O festival internacional de artes cênicas Porto Alegre em Cena encerrou, na última semana, a primeira etapa da sua 29ª edição, que começou no dia 1º de dezembro e contou com um total de 15 espetáculos em diferentes locais da cidade. Em março de 2023, será realizada a segunda etapa da programação.
O evento teve realização da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em parceria com a PUCRS e o Pacto Alegre, e a presente edição do festival ganhou Direção Artística compartilhada. A equipe é composta por artistas, jornalistas, professores e gestores, responsáveis pela curadoria e montagem da programação: Adriane Azevedo, Adriane Mottola, Airton Tomazzoni, Antônio Grassi, Juliano Barros, Renato Mendonça, Ricardo Barberena e Thiago Pirajira. A produtora encarregada da 29ª edição, selecionada via edital, é a Voz Cultural.
Além do apoio institucional ao Porto Alegre em Cena, a PUCRS recebeu três apresentações no campus: as peças Sísifo e Embarque Imediato, no Salão de Atos Irmão Norberto Rauch, além de um recital de violoncelo e piano, na Igreja Universitária Cristo Mestre.
Sísifo, monólogo de Gregório Duvivier, cativou as 1600 pessoas que lotaram o espaço. Por meio da recriação do famoso mito grego do homem que, como castigo divino, carrega uma pedra todos os dias até o topo de uma montanha, o texto traça um paralelo com a contemporaneidade. Utilizando-se de sátiras e recursos metalinguísticos, aproxima o mito à vida cotidiana do século XXI, apresentando questões existenciais que acabam se tornando pedras a serem carregadas ao longo da vida. Ao final da peça, Gregório ressaltou a importância de festivais como o Porto Alegre em Cena, prestes a completar três décadas, apesar das adversidades – tendo atravessado, inclusive, a pandemia de Covid-19, que restringiu e alterou as formas possíveis de fazer teatro.
Embarque Imediato, que reuniu no palco Antônio e Rocco Pitanga, propôs discussões e perspectivas geracionais sobre o racismo. A abordagem do tema foi realizada a partir do embate de ideias entre dois personagens que se encontram em uma sala de aeroporto: um senhor africano impedido de viajar e um jovem doutorando negro brasileiro, que perdeu seus documentos a caminho da Alemanha para defender uma pesquisa sobre Brecht. O incômodo sonoro que ambienta a peça transmite o conflito entre a suposta evolução da discussão racial no mundo e a permanente violência contra pessoas negras. Ao fim do espetáculo, os atores conversaram com o público sobre os atravessamentos de suas vidas pessoais na construção e idealização da peça.
Por fim, o recital que juntou o violoncelista francês Romain Garioud e a pianista brasileira Liliana Michelsen levou o público da Igreja Universitária Cristo Mestre a uma viagem sentimental por obras clássicas, de músicos como Fauré e Villa Lobos. A apresentação alternou entre solos de violoncelo e piano e composições que contemplam os dois instrumentos. O evento, que ocorreu no dia 7 de dezembro, marcou o encerramento da primeira etapa do festival.
A segunda parte da 29ª edição do Porto Alegre em Cena já está em construção: será realizada de forma presencial na Semana de Porto Alegre, entre os dias 16 e 26 de março. Para além das atrações convidadas para o festival, estão abertas inscrições para espetáculos e grupos gaúchos que queiram integrar a programação. O processo seletivo será julgado pela Direção Artística no período de 10 a 20 de janeiro de 2023, com divulgação dos resultados no dia 24 de janeiro. Para saber mais, clique aqui.
Poetas são reconhecidos como artistas escritores, que utilizam sua criatividade, imaginação e sensibilidade para escrever, em versos, aquilo que aborda o cotidiano, a vida urbana, o amor, a solidão, as relações humanas e assuntos do momento. No Brasil, o mês de outubro celebra estes profissionais com o Dia do Poeta (20 de outubro) e com o Dia Nacional da Poesia (31 de outubro). Em Porto Alegre, neste mês também acontece a tradicional Feira do Livro da cidade, já em sua 68ª edição.
