No dia 24 de agosto, segunda-feira, às 21h, o Instituto de Cultura promove um bate-papo com o cantor e compositor Vitor Ramil sobre a obra de Jorge Luis Borges (1899-1986), escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta. A conversa é transmitida no perfil PUCRS Cultura no Facebook e no Canal da PUCRS no Youtube – onde fica disponível para acesso posterior.

O evento faz parte da série Ato Criativo. Nessa edição a conversa será mediada pelo diretor do Instituto de Cultura, Ricardo Barberena, que conversa com Vitor Ramil sobre sua relação criativa com a obra do escritor argentino. Além disso, Vitor vai cantar poemas de Jorge Luis Borges e conversar sobre o processo de musicar sua obra.

O quê? Ato Criativo com Vitor Ramil e a poesia de Jorge Luis Borges

Quando? 24 de agosto

Que horas? às 21h

Onde? Canal da PUCRS no YouTube e perfil PUCRS Cultura no Facebook

Série Ato Criativo recebe Lázaro Ramos e Conceição Evaristo - Live falará sobre o fazer artístico e a trajetória dos convidados, com a mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Conceição Evaristo / Foto: Camila Cunha

O fazer artístico perpassa a escuta, a vivência, a intencionalidade de tornar real. Fazer arte no Brasil, na maioria das vezes, é um desafio vencido por poucas pessoas. Entre elas, estão a escritora Conceição Evaristo e o ator Lázaro Ramos, duas figuras que carregam o peso da representatividade, da reinvindicação pela vida e dos sonhos de toda uma nação, que tem cor, sobrenome e estatística. 

No terceiro encontro da Série Ato Criativo, do Instituto de Cultura da PUCRS, ambos participaram de uma conversa mediada pelo jornalistDaniel Quadros, ativista do movimento negro e LGBTQIA+, e por Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura e professor da Escola de Humanidades da PUCRS. O evento transmitido pelo YouTube e pelo Facebook teve mais de 700 telespectadores simultâneos ao vivo e quase quatro mil participantes no total. 

É preciso comprometer a vida com a escrita.” CONCEIÇÃO EVARISTO. 

Quando a escrita está profundamente relacionada com a vida, nasce a Escrevivência. Ela é dinâmica, por vezes solitária, acontece a partir da observação e da vivênciaNão se cria do nada. Crio porque escutei uma palavra, de algum contexto, porque eu vi um fato, porque as pessoas me contaram alguma coisa, ou porque estou sentido algo”, explica Conceição. 

Desde 1995, na época da sua dissertação de mestrado, a palavra Escrevivência tem sido presente nas falas da escritora. O termo é uma referência à experiência de vida da autora e do seu povo, a qual somente o local de fala compreende. “É o desespero de captar uma cena e transformar em palavras, é o meu comprometimento com ela. 

O palco, o real e a vida 

Série Ato Criativo recebe Lázaro Ramos e Conceição Evaristo - Live falará sobre o fazer artístico e a trajetória dos convidados, com a mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Lázaro Ramos / Foto: Camila Cunha

Em diferentes momentos artistas interpretam e encarnam personagens que flertam com situações reais do cotidiano de muitas pessoas. Essa relação entre a vida e a arte é tênue e, para Lázaro Ramos, se mistura. “Eu só vivo porque faço a arte. O que dá sentido à minha vida é a arte. Ela foi responsável por me dar coragem de existir e falar o que eu penso. Foi o que deu sentido de perspectiva para a minha vida. Em um determinado momento eu não sabia que eu podia sonhar, fazer planos, desejar e mais: expressar os meus desejos, recorda o ator. 

Lázaro conta que sempre tenta trazer o racional para dentro de seus trabalhos e, que por ser algo que o mobiliza tanto, às vezes se confunde com a vida real. Já passei por momentos em que eu interpretava um personagem, chegava em casa e me relacionava da maneira dele e isso não foi bom. 

Rodeada de livros, não, mas de palavras 

Uma afirmativa com duas ou mais intenções. Por um lado, Conceição Evaristo foi criada rodeada por muitas palavras, de uma família muito falante, que contava histórias ao mesmo tempo em que sua mãe fazia bonecas caseiras. “O meu texto é muito marcado por essa oralidade”, afirma. Esse cuidado de buscar na expressão popular a essência do que se quer trazer para o texto é um aspecto dessa vivência. 

Por outro lado, a expressão também é uma crítica social. Enquanto diversos escritores e escritoras podem afirmar com muito orgulho que aos 12 anos leram Machado de Assis, esse é um privilégio distante da realidade de grande parte da população brasileira. “O destino da Literatura me persegue, a partir desses locais subalternizados, como uma forma de quebrar esse imaginário da escritora que tem que nascer com o livro colado 

Além disso, ela ressalta que não é necessário muito esforço para entender uma linguagem universal: a do corpo que fala. Através das expressões, um simples resmungo, a mensagem está dada. 

