A ação é uma parceria entre a PUCRS e a Prefeitura de Porto Alegre. / Foto: Cristine Rochol/PMPA

Para ampliar o acesso ao esquema vacinal da população gaúcha adulta, a Universidade, em parceira com Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, promove nesta terça-feira, dia 26 de setembro, o Dia de Vacinação na PUCRS. A ação acontecerá no Campus da PUCRS, na sala 127 do prédio 9 (Escola de Humanidades), das 9h às 16h e será gratuita. 

Para se vacinar é necessário ter 18 anos ou mais e apresentar um documento com foto e o Cartão SUS ou Cartão de Vacinas, caso tenha. O serviço é aberto ao público e se estende a pessoas residentes de Porto Alegre e Região Metropolitana. Serão ofertadas diferentes vacinas do calendário adulto, como: 

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Passaporte da vacina: entenda o que é

Passaporte vacinal tem sido discutido em diversos países./Foto: Frank Meriño/Pexels

Assim que as vacinas contra a Covid-19 começaram a ser testadas, a discussão sobre a obrigatoriedade do certificado de imunização ganhou força. Impasses éticos e questões sociais dividiram a população de diversos países, inclusive, do Brasil. Hoje, algumas cidades brasileiras já adotaram a utilização do passaporte da vacina, como o Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Salvador (BA). Para quem ainda tem dúvidas sobre a medida, convidamos o professor da Escola de Direito Cristiano Heineck Schmitt para esclarecer algumas questões. Confira! 

1) O que é o passaporte da vacina e como ele impacta no dia a dia das pessoas? 

O passaporte da vacina é uma medida que busca estimular a população a obter a imunização contra a Covid-19. Com um controle maior sobre a contaminação pelo vírus e com a redução de óbitos e internações hospitalares, as cidades brasileiras têm passado a flexibilizar regras sanitárias, permitindo shows, feiras, jogos e maior acesso a bares e restaurantes, por exemplo. 

Outro ponto importante é que ele poderá ser obrigatório em alguns eventos e facultativo em outros. Ao nível mundial, há estabelecimentos que têm garantido benefícios, como descontos àqueles que comprovam terem realizado a vacinação de forma correta.  

Por outro lado, segundo estimativas do Ministério da Saúde, em torno de 8,5 milhões de brasileiros não tomaram a segunda dose da vacina, o que dificulta a imunização coletiva e mantém o risco de contaminação. O ideal, contudo, é que no atual estágio seja preservado também o uso de máscaras. A polêmica se estende também a ramos como o Direito do Trabalho, sobre a possibilidade ou não de demissão por justa causa ao empregado que se nega a fazer a vacina. 

2) Qual a importância, benefícios e possíveis contrapontos a esse tipo de medida? 

A importância do passaporte da vacina é que ele funciona como um estímulo na busca pela vacinação, imunizando as pessoas, especialmente agora quando se pensa em se poder recompor a vida como ela era. Quanto mais pessoas imunizadas, menos chances de propagação da Covid-19. 

Embora os dados mostrem a grande eficácia da vacinação, existem pessoas contrárias à mesma, pelos motivos mais variados, no que se inclui eventual receio de sequelas negativas da vacina. 

Para aqueles que não desejam se vacinar, um dos argumentos mais usados é o disposto no artigo 5º, inciso XV da CF/88, que trata do direito fundamental à liberdade de locomoção dentro do território brasileiro, o sagrado direito de ir e vir. Contudo, no Brasil, não existem direitos absolutos, os quais passam pelo crivo de um juízo de proporcionalidade.  

A vacinação, no caso, é uma forma de preservar a vida, e algo focado no sujeito e no coletivo. E, para participar deste coletivo, há que se adotar medidas que preservem a vida de todos. 

Drive-Thru, vacinação, Covid-19

Foto: Cristine Rochol/PMPA

3) Existem ações que podem complementar essa medida ou alternativas ao passaporte da vacina? 

