bandeira, decana da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e atual responsável pela gestão dos cursos de graduação que atuam no Vila Fátima. 

A equipe tem 23 profissionais, além da participação de 28 professores. Em 2023, foram 48,7 mil atendimentos. No mesmo ano, a execução de três emendas parlamentares permitiu a aquisição de novas cadeiras odontológicas. O CEUVF também recebeu pintura na parte externa e reformas nas áreas de odontologia e recepção, com ampliação de espaços e melhorias nos equipamentos e climatização dos ambientes. Esses incrementos impactam diretamente a qualidade dos serviços prestados à comunidade da Vila Fátima, aumentando o número de atendimentos e o bem-estar dos pacientes.  

Transformação através do esporte  

As aulas da NBA Basketball School acontecem no Parque Esportivo da PUCRS. / Foto: Alexandre Carvalho/FOTOP

Com base na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”, o Parque Esportivo – que integra o Campus da Saúde – busca sempre oferecer as melhores opções para uma vida mais saudável e para o aumento do bem-estar. Uma delas é a Cicclo, plataforma de esporte e educação com valores inspirados no Judô, que traz na sua metodologia princípios como construção, conquista e compartilhamento.  

O método foi desenvolvido pelo medalhista olímpico Flávio Canto e conta com a participação de outros ex-atletas de destaque, como Tande (vôlei), Gabriel Lima (futsal) e Diego Hypólito (ginástica artística). No Parque Esportivo, as aulas de judô infantil são ofertadas para alunos a partir de quatro anos e as de jiu-jítsu a partir de 15 anos de idade, com o professor e atleta olímpico Alex Pombo. 

Mais recentemente, foi inaugurado no espaço o NBA Basketball School, programa de desenvolvimento pessoal através do basquete. O método NBA instrui os jogadores em um ambiente estruturado, focado no desenvolvimento de habilidades e na promoção de valores positivos, como integridade, trabalho em equipe, respeito e determinação. 

O objetivo final do NBA Basketball School é fortalecer a cultura do basquete juvenil, ensinar lições de vida e capacitar jovens atletas para o sucesso dentro e fora da quadra. No Parque Esportivo, o projeto é destinado a meninos e meninas de seis a 17 anos, contando ainda com uma turma exclusiva para adultos. Método NBA busca fortalecer a cultura do esporte, ensinar lições de vida e capacitar os jovens para o sucesso na carreira. 

*Entrevista originalmente publicada na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.    

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A competição oferece visibilidade para profissionais falarem sobre suas trajetórias e desafios

Simone Biles foi uma das principais atletas a levantar a questão da saúde mental no esporte. Foto: Loic Venance/AFP.

A discussão sobre a importância da saúde mental cresce exponencialmente, sendo ampliada para áreas além da psicologia, como o esporte. Nos últimos anos, atletas começaram a falar sobre o tema, trazendo relatos pessoais do impacto nas suas vidas. A estadunidense Simone Biles, da ginástica artística, desistiu de continuar competindo ainda durante os últimos Jogos Olímpicos, em Tóquio.  

Ela fez uma pausa na carreira para cuidar da saúde mental e retornou para o Mundial da modalidade em 2023, que garantiu sua vaga para os Jogos Olímpicos em Paris, trajetória que rendeu uma série documental. Ainda em 2021, quando Simone anunciou a pausa, a tenista japonesa Naomi também falou sobre saúde mental, especificamente sua luta de anos contra a depressão.  

Estes exemplos são importantes para movimentar o mundo do esporte em relação ao psicológico dos atletas. Os esportistas de alto rendimento passam por diversos acompanhamentos físicos, e cada vez mais há também auxílio psicológico profissional, como parte fixa na equipe, assim como fisioterapeutas, nutricionistas e outros especialistas em saúde.  

Ainda é preciso considerar os contextos pessoais dos atletas: a skatista Rayssa Leal, de 16 anos, gerou repercussão ao pedir uma liberação para que sua mãe pudesse acompanhá-la na Vila Olímpica de 2024. Ela disse que a mãe passa uma sensação de segurança e com sua companhia se sente mais forte. Este é um exemplo clássico de impacto na saúde mental, causado por normas técnicas de competições, visto que a liberação para a acompanhante foi negada.  

“Vemos os atletas enfrentarem dificuldades para lidar com as suas emoções e conseguir regular para melhor desempenhar a sua tarefa na modalidade esportiva. Também tem as questões relacionadas à distância familiar, porque isso implica na própria rotina desse atleta. Esses são os principais desafios psicológicos, lidar com as questões da saudade, ansiedade e pressão. Em algumas situações, atletas têm uma dificuldade de lidar com críticas que não são construtivas e isso pode ter repercussão na forma como vai se regular suas emoções”, explica Fernanda Faggiani, psicóloga esportiva e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida.  

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Outros dois fatores importantes que fazem parte da manutenção da saúde mental são os cuidados com sono e alimentação. É preciso manter uma rotina que tenha descanso e trabalho, mas que incorpore questões de lazer, momentos com a família e amigos. Profissionais ainda ressaltam que é necessário um acompanhamento que considere todos os pontos da saúde de uma pessoa, e nestes casos considerando as peculiaridades de um atleta que vive sob pressão.  

“Assim como a saúde física de um atleta, a saúde mental é fundamental para que ele esteja equilibrado e apto para sua performance esportiva. Isso vai influenciar de forma positiva quando o atleta está saudável mentalmente, possibilitando que ele consiga regular suas emoções e mantenha um foco de atenção naquilo que é relevante na sua prática, e que exigiu longos períodos de treinamento e dedicação exclusiva, como para competir nos Jogos Olímpicos”, reforça a psicóloga esportiva. 

Um dos cuidados para esses atletas em busca de uma medalha olímpica é um acompanhamento das questões emocionais e físicas. Pensando na regulação do sono, da alimentação, no descanso, nas rotinas adequadas e no acompanhamento amplo com o departamento de saúde, além das sessões com um psicólogo.  

A professora ainda ressalta que dependendo da modalidade esportiva também há muitos desafios relacionados a investimento e patrocínio. O que pode causar mais preocupações para os atletas e suas equipes. Principalmente em relação aos atletas paralímpicos, que têm mais dificuldade de reconhecimento na mídia, locais de treinamentos e equipamentos adequados e outros obstáculos.  

