Impacto Social

Conheça a alumna de Enfermagem que atua no combate à violência de gênero  

Raquel Cossa de Pinho de 48 anos é moçambicana e venceu o Prêmio Alumni PUCRS em 2023 na categoria Saúde

terça-feira, 16 de julho | 2024

Raquel Cossa de Pinho é moçambicana e venceu o Prêmio Alumni PUCRS em 2023 na categoria Saúde  

Raquel ingressou na Universidade em 2005 mediante a uma bolsa de estudos. / Foto: Arquivo pessoal

Formada em Enfermagem na PUCRS, Raquel Maria Violeta Cossa de Pinho (48) ocupa um cargo no alto escalão no Ministério da Saúde de Moçambique: é Ponto Focal da Violência Baseada no Gênero. Presidente do Conselho Jurisdisciplinar na Ordem dos Enfermeiros do país, Raquel nasceu em Maputo, capital do Moçambique, e é a mais velha de quatro irmãos, filha de um enfermeiro e de uma empregada doméstica. Quando criança, mudou-se com a família para a província de Sofala, no distrito de Gorongosa, epicentro da guerra que atingiu a região por 16 anos. 

“Apesar de ser pequena, na época, ainda lembro das vezes em que precisávamos ficar em casa e evitar acender a luz à noite, com medo”, recorda.  

Alguns anos depois, por conta da escalada do conflito, ela e a família voltaram para Maputo. Foi onde se dedicou aos estudos – e conquistou uma bolsa para vir ao Brasil. Nesta entrevista, ela lembra da experiência na PUCRS e explica como a Universidade contribui para o trabalho que desenvolve atualmente. 

O que você fazia antes de estudar na PUCRS? 

Quando voltamos para Maputo, fiz o ensino primário e cursei dança na Escola Nacional por sete anos. Ao terminar o ensino secundário, em 2000, decidi entrar para a área da saúde e fiz um curso técnico de Medicina. Até que, em 2005, através de uma iniciativa dos Irmãos Maristas, fui selecionada para uma bolsa de estudos no curso de Enfermagem da PUCRS. 

Como foi sua experiência na PUCRS? 

Antes de efetivamente começar as aulas, em 2005, tive que fazer um cursinho preparatório para o vestibular do verão. Também frequentei algumas aulas de português na Universidade. Isso me ajudou a ter mais contato com pessoas nativas do Brasil e de outros países. Tive excelentes professoras e colegas. Fiz o meu primeiro estágio nos cuidados intensivos como voluntária no Hospital São Lucas da PUCRS e depois em outros hospitais, como o Fêmina. Isso foi fundamental para meu crescimento pessoal e profissional. 

E depois? 

Eu só voltei para Moçambique depois de terminar o mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), quando me candidatei para trabalhar no Ministério de Saúde. Após ser selecionada, fui colocada no departamento que cuida e normatiza toda atividade assistencial médica e de enfermagem em Moçambique. No entanto, devido à pressão internacional sobre a violência baseada no gênero em meu país, surgiu a oportunidade de abraçar o desafio de trabalhar nesse segmento. 

Em 2022, você e outros membros do Ministério da Saúde de Moçambique visitaram a PUCRS. Como foi? 

A ideia foi conversar com diversas estruturas e profissionais da PUCRS para partilhar experiências sobre abordagens da violência baseada no gênero e encontrar pontos em comum nas iniciativas nesta área. Aprendemos novas formas de abordagem de prevenção e resposta, especialmente na comunidade, além do processo de reintegração de vítimas de violência de gênero. Tudo isso por meio de ocupação nos tempos livres, apoio na educação e atividades profissionalizantes, o que contribui para o desenvolvimento do indivíduo, bem como do próprio país.  

*Texto originalmente publicado na edição 194 da Revista da PUCRS, lançada no mês de março de 2024. A produção foi cocriada com a República Conteúdo e a edição completa está disponível para download neste link.  

Leia também

GRADUAÇÃO PRESENCIAL

Cadastre-se e receba informações sobre formas de ingresso, cursos e muito mais.