Uma câmera que captura imagens sob a perspectiva de um cão-guia para auxiliar a movimentação de um deficiente visual é a base de um trabalho desenvolvido na Faculdade de Informática da PUCRS (Facin). Está sendo desenvolvido um sistema para que, de acordo com as imagens registradas por essa câmera, que estará presa ao cão, um áudio seja gerado em um equipamento no ouvido do deficiente visual. Os avisos seriam: tem um carro no caminho; o cão está bebendo; o cão está sendo alimentado; o cão está recebendo carinho; o cão está farejando algo. O trabalho, que integra o Núcleo Machine Inteligence and Robotics (MIR), da Facin, foi premiado em maio na Conferência Internacional de Redes Neurais 2017 na categoria Melhor Artigo de Estudante, no Alaska. O estudo é do mestrando Juarez Monteiro, aluno orientado pelo professor da Facin Rodrigo Barros. Também participaram do trabalho o professor Felipe Meneguzzi, o doutorando João Paulo Aires e o pós-doutorando Roger Granada.
Monteiro conta que o primeiro passo foi encontrar um banco de vídeos com ações de cachorros. Depois de coletar o material, a equipe construiu redes neurais. Agora que a rede neural está treinada ela pode ser utilizada. A próxima etapa da pesquisa será ter contato com os possíveis usuários para testar o aparelho e fazer os ajustes necessários.
O orientador, professor Barros, acredita que os trabalhos realizados com inteligência artificial na Academia têm que contribuir para a sociedade de alguma forma. Ele ressalta a importância do estudo: “Principalmente em cidades do Brasil, onde a mobilidade é complicada, desde as calçadas até a sinalização e iluminação para deficientes visuais”. Segundo ele, o software desenvolvido funciona como uma segunda visão, além do cão-guia. “Não queremos substituí-lo, mas transformá-lo em um cão-guia 2.0, digamos assim”, esclarece. Barros ainda destaca que o principal propósito é facilitar a vida do deficiente. “Ninguém quer inteligência artificial por inteligência artificial. Nós queremos para diversas tarefas, entre elas auxiliar na mobilidade de deficientes visuais”, finaliza.