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Com o auxílio da tecnologia já se descobriu que práticas como orar e meditar podem blindar o cérebro contra diversas doenças

Para o diretor do Instituto do Cérebro (InsCer) e médico docente da PUCRS, Jaderson Costa, em tempos de inteligência artificial e robotização, entender a essência humana é cada vez mais importante. / Foto: Giordano Toldo

Uma freira se posta em genuflexão à frente do altar da Igreja Universitária Cristo Mestre, na PUCRS. Ela une as mãos, cerra os olhos e se entrega a uma compenetrada oração. As lágrimas vertem fartas, enquanto uma sensação de leveza toma o seu ser. Longe dali, um monge senta-se em lótus sobre uma rocha milenar dos Himalaias. A boca murmura um mantra, e os dedos correm o japamala – o cordão de contas dos iogues. O frio e o mundo à sua volta, os pensamentos e seu próprio corpo, tudo parece se dissipar no vaivém do ar gelado em suas narinas.  

A freira e o monge são movidos por crenças pessoais distintas. Mas o cérebro de ambos experimenta sensações quase idênticas, advindas da introspecção mística. Você também pode vivenciá-las, mesmo se não der bola para temas transcendentais. Basta fechar os olhos e concentrar-se na sua respiração. Uma ebulição química logo será desencadeada. O cortisol, hormônio do estresse, cairá rapidamente. Em contrapartida, haverá uma torrente de serotonina, dopamina e ocitocina – presentes em estados de felicidade, prazer e afetuosidade. 

Outra mudança ocorre no recrutamento das áreas cerebrais. O lobo parietal, responsável pelas percepções físicas, é quase desativado. Daí vem a sensação de torpor e a perda da noção de espaço-tempo. O cérebro também possui um piloto automático, acionado quando estamos ruminando ideias. Chamado de rede padrão, esse sistema se desarma durante orações e em estados meditativos. Assim, o fluxo de pensamentos é freado, viabilizando o esvaziar da mente e o terreno para o êxtase místico.  

“Algumas pessoas conseguem alcançar uma abstração mais profunda e entram quase em estágio de flutuação”, confirma o neurocientista Jaderson Costa da Costa, diretor do Instituto do Cérebro (InsCer) e médico docente da PUCRS. 

A divisão entre ciência e espiritualidade começa a ser extinguida pelo trabalho de pessoas como ele – há 10 anos dedicado ao tema. Mas essa reaproximação tem mais tempo: o primeiro artigo médico sobre a importância de práticas religiosas para a saúde data de 1910. Os grandes avanços é que vieram nas últimas décadas, levando ao surgimento da chamada neuroteologia. 

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Além do placebo 

Na atualidade, a exploração empírica se dá por meio de técnicas como o ultrassom. Um dos estudos basilares foi realizado pela Universidade da Pensilvânia (EUA), em 2001. Oito monges tibetanos foram submetidos a tomografias enquanto meditavam. Em 2003, o mesmo ocorreu com freiras franciscanas em oração. As áreas de ativação cerebral foram iguais nos dois grupos. Isso permitiu o entendimento de que a experiência espiritual, embora subjetiva, tem seus traços comuns. Outro aspecto compartilhado é o benefício trazido aos praticantes.  

O Women’s Health Initiative, organizado pelo National Institutes of Health (EUA), avaliou 43 mil mulheres em menopausa. As participantes que mantinham atividades espirituais apresentaram menores índices de AVC, câncer e suicídio. Já um levantamento da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) analisou 130 pessoas e encontrou uma relação direta entre práticas espirituais e a queda dos níveis de ansiedade e depressão.  

A explicação está no banho de neurotransmissores benéficos e em reconfigurações da estrutura do cérebro. Um estudo da Universidade de Columbia (EUA), por exemplo, constatou mudanças na espessura do córtex. Análises anteriores indicaram que pessoas propensas à depressão têm essa camada externa mais fina. Nota-se o oposto em quem se dedica a orar e meditar.  

Possuir um córtex robusto, entretanto, não indica que você será uma pessoa de fé. A relação de causa e efeito parece ser inversa. Ou seja, essas atividades tendem a promover a neuroplasticidade – a capacidade de o cérebro se modificar a partir de estímulos. Então a espiritualidade seria um marcador evolutivo da humanidade? Um estudo de Harvard (EUA) vai nesse sentido. 

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Propensão natural  

As sinapses são os impulsos elétricos que interligam os neurônios, criando rotas de informação. Cientistas da Faculdade de Medicina de Harvard descobriram que os circuitos da fé se alocam na Substância Cinzenta Central (PAG, na sigla em inglês) – uma região ligada a sensações como medo e resiliência a dor. A PAG é uma área extremamente primitiva do cérebro. Assim, é possível inferir que a experiência espiritual é inata à nossa espécie.  

“Há funções que são absorvidas, a exemplo da matemática. Já outras são intrínsecas, como a linguagem. A espiritualidade pertence ao segundo tipo. Somos seres espirituais por natureza”, explica Costa. 

O neurocientista ressalta que esse fator independe de uma crença vertical em algo supremo. Isso porque também há uma dimensão horizontal da espiritualidade, expressa por meio da empatia com o próximo. Em casos assim, os estímulos cerebrais são um pouco distintos. Mas os benefícios se parecem.  

“Quando acolhemos o sofrimento de alguém, o cérebro recruta áreas de prazer e satisfação semelhantes às estimuladas por certas drogas. A diferença, claro, é que esses atos são construtivos e nos dignificam”, compara Costa.  

Essa é a origem da sensação de recompensa vivenciada por quem se entrega a causas humanitárias. E também explica, em parte, por que a atenção aos efeitos da espiritualidade está entre as vanguardas da ciência. 

A PUCRS, por exemplo, tem uma disciplina sobre o tema desde 2020. Foi introduzida no curso de Medicina a pedido dos próprios alunos. Antes disso, em 2018, discentes de Medicina, Teologia, Psicologia e Filosofia haviam criado a Liga Acadêmica de Espiritualidade e Ciência (Liase). O núcleo fomenta a investigação acadêmica sobre espiritualidade, religiosidade e saúde – por meio de estudos e eventos. 

