Impacto Social

Escolas de Comunicação e Negócios da PUCRS lançam guias para voluntários de abrigos

segunda-feira, 10 de junho | 2024

O conteúdo dos guias rápidos foi produzido para auxiliar os voluntários que estão trabalhando na calamidade vivida pelo RS

Os abrigos precisam ser um local de acolhimento que apresente condições dignas e de segurança, observando as especificidades daqueles que mais precisam. / Foto: Giordano Toldo

A Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) e a Escola de Negócios da PUCRS, em colaboração com pessoas que lideram ações em razão das enchentes, especialistas e outras instituições e organizações, lançaram um projeto colaborativo de comunicação com o propósito de apoiar os voluntários envolvidos nas tomadas de decisões diante da calamidade vivida pelo Rio Grande do Sul. Com isso, quatro guias rápidos para ajudar quem ajuda já estão disponíveis e há outros em elaboração. 

O projeto é uma realização da Famecos e da Escola de Negócios da PUCRS, do Design e da Fabico da UFRGS, do projeto Apura Verdade, da DZ Estúdio, do Fluímos Coletivo e da Paim, com base em documentos e no Plano de Contingências de Proteção e Defesa Civil de Porto Alegre. Confira detalhamentos abaixo e os Guias Rápidos na íntegra.

  • 001 – Guia Comunicação e sinalização em Espaços de voluntariado

O primeiro guia foi pensado para a apoiar os agentes de impacto na comunicação e sinalização eficazes e humanizadas de locais como abrigos, centros de triagem e centros de distribuição de doações. Entre os temas abordados, estão a importância da comunicação humanizada, clara e objetiva, a eficácia da sinalização visual, a verificação das informações e a necessidade de cuidado.  

  • 002 – Guia Comunicação responsável no combate à desinformação 

O segundo guia também busca apoiar os agentes de impacto a serem atores ativos contra a desinformação. Ele explora estratégias para evitar a desinformação, destaca a importância de se precaver contra golpes, ressalta que discurso de ódio não constitui opinião e lembra que os voluntários também desempenham o papel de agentes de informação.  

  • 003 – Guia Comunicação eficaz em grupos de WhatsApp no voluntariado

O terceiro guia serve como apoio para os agentes de impacto utilizarem a ferramenta dos grupos de WhatsApp como potencializadora do impacto, facilitando conexões e trocas eficientes em prol das necessidades das comunidades. Dentre os temas abordados, destaca-se a importância da comunicação organizada, estabelecimento de regras claras, modelos e padrões de mensagens, centralização de informações e solicitações, e verificação de notícias falsas.   

  • 004 – Guia de Comunicação e Colaboração para o voluntariado. 

O último guia publicado versa sobre colaboração e trabalho em equipe no contexto do voluntariado, abordando boas-práticas e aprendizados sobre como o impacto pode ser potencializado em ambientes colaborativos. 

São objetivos do Serviço de Proteção em Situação de Calamidade Pública e Emergência: 

  • Assegurar acolhimento imediato em condições dignas e de segurança, observando as especificidades dos grupos étnicos, ciclos de vida, deficiências, dentre outras situações específicas;  
  • Manter alojamentos provisórios, quando necessários;  
  • Identificar perdas e danos ocorridos e cadastrar a população atingida;  
  • Articular a rede de políticas públicas e as redes sociais de apoio para prover as necessidades identificadas;  
  • Promover a inserção na rede socioassistencial e o acesso, quando for o caso, a benefícios eventuais. 

Os abrigos podem ser edificações públicos ou privadas, adaptadas para habitação temporária dos acolhidos e seus animais. Alguns espaços recebem apenas animais, com uma mobilização de voluntários para identificar os pets que têm donos a sua procura. A emergência ou calamidade pública pede proteção, assistência e cuidado às pessoas e famílias desabrigadas, principalmente aos vulneráveis como crianças, idosos ou pessoas com deficiências.  

As recomendações dos voluntários da Escola de Negócios são que os espaços sejam cobertos, para garantir proteção. Além de haver os setores de cadastro e triagem, cozinha e refeitório, espaços recreativos adultos e infantis, espaço para pets, lavanderia (mesmo que seja apenas tanque) e banheiros equipados com lavatórios, vasos sanitários e chuveiros, em quantidade que seja possível revezar e garantir a higiene das pessoas abrigados nos espaços temporários.  

Passo-a-passo para a organização do abrigo 

  • Implantar estrutura de coordenação e equipes. Fixar mural com estrutura de coordenação e nomes e contatos dos coordenadores em local visível para todos; 
  • Designar área específica para as coordenações. Recursos necessários: Mesas, computadores e impressora com acesso à internet. Mural de avisos com estrutura de coordenação, horários e rotinas do abrigo, relação de voluntários e relação de contatos importantes (ex. PMPA, Secretarias, Brigada Militar, Conselho Tutelar, Delegacia da Mulher); 
  • Organizar áreas do abrigo: alojamento, banheiros, refeitório, salas de recreação, espaços pets, saúde e atendimento psicossocial; 
  • Registrar voluntários e contatos; 
  • Implantar rotinas de funcionamento do abrigo. 

