O reitor, Ir. Evilázio Teixeira, e seu relações institucionais, Solimar Amaro, em visita ao dr. Yukio Moriguchi e sua esposa, Lia Moriguchi/ Foto: Nicole Almeida Flores
Aos 97 anos, Yukio Moriguchi acumula um extenso legado de contribuições tanto à PUCRS quanto à Medicina na América Latina. Recentemente, o reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira, se encontrou com o médico e ex-professor, fundador do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, o IGG. A visita foi feita como forma de agradecimento neste ano em que a PUCRS completa 75 anos de existência.
“O professor Moriguchi deu contribuições grandiosas não apenas à PUCRS, mas à Medicina e à saúde no Brasil. Visitar alguém que no alto dos seus 97 anos é capaz de nos receber com alegria, saúde e de maneira acolhedora, é também uma maneira de ter mais esperança na vida e no futuro. A PUCRS completa 75 anos em 2023 e queremos ressaltar e agradecer às pessoas que contribuíram com essa história, ele é uma delas”, destacou.
Considerado o pai da Geriatria, Moriguchi dedicou quase 60 anos de sua vida ao estudo da longevidade e do envelhecimento saudável. O docente, que lecionou na Escola de Medicina da PUCRS até 2015, quando se aposentou aos 89 anos, implantou aqui a primeira disciplina de geriatria em uma faculdade de medicina na América Latina. Em 27 de novembro de 1973, fundou o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da PUCRS, que completa 50 anos em 2023.
Entre as muitas atividades realizadas no Instituto, está a recente pesquisa Avaliação do Programa de Incentivo à Atividade Física Para Idosos (PIAFI), que visa investigar os fatores que podem contribuir para o envelhecimento saudável. “O trabalho de investigação científica motivado pelo Dr., que nestas cinco décadas inspirou centenas de pesquisadores da PUCRS na busca por descobertas capazes de promover o envelhecimento saudável, não apenas se justifica, mas é louvável”, acrescenta o Ir. Evilázio.
Entre os feitos memoráveis do ex-professor, estão seu período como conselheiro médico do Papa Paulo VI, de 1964 a 1967; além do recebimento da Comenda de Serviço Médico Humanitário, entregue a ele pelo próprio Imperador do Japão, seu país natal. Quem destaca – e se orgulha – da trajetória de Yukio é sua filha, Cristina Moriguchi. Seguindo os passos do pai na saúde e no ensino, ela é professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Ela conta que, nos primeiros anos do IGG, o nome era apenas Instituto de Geriatria – o “Gerontologia” foi introduzido mais tarde – até porque o tema era pouco discutido na época.
O dr. Yukio Moriguchi atuou como docente na Escola de Medicina da PUCRS/ Foto: Bruno Todeschini
“O conceito de prevenção para um envelhecimento bem-sucedido foi sendo introduzido aos poucos, num trabalho de ‘formiguinha’, com aceitação de muitas pessoas, mas sob olhares céticos de outros”, relata ela.
A trajetória de Yukio Moriguchi não teve um começo fácil: sua infância foi marcada pelo falecimento precoce da mãe, além dos horrores da guerra. Mais tarde, já na Universidade de Keio, em Tóquio, onde se formou em Medicina, também auxiliou seus irmãos mais novos em suas formações profissionais. “Após se formar médico em Keio, fez o doutorado na mesma universidade com um período de doutorado “sanduíche”, como chamamos agora. Nesse período, em Milão, conheceu pessoas que tiveram grande significado para ele, tanto pessoal quanto profissionalmente”, conta Cristina.
Depois de concluir seu doutorado, Yukio fez uma viagem ao Brasil, a fim de se encontrar com um egresso da Universidade de Keio, já que era uma tradição visitar alguém formado na mesma instituição. Esse egresso era ninguém menos do que o avô materno de Cristina.
“Foi lá que ele conheceu a minha mãe, que morava em São Paulo. Ela se formou em História Natural na USP e trabalhava no Instituto Oceanográfico. Ela o levou para conhecer a cidade no carro dela e, assim, tudo aconteceu”, narra a professora.
Após se casarem em Tóquio, Yukio e a esposa, Lia, moraram no Japão por cerca de dez anos e, então, decidiram se mudar definitivamente para o Brasil. O plano deles era se radicarem em São Paulo, para poderem ficar junto dos pais de Lia. No entanto, o Dr. Moriguchi precisaria fazer a revalidação de seu diploma para poder exercer a medicina no Brasil, o que, na época, era oferecido apenas nas universidades de Recife e Porto Alegre.
Eles visitaram as duas cidades e, no fim, decidiram vir para Porto Alegre, onde planejavam passar quatro anos e depois voltar para São Paulo. Porém, decidiram ficar depois que o Ir. José Otão convidou o Dr. Yukio, ao final de sua revalidação, para criar uma disciplina de Geriatria no curso de Medicina da PUCRS. “Os planos de Deus e os nossos, às vezes, são diferentes. E só entendemos depois, muito tempo depois”, reflete Cristina.
Para a docente, a origem japonesa e a época vivida pelo pai em sua terra natal influenciaram tanto sua vida pessoal quanto a profissional – sua filha o descreve como um homem sério, rígido e trabalhador. Sua personalidade, segundo ela, não agradava a todos.
“O meu pai é uma pessoa muito espiritualizada, católico, e sentia que quando estava sozinho, ou estava estudando ou rezando. Eu mesma fui aluna dele na pós-graduação e, apesar das aulas muito boas, imaginava quantos colegas deviam achar estranho certas exigências e atitudes dele. Nesses momentos, via ali um choque de culturas e de gerações. Eu poderia entender, mas ou outros não. Agora, acho que ele teve muita coragem e obstinação. Tenho muito orgulho pelo seu feito”, conclui.
