O Rio Grande do Sul ganha, no dia 25 de novembro, uma das mais completas infraestruturas do Brasil e a maior da Região Sul do país para produção audiovisual. O Tecna é o Centro de Produção Audiovisual da PUCRS que oferece ao mercado nacional e internacional uma estrutura que atende todo o ciclo produtivo do setor. O espaço de cerca de 3,3 mil metros quadrados (área total) é destinado à produção de filmes, jogos, aplicativos, séries ou publicidade.
Localizado no Teccnopuc Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, o Tecna contempla três estúdios de cinema e TV, estúdio de mixagem de som certificado THX (concedido pela LucasFilm que atesta a presença de equipamentos que atendem padrões mundiais de dinâmica e performance) com tecnologia DOLBY ATMOS. Também compõem o espaço salas individuais para finalização de imagem, laboratório de animação, jogos e efeitos visuais e áreas de apoio para as gravações, como camarim, sala de produção, sala para confecção de figurino, marcenaria, acervo e catering profissional. O espaço traz soluções que otimizam os processos produtivos, desde a pré-produção, passando pela produção e evoluindo para a pós-produção. Há capacidade para sediar diferentes produções ao mesmo tempo.
“Nosso propósito é promover o desenvolvimento do segmento e apoiar o mercado audiovisual a contar histórias que fazem a diferença. A PUCRS acredita na necessidade de apoiar o mercado, incentivando, assim, a indústria criativa e a cultura, e gerando empregos e renda”, explica a gerente do Tecna, Aletéia Selonk.
O Tecna recebeu um investimento total de R$ 22 milhões da própria universidade e de recursos públicos federais e estaduais advindos da área de ciência e tecnologia. Teve como parceiros fundadores o governo do Rio Grande do Sul e a Fundacine.
“A PUCRS dá mais um importante passo na estruturação de um ambiente genuíno de criação com a inauguração do Tecna. Com o compromisso de impulsionar a indústria criativa e consolidar a produção audiovisual gaúcha e brasileira, o Tecna também mostra a aposta da Universidade no setor e, mais do que isso, nas pessoas que fazem essa indústria crescer nacional e internacionalmente”, enfatiza o reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira.
Produções no Estúdio A
Um dos estúdios do Tecna, o Estúdio A, foi inaugurado em 2017 e sediou produções como as séries “Necrópolis” e “Alce&Alice”, de produtoras independentes e exibidas pela Netflix. No caso de “Necrópolis”, cerca de 70% das cenas foram gravadas dentro do estúdio, e o restante, nas imediações e áreas externas ao Centro. O espaço já foi utilizado por mais de 30 produções, entre curtas, médias e longa-metragens, séries de TV, publicidade e produções independentes do Brasil e da Argentina.
Inscrições abertas para workshops gratuitos
Com foco também em formação, a partir de 9 de dezembro, estão previstos nove workshops gratuitos sobre temas como Coprodução Internacional, Produção Executiva, Direção de Arte, Direção de Produção e Cenografia para projetos audiovisuais, por exemplo.
Incentivo ao cinema brasileiro
Em 2019, foi lançado o prêmio Tecna, concedido na sessão de entrega dos Kikitos do Festival de Cinema de Gramado nas categorias Melhor Longa Metragem Brasileiro e Melhor Longa-Metragem Gaúcho. Também contou com duas categorias no concurso interativo do Gramado Film Market, evento de mercado realizado durante o festival. Os vencedores terão acesso à infraestrutura e serviços do Tecna gratuitamente. Em novembro, o Cine Esquema Novo receberá dois Prêmios Tecna em duas categorias deste importante festival de Porto Alegre.
O curso desperta e acompanha o desenvolvimento de projetos nas múltiplas áreas da produção audiovisual, para que o aluno tenha ampla visão do mercado audiovisual local e nacional, e que possa aplicar essa proposta de realização em algum setor econômico da indústria criativa e em diferentes janelas de exibição.