Para complementar, há que se manter o uso da mascará, assim indicado pela classe médica. No caso da Covid-19, não há remédio milagroso, nem vacina eficiente por completo. São estruturas agregadas de cuidados sanitários que, somadas, vão controlar a dissipação do vírus. Mesmo pessoas vacinadas tiveram registro de óbito, o que mostra que não serve como medida isolada. 

4) Como o Brasil está em relação a outros países nessa questão? 

Estados e municípios têm realizado movimentação parlamentar para aprovar o passaporte da vacina, dispondo quando ele será obrigatório, ou facultativo, acerca de evento e estabelecimentos. 

No mundo, países como Itália, Portugal, França, Israel, Japão e Dinamarca já adotaram o passaporte, o que, a meu ver, serve para mostrar que o Brasil está agindo bem ao cobrar o referido passaporte. 

5) O passaporte da vacina pode se tornar algo permanente? 

Vai depender da permanência da Covid-19 entre nós. A meu ver, foi uma doença repentina, de grande potencial de contaminação, com um poder lesivo bastante elevado, especialmente por, ao afetar vários sujeitos ao mesmo tempo, levar a óbito milhares deles em face da falta de tratamento, diante de hospitais superlotados. 

O coronavírus sofre contínuas alterações, gerando novas cepas, e isso será uma constante preocupação mundial que deve perdurar alguns anos, até se ter melhores informações de combate eficaz ao mesmo. 

Leia também: Entenda como funciona a produção de uma vacina em 5 passos 

Entenda como funciona a produção de uma vacina em 5 passos - Confira a explicação de Ana Duarte, farmacêutica e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS

Arquivo do infográfico disponível para download ao final do conteúdo.

As vacinas são a forma mais eficiente de prevenir doenças infecciosas. O pioneiro no desenvolvimento das vacinas foi Edward Jenner, um médico britânico que desenvolveu o imunizante contra a varíola, a qual foi declarada erradicada em 1979 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – devido à grande eficácia do método. 

Apesar de não ser uma ferramenta nova de combate a doenças, em meio à corrida para a produção e disponibilização de vacinas contra a Covid-19, também surgem muitas dúvidas por parte da população. Entre as preocupações e as curiosidades estão as orientações para quem pode receber os imunizantes contra a Gripe (Influenza) e o coronavírus, além de como funciona o processo para a produção de uma vacina. 

Pensando nisso, a professora Ana Duarte, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, preparou explicações úteis sobre as etapas que envolvem a elaboração de um imunizante. Como pesquisadora, Ana trabalha com temas relacionados a vacinas, imunologia viral, terapias antivirais e antitumorais e respostas de diferentes tipos de células. 

1. A composição da vacina

As vacinas funcionam educando o sistema imune. Elas induzem a chamada resposta de memória específica, onde células T e células B (produtoras de anticorpos) são ativadas. Quando o corpo entra em contato com o patógeno (organismo que transmite alguma doença), essa resposta irá proteger o sistema, impedindo que a doença se manifeste de forma grave. Deste modo, o corpo fica imune. 

É importante lembrar que a vacina não pode ser considerada somente como um meio de proteção individual, e sim coletivo, para que seja atingida a imunidade em grande escala e a redução da circulação do patógeno na população. 

Para induzir a resposta imune especifica é necessário um antígeno (componente essencial que causa a produção de anticorpos). O antígeno pode ser o patógeno morto ou atenuado, ou uma parte dele. As estratégias de vacinas mais modernas, como de RNAm e Vetores virais recombinantes, funcionam como uma plataforma para produzir o antígeno. Ou seja, parte do patógeno, no individuo vacinado.  

Algumas vacinas ainda possuem adjuvantes (matéria prima que, quando adicionada à fórmula do medicamento, ajuda na sua ação) que são importantes para melhorar a resposta imune. Outros componentes comuns das vacinas são conservantes, para impedir que a vacina seja contaminada depois de aberta, e estabilizantes, para prevenir reações químicas na vacina. Alguns imunizantes precisam de um líquido diluente para deixar a vacina na concentração correta imediatamente antes do seu uso. 