Yukio e Lia Moriguchi com a neta, Clara, e a empregada, Sayuri/ Foto: André Ávila | Agência RBS
Em seus ensinamentos, Moriguchi sempre apontou três aspectos como fundamentais para garantir uma vida longa. O primeiro é a alimentação saudável, que deve ser balanceada e não conter consumo excessivo de gordura, sal e açúcar. O segundo, o repouso – recomenda que o necessário para um descanso adequado são oito horas de sono por dia. Por fim, atividade física é fundamental, pelo menos uma hora por dia.
O professor, aos 97 anos, segue à risca suas próprias recomendações, mantendo uma rotina regrada. Acorda todos os dias às 6h30, toma um copo de leite morno e sintoniza no canal da NHK para acompanhar as notícias do Japão, das 7h às 9h.
O café da manhã, que vem logo em seguida, costuma ser uma tigela de arroz, de natto (alimento tradicional japonês feito de soja fermentada) ou um sanduíche. No almoço, também tem o costume de consumir pratos típicos de sua terra natal. À noite, come apenas uma maçã ou uma pera – segundo ele, deve-se passar um pouco de fome à noite para que se possa comer bem pela manhã. No tempo livre, lê livros e jornal, enquanto sua esposa, Lia, faz palavras-cruzadas e sudoku. Vai dormir às 22h, mas já está na cama desde as 20h.
Os exercícios físicos não ficam de fora de sua rotina: além de caminhadas diárias de uma hora pelo apartamento onde mora, ele e Lia fazem fisioterapia duas vezes por semana com a neta, Clara Takako Moriguchi, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em entrevista à GaúchaZH, ela diz que o objetivo do tratamento é manter a força e a funcionalidade dos avós.
Yukio e Lia, apesar da idade, são muito independentes: preparam as refeições sozinhos e conseguem realizar sozinhos tarefas como lavar a louça e tomar banho – é o que diz Sayuri Maruyama, que trabalha com o casal desde 2013, também em entrevista à GaúchaZH. Além de tudo, os dois tomam apenas remédio para pressão e vitaminas, a fim de evitar problemas de saúde.
Clara e Cristina não são as únicas descendentes de Moriguchi a continuar seu legado e seguir carreira na área da saúde. O filho mais velho do professor, Emilio Moriguchi, seguiu à risca os passos do pai e é geriatra assim como ele. Ele e Cristina têm outros dois irmãos, Inácio e Vicente, porém ambos seguiram na área da engenharia. “O assunto ‘saúde’ era recorrente nas conversas diárias e, naturalmente, Emilio começou a se interessar pela Medicina. Eu, que gostava muito de Química e Biologia, na época não me via trabalhando como médica e escolhi ser farmacêutica”, relata a professora.
Emilio Moriguchi, filho mais velho de Yukio, continua o legado do pai na Geriatria/ Foto: Júlio Cordeiro | Agência RBS
Formado em Medicina pela UFRGS, Emilio concluiu o doutorado em concentração em geriatria na Universidade de Tokai, no Japão – onde nasceu e morou até os dez anos. Hoje, ele é professor de Geriatria na UFRGS e também é chefe do Serviço de Medicina Interna do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Além disso, também é diretor do Instituto Moriguchi, que fica em Veranópolis.
O Instituto Moriguchi surgiu a partir de uma missão da qual Emilio foi incumbido por seus mentores na época em que retornou de seu pós-doutorado em Geriatria em Fellowship, nos Estados Unidos, em 1994. A missão era encontrar o local de maior longevidade no Brasil a fim de pesquisar o que é necessário para um envelhecimento saudável. A partir de dados do IBGE, descobriu que o município mais longevo do país era Veranópolis, no interior do Rio Grande do Sul. Lá, juntamente com outros especialistas, desenvolveu vários trabalhos de pesquisa na área da Geriatria e, em 2018, o Projeto Veranópolis, com o ficou conhecido, ganhou o reconhecimento do Ministério da Saúde para que fosse construída uma sede para o Instituto Moriguchi.
Emilio contou, também em entrevista à GaúchaZH que sua escolha pela Geriatria ocorreu de forma natural, quando estava se formando na faculdade. Na época fazia residência em medicina interna, e percebeu que muitos dos pacientes internados eram idosos em condições difíceis e doenças concomitantes.
“Naquela época, seus ensinamentos ainda eram inovadores e desafiadores. Ele foi o fundador da geriatria preventiva no Brasil, e também nos países africanos de língua portuguesa, por meio de programa da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Foi ele quem lançou a ideia de que a geriatria não era só atender aos idosos doentes, mas também – e ainda mais – trabalhar com as pessoas desde jovens e educá-las para um envelhecimento com saúde e qualidade de vida.”
Professora explica que as escolhas alimentares feitas pelos pais são refletidas no futuro das crianças. / Foto: Vanessa Loring/Pexels
Um dos maiores desafios de pais e responsáveis é a chamada introdução alimentar. Uma fase complexa que demanda tempo, paciência e persistência. As primeiras experiências dos pequenos com algum alimento são motivos de comemoração. Para a professora do curso de Nutrição da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS Caroline Abud é importante compreender que este é um processo de construção familiar.
“Para que a criança tenha um paladar amplo, uma aceitação dos diversos grupos alimentares e dos diversos alimentos dentro dos grupos, precisamos de exposição significativa e gentil durante todo processo de crescimento e desenvolvimento da infância. Hoje, temos algumas evidências de que este processo se inicia mesmo antes do nascimento, com o perfil qualitativo da alimentação na gestação”, declara.
Profissionais da área da saúde falam sobre a influência dos adultos no comportamento das crianças. Com a alimentação, não é diferente. As escolhas feitas pelos pais são refletidas no futuro das crianças. Segundo dados do Ministério da Saúde de 2022, 20% das crianças com menos de cinco anos apresentam anemia por falta de ferro, e 17% tem déficit de vitamina A. O alto consumo de alimentos ultraprocessados é um dos principais fatores responsáveis pelo aumento desses casos.
“A maior dificuldade é quando uma criança não teve uma construção de paladar e é necessário fazer a modificação de hábitos dela. Nenhuma mudança é um processo fácil, então o ideal é que haja uma construção desse paladar e que a família possa influenciar de forma positiva”, ressalta a professora.