Na PUCRS, pesquisadores e professores do Programa de Pós-Graduação em Letras e do Curso de Escrita Criativa se dedicam ao gênero lírico da literatura, como o pesquisador da Escola de Humanidades Altair Teixeira Martins. O docente é autor dos livros Labirinto com linha de pesca (Diadorim, 2021) e A paisagem presa na coleira (Patuá, será publicado em 2023), além de ter publicado diversos contos, romances e peças de teatro, como o espetáculo Hospital-Bazar, em cartaz nos dias 19, 20 e 21 de novembro no Teatro Bruno Kiefer, com o apoio do Instituto de Cultura da PUCRS.
Martins coordena o Grupo de Pesquisa “Intersemioses criativas”, onde são exploradas as possibilidades de criação entre a Literatura e as outras artes, combinando campos semânticos distintos. Os alunos e pesquisadores desenvolvem projetos que buscam leitura e compreensão dos diversos campos artísticos, a fim de fomentar a criação literária.
De acordo com o professor, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Hilda Hilst, Cecília Meireles, Jorge de Lima, Manuel Bandeira e Murilo Mendes foram as vozes poéticas do período áureo da lírica brasileira nos anos de 1950. Para Martins, foram eles os que melhor conjugaram a alternância de tom e de silêncio tão caras à poesia. Além disso, foram capazes de converter, no verso, a interpretação de seus tempos – o que, convenhamos, é uma bela forma de contemporaneidade.
1) As impurezas do branco, por Carlos Drummond de Andrade
Publicado pela primeira vez em 1973, As impurezas do branco é um livro singular na vasta e aclamada carreira do autor mineiro. O poeta se mostra atento aos acontecimentos do seu tempo, observando, com ironia e até alguma malandragem carioca, o cotidiano do Brasil e do mundo. Grandes notícias, fait divers, o verão na Cidade Maravilhosa, papel da publicidade em nossas decisões – nada escapa ao olhar crítico do autor.
2) Poemas esparsos, por Vinícius de Moraes
O livro apresenta uma longa e minuciosa pesquisa em livros, jornais, revistas, arquivos e manuscritos que revelam esboços, exercícios, textos inacabados ou recusados pelo autor. No final, o leitor encontrará também, agrupados na seção “Arquivo”, um estudo do percurso poético de Vinicius de Moraes assinado por Ferreira Gullar, crônicas de Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade que festejam e recordam o amigo, bem como um longo depoimento, inédito em livro, de Caetano Veloso.
3) Viagem, por Cecília Meireles
O livro é composto por 99 poemas, sendo que 13 deles são epigramas (poema curto originário da Antiguidade Clássica, e caracterizado por ser mordaz, picante ou satírico). Os temas tratados nos poemas são o amor, a felicidade, a morte, e o próprio fazer poético.
Além destes autores, o professor também indica os livros “Cantares do sem nome e das partidas”, da Hilda Hilst; “Invenção de Orfeu”, de Jorge de Lima; “Estrela da vida inteira”, do Manuel Bandeira e “Janela do caos”, de Murilo Mendes.
O espetáculo Hospital-Bazar esteve em cartaz entre 8 e 12 de outubro, no Teatro Bruno Kiefer, na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre. O texto foi assinado pelo pesquisador Martins e contou com direção de Isaque Conceição. As próximas datas em cartaz são nos dias 19, 20 e 21 de novembro. A primeira edição recebeu o reconhecimento de Melhor Texto Original, Ator Coadjuvante (o professor Altair Martins) e Trilha Sonora Original no 16º Festival de Teatro da Região Carbonífera (FestCarbo).
