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Alison Campbell / Fotos: Camila Cunha

A diretora do Knowledge Transfer Ireland (órgão responsável, pela promoção, desenvolvimento e gerenciamento do sistema de transferência de conhecimento do país), Alison Campbell, esteve no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) para a palestra Inovação para o Futuro: Case da Irlanda, em 6 de dezembro. Alison visitou a PUCRS para compartilhar o que vem sendo feito em seu país para o desenvolvimento do sistema de inovação e, em especial, para a criação do ambiente certo para transferência de conhecimento, principalmente no contexto de serem relativamente novos nessa área. “Estamos ativamente engajados na comercialização da pesquisa pelos últimos 11 anos”, contou em entrevista e garantiu que pretende levar consigo a troca de experiências que vivenciar no ecossistema de inovação da Universidade.

Para Alison, a ciência tem um papel muito importante no empreendedorismo e na competitividade de empresas, mas é preciso ser capaz de inová-la e usar seus resultados para impulsionar essas inovações. “Muitas ideias cientificas podem formar a base para começar novas companhias ou podem ser ponto de partida para que empresas peguem essas ideias em estágio inicial e apliquem seus recursos, suas habilidades e expertises para chegarem ao próximo nível”, comenta.

Para manter um diálogo entre indústria e academia de forma a beneficiar ambas, Alison destaca a necessidade de transparência nos objetivos. “É preciso que todos sejam extremamente claros sobre o que querem alcançar e o que não querem. Uma das coisas que desenvolvemos na Irlanda é uma estrutura que ajuda todos, empresas e instituições de ensino superior, a entenderem como devem se envolver uns com os outros e as diretrizes em torno disso. É claro para a indústria, quando trabalha com instituições de ensino, o que esperar e como devem se comportar. Há uma estrutura que descreve como a relação precisa ser administrada e também coisas que a universidade pode precisa, como a possibilidade de publicar”, conta.

Propriedade intelectual

As universidades, segundo Alison, podem se preocupar demais com propriedade intelectual, em cria-la e mantê-la, mas é preciso usa-la como base para criar uma relação com empresas e ajudar na competitividade e no desenvolvimento econômico da sociedade. “É precisa haver equilíbrio e realismo em termos do que a propriedade intelectual é e em que estágio está na relação com as empresas. As universidades devem reconhecer o esforço que as empresas colocam, o tempo, os recursos e o dinheiro investido, para levar essas ideias iniciais ao próximo nível. Da mesma forma, sem dúvida, o valor das universidades vai além da propriedade intelectual criada. É também o ambiente, o conhecimento e a reputação que pode trazer a uma empresa. Isso é igualmente importante e geralmente não valorizado”, avalia.

O papel das universidades

alison-0219O objetivo das universidades na equação do empreendedorismo e inovação é de criar novos conhecimentos e dissemina-lo. Com um papel de acelerar e unir empresas e produção acadêmica, as universidades criam ambientes propícios para essas relações, com pessoas inteligentes e boas estruturas. “Porque suas pesquisas são colaborativas, essas instituições estão em boa posição para se envolver com empresas e compartilhar seus conhecimentos e recursos. Outra coisa incrível sobre universidades e lugares como o Tecnopuc é a promoção de diálogos entre as empresas que ali estão instaladas, de uma forma que não fariam por conta própria”, diz.

Alison elogia a forma como a PUCRS e o Tecnopuc trabalham a transferência de conhecimento para impulsionar a inovação e o crescimento do país. “Me parece que vocês encontraram ótimas formas de fazer isso. Um dos grandes segredos é saber o que se quer alcançar, encontrar esse papel específico da universidade de unir, impulsionar e desenvolver o crescimento econômico. Com isso, pesquisadores podem trabalhar em colaboração com empresas com mais frequência, estudantes podem ter apoio para serem mais empreendedores, espaços como tecnopaques e incubadoras podem trazer empresas.”

Desafios na transferência de conhecimento

alison-0230Pelo mundo as pessoas trabalham com transferência de tecnologia e comercialização de pesquisas e os problemas são parecidos, mas o contexto é diferente e as prioridades mudam. Alison elenca três 3 grandes desafios:

– As universidades lidam com tecnologias e ideias em estágio muito inicial e o desafio está em como desenvolve-las, valoriza-las e deixa-las atraentes para a indústria.

– Mais que um desafio, é uma oportunidade: olhar para os estudantes como empreendedores em termos do que precisam com relação a suas habilidades para o mundo do trabalho, algo vai além da disciplina estudada. “É vê-los como agentes de mudança do desenvolvimento econômico no futuro, em termos de empregos e também de empresas que podem criar.”

– Descrever o impacto da transferência de tecnologia, de conhecimento e da comercialização da pesquisa, que vai além de números. “Não é apenas o número de patentes ou o retorno financeiro, é o que realmente afeta no desenvolvimento econômico, quais os resultados disso. Ainda estamos em um estágio inicial de como fazemos isso.”

Sobre Alison Campbell

Alison tem mais de 20 anos de experiência com a indústria e a academia. Suas áreas de atuação incluem desenvolvimento de novos negócios, gestão de Propriedade Intelectual, educação executiva, criação de startups e impacto da pesquisa e da inovação. Foi diretora administrativa da King’s College London Business Ltd e uma das fundadoras da Global Alliance of Technology Transfer Professionals (ATTP). Recebeu o Global University Venturing Lifetime Achievement Award, em 2018, e uma Ordem do Império Britânico (OBE) em reconhecimento pela contribuição com transferência de conhecimento, em 2010.

times higher education, américa latina, ranking, latin americaO ranking Times Higher Education (THE) Emerging Economies University Rankings 2018 apontou a PUCRS como a segunda melhor instituição privada do Brasil entre os países emergentes. Além disso, ocupa a primeira posição dentre todas as universidades da região Sul. Os destaques da PUCRS na avaliação foram nos quesitos de Industry Income, International Outlook e Citations (Transferência de conhecimento, Internacionalização e Citações em artigos científicos).

O ranking engloba 378 instituições de ensino de 42 de países. O Brasil é a terceira nação com maior número de instituições, com 32. Ao todo foram considerados 50 países classificados como economias emergentes (avançadas e secundárias) ou “economias de fronteira” pela FTSE, companhia especializada em cálculo de índices e serviços correlatos de dados, em escala internacional. Entretanto, instituições de apenas 42 desses países chegaram à lista final do Top 378.

 

Indicadores e metodologia

O ranking usa os mesmos 13 indicadores de rigor metodológico de desempenho que o THE World University Rankings, examinando os pontos fortes de cada universidade em relação a todas as suas principais atividades: ensino, pesquisa, citações, transferência de conhecimento e perspectivas internacionais. A metodologia foi cuidadosamente recalibrada para melhor refletir as características e prioridades de desenvolvimento das universidades em economias emergentes. Mais peso é dado, por exemplo, à interação com a indústria e à perspectiva internacional da universidade.

O Times Higher Education é um dos mais importantes rankings do mundo e mostra, principalmente, o impacto da pesquisa realizada na Instituição por meio de citações em base de dados.