Cozinhar juntos estimula uma relação saudável com a comida contribui para boas lembranças. / Foto: Andrea Piacquadio/Pexels
Uma alternativa para este desenvolvimento é a mudança do comportamento familiar. A preparação do alimento em conjunto com as crianças é uma opção para introduzir novas texturas, cores e sabores. Não somente ao paladar, mas também na vida dos pequenos. Além disso, o ato de cozinhar juntos estimula uma relação saudável com a comida, incentiva o aprendizado e contribui para boas lembranças familiares.
“Ninguém precisa ser chef de cozinha, mas o envolvimento familiar no preparo induz a criança a se interessar. A criança por si só já é muito curiosa, então, se fizermos com que ela participe do processo, ela também vai ter curiosidade em experimentar. Pode ser a participação na colocação da mesa e até na forma de apresentação dos alimentos. Tudo isso contribui para o ato da refeição ficar mais divertido e interessante”, detalha Caroline.
A importância do acompanhamento profissional, principalmente para crianças com seletividade alimentar, é outro fator importante. O Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE), conforme chamado por especialistas, é uma aversão sensorial a determinados sabores, texturas e cores, causando fobias de determinados alimentos. Por isso, estar atento às necessidades dos seus filhos é uma forma de cuidado, tanto na introdução alimentar como depois desse período.
Caroline explica que existem muitos níveis de seletividade e rigidez alimentar. Algumas crianças, por exemplo, são muito seletivas em relação aos alimentos coloridos. Nesses casos, é preciso realizar um diagnóstico por meio de conversa, com foco na escuta da família e da criança, associada a observações de comportamento. “Por vezes, e de forma ideal, é necessário um acompanhamento psicológico também, um trabalho em equipe”, destaca. Para Caroline Abud, o estímulo da autonomia infantil também é outro ponto importante a ser considerado.
“Muitas vezes os pais fazem tudo pela criança e depois, em alguma idade, esperam que ela faça sozinha. Isso não vai ser automático. Por isso, é importante que a autonomia seja dada desde o início, quando a criança começa na introdução alimentos. A construção e a manutenção desses hábitos é o que faz a grande diferença na vida das crianças”, finaliza Caroline.
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Foto: Camila Cunha
Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos representam atualmente 14,7% da população brasileira – 31,23 milhões de pessoas, em números absolutos. O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada em julho de 2022. Diante de um contexto em que as pessoas acima dos 60 anos ocupam uma parcela demográfica cada vez maior, é fundamental que se pense em quais aspectos podem melhorar a qualidade de vida delas, promovendo o envelhecimento saudável.
Esse é o tema da pesquisa Avaliação do Programa de Incentivo à Atividade Física Para Idosos (PIAFI), coordenada por Rafael Baptista, professor e pesquisador do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG), da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS. O objetivo da pesquisa é investigar os fatores que podem contribuir para o envelhecimento saudável, como a cognição e a interação social, tendo como foco a promoção de atividades físicas e cognitivas para idosos. Entrevistas, avaliações físicas e cognitivas, e análises de dados qualitativos e quantitativos estão entre os métodos utilizados na pesquisa.
O estudo realizado pelo Laboratório de Avaliação e Pesquisa em Atividade Física da PUCRS, a partir dos idosos que participam do Programa PIAFI, também da PUCRS, busca investigar as relações entre a saúde e o bem-estar dos idosos. O professor Rafael explica que isso é feito por meio da implementação de atividades físicas, cognitivas e sociais que atendam às necessidades individuais de cada participante. “Isso envolve a avaliação biomecânica da marcha dos idosos, testes funcionais e avaliação da composição corporal. Esses procedimentos fornecem informações importantes sobre o estado de saúde geral do indivíduo e ajudam a orientar a prescrição de exercícios e outras atividades”, destaca ele.
Rafael conta que os resultados da pesquisa têm se mostrado promissores: segundo ele, as descobertas iniciais apontam que a prática regular de atividades físicas da melhor idade traz grandes benefícios para o envelhecimento saudável, principalmente em termos de mobilidade, autonomia e funcionalidade dos idosos. No entanto, ele destaca que os exercícios físicos não são um fator isolado:
“A nossa pesquisa adota uma abordagem mais holística e integrada, que considera uma variedade de fatores, incluindo atividades físicas, cognitivas e sociais, avaliação biomecânica da marcha, testes funcionais e composição corporal, a fim de promover o bem-estar e a saúde dos idosos de forma geral.”
Rafael Baptista, professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, coordena o projeto/ Foto: Jonathan Heckler
O projeto de pesquisa, coordenado por Rafael, também envolve aproximadamente dez pesquisadores e professores, além de alunos de graduação e pós-graduação da Universidade que participam como bolsistas ou voluntários. A pesquisa também conta com uma parceria entre a PUCRS e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por meio da participação de professores e doutorandos da instituição. Outra parceria que, segundo o coordenador, tem se mostrado fundamental para o sucesso da pesquisa, é com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que fornece recursos para a implementação do PIAFI. “Isso também possibilita a identificação de idosos que podem participar da pesquisa e a coleta de dados em um contexto real de atendimento à população idosa”, acrescenta ele.
Seguindo essa linha, o PUCRS Online abriu as inscrições para a Pós-Graduação em Envelhecimento saudável: Prevenção, Tratamento e Cuidado. O curso tem o objetivo de formar profissionais capacitados para atuar no campo do envelhecimento humano, com ênfase na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Além disso, aborda temas como biologia do envelhecimento, cuidado em saúde, políticas públicas, entre outros.
O curso é 100% online, trazendo em seu corpo docente tanto professores da PUCRS quanto professores convidados. “Pessoas interessadas em realizar apenas uma ou outra disciplina do curso podem fazê-lo como disciplinas isoladas e recebem um certificado de curso de extensão”, pontua Rafael. Além disso, a pós-graduação se conecta com a pesquisa em andamento:
“Há planos de promover a integração entre a pesquisa e o curso, por meio da realização de atividades em conjunto, como a promoção de eventos, seminários e cursos para a comunidade. Mas a principal integração é que o PIAFI pode se apresentar como um excelente laboratório para a realização de TCCs”, revela.