Hospital-Bazar propõe uma visão crítica acerca do desmanche da educação pública e da conversão da saúde em mercadoria. A partir de um projeto distópico, salas de aula deficitárias são realojadas em hospitais lucrativos. Se uma Professora-Mestra, que se mantém lecionando sozinha, torna-se o bastião da resistência, o Interventor e o Desmontador, em nome da Higiene, precisam desmontá-la. Todos os recursos mais sórdidos são disponibilizados para que a professora se renda e a escola, à força, se transforme num hospital: acusações falsas, chantagem emocional, assédio, machismo e manipulação da justiça e do próprio sistema educacional.
Um dos maiores atores da cultura brasileira, Ariclenes Venâncio Martins, conhecido como Lima Duarte, será o homenageado com a entrega do Mérito Cultural PUCRS no dia 19 de agosto às 20h em cerimônia online pelo canal da Universidade no YouTube. Na ocasião, o artista também fará a leitura de excertos de João Guimarães Rosa e Padre Antônio Vieira.
A honraria Mérito Cultura PUCRS simboliza o reconhecimento institucional de uma personalidade do meio cultural. O homenageado é alguém que tenha transformado a sua vida numa trajetória de defesa da cultura, enquanto instrumento de humanização e educação. Com entrega anual, o Mérito Cultural PUCRS está inserido nas diversas ações que buscam transformar a Universidade em um polo cultural e já premiou, em 2018, a atriz Fernanda Montenegro que, na oportunidade, apresentou a leitura dramática Nelson Rodrigues por ele mesmo, e, em 2019, a cantora Maria Bethânia, que marcou sua volta aos palcos no espetáculo Claros Breus, que teve apresentação única no Rio Grande do Sul, no Salão de Atos Irmão Norberto Rauch, na PUCRS.
Ariclenes Venâncio Martins, nascido num povoado chamado Nossa Senhora da Purificação do Desemboque e do Sagrado Sacramento (MG), filho de um boiadeiro e de uma artista de circo, sempre manteve um pé na roça e outro no mundo cosmopolita. De Zeca Diabo a Sinhozinho Malta, Lima Duarte trouxe à teledramaturgia nacional um grande personagem: o brasileiro comum.
Com a mesma naturalidade, foi o empresário Salviano Lisboa, de Pecado Capital, e o elegante Dom Lázaro Venturini, de Meu bem, meu mal (1981). Das classes abastadas aos estratos mais humildes, sua galeria de personagens revela uma profunda dimensão humana. A doçura de Sassá Mutema, em O salvador da pátria (1989), foi capaz de parar o Brasil a cada episódio. Numa determinada ocasião, ao ser comparado a Charles Chaplin e Marlon Brando, Lima Duarte definiu em uma frase seu projeto artístico: “Somos todos atores de um papel só. O meu é o brasileiro”.
Entretanto, essa profunda identificação não impossibilitou que o ator representasse um indiano em Caminho das Índias (2009) ou um turco em Belíssima (2005). Segundo o próprio ator, ao ser perguntando sobre os seus múltiplos papéis, sua vida foi marcada pelo constante encontro de mundos antagônicos: “O que muito me honra e engrandece é o fato de ser, na elite dos atores brasileiros, o único de formação rural, um caboclo que virou ator. E todo o meu esforço tem sido no sentido de servir minha gente, de não envergonhá-la e de dizer, a cada personagem: ‘Olha! Eu sou um de vocês!’ Mesmo tendo sido Hamlet, Padre Antônio Vieira, Macbeth, Otelo… Tudo caboclo, como eu!”.
A carreira de Lima Duarte é uma travessia de coragem, bravura e dedicação. Em 1946, chega a São Paulo, depois de duas semanas numa boleia de caminhão de frutas. Na capital paulistana, passa a viver de pequenos bicos, inclusive como carregador na feira. Ao tentar uma vaga na rádio, é humilhado e chamado de “voz de sovaco”, devido ao seu timbre. Apesar desse revés na Rádio Tupi, consegue uma vaga de aprendiz de sonoplasta. Logo depois seria convidado por Oduvaldo Vianna a assumir um papel na radionovela Rádio Romance Royal Briar. Na histórica primeira transmissão da TV Tupi, em 1950, Lima Duarte estava ao lado de Assis Chateaubriand e Lolita Rodrigues.