Para Jaderson da Costa, essas ações consolidam uma nova cultura da espiritualidade no ambiente científico – um fenômeno acelerado pela pandemia e o surgimento das novas tecnologias. “Em tempos de inteligência artificial e robotização, entender a essência humana é cada vez mais importante.”  

Respiros para a alma 

Os alunos da PUCRS podem exercer a introspeção de diversas formas. Uma delas é pelo Projeto de Meditação. O programa, coordenado pelo Centro de Pastoral e Solidariedade, oferece sessões diárias. As atividades envolvem diferentes linhas de conhecimento – como meditação cristã, zenbudismo e mindfulness.  

“A universidade é o lugar da pluralidade. Conjugar essas tradições é um exemplo de como as coisas podem caminhar juntas”, explica João Fett, coordenador da Pastoral. Guiadas por especialistas, as aulas gratuitas acontecem na sala de meditação (Prédio 15), no Tecnopuc (Prédio 96C), na Igreja Cristo Mestre (aberta de segunda a sexta, das 7h às 22h) e nos jardins do Campus. 

*Texto originalmente publicado na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.     

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A coordenadora do laboratório de Cognição e Neurobiologia da Memória do InsCer, Cristiane Furini, explica que o cérebro é um espelho do corpo 

O sono e alimentação são dois fatores considerados fundamentais para o bom funcionamento das capacidades cognitivas. / Foto: Envato Elements

O envelhecimento é um processo natural. Enquanto alguns aspectos são mais visíveis, como a queda na produção de colágeno e a atrofia de músculos, outros são menos aparentes, mas têm um impacto direto na qualidade de vida e bem-estar das pessoas.  Entre eles, está a redução do volume cerebral, que ocorre a partir da perda de neurônios e da diminuição de conexões entre células cerebrais, também conhecidas como sinapses. De acordo com a pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Cognição e Neurobiologia da Memória do Instituto do Cérebro (InsCer), Cristiane Furini, alguns hábitos contribuem para o envelhecimento saudável do cérebro. 

De acordo com ela, mesmo que seja um processo fisiológico comum, o declínio cognitivo após os 60 anos não é algo padrão. A pesquisadora enfatiza que esse processo é muito heterogêneo.  

“Hábitos como ler, estudar e se desafiar em relação a novos aprendizados contribuem para uma reserva cognitiva maior, minimizando aspectos como a perda de memória ou atenção. Com isso, a intensidade das consequências naturais do envelhecimento será menor”, revela.  

Mais saúde, mais vida, mais memória  

O desempenho físico e cognitivo de uma pessoa idosa está diretamente ligado ao estilo de vida que ela teve ao longo de sua história. Cristina explica que o cérebro é um espelho do restante do corpo, e que os mesmos fatores que prejudicam a saúde dos demais órgãos impactam no funcionamento do raciocínio, fixação de memórias e outros processos neurológicos. Entre os motivos que alteram o desempenho cognitivo, estão: a má alimentação, a falta de exercícios físicos, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo.  

Exercitar-se regularmente melhora a vascularização, ou seja, a circulação do sangue no corpo, levando mais nutrientes ao cérebro. Os exercícios também estimulam o crescimento de novos neurônios e sinapses, além da produção de fatores neurotróficos, que são proteínas essenciais para o crescimento, desenvolvimento e sobrevivência das células nervosas”, explica a pesquisadora do InsCer. 

Outro fator que impacta no desempenho cognitivo é o exercício físico, visto que ele está diretamente relacionado ao que chamamos de plasticidade cerebral: a capacidade das células se conectarem umas às outras, formando novas conexões e caminhos a uma informação, dificultando o seu esquecimento. “Caso um caminho seja perdido, ainda existirão outros capazes de levar à mesma memória.” 

O sono e alimentação são os outros dois fatores que são elencados como fundamentais para o bom funcionamento das capacidades cognitivas. Cristina explica que parte do processo de fixação de nossas memórias ocorre enquanto dormimos e que por isso, é importante conseguir manter uma rotina de sono com as horas adequadas para cada faixa etária.  

“Além disso, é durante o sono que o cérebro realiza uma ‘limpeza de resíduos’ produzidos ao longo do dia, e que já não têm mais utilidade”, diz Cristiane.   

No que diz respeito à alimentação, Cristiane explica o papel significativo do que o corpo absorve. A pesquisadora reitera que devemos evitar ao máximo o consumo de açúcar, ultraprocessados e alimentos industrializados.

“Para uma dieta adequada, precisamos ingerir legumes, verduras, grãos integrais, carnes magras e oleaginosas, que podem proteger o cérebro de processos inflamatórios.” 

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Cristiane Furini é pesquisadora e atua como Coordenadora do Laboratório de Cognição e Neurobiologia da Memória do InsCer. / Foto: Giordano Toldo

Conheça os tipos de memória 

Para entender como a memória é afetada, é preciso também conhecer os tipos de memória que o cérebro registra. Cristiane cita alguns deles:  

1. Memória de trabalho 

Diz respeito às informações retidas temporariamente por uma pessoa enquanto realiza uma tarefa. Eu posso não lembrar a quinta palavra de uma frase dita anteriormente, mas lembro do contexto o suficiente para continuar a conversa”, exemplifica Cristiane.   

2. Memória episódica 

Está relacionada a fatos e acontecimentos marcantes ao longo da vida de uma pessoa, como o nascimento de um filho ou uma formatura.  

“Este tipo de memória pode ser atingido com o envelhecimento, mas não necessariamente terá impacto significativo na vida das pessoas. A não ser em caso de doenças neurodegenerativas, quando o paciente acaba esquecendo o que fez durante o dia ou do que se alimentou”.  

3. Memória prospectiva 

Esta é a capacidade de planejar o futuro, como a necessidade de lembrar de tomar um remédio, por exemplo. Cristiane explica que quando esta memória é afetada, é importante entender que ao utilizarmos de artifícios como alarmes ou lembretes, não estamos atrapalhando ou prejudicando, mas auxiliando o cérebro a registrar informações importantes sobre ações fundamentais do cotidiano para o nosso bem-estar.  

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4. Memória de procedimento  

São ações aprendidas ao longo da vida, como dirigir um carro, utilizar talheres e atender o telefone. A coordenadora do Laboratório de Cognição e Neurobiologia explica que estas memórias são as menos afetadas com o envelhecimento.  