Quando falamos em Inteligência Artificial na Medicina, o que vem à mente? Hoje, já existem infinitas possibilidades. Algumas delas se resumem a desenvolver e empregar máquinas para realizarem atividades humanas de maneira autônoma. Com várias tecnologias, como redes neurais artificiais, algoritmos, sistemas de aprendizado e análise de dados, a IA tem influenciado diversas especialidades da Medicina, garantindo diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficientes.
O professor da Escola de Medicina da PUCRS Fernando Ferreira Gazzoni destaca que, graças aos avanços tecnológicos da IA, tornou-se possível realizar análises preditivas que abrangem uma ampla variedade de técnicas estatísticas e de mineração de dados. Um exemplo é o Machine Learning, tecnologia que permite analisar fatos atuais e históricos para fazer previsões sobre eventos futuros ou desconhecidos em cada caso. Além disso, o docente comenta que o desenvolvimento tecnológico que a AI proporciona tem influência no desenvolvimento de novas técnicas da prática médica.
No Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS, por exemplo, o grupo de radiologia realiza estudos com a aplicação da inteligência artificial na prática clínica, especialmente na área de tórax e neurorradiologia. Mais recentemente, foram realizadas pesquisas de revisão sistemática e metanálise sobre o desempenho diagnóstico da inteligência artificial na detecção de câncer de pulmão e sobre o uso de inteligência artificial para predizer o risco de ventilação mecânica no cenário de COVID-19.
No campo da Radiologia, a aplicação de IA tem proporcionado diversos avanços, como o reconhecimento de voz, acesso remoto a especialistas, entre outros. Na área já foi possível realizar a criação de plataformas com acesso a milhares de imagens clínicas, que permite aos médicos identificar estruturas anatômicas e suas alterações mais delicadas, além do desenvolvimento da tomografia avançada, tecnologia capaz de identificar as mais minuciosas alterações em tecidos e órgãos dos pacientes.
Outro exemplo é o projeto iLung², desenvolvido por pesquisadores da PUCRS e a startup Exper, sediada no Parque Tecnológico e Científico da PUCRS, em parceria com a Boehringer. Conforme explica Gazzoni, o iLung² alia a análise de dados e Inteligência Artificial para oferecer diagnósticos precisos de doenças ligadas ao tabagismo, além de identificar câncer pulmonar em fases extremamente precoces. O projeto foi criado por um grupo de pesquisas do HSL em 2021 e já atendeu mais de 2 mil pacientes em todo país.
O docente ressalta a importância deste projeto, visto que o câncer de pulmão é o segundo tumor de maior incidência em todo o mundo e o que mais conduz ao óbito.
“As mortes relacionadas aos tumores de pulmão têm aumentado em proporções epidêmicas, refletindo a relação desta doença com o tabagismo. Com isso, é fundamental prever sua presença nos pacientes, para definir as estratégias mais efetivas para reduzir o número de casos e óbitos relacionados aos tumores pulmonares”, finaliza Gazzoni.
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Desde 1988, a Editora Universitária da PUCRS (ediPUCRS) é comprometida com a publicação de obras de relevância científica, social, cultural, literária ou didática, das mais diversas áreas do conhecimento. A ediPUCRS realiza a publicação de 20 periódicos científicos sobre múltiplos assuntos, em mídia eletrônica no Portal de Periódicos da PUCRS, com livre acesso aos conteúdos apresentados.
Livro da professora do curso de Letras foi destaque na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre
A atuação da Editora também tem como objetivo publicar obras sobre temas contemporâneos e/ou resultantes de pesquisas acadêmicas, com caráter de divulgação científica, de todas as áreas do conhecimento. O livro “Quem conta um conto…”, da professora do curso de Letras da Escola de Humanidades da PUCRS Ana Márcia Martins da Silva, lançado durante a 68ª Feira do Livro de Porto Alegre é um dos exemplos.
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Todos os periódicos da ediPUCRS são membros do Committee on Publication Ethics (COPE) e contam com o Digital Object Identifier (DOI), código identificador importante para maior inserção, disseminação e divulgação dos periódicos. Conheça alguns dos periódicos nas áreas de Letras, Escrita Criativa e Saúde:
BELT – Brazilian English Language Teaching Journal: A BELT apresenta artigos originais, resenhas de artigos, entrevistas e atividades didáticas relativos à área de Letras, abordando Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa e Portuguesa como línguas adicionais. Editor: Cristina Perna.
Letras de Hoje: A Letras de Hoje é responsável por apresentar artigos originais, resenhas de artigos, entrevistas e criação literária. Os temas abordados são relativos às áreas de Linguística, Teoria da Literatura, Literatura e Língua Portuguesa. Editores: Cláudio Primo Delanoy e Regina Kohlrausch.
Letrônica: A Letrônica traz textos originais, entrevistas e resenhas de livros acadêmicos relativos às áreas de Linguística e Literatura e suas interfaces. Editores: Maria da Glória Di Fanti e Pedro Theobald.
Navegações: A Navegações: Revista de Cultura e Literaturas de Língua Portuguesa, instituída em 2007, é uma revista científica semestral que contém textos relativos à área de Literatura de Língua Portuguesa, sendo publicados artigos originais, entrevistas, resenhas. Editores: Alva Martínez Teixeiro e Paulo Ricardo Kralik Angelini.
Scriptorium: A Scriptorium é uma revista científica da Escrita Criativa e seu escopo primário é publicar textos relativos à área de Escrita Criativa, abordando como temáticas a literatura, a criação e a recepção literária, sendo publicados artigos e ensaios originais, traduções, resenhas literárias e textos literários como poesia, ficção e não ficção. Editor: Altair Martins.