Em 1951, fez parte do elenco de Sua vida me pertence, a novela em que um galã, Walter Forster, beijou a mocinha, Vida Alves, pela primeira vez no vídeo. Depois participou da novela O Rouxinol da Galileia (1968), O drama dos humildes (1964) e Os irmãos corsos (1966), entre outras. Lima Duarte, ainda na Tupi, dirigiu Beto Rockfeller em 1968. Convidado pela Globo, consagra-se como um ator definitivo numa impactante sucessão de personagens. Lima Duarte também atuou na peça Arena contra Zumbi, de Augusto Boal, que evidenciou um dos momentos marcantes na cultura brasileira nos anos de resistência ao golpe militar.
Hoje, no ano em que a TV brasileira completa 70 anos, Lima Duarte converteu-se num verdadeiro fundador e desbravador desse veículo de comunicação que transformou a sociedade contemporânea. Falar em Lima Duarte é falar em TV Brasileira, em teatro brasileiro, em cinema brasileiro, em cultura brasileira. Sua história se confunde com a história de todos nós.
A peça de teatro Tango para homens velhos, totalmente produzida pela PUCRS, está prestes a ser lançada. Escrito pelo professor da Escola de Humanidades Altair Martins, o espetáculo põe em cena as questões mais gratuitas — e por isso mesmo brutais — do feminicídio. Encenada pelo dramaturgo e pelo ator Charles Dall’Agnol, diretor do Grupo de Teatro Universitário (GTU), vinculado ao Instituto de Cultura, a produção apresenta dois personagens que, enquanto costuram uma bandeira, escondem-se atrás de uma tragédia cuja culpa não querem expiar: projetam um para o outro ratos que entraram em suas casas e assassinaram suas mulheres. A estreia acontece no dia 24 de março, às 19h30min, no Teatro do prédio 40 (Av. Ipiranga, 6681) e é aberta ao público (mais informações sobre a distribuição de ingressos serão divulgadas em breve).
“Na primeira vez em que li a peça Tango para homens velhos senti uma espécie de desconforto por estar diante de um assunto tão importante para nós, mulheres, mas sendo ali mostrado através de homens”, confessa Gisela Rodriguez, doutoranda em Escrita Criativa e diretora da peça. No entanto, segundo ela, essa sensação de estranhamento foi positiva, porque “estava na hora dos homens se reinventarem” nas questões que envolvem manifestações artísticas. Gisela conta que, durante os ensaios, o fato de dois homens falarem sobre o feminismo é bastante debatido. Além disso, a montagem foi construída em conjunto pelos membros do GTU, que conta com a participação de várias mulheres.
Os ensaios de Tango para homens velhos se iniciaram em setembro de 2019. Sobre a origem do espetáculo, Martins conta que começou a escrever o texto ouvindo a trilha sonora de tango que agora faz parte da encenação. No dia da estreia, após o espetáculo, haverá um debate sobre a peça com a diretora e os dois atores.
Peça de teatro Tango para homens velhos
24 de março, às 19h30min
Teatro do prédio 40 da PUCRS (Av. Ipiranga, 6681)
Entrada gratuita, com data de distribuição de ingressos a definir
Montagem: GTU (Grupo de Teatro Universitário da PUCRS)
Direção: Gisela Rodriguez
Dramaturgia: Altair Martins
Elenco: Charles Dall’Agnol (Sérgio) e Altair Martins (Alcides)
Sonoplastia: Felipe Durli
Iluminação e assistência de direção: Clenir Santos
Assistência de produção e contrarregragem: Marina Nogara
Cenografia, objetos e concepção sonora: Altair Martins
Figurino: Iara Fülber Sander
Na quarta-feira, 27 de novembro, a PUCRS recebe o monólogo José Gaspar (La Soledad del Poder). O evento, promovido pelo Instituto de Cultura, em parceira com o Instituto Cervantes e o Consulado General de la República del Paraguay, acontece no auditório do prédio 5 da PUCRS, às 20h.