“Andar de bicicleta é um exemplo muito comum, pois dizemos que não se esquece. Podemos adquirir limitações físicas com o envelhecimento, mas não esquecemos de como realizar a ação.”  

5. Memória semântica  

É a memória que guardamos sobre conhecimentos gerais, como de história e geografia. Ao contrário das demais, esse tipo de memória tende apenas a aumentar ao longo da vida. Quanto mais conhecimento uma pessoa adquire, mais conexões entre os neurônios são criadas, fortalecendo a memória.  

As memórias de trabalho, episódica e prospectiva são os tipos mais afetados com o envelhecimento do cérebro; sua alteração é um sintoma comum em pacientes com doenças neurodegenerativas. O acompanhamento com médico geriatra e neurologista, além de atividades de reforço cognitivo, são fundamentais para um envelhecimento saudável do corpo e da mente. Contudo, a pesquisadora alerta: alguns fatores estão além do controle individual.  

“Existem diversas questões atreladas ao declínio cognitivo, entre elas a genética. O risco, claro, é muito maior se não nos prevenirmos. A medicina tem avançado muito nos últimos anos e a expectativa de vida das pessoas tem aumentado cada vez mais. É muito importante mantermos nosso cérebro ativo para um envelhecimento saudável.”  

À frente do The Medulloblastoma Initiative, o empresário gaúcho lidera uma força-tarefa para encontrar a cura de um dos tipos de câncer que mais afeta crianças no mundo

O meduloblastoma afeta 30 mil crianças por ano, e Frederico, filho de Fernando, foi diagnosticado aos 9 anos com a doença. / Foto: Giordano Toldo

“Crianças nunca deveriam ter câncer.” Se fosse criado um plebiscito para avaliar mudanças nas regras da vida, a proposta acima teria Fernando Goldsztein como seu maior defensor. Afinal, é a frase mais repetida pelo empresário. Um lamento transformado em lema e propósito de sua existência. 

Graduado em Administração pela PUCRS, Goldsztein é um dos sócios da Cyrela, uma das principais construtoras do País. Hoje, porém, o cargo que mais o representa é o de fundador do The Medulloblastoma Initiative (MBI). A organização se dedica a captar recursos para o tratamento do meduloblastoma, o câncer cerebral que mais afeta crianças.  

Em 2015, aos 9 anos, seu filho foi diagnosticado com a doença. Ali, Goldsztein iniciou uma dura relação com a enfermidade de Frederico, marcada por irresignação e grandes doses de empatia. “Só quem passa por isso tem a real dimensão. A vida é nosso bem mais caro. E a vida de um filho é ainda mais preciosa”, define. O câncer, aliás, não era uma novidade para ele. Em 2005, Goldsztein viajou a Houston (EUA) para tratar um tumor ósseo. Deu certo. A doença desapareceu. 

Já com o meduloblastoma os entraves tendem a ser maiores. O tumor afeta o cerebelo, responsável pela coordenação motora. A cada ano, são registrados 25 mil casos – raros em adultos. O tratamento quase não evoluiu desde os anos 1980. É agressivo e deixa sequelas para o desenvolvimento da criança. O índice de cura chega a 70% dos pacientes. Os outros 30% tendem a não resistir.  “Ficamos do lado errado da estatística”, conta Goldsztein. Não há protocolos para esses casos. A saída é apostar em tratamentos experimentais.  

Goldsztein, então, procurou o Dr. Roger Packer, um dos maiores especialistas em tumores cerebrais pediátricos, vinculado ao Children’s National Hospital, de Washington. De cara, doou US$ 3 milhões do seu bolso para colaborar com o avanço dos estudos. Mas sabia que era preciso ir além. Em 2021, estruturou o MBI para ampliar a captação de recursos e financiar um pool de laboratórios que se dedica a testar novos caminhos para a cura. Atualmente, Frederico está bem e mantém a doença sob controle. E o rápido avanço das pesquisas gera esperanças a milhares de outros pacientes. 

Neste bate-papo com a Revista PUCRS, Fernando Goldsztein conta um pouco sobre a  jornada do MBI – e também fala sobre o projeto Conexões de Valor, evento que apresenta ações de ex-alunos da Universidade, inspirado em sua experiência no Massachusetts Institute of Technology (MIT)

O MBI é fruto da sua busca por tratamentos para o Frederico. Como foi lidar com uma situação tão complexa? 

Foi um momento dramático. Chegamos a um impasse, pois não há protocolo para esse caso. O meduloblastoma afeta 30 mil crianças por ano. Dessas, 10 mil irão perecer. Senti que precisava contribuir para mudar esse cenário. Então, contatei o Dr. Packer e realizei uma doação inicial. Foi um valor expressivo, mas sabia que não seria suficiente.  Com esse dinheiro, o Dr. Parker pôde começar a unir um time formado por alguns dos melhores cientistas do mundo. Hoje, o projeto auxiliado pelo MBI conta com um consórcio de 13 laboratórios, localizados nos EUA, Canadá e Alemanha. O ecossistema inclui três dos cinco maiores especialistas em meduloblastoma. A proposta é desenvolver tratamentos que possam chegar à cura da doença. 

E como funciona esse processo? 

Os 13 laboratórios trabalham online, de forma colaborativa e sinérgica, para alcançarem novas descobertas. Em menos de três anos, já temos quatro clinical trials – dois deles submetidos à FDA. É algo inédito. Em geral, esses estudos demandam um tempo mais longo. Há previsão de novos tratamentos experimentais para os próximos dois anos. O mérito disso é todo da estrutura montada pelo Dr. Parker. Eu apenas o encontrei. 

Qual o diferencial dos tratamentos que estão em teste? 

Todos são baseados em imunoterapia, uma técnica que utiliza as próprias células de defesa do corpo. Os linfócitos são treinados para atacar as células tumorais. Há casos de cânceres pediátricos, como leucemias, que estão sendo resolvidos assim. Queremos saber se a imunoterapia funciona para cânceres sólidos. Quanto mais clinical trials houver, mais chance temos de encontrar um protocolo eficaz.  

Um dos estudos mostrou que é possível descobrir o câncer no embrião. No futuro, pode ser viável evitar o seu desenvolvimento? 