PAJAR – Pan-American Journal of Aging Research: A PAJAR (Pan-American Journal of Aging Research) é uma revista científica do Instituto de Geriatria e Gerontologia e do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica da Escola de Medicina da PUCRS. Ela veicula textos inéditos relativos às áreas de Gerontologia e envelhecimento humano, sendo publicados artigos originais, artigos de revisão a convite da equipe editorial e editoriais. Editor: Alfredo Cataldo Neto.
Psico: A PSICO é uma revista científica do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS. A publicação disponibiliza textos relacionados à área da Ciência Psicológica, como artigos originais e revisões sistemáticas. Editoras: Adriane Xavier Arteche e Kátia Bones Rocha.
Scientia Medica: A Scientia Medica é uma revista científica da Escola de Medicina e do Hospital São Lucas da PUCRS. Com textos relativos às áreas de Medicina e de outras Ciências da Saúde, trazem enfoque interdisciplinar e possui abrangência regional, nacional e internacional, na medida em que artigos públicos originais, relatos de simulação realística e cartas ao editor. Editor: Manoel Antonio da Silva Ribeiro.
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Boletim Epidemiológico tem aumento na taxa de incidência de HIV/AIDS em Porto Alegre / Foto: Anna Shvets/Pexels
Com o objetivo de acolher as pessoas que convivem diariamente com o HIV e ampliar a conscientização sobre o tema, é celebrado, nesta quinta-feira, o Dia Mundial de Combate à AIDS. De acordo com Diego Falci, coordenador médico do Serviço de Controle de Infecção do Hospital São Lucas da PUCRS, é fundamental que a população fique atenta ao avanço da doença no Brasil, conforme os dados divulgados no Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS de 2022, levantamento realizado pelo Ministério da Saúde.
Um dado da pesquisa destacado pelo infectologista e professor da Escola de Medicina aponta que Porto Alegre é a capital brasileira com o maior coeficiente de mortalidade, apresentando cinco vezes mais mortes por complicações da AIDS/HIV que o restante do País (em movimento de declínio). Além disso, a infecção por HIV, especialmente em gestantes, parturientes e puérperas, expõe uma taxa quase seis vezes maior do que a taxa nacional e duas vezes a do estado do Rio Grande do Sul. Assim, além de lembrar as mais de 40 milhões de vidas perdidas por doenças relacionadas à AIDS, de acordo com a UNAIDS, a data vem acompanhada deste balanço da AIDS, trazendo medidas de prevenção e tratamento a fim de acabar com a epidemia do HIV.
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Uma pessoa pode se expor de duas maneiras: ou um acidente ocupacional com material cortante, por exemplo, entrando em contato com o sangue de alguém que vive com o HIV, ou por exposição sexual (sexo sem o uso adequado de preservativo), além do sexo seguro ser incentivado em todas as campanhas como medida de prevenção, desde a instituição do Dia Mundial de Combate à AIDS, em 1988, a ciência evoluiu e traz novas formas de precaução. As mais atuais, segundo o médico, são as Profilaxias de Pré e de Pós-Exposição (PREP e PEP, respectivamente).
“Pessoas com maior risco e maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV podem fazer uso de medicação utilizada preventivamente de forma a diminuir a chance da infecção pelo HIV. O uso correto da PREP e PEP pode diminuir em mais de 80% o risco de infecção por HIV. Essa é uma medida importante que está sendo disponibilizada pelo Ministério da Saúde, após o atendimento de outros serviços de saúde públicos e privados para implementar essa medida de prevenção”, explica o infectologista.
Atualmente, mulheres com HIV têm condições de engravidar e ter bebês com segurança, pois com os tratamentos existentes é possível reduzir a zero a transmissão vertical através do tratamento da mãe e também da profilaxia do bebê. “A gente pode oferecer medicamentos para o bebê por um período curto, a ponto que, mesmo que eventualmente ele apresente um exame positivo, ele possa negativar esse exame de forma prática e não contrair infecção pelo HIV. Isso é possível com a tecnologia que nós temos hoje disponível”, destaca.
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Observando que ainda existe um tabu a respeito do tema, resultando na confusão entre os termos, Diego Falci explica que o HIV é um vírus que se espalha através de fluídos corporais e afeta células específicas do sistema imunológico. Quando a pessoa desenvolve infecções oportunistas ou que eventualmente a imunidade dela tenha caído a níveis muito baixos, a gente caracteriza a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ou AIDS. Somente a partir dessa situação é possível dizer que a pessoa apresenta um quadro de AIDS – mas ela não deixa de ser uma pessoa vivendo com HIV, ela simplesmente apresentou aquele quadro compatível com AIDS.
Depois de dedicar sua vida acadêmica a compreender o papel das redes de apoio para pessoas soropositivas, o professor e pesquisador da Escola de Humanidades da PUCRS, Francisco Kern, reflete sobre como a pandemia por Covid-19 colocou a sociedade em estado de alerta sobre “o inimigo invisível” – enxergar o outro como ameaça, já que não se pode enxergar o vírus.
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“Eu fiz uma pesquisa com mulheres soropositivas da forma como elas aderem o tratamento antirretroviral, em 2018, no presídio estadual de Guaíba. Lembro que todas elas eram apenadas por tráfico de drogas e uma delas, com quase 70 anos, dizia assim para mim: ‘Professor, a AIDS me condena mais do que o tráfico de drogas.’ O que isso significa? O preconceito continua. Nós continuamos vivendo o processo de discriminação principalmente quando o outro se torna uma ameaça para mim. Se você tem qualquer outra doença que não seja transmissível, você não é uma ameaça para mim”.
O docente explica que as pessoas que vivem com HIV/AIDS experimentam a invisibilidade da condição humana, onde elas não são enxergadas, não aparecem e não podem aparecer. Francisco reflete que é necessário tirar o foco da doença enquanto discriminação social, no sentido de que é preciso pensar em políticas públicas que garantam o acesso a cuidados, tratamento, vacinação, prevenção, entre outros, mas também assimilar o aprendizado de que o cuidado consigo mesmo e o outro é uma responsabilidade coletiva.