De autoria de Hernán Jaeggi, o texto é interpretado pelo ator paraguaio Jorge Ramos e tem direção de Gustavo Ilutóvich. A peça apresenta a filosofia do governo de José Gaspar Rodrígues de Francia, considerado o pai da independência do Paraguai e o “Ditador Perpétuo” do país (1813-1840). Alguns temas explorados são as desavenças que Francia teve com homens da igreja e seus companheiros de independência, além dos confrontos com grandes potências da época, como Espanha, Portugal e Inglaterra.
Desde sua estreia, em 2003, o monólogo já teve mais de 1.700 apresentações em quase 30 países ao redor do mundo. José Gaspar mostra como os governos autoritários possuem características que se repetem ao longo da história e traz questões que aproximam os países latino-americanos. A entrada para o evento é gratuita, sujeita à lotação do espaço.
A escritora Martha Medeiros e a atriz Júlia Lemmertz participam de um bate-papo, mediado pelo pesquisador teatral Luís Francisco Wasilewski, no dia 24 de outubro, às 19h30min, no auditório da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, no prédio 7 da PUCRS (Av. Ipiranga 6681 – Porto Alegre/RS). Os ingressos estão esgotados, mas haverá fila de espera no local, que será liberado no horário do evento, de acordo com a capacidade de lotação do auditório. Na conversa, as artistas falam sobre suas carreiras e a parceria no espetáculo teatral Simples Assim, baseado na obra de Martha e protagonizado por Júlia, que estará em cartaz em Porto Alegre de 25 a 27 de outubro, no Teatro do Bourbon Country.
A peça Simples Assim, adaptada por Martha e Rosane Lima e com direção de Ernesto Picollo, tem como foco o cotidiano, a partir da comédia e da vida de diversos personagens. Com a atuação de Julia Lemmertz, Georgiana Góes e Pedroca Monteiro, as histórias são entrelaçadas de uma maneira que sempre um personagem salta do enredo atual para o seguinte.
A escritora diz sobre a encenação: “A peça traz o espírito meio esquizofrênico desta época. A vida é difícil, mas a simplicidade salva. Corruptos existem, mas eles nada podem contra a morte. A tecnologia nos domina, mas o amor segue imperioso. Tudo se entrelaça. É um texto para rir e pensar sobre essa birutice toda”.
Martha Medeiros
Escritora de romances, crônicas e poemas, Martha Medeiros ficou conhecida por obras como Divã, Doidas e Santas e Feliz Por Nada. Como colunista, atua nos jornais Zero Hora (RS), Diário Catarinense (SC) e O Globo (RJ), cujas crônicas são reproduzidas em vários outros Estados do país. É colaboradora das revistas Claudia e Viagem, ambas da editora Abril.
O romance Divã, lançado pela editora Objetiva em 2002, marca sua estreia na ficção. O livro foi publicado também na França, Suíça, Itália, Portugal e Espanha, virou peça de teatro com a atriz Lilia Cabral no papel principal e estreou nos cinemas em abril de 2009 atingindo mais de dois milhões de espectadores. Também foi adaptado para minissérie da TV Globo.
Júlia Lemmertz
Com quase 40 anos de carreira, a atriz já participou de filmes, como Meu Nome Não é Johnny (2008) e Um Copo de Cólera (1999), de novelas na Rede Globo, como O Beijo do Vampiro (2002 – 2003), e em peças de teatro. Em seu último trabalho, na novela Espelho da Vida (2018), interpretou os papéis de Piedade Castelo e Ana Valência de Castro.