Esse é um trabalho do Dr. Michael Taylor (Universidade de Toronto), que recebeu um suporte do MBI. Mas é algo que vai além da nossa fundação. A ideia é que, no futuro, exista um teste capaz de detectar se a criança terá ou não o meduloblastoma. O processo seria semelhante ao de um pólipo no intestino. Você o retira para evitar a formação do tumor. É um projeto ainda muito incipiente. Vai levar décadas para chegarmos a uma vacina, por exemplo. Mas se trata de um avanço. 

O meduloblastoma é o câncer cerebral mais comum em crianças. Por que o tratamento ficou estagnado por tantos anos?  

A média de casos, embora pareça alta, é inexpressiva do ponto de vista estatístico. Por isso, não existe interesse da indústria farmacêutica nem dos governos. Só é possível mudar isso pela filantropia.  

Por que investir em estudos fora do país? 

As pesquisas já estavam mais avançadas fora daqui. Os próprios laboratórios não foram escolhidos ao acaso. Todos possuíam funding para estudar tratamentos de câncer infantil. A diferença é que esses investimentos costumam ocorrer por meio de grants – uma subvenção dada a projetos que se candidatam a recebê-la. Já o modelo do MBI é diferente. Os recursos são 100% destinados a esse ecossistema que estuda o meduloblastoma. É uma doença tão desassistida que precisou surgir uma iniciativa brasileira para financiar estudos nos EUA, Canadá e Alemanha. Isso também é inédito.  

O MBI contribui para colocar holofotes sobre esse tema. 

Sim, o foco vai além da cura. Em inglês, a gente usa o termo raise awareness. Algo como “aumentar a consciência” sobre o assunto. Queremos mostrar que essa doença e essas crianças ficaram abandonadas pela sociedade desde sempre. O tratamento é o mesmo há 40 anos. De lá para cá, a tecnologia mudou em diferentes sentidos e a medicina também. Mas os pacientes de meduloblastoma seguem condenados a uma abordagem de muito alto risco. Mudar esse cenário é a essência do MBI. E acho que essa divulgação pode estimular que mais famílias tomem esse tipo de atitude e possam auxiliar a resolver outras doenças raras.  

Em 2023, o MBI foi um dos três projetos apresentados no encontro de ex-alunos da Sloan School of Management, do MIT. A ideia do Conexões de Valor veio de lá? 

O Tulio Milman [presidente da Associação de Amigos do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS] contou ao Ir. Evilázio Teixeira sobre o MBI. Ele achou o projeto inovador e me chamou para conversar. A partir daí, surgiu a ideia dessa ação para integrar as estratégias de reaproximação da universidade com seus ex-alunos. A primeira edição, realizada em novembro, contou com a participação da mastologista Maira Caleffi, presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), e do professor Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc. Sem dúvida, foi a primeira de muitas. 

Qual a importância desse tipo de evento? 

É um grande manancial de histórias e conexões para a PUCRS. Os egressos são ativos que precisam ser utilizados. Os americanos fazem isso muito bem e servem como referência. 

Nesse sentido, como a formação realizada na PUCRS contribui para a sua trajetória? 

O curso de Administração, por ser abrangente, abriu muitas janelas. Tive ótimos professores. E depois, claro, cabe ao aluno buscar o foco. Fiz dois cursos de mestrado, na Fundação Dom Cabral e no MIT. Mas a base foi o caldo de cultura e informação recebido na PUCRS. Essa base sólida ajudou muito na minha carreira e neste desafio que estamos liderando.  

*Texto originalmente publicado na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.   

Prêmio Alumni  

Com o objetivo de reconhecer novas e consolidadas histórias, o Prêmio Alumni foi criado para reforçar a conexão e o compromisso com mais de 200 mil egressos/as e valorizar iniciativas que contribuem com a construção de uma sociedade mais justa, responsável e humana.  Fernando é um dos convidados especiais deste evento. A terceira edição da premiação acontece no dia 11 de julho, a partir das 18h30, no Centro de Eventos da PUCRS.  

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Psicólogos/as estão entre os profissionais mais procurados da área da Saúde e complexidades da vida em sociedade fazem com que mercado de trabalho cresça cada vez mais  

Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP) é um dos espaços de prática para os alunos. Foto: Camila Cunha

Eventos que causam diferentes transtornos e sofrimentos psicológicos como a pandemia de Covid-19 e os recorrentes eventos climáticos que afetam severamente moradias e famílias – como a enchente ocorrida no Rio Grande do Sul -, alertam para a urgência do cuidado com a saúde mental. Segundo Cristiano Dal Forno, coordenador do curso de graduação em Psicologia da PUCRS, situações assim, cada vez mais frequentes, além dos desafios coletivos e individuais em uma sociedade cada vez mais complexa, fazem com que o mercado de trabalho na área da saúde cresça constantemente não apenas no Brasil, mas mundialmente.  

Os quadros de sofrimento podem se cronificar, gerando transtornos específicos. Tais condições podem ser ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, dificuldades de interação social e outros. O apoio psicológico é essencial e não apenas em momentos difíceis, mas constantemente. Por este motivo cada vez mais pessoas buscam profissionais da psicologia optando pela terapia como recurso para cuidar da saúde mental e manter a qualidade de vida. Estes profissionais também têm um importante papel de cuidado com as pessoas em empresas e organizações. 

O curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS é o melhor do Rio Grande do Sul e é reconhecido por incentivar seus estudantes a pesquisarem sobre os temas de seu interesse. A graduação é uma referência na psicologia brasileira por ser o primeiro curso do Brasil, fundado em 1953, antes mesmo da regulamentação da profissão, pela lei 4119/62. 

Seu objetivo principal é formar psicólogos para a atuação em diferentes cenários socioculturais e profissionais, que sejam capazes de compreender as pessoas e suas sujetividades, que se empenhem no desenvolvimento profissional, na atuação ética, na transformação social e na promoção da saúde.  