“Do ponto de vista conceitual, de modificação, a gente diz que essa pessoa tem AIDS e não é algo relacionado à condição atual daquela pessoa, mas uma classificação. Mas sim, ela pode sair da infecção e ela pode melhorar o seu sistema imunológico, ela pode recuperar o seu status imunológico. E isso a gente faz através do tratamento, o tratamento suprime o vírus e o sistema imunológico da pessoa vai se recuperando a ponto de ela se distanciar daqueles níveis compatíveis com AIDS, ela consegue melhorar as contagens dos linfócitos a ponto de elas ficarem normais”, conclui o infectologista
Assista a entrevista com o infectologista do Hospital São Lucas da PUCRS, Dr. Diego Falci:
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Crédito: Bruno Todeschini
A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. Neste processo, a saúde bucal é fundamental, pois sua precariedade tem impacto não apenas nos dentes, mas também no corpo como um todo. Dados do Instituto do Coração (Incor), apontam que doenças na região podem causar outras condições, como doenças renais, osteoarticulares e respiratórias, além de diabetes, câncer e a ocorrência de desfechos adversos durante a gravidez.
No dia 25 de outubro é celebrado o Dia Nacional do Dentista, data que marca a criação dos primeiros cursos de Graduação em Odontologia no Brasil. Na PUCRS, os cursos de graduação e Pós-Graduação em Odontologia são pioneiros na formação de profissionais com condições de atuar em qualquer instituição do país e do mundo no seu campo de saber odontológico.
O professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Paulo Floriani Kramer desenvolve projetos de pesquisa nas áreas de enfermidades orofaciais da criança ao idoso, epidemiologia e etiopatogenia das doenças e disfunções do sistema estomatognático, cárie dentária na primeira infância e traumatismo alvéolo-dentário na dentição decídua. De acordo com uma de suas pesquisas, tem sido a dedicação de pesquisadores, dentistas e gestores conseguir traduzir esse conhecimento científico em estratégias eficazes de prevenção e controle populacional e práticas clínicas.
A cárie dentária é a doença crônica mais comum da humanidade. A cárie não tratada tem um grande impacto na qualidade de vida relacionada à saúde entre crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo. Ela é determinada por fatores biológicos, psicossociais e ambientais, com contribuições comportamentais críticas que se acumulam ao longo da vida. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2015), fatores dietéticos, particularmente o consumo de açúcares livres, são proeminentes entre os fatores de risco.
Crédito: Bruno Todeschini
Apesar das diretrizes nacionais e internacionais para práticas alimentares saudáveis, o consumo de alimentos e bebidas ricos em açúcar desde o primeiro ano de vida tem sido descrito não apenas no Brasil, mas em diversas populações do mundo. De acordo com o estudo Padrões de consumo de açúcar no início da vida e cárie dentária nos dentes permanentes: um estudo de coorte de nascimentos, com autoria do professor Kramer e outros pesquisadores, existem três fatores de dieta que são associados à cárie dentária nos dentes permanentes: o ganho de peso da mãe durante a gestação, a introdução de alimentos doces na infância e a compra de açúcar durante a infância, até os seis anos de idade.
Como apontado na pesquisa, a infância é um período crítico em que as experiências com vários alimentos e gostos podem influenciar as preferências e comportamentos alimentares futuros. Além disso, dietas compartilhadas entre mãe e filho, que apresentam alimentos cariogênicos e ricos em açúcar, podem explicar a presença de cárie em longo prazo observadas na dentição permanente.
A pesquisa explica que esses dados sugerem que os comportamentos relacionados à dieta no nível familiar e infantil se manifestam desde a gravidez e continuam na infância, com potenciais consequências para a saúde que continuam nos dentes permanentes. Desta forma, esses achados indicam a necessidade de intervenções em vários níveis para interromper esse padrão e preservar a boa saúde bucal ao longo da vida.
Na PUCRS, a graduação em Odontologia já formou cerca de 3.800 cirurgiões-dentistas, além de ser o mais bem avaliado entre as instituições privadas no Rio Grande do Sul, segundo o Ministério da Educação (MEC). A Escola de Ciências da Saúde e da Vida proporciona uma formação acadêmica, profissional e humana, com um completo ecossistema de ensino, pesquisa, inovação e empreendedorismo da Universidade, situado em um único campus. Toda essa infraestrutura proporciona aos alunos vivências e oportunidades diferenciadas durante a jornada acadêmica.
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Na Pós-Graduação a universidade também é referência na área com o Programa de Pós-Graduação, em Odontologia, que apresenta nota 5 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os estudantes de mestrado e doutorado tem acesso ao conhecimento avançado na Odontologia, assim como aprimoram habilidades como redação científica, espírito crítico, conhecimento das políticas de pesquisa, multidisciplinaridade e inserção em Odontologia digital.
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A área da saúde é ampla, abrange diversas especialidades e desperta a curiosidade das pessoas – mesmo daquelas que não são envolvidas diretamente com a Medicina. Talvez esse seja um dos motivos para as inúmeras produções audiovisuais que envolvem o tema. Professores da Escola de Medicina selecionaram alguns filmes que indicam para profissionais, estudantes ou curiosos sobre a área. Confira:
1. Patch Adams – O amor é contagioso (1998), dirigido por Tom Shadyac
“Filme baseado na vida de Hunter Doherty ‘Patch‘ Adams, um médico norte-americano, famoso por sua metodologia inusitada no tratamento de enfermos. Inspirado pela ideia de que cuidar do próximo é a melhor forma de esquecer os próprios problemas, principalmente se isso for feito com muito bom humor e amor, o filme mostra uma importante ferramenta no relacionamento entre médicos e pacientes: a empatia. Atualmente, Adams viaja pelo mundo, para áreas críticas, em situação de guerra, pobreza e epidemia, espalhando alegria – o que é uma excelente forma de prevenir e tratar muitas doenças”.
Indicação do professor Leonardo Kroth.
Curiosidade: em 2012, o médico Patch Adams visitou o Hospital São Lucas da PUCRA (HSL), onde palestrou para o corpo clínico e para alunos de Medicina.