2. As fases do desenvolvimento da vacina

O desenvolvimento de uma vacina é semelhante ao desenvolvimento de um medicamento. No total, são quatro etapas: pré-clínica e fases 1, 2 e 3: 

Durante os ensaios de fase 3 é recomendado que o grupo voluntário e a equipe de cientistas não saibam quem recebeu a vacina ou o placebo, garantindo que os resultados da eficácia não sejam influenciados por quem está avaliando. Essa etapa costuma ser desenvolvida em diferentes países para analisar a resposta em diferentes populações. 

Esse é um processo que costuma ser caro, podendo custar milhões de reais e durar anos até o cumprimento de todas as etapas. Quando a última fase está completa, os resultados são submetidos às avaliações das agências reguladoras de cada país.  

Vale ressaltar que as vacinas para prevenção da Covid-19 foram obtidas em tempo recorde. Essa grande conquista científica foi possível devido aos conhecimentos prévios obtidos a partir de outros tipos de coronavírus e um esforço coletivo de muitos cientistas de todo o mundo, com sobreposição das fases clínicas. Ou seja, para acelerar o processo, a organização da fase 3 foi iniciada antes do término da fase 2 

Não é necessário se preocupar, pois as vacinas continuam sendo monitoradas após a aprovação, garantindo a segurança e a saúde das pessoas imunizadas. 

3. A produção da vacina é um processo biotecnológico

Produzir uma vacina não é um processo fácil e varia de acordo com o seu tipo. Um dos principais processos é a produção do ingrediente farmacêutico ativo. Para vacinas que utilizam como antígeno o vírus atenuado ou inativado, o processo consiste na replicação celular a partir de uma cepa de referência (uma variante com construção diferente e propriedades físicas distintas) e posterior purificação e inativação, se necessário. Já as vacinas bacterianas são produzidas por um processo de fermentação.  

As vacinas mais recentes de RNAm utilizam a tecnologia do DNA recombinante (clonagem molecular). Para a vacina contra a Covid- 19, por exemplo, a sequência que codifica a proteína Spike (importante para a sobrevivência viral) do vírus SARS-COV-2 é clonada em um plasmídeo (DNA circular bacteriano). Esse plasmídeo é propagado em bactérias para aumentar a sua quantidade. 

Posteriormente, a sequência de DNA que codifica a proteína é retirada do plasmídeo e esse DNA servirá de molde para síntese de RNAm in vitro utilizando enzimas especificas (proteínas que regulam reações químicas do organismo). Esse RNAm é o princípio ativo das vacinas e será envolto em lipídeos para facilitar sua entrada nas células de pessoas vacinadas, que irão produzir a proteína Spike que servirá como antígeno e irá induzir a resposta imune. 

4. Controle das etapas de produção

Para certificar a qualidade esperada dos lotes de vacinas, são realizados testes em cada etapa da cadeia de produção: 

E então a vacina está pronta para ser embalada e distribuída para população.  

5. Armazenamento e distribuição

A maioria das vacinas requer refrigeração entre 2°C e 8°C para o armazenamento e transporte. Outras precisam de temperaturas ainda mais baixas, de -20°C a -70°C. Para isso é necessário que haja um planejamento para a distribuição dos imunizantes, com cadeia, infraestrutura e equipes da área de saúde treinadas. 

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Unati lança novas atividades voltadas para o público com mais de 60 anos As pessoas acima de 60 anos estão cada vez mais ativas, atualizadas e interessadas em continuar aprendendo. De acordo com uma uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil, 66% acreditam que já trabalharam muito e que a prioridade, agora, é aproveitar a vida. Afinal, não existe idade para seguir se desenvolvendo e adquirindo novos conhecimentos. 

Pensando nisso, a nova programação da Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati) terá lives gratuitas, sempre na última quarta-feira do mês, e diversos cursos sobre arte, cultura, música, literatura, idiomas, aspectos cognitivos e muito mais. O bate-papo online Vacinei, e agora? acontece no dia 28 de abril, às 14h, pelo canal da PUCRS no YouTube. 