Como parte da programação do 26º Porto Alegre em Cena, a PUCRS recebe nesta quarta-feira e na quinta-feira o espetáculo Happi – A Tristeza do Rei. A encenação ocorre às 19h, no Teatro do Prédio 40 (Av. Ipiranga, 6.681 – Porto Alegre). Os ingressos, no valor de R$ 80,00, podem ser adquiridos no site uhuu.com e na bilheteria oficial no Shopping Total. A comunidade PUCRS (veja lista abaixo) pode comprar os ingressos com valor especial.
Happi – A Tristeza do Rei
O impactante espetáculo de dança contemporânea é fruto da colaboração de dois notáveis artistas de origem africana radicados na França: James Carlès, intérprete e coreógrafo, de origem camaronesa, e Heddy Maalem, coreógrafo, nascido na Algéria. O espetáculo traz ao palco uma coreografia forte, cheia de referências da própria memória e história de Carlès – cuja pesquisa sobre a diáspora negra faz parte de sua obra –, antes de sua mudança para a França, sobre um personagem real, um rei chamado Happi. Abordando noções de trauma e de fim do mundo, a coreografia explora a tristeza deste rei africano, ao passo que vemos a figura do intérprete lutando com todo vigor de seu ser e, ainda assim, sucumbindo em meio a um simbólico cenário branco.
Comunidade PUCRS
Estudantes, Alumni PUCRS (diplomados) e profissionais da Universidade (Parque Esportivo, Tecnopuc, ediPUCRS, Fijo e estagiários), do Hospital São Lucas e do InsCer.
Nesta terça-feira, 6 de agosto, às 20h, a peça Antígona traz a Porto Alegre a atriz Andrea Beltrão. Com a direção de Amir Haddad, a apresentação tem duração de 60 minutos e ocorre no teatro do prédio 40 da PUCRS. Após o espetáculo, a atriz fará um bate-papo com o público. Os ingressos estão esgotados. A promoção é do Instituto de Cultura da PUCRS.
Nessa trama, a personagem Antígona é uma jovem princesa que enfrenta a ordem do rei Creonte de deixar seu irmão, que lutou na guerra, sem sepultura. Ao desobedecer a determinação real, ela paga com a própria vida. É estabelecido, então, o confronto entre o Estado e o cidadão. A história se passa em Tebas e foi escrita há 2,5 mil anos por Sófocles. Fez tanto sucesso na época que o público ateniense ofereceu ao autor o governo de Samos, uma das ilhas gregas. Na Antígona de Haddad e Andrea, ao contrário do autor original, que partiu do mito já conhecido para o teatro, parte-se do teatro para chegar ao mito que dá nome ao espetáculo.
Segundo Andrea, a peça aborda narrativas que embaralham as emoções por ir direto ao coração, à memória, e aos sentimentos. “Como um texto escrito há 2,5 mil anos pode falar exatamente sobre o que eu sinto agora? Não é a gente que lê o texto da tragédia grega, é a tragédia grega que lê a gente, por isso não precisamos ter medo de não entendê-la. Faz parte de nós, enriquece, questiona, exige que tentemos mais uma vez”, analisa.
Antígona, de Sófocles
Data: 6 de agosto
Local: Teatro do prédio 40 da PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681 – Porto Alegre)
Hora: 20h
Estacionamento: confira vagas e valores neste link. .
Ingressos: esgotados
De 12 a 26 de junho, tem início o projeto Ateliê PUCRS Cultura, visando proporcionar experiências para a comunidade universitária por meio de práticas artísticas. Serão quatro oficinas gratuitas exclusivas para alunos, professores e técnicos administrativos. A primeira atividade, nesta quarta-feira, será Desenho experimental. Inscrições pelo e-mail [email protected].
– Desenho experimental, com Alexandre Copês, mestrando em Artes Visuais pela UFRGS e produtor cultural
O quê: Oficina artística que explora o desenho contemporâneo por meio de propostas individuais e coletivas. Através de ações experimentais, dos múltiplos desdobramentos dessa linguagem, se propõe a tensionar os limites dessa prática visando à observação de motivos, como a figura humana e a paisagem, e às atividades conjuntas de ordem experimental realizadas coletivamente, a exemplo do desenho a várias mãos.