2. O enigma de Andrômeda (1971), dirigido por Robert Wise
“O filme, de ficção científica, aborda o tema de epidemias potencialmente letais para a humanidade: uma delas causada por um micro-organismo trazido à Terra em um satélite e a outra lançada por um complô de fanáticos bioterroristas. Um bom filme nessa linha deve ambientar, no futuro, problemas potencialmente reais do mundo atual. Apesar das liberdades artísticas, trata bem do assunto. Levanta as questões do isolamento social, uso e preservação de espécimes com fins bélicos (bioética na pesquisa médica) e a importância da tecnologia combinada com a genialidade e a curiosidade científica na resolução dos problemas médicos. O fundamental no filme é o que precisamos entender como médicos e profissionais no momento atual: não podemos só sofrer os efeitos da pandemia sem aprendermos o máximo possível com o que estamos vivenciando. Como nas previsões da ficção científica, a história sempre se repete!”.
Indicação do professor Lúcio Fillmann.
3. Um golpe do destino (1991), dirigido por Randa Haines
“O filme relata a história de um médico tecnicamente competente, porém emocionalmente distante dos seus pacientes, que é diagnosticado com câncer. A partir do momento em que necessita encarar as dificuldades do tratamento, começa a ver a importância do processo de empatia na relação médico-paciente”.
4. Mãos talentosas (2009), dirigido por Thomas Carter
“O filme é baseado na história real de Benjamin Carson, um respeitado neurocirurgião norte–americano. Nascido em uma comunidade pobre, descreve o papel importante de sua mãe, que insistiu para que ele seguisse as oportunidades que ela nunca teve, e mostra como o estudo e a dedicação são essenciais na transformação das pessoas”.
Indicações 3 e 4 do professor Marcelo Toneto.
5. Tempo de despertar (1990), dirigido por Penny Marshall
“Filme com atuação primorosa e de extrema sensibilidade e empatia invulgar do ator Robin Williams, interpretando um médico neurologista comprometido com a melhora da qualidade de vida e de uma adequada elucidação diagnóstica de pacientes rotulados e tratados como catatônicos internados em um clínica psiquiátrica. Tocante, leva o espectador a uma reflexão sobre os verdadeiros e indispensáveis valores de nossas vidas, especialmente em tempos do necessário distanciamento social ao qual estamos submetidos”.
Indicação do professor Mario Wiehe.
Curtiu as sugestões e se interessou pelos temas estudados na Escola de Medicina? Anota na agenda: o Vestibular da PUCRS já tem data – nos dias 5 e 6 de novembro, os portões do Campus estarão abertos esperando por você. As inscrições já estão abertas e vão até o dia 31, você pode fazer a sua clicando aqui.
Pesquisadores Lucas Viscardi, Marina Feijó, Anna Martha Fontanari e Angelo Brandelli. / Foto: Matheus Gomes
O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH ou HIV, do inglês Human Immunodeficiency Virus) causa a deterioração progressiva do sistema imunológico, que propicia o desenvolvimento de infecções potencialmente mortais, se não tratadas. Dentre as principais vias de transmissão estão as relações sexuais desprotegidas, a partilha de seringas contaminadas, e a transmissão entre mãe e filho durante a gravidez ou amamentação.
Por definição da UNAIDS, devido aos contextos de vulnerabilidade, o HIV afeta desproporcionalmente pessoas que usam drogas injetáveis, transgênero, profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens e pessoas encarceradas. Reconhecidos como populações-chave, esses grupos representam globalmente 65% dos casos da infecção pelo HIV.
A política de Aconselhamento e Testagem Voluntária de HIV (ATV-HIV ou VCT-HIV em inglês) teve início no mundo em 1985, nos Estados Unidos, com a disponibilização da testagem gratuita fora dos bancos de sangue. Porém, em 1990, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, aconselhou o desuso do Aconselhamento e Testagem Voluntária de HIV (ATV-HIV). De acordo com Ângelo Brandelli, pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, esta decisão foi realizada sem considerar as particularidades e necessidades dos grupos mais afetados pelo HIV.
O professor coordena o Grupo de Pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais (PVPP/PUCRS), responsável por desenvolver diversos estudos sobre HIV/Aids. Mais recentemente, o grupo teve a pesquisa intitulada Eficácia do Aconselhamento e Teste Voluntário de HIV (ATV-HIV) para redução de risco sexual entre populações-chave: uma revisão sistemática e meta-análise publicada na revista científica sobre medicina, The Lancet, do Reino Unido. Seus resultados propõem uma modificação em políticas internacionais em saúde ao comprovar a importância do ATV-HIV para reduzir comportamentos de risco de HIV entre populações-chave.
De acordo com o estudo desenvolvido pelos pesquisadores Lucas Viscardi, Marina Feijó e Anna Martha Fontanari, dos Programas de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde e Psicologia, o Aconselhamento e Testagem Voluntária de HIV (ATV-HIV) fornece aconselhamento antes e depois do teste, com o objetivo de promover estratégias de redução de risco, promover apoio e garantir a vinculação aos cuidados. A fase de pré-teste consiste em descrever brevemente os benefícios do teste, o significado dos resultados e as possibilidades em caso de diagnóstico de HIV positivo.
Já na etapa pós-teste, o aconselhamento varia de acordo com o resultado. Aqueles casos que avaliaram HIV positivo, o pós-teste inclui explicar os resultados, ensinar sobre prevenção do HIV, fornecer preservativos e demais ações que fornecem suporte após um evento de mudança de vida daquela pessoa. O profissional de saúde então deve assegurar o encaminhamento para cuidados especializados e encorajar o teste de HIV dos parceiros sexuais. Desta forma, a pesquisa avaliou a eficácia de estudos de intervenção sobre o ATV-HIV para redução de risco sexual entre as populações-chave.