O primeiro evento do ano abordará a importância e os efeitos da imunização contra a Covid-19. O convidado é o médico Fabiano Ramos, chefe do serviço de Infectologia do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) e líder do estudo de desenvolvimento da vacina Coronavac no Rio Grande do Sul, que contou com mais de mil voluntários/as. 

Confira os próximos cursos com inscrições abertas 

As aulas acontecem na modalidade online e contam com metodologias específicas preparadas para o público da Unati: 

Fique por dentro das próximas atividades e acompanhe a página da Unati no Facebook. 

Atualmente, duas vacinas contra o coronavírus estão sendo aplicadas na população

Até o momento, estão sendo vacinados os trabalhadores da saúde e os idosos com mais de 85 anos / Foto: Bruno Todeschini

Na última semana, a aplicação das vacinas contra o coronavírus no Rio Grande do Sul completou um mês. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúdecerca de 380 mil pessoas já receberam a primeira dose, das quais 14 mil já foram imunizadas com a segunda dose – o que corresponde a 3% do público estimadoAté o momento, estão sendo vacinados os trabalhadores da saúde e os idosos com mais de 85 anos 

Atualmente, duas vacinas contra o coronavírus estão sendo aplicadas na população: a CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan; e a vacina de Oxford/AstraZeneca, que está sendo produzida no Brasil pela Fiocruz. Por se tratar de imunizantes recentes, para uma doença ainda nova, é comum haver dúvidas sobre o tema. Para entender melhor o funcionamento e a diferença entre as vacinas, o professor Marcelo Scottada Escola de Medicina, esclarece alguns pontos. Confira: 

Quais as principais diferenças entre as duas vacinas? 

A CoronaVac é composta por vírus inativados, ou seja, mortos.  

Já a de Oxford/AstraZeneca é composta de um vetor viral, sendo esse um adenovírus não replicante. Como este vetor não é patogênico em humanos, na prática ela funciona como uma vacina de vírus inativado. 

Qual o intervalo recomendado entre uma dose e outra? 

Para a CoronaVac, o intervalo é duas a quatro semanas. 

Para a vacina de Oxford/Astra Zeneca, é de oito a 12 semanas. 

A partir de que momento a pessoa vacinada pode ser considerada imunizada? 

Apesar de 14 dias após a primeira dose já ser possível haver uma redução de risco de infecção e da doença grave, o indivíduo é considerado plenamente imunizado 14 dias após a segunda dose. 

Como essas vacinas se comportam em relação às novas cepas do vírus que estão surgindo? 

Existem suspeitas de uma menor eficácia frente às novas variantes, como alguns dados iniciais indicando que a vacina de Oxford/AstraZeneca seria menos eficiente contra a variante sul-africana. Porém, ainda são dados incipientes.  

Cuidados não devem ser deixados de lado

Apesar de trazer esperança, a chegada das vacinas contra o coronavírus não deve resultar na redução dos cuidados para combater a pandemia, como o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social. “Essas medidas são as únicas formas de conter o vírus além da vacinação, cuja cobertura ainda está em estágios iniciais”, aponta Scotta. Neste dia 23 de fevereiro, o Rio Grande do Sul vive o pior momento da pandemia, com 11 regiões em bandeira preta no Distanciamento Controlado, considerada a de maior risco epidemiológico. 

Segundo o professor, em virtude da disseminação do vírus e da cobertura vacinal ainda pequena, é improvável que possamos retornar à normalidade neste ano. Porém, esse não deve ser um motivo para se descuidar: “É importante que a pandemia seja controlada o quanto antes, pois o surgimento progressivo de mais variantes aumenta a chance de um escape vacinal, ou seja, de a vacina não funcionar”, conclui. 

PUCRS atuante na vacinação contra o coronavírus 

Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) foi pioneiro no Estado para os testes de eficácia da CoronaVac, junto a 15 centros pelo País e, desde o dia 20 de janeiro, passou a integrar a campanha de vacinação, aplicando doses da vacina em profissionais da saúde. Nove dias depois, o Hospital vacinou a milésima pessoa. Além da imunização gradual dessas equipes que atuam na linha de frente do combate à pandemia, os voluntários e as voluntárias que receberam a dose placebo do estudo também já foram imunizados. 