“A importância da psicologia atualmente diz respeito principalmente à capacidade de acolhimento da singularidade humana, pois é uma ciência bastante dinâmica, que responde diretamente ao fenômeno social. Aqui no curso há um cuidado muito grande para uma permanente inovação curricular, temos uma preocupação de manter o ensino alinhado às demandas do nosso tempo. Oferecemos aos nossos alunos uma ampla experiência nos diferentes campos e abordagens, como, por exemplo, área hospitalar, área escolar, área organizacional, área clínica, nas políticas públicas de saúde, assistência social, educação. Cotidianamente nos empenhamos em ensinar uma conduta ética e alinhada às políticas de direitos humanos”, reforça o coordenador do curso de Psicologia, professor Cristiano Dal Forno.  

As maneiras de atuar nesta área depois de ter conquistado o diploma são várias: prestar consultoria para empresas na área da psicologia, assessoria de projetos que necessitem de avaliação profissional, atuação em clínicas, hospitais e consultórios públicos e privados, empreendedorismo em consultório próprio, além da continuação da vida acadêmica por meio de pesquisa.  

“Eu vejo o curso bem estruturado e me agrada bastante que tenhamos uma quantidade grande de cadeiras vinculadas ao conteúdo de psicologia social. Sobre a preparação para o mercado de trabalho, eu busco fazer muita leitura a respeito das temáticas que chamam mais a minha atenção nas aulas, além de estar sempre atenta às oportunidades de estágio ou bolsas de pesquisa e acho muito legal que também podemos participar de pesquisas em outras escolas, como a de Humanidades. Os professores também são ótimos, assim como os materiais disponibilizados, a organização e os espaços da universidade”, comenta a aluna Rafaela Pich, do 3º semestre. 

Espaços e projetos de aprendizagem para além da sala de aula são um diferencial da PUCRS. Um exemplo é o Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP), campo de práticas e estágios dos acadêmicos e uma possibilidade de atuar em atendimentos gratuitos à comunidade com a supervisão dos professores. Esse serviço oferece diferentes modalidades de atendimentos e consultorias a pessoas, grupos e instituições à população. Ainda há outros tipos de projetos para os alunos, como o PET Psico e o Grupo de Pesquisa Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas (GPeVVIC), que já publicou muitas cartilhas informativas, como a Identificação e manejo de situações de violência no contexto de desastre no Rio Grande do Sul.  

“Além disso, a graduação está integrada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP), que forma mestres e doutores e que obteve, nas últimas avaliações da CAPES, a nota máxima (7). Significa dizer que é um programa de ponta, que desenvolve pesquisas de ponta na ampla área da psicologia e que oportuniza projetos integrados entre graduação e pós-graduação, em que estudantes da graduação podem se inserir em grupos de pesquisa e participar diretamente de projetos conduzidos por mestrandos e por doutorandos, podendo ter essa experiência de iniciação científica”, comenta o coordenador. 

Diferenciais da Escola e oportunidades de aprendizagem contínua 

O Programa de Pós-Graduação em Psicologia oferece os cursos de Mestrado e Doutorado em três áreas de concentração: Psicologia Clínica, Cognição Humana e Psicologia Social.  Entre as atividades, destacam-se reuniões individuais com o orientador, encontros científicos do PPGP, estágio de docência, seminário interno de pré-qualificação, exame de qualificação, publicação científica, e atividades de inserção social e extensão.   

“O profissional da saúde formado pela PUCRS tem em sua formação integral alinhada a valores que permeiam a solidariedade, a presença significativa, o olhar ampliado aos indivíduos, famílias e comunidades, além de estarem atentos e preparados para atender as demandas da sociedade em diferentes níveis de atenção e complexidade. Temos em muitos cursos da nossa Escola a disciplina de Psicologia e Saúde, que aborda aspectos psicológicos essenciais para o desenvolvimento de cada área profissional. Trata-se ainda de um curso que possui uma trajetória histórica e amplamente reconhecida não só nacionalmente como internacionalmente”, complementa a decana da Escola de Saúde e da Vida, professora Andrea Bandeira.  

Além do mestrado e doutorado, ainda é possível continuar a busca por conhecimento na área de psicologia com uma especialização ou os diversos cursos de certificação da Universidade. Há mais de 25 opções de cursos online na área da psicologia. Também existem as capacitações rápidas, cursos em modalidade presencial, com 9h de duração ao todo, que permitem uma imersão nos assuntos abordados. Ainda há algumas opções de especialização, como: Premus- Saúde da Criança e do Adolescente, Premus – Urgência, Psicologia do Esporte, e outras opções.  

Leia ainda: Núcleo de Apoio Psicossocial completa 18 anos de cuidados com os alunos  

GRADUAÇÃO PRESENCIAL

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Cerimônia de posse de Oswaldo Balparda aconteceu no início do mês de julho 

O novo diretor-geral do Hospital São Lucas da PUCRS foi empossado na última quarta-feira, 3. / Foto: HSL/Divulgação

Oswaldo Balparda foi escolhido pela Rede Marista para ser o novo diretor-geral do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). A posse ocorreu no dia 3/7, em um evento no Anfiteatro Irmão José Otão, no centro de saúde de Porto Alegre.  

O momento contou com a presença de lideranças da instituição hospitalar e da Universidade como o reitor,Ir. Evilázio Teixeira; vice-reitor, Manuir Mentges; o presidente da Rede Marista, Ir. Deivis Fisher; diretores do HSL, Rogério Pontes e Fabiano Ramos, e o secretário de saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter. 

Antes de assumir o posto, Balparda foi superintendente-executivo da Fundação Universitária de Cardiologia (FUC).  Durante o evento, o novo gestor do hospital reforçou que está motivado com os novos desafios. 

“Tenho convicção de que, em conjunto com a equipe de profissionais e o corpo clínico do HSL, desenvolveremos projetos inovadores e de grande impacto para o meio da saúde. Temos oportunidades únicas, que poucas instituições de saúde possuem. Vamos aproveitá-las”, afirmou o novo diretor-geral. 

O reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira, explica que a posse do novo gestor no Hospital São Lucas foi uma mudança planejada com o intuito de construir um modelo de unificação e fortalecimento das áreas do hospital. 

“Estamos vivendo um momento histórico em que precisamos fortalecer as nossas sinergias e a vinda do novo diretor vai nos ajudar a consolidar a área da saúde junto com a Universidade e isso vai exigir de todos os envolvidos muito engajamento, pois somos melhores juntos”, finaliza. 