Um ponto que é fundamental para o funcionamento e organização do espaço de acolhimento temporário é a divisão de cargos e responsabilidades. A sugestão é que haja um coordenador para cada setor.  

  • Coordenação Geral do Abrigo 

Servir como oficial de ligação do abrigo com as autoridades municipais; supervisionar o funcionamento do abrigo. 

  • Assistente de Coordenação e Escala  

Auxiliar o coordenador geral nas suas atribuições; 

Elabora a escala de trabalho das equipes e voluntários; 

Realizar check-in e checkout de voluntários (incluindo designação de apoio a uma das coordenações do abrigo e credenciamento – crachá, etiqueta). 

  • Coordenação de Cadastro (check-in e checkout)  

Realizar procedimentos de check-in (cadastro, acautelamento de bens, disposição de famílias e animais na estrutura do abrigo) e procedimentos de checkout, visando adequado registro e levantamento de necessidades especiais dos acolhidos (restrições alimentares, receitas médicas, atendimento psicológico, contato/reconciliação com familiares). 

  • Coordenação de Alojamento 

Garantir a organização e funcionamento do alojamento no que se refere a camas e roupas de cama, distribuição de materiais de higiene (sabonete, xampu, escova dental), roupas e agasalhos e limpeza geral. 

  • Coordenação de Refeitório 

Planejar, organizar e supervisionar os cardápios e refeições do abrigo; Conservar e controlar estoques e observar necessidades de alimentação específicas dos acolhidos (restrições alimentares). 

  • Coordenação de Segurança 

Observar a segurança de todos no abrigo, acionando sempre que necessário as autoridades policiais designadas; 

Comunicar ao coordenador geral do abrigo qualquer questão de segurança. 

  • Coordenação de Atividades Recreativas 

Organizar o funcionamento de espaços de TV ou rádio e acesso à internet; Promover atividades recreativas, culturais e educativas, visando o conforto e bem-estar dos acolhidos; 

Espaços para crianças com jogos, brinquedos, livros e atividades recreativas. 

Observar para que as atividades recreativas não interfiram de forma negativa no descanso das pessoas, atentando para horários de silêncio e refeições. 

  • Coordenação de Pets 

Observar necessidades de cuidados aos animais acolhidos; 

Solicitar ao coordenador apoio veterinário, quando necessário; 

Agenciar questões relacionadas à tutela dos animais. 

  • Coordenação de Operações e Estoques 

Apoiar as demais coordenações do abrigo, controlando estoque de recursos materiais e doações, buscando garantir o fluxo adequado de suprimentos. 

  • Coordenação de Saúde, Assistência Psicossocial e Religiosa 

Acolher demandas de saúde e assistência psicossocial, atuando no sentido de garantir os adequados encaminhamentos com equipes municipais de saúde, assistência, rede de saúde e voluntários. 

O guia ainda ressalta que as funções definidas na estrutura de coordenação devem idealmente ser desempenhadas por coordenadores revezando-se em turnos. Já o estabelecimento de uma rotina, com horários de refeições, recreação e descanso, pode contribuir com o fluxo de estoques, organização de processos e redução de estresse às pessoas no abrigo.  Recomenda-se também reuniões diárias para avaliar e programar mudanças e atividades.  

Saída dos acolhidos 

  • O acolhido deve passar no cadastro;  
  • Informar a área médica sobre a saída para que seja verificado se o acolhido está tomando medicação, em caso positivo, verificar a disponibilidade para que o tratamento continue nos próximos dias;  
  • Acompanhado de um voluntário, o acolhido vai recolher os pertences;  
  • Para a saída definitiva deve assinar um termo de saída que informa os riscos de sair do abrigo;  
  • Só deve ser solicitado transporte por aplicativo, ou outro meio, para levar o acolhido após verificado que o local para onde está indo é de algum parente ou alguém que possa recebê-lo; 
  • Crianças e adolescentes só devem sair do abrigo acompanhados dos pais ou responsáveis legais, seguindo procedimentos de saída e caso precisem sair por questões de saúde, tais como consulta médica em hospital ou posto de saúde, devem seguir orientações do Conselho Tutelar; 
  • Já os pets devem ser avaliados por médico veterinário para serem liberados para casa, e a saída deve ser acompanhada do tutor responsável.  

Para que as pessoas possam retornar para a casa, é preciso que o acesso esteja livre e seguro. Os voluntários também podem aconselhar questões de limpeza, planejamento financeiro e outros pontos que os desalojados necessitarão de auxílio.  

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