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Foto: Arquivo pessoal

Estamos ansiosos com a aprovação de uma vacina contra o Covid-19 – é a esperança de uma vida normal. Mas se aprovada e liberada ainda em 2020, é possível vacinar toda a população em 2021? Do ponto de vista da cadeia de suprimentos, é imperativo um planejamento adequado. Após a aprovação, uma indústria inteira entra em movimento, pois a fabricação de um produto envolve diversas etapas, que podem ser executadas ao mesmo tempo, mas cada uma com sua duração.

A primeira fase é a compra de insumos e depende da disponibilidade dos princípios ativos, materiais e transporte. Lembrando que haverá uma competição mundial pelos mesmos itens. A segunda fase – produção propriamente dita – é quando os primeiros lotes são produzidos em até uma semana, mas lotes maiores são entregues num tempo maior. Estima-se produzir 30 milhões de doses até março/21. Precisaremos mais de 200 milhões de doses para a primeira aplicação, mas há uma capacidade limitada de produção. A terceira fase é a de distribuição. Aqui as vacinas são entregues a centros de distribuição, separadas e distribuídas junto a kits contendo seringas, álcool, máscaras cirúrgicas, algodão, etc. Isto envolve veículos refrigerados ou com adaptações necessárias. Estima-se uma perda máxima de 10% das vacinas, por diversos motivos ao longo do processo.

Logo, é essencial resolver as questões administrativas/planejamento antes destas fases: quantas doses serão enviadas a cada local? Quais os grupos prioritários? Quais os locais de aplicação da vacina? Há suficientes profissionais habilitados para a aplicação? Os locais possuem estrutura, como refrigeradores para armazenamento?

A aprovação da vacina é essencial, mas o planejamento para sua aplicação também é, mesmo tendo o Sistema Único de Saúde (SUS) como um exemplo de gestão de saúde. Temos que tratar com seriedade a idealização desta operação complexa, que precisará de pessoas dedicadas somente a esta operação, nos âmbitos Federal, Estadual, Municipal e Privado, pois a nossa saúde depende desta operação humanitária.

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Cerca de 600 voluntários receberam a primeira dose / Foto: Bruno Todeschini

O Hospital São Lucas da PUCRS (HSL-PUCRS) ampliou o escopo de participação de voluntários no estudo da vacina contra o novo coronavírus. Já a partir desta terça-feira, 22 de setembro, voluntários com mais de 60 anos e pessoas que já tiveram Covid-19 poderão participar da pesquisa. A ampliação do escopo ocorreu em virtude de uma definição do Instituto Butantan e da farmacêutica Sinovac, que conduzem o projeto junto a outros 11 centros de pesquisa no país.

Atualmente, cerca de 600 participantes já receberam pelo menos uma das doses da vacina ou placebo no Hospital. Com o avanço do estudo, a meta inicial de 852 voluntários deverá ser batida, haja vista que os testes serão estendidos até a segunda quinzena de outubro. “Os novos perfis de voluntários que entram nesta etapa do estudo serão importantes para a mensuração dos resultados, que já têm sido muito animadores. Com a ampliação da pesquisa devemos passar com tranquilidade dos mil participantes.”, salienta o Fabiano Ramos, líder do estudo e chefe do Serviço de Infectologia do HSL.

Os interessados em participar dos testes deverão preencher formulário que está disponível neste link. Todos deverão estar dentro dos demais critérios já estabelecidos na fase anterior da pesquisa. Confira:

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Em casos de dúvidas sobre a participação na pesquisa, a equipe do Hospital está disponível pelo WhatsApp (51) 99929-8871.