O presidente da Rede Marista, Ir. Deivis Fisher, reforça que chegada do novo diretor acontece em um momento importante do hospital, que une o novo ciclo de planejamento estratégico do HSL, que integra o plano estratégico da Universidade (2023-2027). 

“Esperamos neste momento impulsionar o Hospital São Lucas da PUCRS a outros patamares. Nos alegramos como mantenedora para podermos trabalhar juntos e integrados para assim caminharmos para novos horizontes”, complementa. 

Leia também: Está difícil decidir? Conheça a graduação combinada em saúde 

Conheça o novo gestor do HSL 

Oswaldo Balparda é graduado em Ciências Contábeis pela Instituição Educacional São Judas Tadeu e é Mestre em Administração pela UFRGS. O profissional conta com vasta experiência em gestão hospitalar, atuando em instituições como o Hospital Santa Casa de Misericórdia, Hospital Dom João Becker, Imperial Hospital de Caridade e Hospital de Santa Cruz, e Instituto de Cardiologia.  

Professora da PUCRS oferece instruções de como se comunicar com as crianças vítimas das enchentes no Estado e grupo de pesquisa faz alerta e orientações sobre riscos de abusos  

As enchentes que causaram estragos em grande parte do Rio Grande do Sul deixaram milhares de desabrigados, incluindo famílias inteiras, animais de estimação e muitas crianças. Neste momento de calamidade, a PUCRS é um dos abrigos emergenciais em Porto Alegre, com estrutura montada em seu Parque Esportivo, e recebe e encaminha doações.   

Os professores e pesquisadores da Universidade, de diversos campos do conhecimento, se mobilizam para ajudar a disseminar informações corretas e que apoiem que está na linha de frente neste momento: voluntários, jornalistas, agentes públicos, profissionais de saúde e tantas outras áreas. A pesquisadora Andreia Mendes, do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS e integrante, Laboratório das Infâncias (LabInf), Núcleo de Estudos e Pesquisa em Infância(s) e Educação Infantil (Nepiei) esclarece dúvidas sobre como se pode interagir de maneira saudável e respeitosa com as crianças.  

“A primeira coisa a ser considerada é que as crianças que estão em um abrigo certamente foram diretamente atingidas pela enchente. Isso significa que tiveram suas casas invadidas pelas águas, lama, estragos e podem ter tido inúmeras perdas (materiais, familiares, afetivas). A criança que está abrigada não está ali em uma situação confortável. Elas expressam no olhar inúmeros sentimentos”, explica a professora. No abrigo instalado na PUCRS há uma equipe de voluntários dos cursos de educação física, comunicação, e outras áreas, realizando atividades recreativas e culturais. Há brinquedos e livros à disposição e a partir de hoje (09/05) haverá também sessões diárias de cinema. 

Veja como pode ajudar: 

Cuidados de abordagem com crianças 

Como explicar o que aconteceu e segue acontecendo 

Ideias de recreação e lazer  

A professora ainda reforça que o momento é de escuta ativa e empatia. É preciso entender que os desabrigados passaram por situações de trauma e as crianças têm mais dificuldades de compreensão da complexidade da situação. Ainda reforça que será necessário que as escolas abordem as pautas climáticas e de empatia quando as atividades escolares retornarem.  

“Habilidades socioemocionais são pauta da educação básica com ênfase a partir da BNCC (2017), mas isso é só o começo porque não se aprende emoções. Se sente, percebe, reconhece.  Se formos sensíveis, seremos capazes de reconhecer nosso papel na sociedade e, quem sabe, as crianças do futuro serão adultos mais sensíveis ao consumo consciente, ao meio ambiente e ao cuidado com o outro”, compartilha Andreia.  

Outro ponto que deve ser reconhecido é que crianças neuroatípicas precisam de um olhar mais cuidadoso na interação e é necessário reconhecer que interagem de formas diferentes. Andreia ainda ressalta que crianças neuroatípicas tendem a desorganizar mais em situações estressantes ou em lugares com muito movimento e barulho, e por isso é importante buscar lugares mais isolados ou encaminhá-las, se possível, a abrigos específicos para famílias atípicas. 

Identificação e manejo de situações de violência  

Crianças e adolescentes se tornam especialmente vulneráveis em contextos de crise e risco, ficando expostas a situação de violência física, sexual e psicológica. Todos têm a responsabilidade compartilhada de protegê-los de quaisquer tipos de violências, abuso, exploração e negligência. Para isso é necessário ter acesso a informações de qualidade e saber como proceder. Confira aqui a cartilha preparada pelo Grupo de Pesquisa Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS.  

“Em contextos como o que a gente está vivendo de desastre, essas situações podem se agravar, a vulnerabilidade desses grupos aumenta. Então, é muito importante que organizemos medidas para prevenção. Nesse sentido, estabelecer um monitoramento contínuo das crianças e adolescentes nos locais de acolhimento é fundamental”, ressalta a coordenadora do grupo, Luísa Habigzang.

Confira aqui alguns pontos de atenção  

Como identificar sinais de violência 

Violência física  

Exemplos: golpes, empurrões, beliscões, tapas, socos, chutes, puxões de cabelo, uso de armas de qualquer natureza, restrição de movimento, entre outros. 

Violência psicológica 

Exemplos: isolamento social, manipulação, insulto, chantagem, exploração, limitação do direito de ir e vir, violação da sua intimidade ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica. 

Violência sexual 

O que fazer após identificar um caso de violência 

Caso você esteja atuando como voluntário em um abrigo e identifique ou receba relato de alguma situação de violência, encaminhe o caso para o profissional de saúde ou assistência social que está no plantão.  

Acione o Conselho Tutelar mais próximo em funcionamento. Após as 18h, o contato deve ser feito com o Plantão de Atendimento do Conselho Tutelar pelo telefone (51) 991581348. 

Em qualquer caso grave de violência, a Polícia Militar deve ser acionada imediatamente por meio do telefone: 190.

“Não é o papel das pessoas que estão atuando nos abrigos fazer uma investigação para checagem de veracidade daquela situação. Ao receber um relato ou ao observar algo que levante a suspeita de uma situação de violência isso deve ser notificado ao conselho tutelar, encaminhado para a brigada militar. Então os órgãos competentes farão a investigação. O nosso papel nos abrigos é a prevenção e o acolhimento das pessoas”, ressalta ainda a coordenadora do Grupo de Pesquisa Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas. 

