O Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) registrou um aumento expressivo nas doações de órgãos no ano de 2017, com um crescimento de 100% em relação a 2016. Foram 23 notificações de mortes encefálicas e 12 doações concretizadas, uma taxa de efetivação de 52%, 14% acima da média Estadual. Esses resultados fazem do HSL o hospital privado com o maior número de notificações e doações de órgãos de Porto Alegre.
Responsável por quase 30% das doações do Estado, a Organização de Procura de Órgãos (OPO2) é peça chave para esse ótimo desempenho. Situada no HSL e vinculada diretamente à Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, a organização desenvolve um intenso programa de educação e formação profissional com os colaboradores dos 28 hospitais apoiados por ela. Ao conhecer todos os aspectos desse processo, ao identificar o potencial de doação, os especialistas das unidades de pacientes críticos podem utilizar o sistema de maneira adequada.
“A OPO agradece o apoio e empenho de toda a equipe multidisciplinar do HSL pelos excelentes resultados em 2017 e, principalmente, às famílias que autorizaram a doação. Essa ação pode oferecer a eles a oportunidade de trazer um elemento positivo para esse momento triste e doloroso da perde de um ente querido”, afirma o enfermeiro da Organização de Procura de Órgãos (OPO2) Dagoberto Rocha.
Serviço de Transplantes do HSL
Desde 1978, o Hospital São Lucas da PUCRS já realizou mais de 1600 transplantes. Pioneiro em transplante de pâncreas isolado no Estado, atualmente, dedica-se à realização de transplantes renais com doadores falecidos e doadores vivos. É a única equipe do Estado do Rio Grande do Sul que realiza transplantes renais de doadores vivos por técnica videolaparoscópica. Coordenado pelo Dr. Marcelo Junges Hartmann, atua em conjunto com o Serviço de Nefrologia e conta com equipe multidisciplinar composta por profissionais experientes das áreas de Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia e Psicologia, além de todas as especialidades médicas do hospital.
O Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) celebra uma marca histórica: a realização do transplante renal de número 1,5 mil. O procedimento ocorreu no dia 2 de dezembro e foi realizado intervivos, ou seja, a partir da doação do órgão pela irmã do paciente. As cirurgias de transplantes mantêm-se em gradativo crescimento no Hospital, com média anual de 100 intervenções dessa natureza, evidenciando o trabalho de referência dos Serviços de Cirurgia do Transplante e de Nefrologia. Desde 2002, o HSL é o único hospital no Rio Grande do Sul a realizar transplantes renais intervivos com retirada do rim por meio de videolaparoscopia. O procedimento oferece benefícios ao doador, como melhora da qualidade de vida em relação a outras técnicas, cicatriz menor, redução da dor no pós-operatório e possibilidade de alta precoce. Do total, em 156 transplantes foi utilizado o método.
O nefrologista Leonardo Kroth, coordenador da Organização de Procura de Órgãos do HSL (OPO2), realizou uma pesquisa sobre a trajetória do serviço e o perfil dos pacientes. O resultado aponta a diminuição das complicações no pós-operatório e das taxas de infecção. O índice de rejeição está abaixo de 20%, apesar de os pacientes, atualmente, serem mais enfermos e graves, exigindo procedimentos com maior grau de complexidade. O índice de sobrevida é elevado, com média de 95% para receptores de doador vivo e de 80% para doador falecido em cinco anos de acompanhamento. A idade dos pacientes também aumentou nos últimos anos; atualmente, a média dos receptores é de 45 anos, enquanto a dos doadores é de 42 anos. Desde 2010, 5% dos transplantes de rins foram realizados em receptores acima de 70 anos.
O HSL conta com a OPO2 desde 2011. A organização incrementou o número de transplantes não apenas no Hospital, mas em todo o Estado, juntamente com outras unidades. “Temos resultados muito bons comparados aos outros centros do país e, até mesmo, centros internacionais”, ressalta Kroth. O Brasil é o segundo país do mundo em transplantes e o Rio Grande do Sul destaca-se como o Estado que mais realiza transplantes renais por milhão de habitantes. No HSL, 90% dos procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Os transplantes no HSL tiveram início em 1978, com o nefrologista Domingos d’Avila. Atualmente, o Serviço de Nefrologia é chefiado pelo médico Carlos Eduardo Poli de Figueiredo, que, juntamente com o chefe do Serviço de Cirurgia do Transplante, Marcelo Hartmann, comemora o resultado. “É com imensa alegria e satisfação que celebramos essa marca tão significativa, sentimento que compartilho com todos os profissionais; com os pacientes, que tanto necessitam de um transplante; e com os familiares dos doadores, que, em um momento de dor profunda, têm um ato de bondade e amor ao próximo”, diz Hartmann. Apesar dos resultados favoráveis, no mês de outubro, 882 pessoas aguardavam por um rim no Estado e a taxa de recusa familiar foi de 48% no período, de acordo com a Central de Transplantes do Rio Grande do Sul.