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Segunda dose começou a ser aplicada nesta segunda-feira, dia 24 / Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

Passados os 14 dias do recebimento da dose inicial da vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, os primeiros selecionados para participar do estudo retornaram ao Hospital São Lucas da PUCRS (HSL-PUCRS) nesta segunda-feira, 24 de agosto, para a segunda aplicação do possível imunizante. O voluntário Luciano Marini, que atua como médico intensivista na UTI do HSL, foi recebido pela equipe responsável pelo estudo para retomar parte do processo iniciado no dia 8 de agosto. Além de realizar novamente algumas coletas, nesta etapa ele recebeu um segundo diário para a marcação dos registros. “Desde que recebi a primeira dose passei muito bem, seguindo o trabalho normalmente e sem sintomas ou reações inesperadas”, afirma.  

A técnica de enfermagem da Emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Fabiana Silva de Souza também recebeu a segunda dosagem nesta segunda-feira, em um processo que demorou aproximadamente uma hora. “Vejo de uma forma positiva não ter tido sintomas, pois isso mostra a segurança da vacina. Que o resultado saia o quanto antes e a gente tenha boas notícias”, pondera. 

O estudo 

Atualmente em sua terceira etapa de testes, a vacina está no estágio em que é aplicada em larga escala, o que poderá comprovar em definitivo a sua eficácia e duração da proteção. O HSL é um dos 12 Centros de Estudos do Brasil, sendo o único do Rio Grande do Sul, que aplicará o insumo e documentará os resultados junto ao Instituto Butantan, de São Paulo. 

Das 9 mil pessoas que participarão da testagem no Brasil, metade receberá a vacina, enquanto a outra metade receberá placebo, ou seja, uma substância sem efeito algum. Por ser um estudo “duplo cego”, somente os farmacêuticos que recebem e acondicionam os imunizantes conseguem saber o que cada seringa contém. Porém, eles não acompanham o momento de aplicação, conduzido pelos pesquisadores junto aos voluntários, que desconhecem o conteúdo das doses em questão. A estratégia permite a análise e comparação dos resultados pelos dois grupos, validando ou não o efeito da substância. 

Na prática, o que se espera é que o sistema imunológico dos testados desenvolva anticorpos para o vírus inativado (“morto”) da Covid-19 que está presente na vacina, tornando a pessoa em questão imune ao efeito do vírus ativo caso ela tenha contato com o organismo posteriormente. 

Confira a cronologia do estudo no Rio Grande do Sul: 

1/7 – Instituto Butantan confirma o Hospital São Lucas como um dos centros de estudo para testagem da vacina. 

10/7 – Formalização do contrato entre o Instituto Butantan e o Hospital São Lucas. 

20/7 – Abertura das inscrições de voluntários para a testagem da vacina. 

3/8 – HSL recebe as primeiras doses do imunizante. 

8/8 – Início da aplicação da primeira dose com os profissionais da saúde selecionados. 

24/8 – Início da aplicação da segunda dose com os profissionais da saúde selecionados. 

Outubro/2020 – Previsão de término da aplicação da vacina no Hospital São Lucas. 

Dezembro/2021 – Previsão de conclusão do estudo a partir do término do acompanhamento dos voluntários.

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Foram iniciadas as doses em voluntários, bem como a esperança da vacina / Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

Motivação e esperança. Essas são as duas palavras adotadas pela equipe do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL-PUCRS), que neste sábado, 8 de agosto, iniciou a aplicação da vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan. Neste primeiro momento, dez profissionais da saúde que estão atuando no combate à Covid-19 receberam as primeiras doses do imunizante contra o coronavírus.

Um grupo de cerca de 20 de profissionais do HSL, formado por farmacêuticos, enfermeiros, biólogos e médicos infectologistas será o responsável por conduzir, com suporte operacional e administrativo, o estudo no Centro de Pesquisa Clínica do Hospital. Ao longo dos próximos dois meses, eles receberão os voluntários selecionados de diversas instituições hospitalares da região metropolitana para um processo que envolve entrevista técnica, checagem de requisitos, orientações gerais e, por fim, a aplicação da vacina, que será feita duas vezes em 14 dias. O acompanhamento dos 852 voluntários escolhidos, no entanto, se estenderá até o fim de 2021.