O estudo aponta que o ATV-HIV é uma ferramenta eficaz para reduzir comportamentos de risco de HIV entre populações-chave, especificamente entre pessoas que usam drogas e homens que fazem sexo com homens. Foi identificado que a exposição ao aconselhamento diminuiu a frequência de relações sexuais desprotegidas e aumentou a frequência do uso de preservativo exclusivamente entre participantes HIV-positivos e casais sorodiscordantes, além de reduzir a incidência de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) entre os participantes HIV-negativos e não testados. Além disso, destacou-se a importância de aplicar uma diretriz clara do ATV-HIV, bem como realizar o treinamento adequado dos aconselhadores.
A atuação do PVPP/PUCRS ganhou destaque internacional em temas sobre a psicologia do preconceito, os modelos da cognição social e do minority stress, e sua relação com processos psicossociais como educação e saúde. Além disso, o grupo produz e avalia intervenções para a mudança de atitudes como a redução do preconceito e acesso à saúde. Outro escopo, seus estudos se concentram em entender de que forma a discriminação afeta os processos de saúde e adoecimento, especialmente saúde mental e infecções sexualmente transmissíveis.
As linhas de pesquisa e intervenção são: estudos sobre populações em vulnerabilidade considerando diversos marcadores como gênero, identidade de gênero, orientação sexual, raça/cor/etnia, status migratório, classe social, entre outros; avaliação do preconceito e da discriminação; desenvolvimento de instrumentos; revisões sistemáticas; estudos epistemológicos e históricos; e emprego de técnicas experimentais em psicologia social e saúde, com o uso de vinhetas. Saiba mais sobre as iniciativas de pesquisa do grupo.
Leia também: 80,7% das pessoas com HIV relatam dificuldade para contar às pessoas sobre seu diagnóstico
A exercício físico durante a senioridade impacta positivamente no bem-estar dos idosos, melhorando a saúde física e mental, e preservando a autonomia em tarefas do cotidiano, por exemplo. A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica, da Escola de Medicina, Clarissa Biehl Printes é um exemplo de pesquisadora que se dedica a desenvolver evidências científicas aplicadas ao público idoso.
Sua pesquisa atua por meio da atividade física na área de Gerontologia Preventiva, responsável por unir diferentes áreas de conhecimento e de pesquisa no processo de envelhecimento preventivo, para promover a saúde com prevenção de fatores de risco e doenças crônicas não transmissíveis. O projeto de Clarissa tem orientação do professor Rafael Reimann Baptista e busca avaliar o impacto do exercício físico na função cardiorrespiratória, de força-resistência, no desempenho locomotor, nas funções cognitivas e na qualidade de vida.
“Nesta pesquisa, buscamos valorizar essa área largamente explorada nos países europeus por integrar o exercício físico, a natureza, um ambiente familiar e social saudável, valorizando sua aplicação aos idosos. Temos a certeza de que esse modelo poderá ser seguido por outros pesquisadores e profissionais de educação física, permitindo novos conhecimentos e mais uma Gerontoatividade a ser valorizada e adotada no nosso país”, destaca.
Clarissa Biehl Printes é educadora física, doutora em Ciências do Esporte pela Universidade de Córdoba, da Espanha. Atualmente, a aluna desenvolve seu segundo doutorado em Envelhecimento devido a linha de pesquisa desenvolvida na PUCRS nesse campo, e forte interesse profissional entre a ciência do exercício clínico e o envelhecimento. A doutoranda explica que o idoso praticante de exercício físico sai em vantagem em relação ao não praticante quanto a sua saúde e anos vividos com saúde e qualidade.
Atualmente, sua tese de doutorado está na 19ª semana, onde idosos realizam um percurso pré-definido na modalidade de Orientação aplicada presencialmente ao ar livre no campus da PUCRS. A pesquisa é pioneira no uso desta modalidade em pesquisa e até outubro serão 24 semanas de atividades de trabalho que consistem em avaliações físicas, biomecânicas, avaliações cognitivas e psicológicas.
O objetivo principal é demonstrar o efeito da modalidade por meio de comparação entre a modalidade de Orientação e Pedestrianismo (caminhada) que acontece no Parque Esportivo também duas vezes por semana, com duas turmas de idosos ativos e um grupo controle (grupo de idosos que servirá como base de comparação para o grupo que recebe o tratamento em teste).
De acordo com Clarissa, essa comparação entre os efeitos de ambas modalidades se faz necessária, pois elas utilizam a caminhada como base, porém a orientação se diferencia pela causa de um efeito direto sobre as habilidades mentais devido ao estresse cognitivo do uso do mapa e orientação no percurso.
A doutoranda já evidenciou diversos pontos importantes ao longo do avanço de sua pesquisa e ressalta que a experiência de estudos com o grupo de idosos tem demonstrado componentes que irão influenciar nas decisões de atuação para melhorar a saúde e qualidade de vida dos idosos.
Alguns dos benefícios apontados por Clarissa são a recuperação e o aumento da condição/aptidão cardiorrespiratória com repercussão direta sobre a saúde cardíaca, vascular, respiratória e cerebral. Além da recuperação e aumento da condição/aptidão muscular com repercussão direta sobre a saúde muscular, de prevenção de sarcopenia (perda de massa muscular) e dinapenia (perda de força muscular) com impacto direto sobre a funcionalidade, independência e risco de quedas.
A aluna conta que o exercício físico também tem impacto sobre a saúde óssea, pois combate o desenvolvimento de osteopenia e osteoporose, outro grande problema em saúde pública. Ela pontua também que os efeitos da atividade física no cérebro são protetores por diversos mecanismos fisiológicos no ambiente cerebral, como melhora da integridade vascular cerebral, hormonal, neuronal e outros.
“Assim, a prática constante também influencia positivamente sobre a saúde mental, combate a depressão, ansiedade pelo desencadeamento de uma melhor função de neurotransmissores e hormônios típicos liberados no exercício físico, como beta endorfinas, serotonina, dopamina, esta última importantíssima para combater doenças neurodegenerativas como a doença de Parkinson”, afirma.
Leia também: Programa busca incentivar a atividade física para idosos