Mauricio Bogo, pesquisador da PUCRS, explica as diferenças entre os tipos de plásticos e cita ações para reduzir a quantidade de partículas de plásticos na rede urbana de esgoto e na natureza
terça-feira, 11 de junho | 2024Um dos problemas de plásticos microscópicos é que o assunto é mais difícil de ser explicado e acaba sendo, muitas vezes, negligenciado pela população, justamente por não ser visível. / Foto: Giordano Toldo
Com o escoamento da água das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, foi possível ter uma dimensão visual do problema do descarte incorreto de lixo. O plástico causa um impacto negativo expressivo: por boiar, gera o entupimento de bueiros e de outras entradas de escoamento de esgoto. Mas o problema é ainda mais complexo e afeta outras esferas, porque além do meio urbano, os plásticos também já poluem os oceanos há anos, em velocidade exponencial.
Os diferentes tipos de plástico estão em praticamente tudo que consumimos, e se apresentam nos mais diversos formatos e cores: nas embalagens, na indústria alimentícia, nos remédios, nos supermercados, nos hospitais, nos brinquedos, nas roupas, nos itens de higiene e cosméticos. Isso tudo, aliado ao descarte incorreto destes materiais, tem contribuído para o acúmulo de plástico no meio ambiente. Nestas condições, por processos naturais, os plásticos são continuamente fragmentados em partículas menores, chamadas de microplásticos (MPs) e nanoplásticos (NPs).
O professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e líder do Grupo de Pesquisa Toxicologia Celular e Molecular, Mauricio Bogo, explica que um dos problemas de plásticos microscópicos é que o assunto é mais difícil de ser explicado e acaba sendo, muitas vezes, negligenciado pela população, justamente por não ser visível, como as grandes ilhas de lixos no oceano, por exemplo. As redes de drenagem urbana também não possuem equipamentos que conseguiam filtrar os pequenos plásticos contidos em cosméticos e itens de higiene. E estes materiais podem contaminar os ambientes a partir de duas formas, a primária e a secundária.
“Muitos produtos já são fabricados com nano ou microplásticos, que tem uma função completamente diferentes de poluidora, como algumas tintas. Nós chamamos isso de fonte primária porque esses produtos quando descartados, seja de um jeito ou de outro, eles podem liberar estas partículas no ambiente, mas este tipo de contribuição ainda é pequeno no meio ambiente. A poluição de maior impacto acontece com a origem secundária. Quando macroplásticos são descartados e os diferentes tipos de degradação do material, como exposição solar ou atrito, acontecem, é esperado que uma grande quantidade de fragmentos menores surja com a exposição na natureza”, explica o pesquisador Mauricio.
Conforme o artigo Micro and nanoplastic toxicity: A review on size, type, source, and test-organism implications publicado por sete pesquisadores da PUCRS e uma da UFRGS, na revista Science of the Total Environment, estes materiais microscópicos são um dos principais problemas ambientais atuais devido à potencial poluição e contaminação.
Maneiras de diminuir a produção, consumo e descarte incorreto de plásticos devem ser pensadas e executadas. O professor cita alguns exemplos, mas ressalta que apesar de haver boas ideias, a etapa difícil é a implementação:
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