Para o líder do estudo e chefe do Serviço de Infectologia do HSL-PUCRS, Fabiano Ramos, há uma grande ansiedade e otimismo para o início do estudo. “Acompanhamos o progresso da vacina desde o início da pandemia e temos a confiança de que é um estudo capaz de responder positivamente à expectativa da sociedade. Esperamos que, comprovando a eficácia da vacina, até o início do ano que vem a população já possa ser imunizada”, pondera.

O pensamento positivo contagia também a doutora em Biologia e coordenadora do estudo, Michelle Viegas, que avalia ganhos de longo prazo. “Nosso Centro de Pesquisa realiza atualmente mais de 200 estudos simultâneos, que vão desde a testagem de medicamentos até outras vacinas, como a da dengue, por exemplo. O tempo recorde de avanço do estudo da vacina pode nos ajudar a encontrar atalhos para tratamentos futuros”, destaca.

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Preparativos para a aplicação da vacina / Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

Voluntários mobilizados

Os profissionais da saúde, tão impactados pela pandemia, terão a preferência na participação do estudo. A oportunidade é celebrada pelo médico da UTI do Hospital São Lucas, Luciano Marini, o primeiro a receber a aplicação da vacina. “Como médico intensivista, tenho passado pelo momento mais desafiador da minha vida profissional. Além dos pacientes estarem muito graves, em situação crítica, há toda questão técnica envolvida, com grande complexidade e também os aspectos emocionais, uma vez que os familiares não podem visitar os pacientes. A perspectiva de uma vacina que agora estamos testando traz a esperança que em breve possamos retornar com segurança ao ‘novo normal’ na nossa sociedade”, comenta.

Enfermeira do Hospital Universitário da Ulbra, em Canoas, Rosecler Silva da Rosa também estará entre as vacinadas no estudo. Para ela, participar do estudo é uma motivação extra para os plantões exaustivos, muitas vezes dobrados, que enfrenta na Emergência. “Eu sinto uma esperança, pois além de enfermeira eu sou mãe e penso muito em proteger minha família. Hoje não consigo encostar no meu filho, que é asmático. Dói muito. Estar na linha de frente afeta muito o psicológico, tem dias que tu choras e tem vontade de desistir”, lamenta.

O primeiro dia de vacinação contou ainda com profissionais dos Hospitais Vila Nova, Ernesto Dornelles, Conceição e Clínicas.

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O médico da UTI do HSL, Luciano Marini recebe a primeira dose / Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

Lideranças projetam impacto positivo

Para o diretor-geral do Hospital São Lucas da PUCRS, Leandro Firme, o estudo reflete o esforço da instituição para construir soluções para as novas perguntas que emergem na área da saúde. “Estamos preparados, pois o estudo nasce da credibilidade e inovação características do nosso Centro de Pesquisa Clínica. A vacina é uma esperança para nós e para todos os hospitais que tiveram suas rotinas afetadas pela pandemia e se desafiam diariamente para cuidar dos pacientes de Covid-19 e de outras enfermidades. Celebramos esse passo com muito entusiasmo para a retomada da normalidade”, afirma.

O sentimento de confiança parte também do reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira, que valoriza o trabalho desenvolvido no órgão suplementar da universidade. “Mesmo vivenciando tempos difíceis, alegremo-nos com o Hospital São Lucas da PUCRS e suas equipes, bem como nossa comunidade acadêmica envolvida em diversas pesquisas em desenvolvimento, neste grande esforço coletivo em prol da saúde em nosso país. As aplicações da vacina nos trazem esperança de um novo tempo. Que a próxima semana seja marcada por grandes transformações”, comemora.

Diretor-técnico no HSL, o Saulo Bornhorst corrobora com Firme e resgata o papel dos profissionais da saúde. “Sabemos o quanto nossos guerreiros da linha de frente têm se dedicado nos desafios atuais e por isso torcemos que um eventual fim da pandemia tire a sobrecarga que cada um carrega”, argumenta.