Confira: Veja como fazer atendimento de primeiros socorros psicológicos 

Com convidados especiais, nova temporada promete mais insights científicos sobre bem-estar e saúde mental

O primeiro episódio contou com a participação da doutoranda e psicóloga Juliana Markus (esquerda), da psicóloga Eduarda Zorgi Salvador (meio) e do líder do Projeto de Meditação da Pastoral, Malone Rodrigues (direita). / Foto: Divulgação

Aguardada com grande expectativa, a segunda temporada do podcast “Respira Fundo” foi lançada nesta segunda-feira, dia 29/4. O programa, que conquistou ouvintes com sua abordagem científica e acessível, é uma iniciativa colaborativa entre o Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS e o Grupo de Pesquisa: Avaliação em Bem-Estar e Saúde Mental (ABES) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida.  

Nesta temporada, que conta com a ancoragem do professor Wagner de Lara Machado, da doutoranda e psicóloga Juliana Markus, e do filósofo e líder do Projeto de Meditação da Pastoral, Malone Rodrigues, o podcast promete trazer temas profundamente conectados ao bem-estar e à felicidade, todos fundamentados em pesquisas recentes da universidade. Malone relembra o surgimento do programa e celebra o início da segunda temporada.  

“A Pastoral estabeleceu uma parceria com o grupo de pesquisa ABES para investigar a meditação em realidade virtual, e queríamos compartilhar com a comunidade essa iniciativa de uma maneira leve, mas científica. Percebi que poderíamos utilizar o espaço da Universidade para divulgar as pesquisas que realizamos, relacionadas às práticas de bem-estar, espiritualidade e cuidado integral, por meio de um podcast. Felizmente, a ideia foi bem recebida e agora passamos para uma nova temporada”, conta o apresentador.   

 
Após uma primeira temporada de sucesso, a nova temporada pretende mergulhar ainda mais nos estudos universitários que tocam diretamente a vida cotidiana dos ouvintes. Malone ainda reflete sobre a importância do podcast para auxiliar a divulgação científica de outra maneira.  

“A abordagem leve e acessível permite que informações complexas sejam compreendidas por um público mais amplo. Isso não apenas democratiza o acesso ao conhecimento, mas também promove uma maior conscientização sobre questões de bem-estar e saúde mental. O podcast não apenas informa, mas também empodera os ouvintes, promovendo mudanças positivas em suas percepções e comportamentos”, reforça Malone. 

Confira abaixo os temas dos próximos episódios e seus convidados:  

Por que voltamos para lugares que nos fazem mal? | Convidada: Eduarda Zorgi Salvador (psicóloga) 

Mindfulness e bem-estar | Convidada: Bruna Rocha (psicóloga) 

Exercício físico com sentido | Convidada: Marcela Alves Sanseverino (psicóloga e educadora física) 

Bem-estar na jornada empreendedora | Convidado: Felipe Santos Machado (gestor) 

Imagem corporal e autocompaixão | Convidado: Bolivar Ramos Cibils Filho (psicólogo) 

Vivenciando o luto | Convidada: Luciana Villa Verde Castilhos (psicóloga) 

Terapia do Esquema e Necessidades Emocionais Básicas | Convidado: Leonardo Wainer (psicólogo) 

Bem-estar financeiro | Convidado: Nicolas de Oliveira Cardoso (psicólogo) 

Zen-budismo e saúde integral | Convidado: André Luiz da Silva (médico e monge) 

Para aqueles interessados em ciência aplicada ao cotidiano, com uma pitada de leveza e profundidade, essa nova temporada promete ser uma oportunidade para entender melhor os complexos aspectos da saúde mental e do bem-estar pessoal, em diversos contextos. Os episódios serão divulgados quinzenalmente, tanto no YouTube da PUCRS quanto no Spotify do programa “Respira Fundo”.  

Programa Debates Olímpicos apresenta análises e entrevistas sobre o mundo esportivo 

Amanda Criscuoli, Bruna Leão e Luís Henrique Rolim. / Foto: Giordano Toldo

Faltando exatamente 100 dias para os Jogos Olímpicos de Paris, a PUCRS lança a segunda temporada do podcast Debates Olímpicos, que apresenta análises e entrevistas sobre o mundo esportivo.

O programa foi lançado pelo Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO) da PUCRS, vinculado ao Projeto PUCRS Olímpica, e é Comandado por Luís Henrique Rolim, professor do curso de Educação Física da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, e por Bruna Leão, estudante de Educação Física da PUCRS e integrante do GPEO. 

“Com muito bom humor e café, realizamos análises e entrevistas com profissionais, atletas e professores sobre o mundo esportivo e ainda sobre a preparação e cobertura dos Jogos Olímpicos de Paris”, explica Luís Henrique, que também é membro do Comitê Olímpico Brasileiro Pierre de Coubertin.

Entre os assuntos da segunda temporada, estão valores do esporte, saúde mental, liderança e as novas modalidades Olímpicas. O primeiro episódio irá apresentar o novo formato do programa, além de tentar esclarecer a questão: “Olimpíadas ou Jogos Olímpicos, qual o correto?”. Uma das convidadas do podcast é Amanda Criscuoli, atleta de escalada e a mais jovem brasileira a escalar sem queda, vias de graduação 10a, 9b, 9a, 8a, 7a e 6a. O judoca e participante dos Jogos Olímpicos Rio 2016, Alex Pombo, também já gravou a sua participação. Os episódios serão publicados semanalmente e podem ser conferidos no Spotify e YouTube

Criado em 2023 e com apoio da ATL House esse ano, o podcast Debates Olímpicos teve a primeira temporada comandada por Luís Henrique Rolim e Nelson Todt, coordenador do GPEO, presidente do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin e vice-presidente do International Pierre de Coubertin Committee. 

Sobre o Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO PUCRS) 

Criado em 2002, o GPEO é reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) por integrar a rede de pesquisa em Estudos Olímpicos, oficialmente chancelada pelo Centro de Estudos Olímpicos do Comitê Olímpico Internacional. Possui pesquisas nas áreas do Esporte e Sociedade; Filosofia e Educação Olímpica; Saúde Mental e Atletas. Em 2024, terá uma representação em eventos pré-Jogos Olímpicos de Paris. Leia mais aqui.

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