Gravação de uma série para televisão, de um longa-metragem e de curtas-metragens, além de workshops, aulas, palestras e cursos de extensão. Já nos meses iniciais, a primeira fase do Centro Tecnológico Audiovisual do RS (Tecna), com sede no Tecnopuc Viamão, abrigou diversas atividades. O Estúdio A, inaugurado em abril de 2017, foi usado por produtoras do Rio Grande do Sul, bem como por empresas localizadas no próprio Parque Científico e Tecnológico, em Viamão (RS), como a Buena Vista, além do Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Além disso, professores do Curso de Produção Audiovisual da PUCRS realizaram aulas especiais no ambiente que também foi sede de produções universitárias.
Atualmente, o Tecna recebe a filmagem do longa-metragem Rasga Coração, dirigido por Jorge Furtado com produção da Casa de Cinema de Porto Alegre. O Estúdio A abriga a sua primeira produção de grande porte: a série para TV, Necrópolis, da Verte Filmes e Ausgang. “Concluirmos o ano de 2017 sediando projetos de maior porte marca a contribuição que o Tecna pode oferecer ao setor a partir da inauguração do Estúdio A, ao mesmo tempo em que o mercado pode esperar receber produtos com cada vez mais qualidade vindos dos produtores gaúchos”, analisa a coordenadora do Tecna, professora Aletéia Selonk.
Para 2018, Aletéia indica que as ações de atração de projetos serão intensificadas, estimulando parcerias com o mercado regional e nacional, além de contribuir com o desenho de produção dos futuros projetos que ocuparão o Estúdio A. “Um dos destaques é o Laboratório de Pesquisas Audiovisuais (LaPAv). Os pesquisadores e bolsistas, em conjunto com a equipe do Centro, desenvolveram um projeto que acompanhou os primeiros usuários do Estúdio A e, com isso, mapeou as características de uso do espaço e como os diferenciais do estúdio impactaram o processo produtivo de cada um. Aqui, mantemos nosso compromisso de fazer do Tecna um laboratório vivo”.
O filme de Jorge Furtado está sendo rodado no espaço onde era originalmente a capela do antigo Seminário Maior de Viamão, antes da aquisição do local pela PUCRS. “Ali foi possível construir o cenário do nosso apartamento, que é o espaço mais importante do filme”, comenta Furtado. Segundo o diretor, o prédio do Tecnopuc Viamão é um excelente lugar para filmar por toda a estrutura que oferece. “Uma filmagem não se resume apenas ao set, temos que levar todo o entorno em consideração, com muitas pessoas, caminhões, equipamentos. Precisamos de espaço e silêncio e é o que temos aqui”, diz.
Furtado destaca que ter um espaço como o Tecna é uma reivindicação antiga de todo mundo que faz cinema no RS. “Quando comecei na década de 80, tinha que fazer quase tudo no Rio de Janeiro ou em São Paulo: som, finalização, montagem, mixagem. Só se filmava em Porto Alegre. E quando precisávamos de estúdio, era sempre improvisado. O Tecna é um passo para fazermos um cinema todo aqui”, afirma.
A produtora executiva de Rasga Coração, Nora Goulart, conta que antigamente as gravações eram realizadas nos armazéns do cais do porto, com o movimento de navios que transportavam agrotóxicos e muito ruído. “Recebíamos o galpão cru. Tínhamos que instalar banheiros, refeitórios, salas de maquiagem, de figurino, de cenografia, de arte, depósito para as coisas de uso da produção. Estar no Tecna, próximo à natureza, é muito agradável. Aqui existem espaços conservados que conseguimos usar de maneira muito eficiente”, afirma.
O longa é uma adaptação da peça homônima de Oduvaldo Vianna Filho e conta a história de Manguari Pistolão, militante anônimo, que depois de quarenta anos de lutas vê o filho Luca acusá-lo de conservador, atravessando 40 anos da vida política brasileira. O cenário principal é o apartamento, que tem dois momentos, os anos de 1979 e 2013. Para o diretor de arte, William Valduga, a arquitetura do Tecnopuc Viamão permite vários desenhos para diferentes situações. “Quando conseguimos trazer um pouco da locação para o espaço, ganhamos verdade. Estamos usando o piso de parquet original da capela, o que traz uma verdade incrível para o cenário”, afirma.