O vice-reitor da PUCRS e diretor do Instituto do Cérebro (InsCer), Jaderson Costa da Costa, acredita que começa a se concretizar a vitória da ciência no enfrentamento à Covid-19. “Em qualquer tempo, nunca houve uma força-tarefa global de pesquisadores tão solidária na busca de soluções para conter esse vírus. Esse estudo nos impulsiona a fomentar uma educação e ciência forte, cada vez mais incentivada e reconhecida”, salienta.

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Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

Governos municipal e estadual celebram

Porto Alegre será uma das nove cidades do país a receber os testes da vacina, ao passo que o Rio Grande do Sul será um dos seis Estados escolhidos. A representatividade gaúcha é celebrada pelos líderes do Executivo municipal e estadual, que vislumbram o fim da pandemia.

“É uma importante notícia no enfrentamento à pandemia. A vacina que será testada também aqui no RS é uma das que estão em estágio mais avançado e torcemos para que os resultados sejam expressivos. O Hospital São Lucas da PUCRS tem um avançado centro de pesquisa clínica e profissionais altamente capacitados e dá uma enorme contribuição nesse processo fundamental no combate ao coronavírus”, destaca o governador do Estado, Eduardo Leite.

“É uma honra receber em nossos qualificados serviços de saúde e na nossa cidade os testes para a vacina contra o novo coronavírus. Porto Alegre iniciou precocemente o controle da pandemia e, diferentemente de vários locais no país e no mundo, ainda temos um grande número de pessoas suscetíveis ao vírus, o que faz com que sejamos um campo de testes apropriado para a vacina”, afirma o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior.

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Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

O estudo

Atualmente em sua terceira etapa de testes, a vacina está no estágio em que é aplicada em larga escala, o que poderá comprovar em definitivo a sua eficácia e duração da proteção. O Hospital São Lucas é um dos 12 Centros de Estudos do Brasil, sendo o único do Rio Grande do Sul, que aplicará o insumo e documentará os resultados junto ao Instituto Butantan, de São Paulo.

Das 9 mil pessoas que participarão da testagem no Brasil, metade receberá a vacina, ao passo que a outra metade placebo, isto é, uma substância sem efeito algum. Por ser um estudo “duplo cego”, somente os farmacêuticos que recebem e acondicionam os imunizantes conseguem saber o que cada seringa contém. Porém, eles não acompanham o momento de aplicação, conduzido pelos pesquisadores junto aos voluntários, que desconhecem o conteúdo das doses em questão. A estratégia permite a análise e comparação dos resultados pelos dois grupos, validando ou não o efeito da substância.

Na prática, o que se espera é que o sistema imunológico dos testados desenvolva anticorpos para o vírus inativado (“morto”) da Covid-19 que está presente na vacina, tornando a pessoa em questão imune ao efeito do vírus ativo caso ela tenha contato com o organismo posteriormente.

Confira a cronologia do estudo no Rio Grande do Sul:

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Primeiros lotes da vacina no Hospital / Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

Vinda do Instituto Butantan, a vacina chinesa CoronaVac que está sendo testada no Brasil para combater a Covid-19 chegou, no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, nesta segunda-feira, dia 3 de agosto no Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). A equipe do HSL, que teve mais de 5 mil inscrições de voluntários interessados em participar do estudo, recebeu, a tarde, os primeiros lotes com os insumos para a testagem.

A lista com os 850 profissionais da saúde que serão envolvidos no processo deve ser finalizada nesta semana, para que em seguida os testes possam ser agendados. Os participantes serão divididos em grupos e após receberem as injeções, serão monitorados continuamente para documentação dos resultados.

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Um marco, a chegada das doses da vacina

Segundo Saulo Bornhorst, diretor técnico do HSL, desde o início da pandemia, com uma intensa preocupação da população, os testes clínicos da CoronaVac podem ser tornar uma grande solução. “Imaginamos que o desfecho positivo mais provável para essa situação do coronavírus seja pela vacinação. Essa chegada das doses é um marco. A pesquisa tem um protocolo de preenchimento de dados. Os voluntários preencherão um formulário, tem o termo de responsabilidade”, comenta o diretor técnico do Hospital.