Data: 12/6, 14h-16h30
Vagas: 10
Local: 12º andar da Biblioteca Central
– Atuação para teatro, com Charles Dall’Agnol, doutor em Teoria Literária, diretor do Grupo de Teatro Universitário/Instituto de Cultura da PUCRS
O quê: A atuação para teatro tem importância fundamental na educação e na vida profissional, pois desenvolve criatividade, resolução, autoconhecimento e socialização. A oficina é dividida em três partes, na primeira, o foco é a narração, com instruções de técnica vocal necessária para falar claramente; na segunda, exercícios são experimentados para a criação de um maior contato do corpo com os cinco sentidos, objetivando a qualidade do “estar presente no momento”; e, na terceira, a criação de cenas teatrais coletivas envolvem a aplicação do aprendizado obtido nos primeiros módulos.
Data: 18/6, 14h-17h
Vagas: 20
Local: teatro do prédio 40
– Aquarela para iniciantes, com Anna Jonko, artista visual
O quê: Esta oficina de introdução à aquarela pretende abordar algumas técnicas básicas que podem ser realizadas com o material e serão propostos exercícios de fácil aplicação com o mesmo. Também serão mostrados materiais que podem auxiliar na construção da pintura/imagem.
Data: 25/6, 14h-16h30
Vagas: 6
Local: 12º andar da Biblioteca Central
– Corpo e voz, com Pedro Cassel, professor de canto, com experiência em teatro, dança, poesia e música
O quê: É comum que em uma aula de canto o momento do alongamento seja curto – ou nem exista –, para dar espaço à exercícios de técnica vocal. Por conta disso, o corpo de alguns cantores parece apenas o suporte para uma cabeça que solta sons. Nesta oficina para iniciantes e interessados tanto em canto quanto em práticas corporais, será explorada a voz como algo que vem também do pé, dos ombros e de outros lugares.
Data: 26/6, 14h-16h30
Vagas: 16
Local: teatro do prédio 40
Para a atriz Fernanda Montenegro pisar no palco do Salão de Atos da PUCRS, fazer a leitura dramática de Nelson Rodrigues por ele mesmo e receber o Mérito Cultural da Universidade foram meses de negociações, dezenas de e-mails e telefonemas. Pesou na demora a idade – 89 anos, sem contar que ficou afônica pouco tempo antes da sua vinda. A equipe do Instituto de Cultura precisou transportar de caminhão do Rio de Janeiro uma mesa e uma cadeira (cenários do espetáculo). Todo esse trabalho de bastidores contribuiu para que o evento de outubro de 2018 tivesse tanta repercussão, com 1,3 mil expectadores, e ocorresse ainda na PUCRS o lançamento do Itinerário autobiográfico de Fernanda, publicado pelo Sesc.
No ano passado, foram promovidas mais de 80 atividades, trazendo para a Universidade 243 artistas da música e do teatro, 47 escritores e 184 pesquisadores e alunos, dirigidas a um público acima de 15 mil pessoas.
“O Instituto é mediador entre o público docente e discente no contato com a cultura”, enfatiza o diretor, Ricardo Barberena, professor da Escola de Humanidades. Uma aluna revelou que Caio do céu foi a primeira peça a que assistiu na vida. Um funcionário se encantou com a presença da atriz e escritora Fernanda Torres. Um gestor relatou que se sentiu bem com as notas do piano no Living 360°. “Como professor, me encanto quando vejo quem não estava habituado a determinados eventos se emocionar e ter um fascínio despertado. A cultura é um instrumento de humanização e sensibilização diante do mundo”, festeja Barberena.
Confira a reportagem completa sobre os bastidores do Instituto na Revista PUCRS.