Outra produção que ganha vida no Tecna é a série para TV Necrópolis, da Verte Filmes e Ausgang. Os diretores Tiago Rezende e Gabriel Faccini contam que escolheram o Estúdio A pela estrutura oferecida e pela possibilidade de montar o cenário, uma sala de necropsia do Instituto Médico Legal (IML), da forma como queriam, com as dimensões necessárias. “Já tínhamos filmado algumas vezes no Tecnopuc Viamão e visitado o Estúdio A. Pelas peculiaridades do cenário principal ser o IML, um prédio público, não teríamos acesso, e adaptar uma locação a isso seria mais difícil. No momento que definimos que iríamos construir a sala de necropsia em estúdio, fizemos uma breve pesquisa do que tinha disponível na cidade e o Estúdio A do Tecna era o único onde conseguiríamos filmar como queríamos. Foi algo muito natural e dentro do nosso orçamento”, diz Faccini.
Para os diretores, o benefício da proximidade com a PUCRS é latente. “Sentimos que as pessoas que estão por traz da concepção e da gestão do Tecna pensaram seriamente sobre como fazer esse espaço atender às produções de forma eficiente e entrar de fato no mercado”, comenta Rezende. “Nossa produtora é relativamente jovem, este é nosso quarto ano seguido gravando séries. O Tecna, com o Estúdio A, ampliou nosso horizonte, pois escrevemos e dirigimos pensando nas possibilidades e limitações de filmagem. Essa estrutura acessível nos permite planejar e pensar em coisas mais sofisticadas e complexas para as futuras produções”, complementa Faccini.
A série de oito episódios acompanha a história de uma equipe de médicos e profissionais do necrotério da cidade e a forma encontrada por eles para resolverem os problemas complexos que aparecem neste ambiente inóspito. A direção também é assinada por Tomás Fleck.
A coordenadora do Tecna lembra que a inauguração do Estúdio A, em abril de 2017, foi um momento importante para esse projeto, que está em desenvolvimento desde 2011, porém é apenas o primeiro de uma série de ambientes projetados, incluindo não apenas estruturas para a produção, mas também para a pós-produção de conteúdos criativos e audiovisuais. “Após a inauguração, a nossa rotina deu uma atenção especial às visitas de empresários, profissionais, professores e estudantes da área. Afinal, entregamos um estúdio diferenciado e é muito importante que todos os agentes do mercado se apropriem das facilidades e requintes que o ambiente oferece para, desse modo, considerarem que agora os projetos audiovisuais do Rio Grande do Sul podem ser planejados para serem executados ali”, comenta Aletéia.
A gerente de projetos e operações do Tecna, Clarissa Millford, relata que os benefícios do ecossistema do Centro e da infraestrutura disponível podem ser facilmente observados no dia a dia das produções, através de processos mais otimizados, com maior produtividade e eficiência da equipe, com troca de conhecimentos e experiências entre os usuários, além de reaproveitamento e/ou uso colaborativo dos recursos.
O Estúdio A do Tecna conta com alta tecnologia e segue normas internacionais de qualificação. Com investimento de mais de R$ 6 milhões, possui paredes com isolamento acústico, piso acústico flutuante com acabamento em concreto nivelado a laser com sistema antivibração, grids modulares ajustáveis, sistema de elétrica cênica, área disponível para instalação de Switch de vídeo e de áudio acoplados, rede wi-fi, ar-condicionado. São 300 m² de área livre no estúdio, mais áreas de apoio, com espaço para camarim, figurino, sala de reuniões e área técnica. A segunda fase do Centro contará com laboratórios equipados voltados para animação, jogos digitais, efeitos visuais, além de uma renderfarm e um estúdio de mixagem de som.