A arte é atemporal 

De geração em geração, a arte, assim como outros conhecimentos, evolui e acompanha os contextos de seus momentos. O diálogo entre essas diferentes realidades também gera novas soluções.  

Eu me sinto grata à vida. Porque chega aos 73 anos e ter essa oportunidade de dialogar, de saber se sou aceita e recebida com tanto carinho pelos mais jovens, me certifica de que a minha vida valeu e vale a pena. Vocês me certificam de que eu estou seguindo o caminho certo.” CONCEIÇÃO EVARISTO. 

Conceição comenta sobre um princípio das culturas africanas com as pessoas de mais idade, de aprender com a experiência e com aconselhamento. Mas também do princípio regendo as sociedades tradicionais africanas, o princípio do tempo espiralado. A mesma referência que se tem com o mais velho, o mais velho tem com o mais novo. Porque, segundo a autora, o mais novo potencializa o mais velho. 

Ter voz é ter responsabilidade 

Lázaro Ramos ressalta que asuas escolhas não são as mesmas de qualquer outro ator. Às vezes eu estou tão cansado que eu só queria fazer um personagem cômico, dar risada e me divertir com a plateia. Isso não é uma coisa que acontece constantemente. Porque eu tenho noção de que eu sou uma exceção. Um ator ter as oportunidades que eu tive, com personagens tão variados, de ser respeitado, de ter investimento em mim, não é o que acontece com a maioria dos atores negros no meu País. 

O ator conta que a sua história também foi narrada pelo ativismo que, mesmo não sendo uma posição tranquila, é um local de responsabilidade. “Durante muitos anos a gente falou do ativismo, sem falar nas nossas sensações mais particulares, mais imediatas e mais privadas. A carreira de um artista no nosso País não é estável, não há sucesso e nem fracasso para sempre. Não sei o que acontecerá daqui alguns anos, mas eu tenho certeza de que essa semente que foi plantada lá atrás, na Bahia, no Bando de Teatro Olodum, vai me acompanhar para sempre e será um norte para as minhas primeiras escolhas”, destaca. 

Representatividade não, presença 

As novas narrativas contadas através da arte, por Conceição Evaristo e Lázaro Ramos - A escritora e o ator, a experiência e a juventude, uma mesma inspiração: abrir portas para que histórias reais sejam contadas

Daniel Quadros, Ricardo Barberena, Lázaro Ramos e Conceição Evaristo / Foto: Reprodução / PUCRS Cultura

Ana Maria Gonçalves, escritora mineira, foi mencionada pela sua fala sobre a importância de ocupar espaços. Lázaro relembrou de um comentário da amiga: “Ana me falou que ela não queria mais saber de representatividade. Ela queria presença!” 

Ser uma referência solitária, uma exceção, é um problema. Existem muitas pessoas talentosas que não têm o seu talento visto e reconhecido, por falta de oportunidades, destaca o ator. “Não quero me sentar nesse lugar de referência e achar que está tudo resolvido. Fora todos os discursos e ódio, da vontade de silenciar, esse processo só vai ser construído quando a gente conseguir dialogar”, acrescenta. 

Para Conceição, essa é uma questão que precisa ser trabalhada todos os dias. “O meu primeiro lugar de recepção foi o movimento negro. Então eu acho importante a gente ter cuidado com esse lugar de exceção, dessa representatividade. Se não, a gente fica representando a gente mesmo. É a representação do eu sozinho”. 

A força da coletividade 

A hashtag #ConceicaoEvaristoNaABL tomou conta das redes em 2018 quando a escritora decidiu concorrer pela sétima cadeira da Academia Brasileira de Letras, podendo se tornar a primeira mulher negra a ocupar o posto. Mais de 40 mil assinaturas foram coletadas em pouco tempo. O Lázaro, inclusive, também se manifestou nas redes sociais em forma de apoio à campanha. 

Conceição afirma que, apesar do resultado, a sua candidatura foi um marco na história da ABL que não será esquecido. A ação ascendeu o debate sobre os espaços que ainda podem e devem ser ocupados por pessoas que refletem a realidade do Brasil e do mundo. 

Série Ato Criativo 

Assista a live completa do terceiro encontro da série Ato Criativo, com a escritora Conceição Evaristo e o ator Lázaro Ramos. 

Série Ato Criativo recebe Lázaro Ramos e Conceição Evaristo - Live falará sobre o fazer artístico e a trajetória dos convidados, com a mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Conceição Evaristo e Lázaro Ramos / Foto: Camila Cunha

A série Ato Criativo receberá a escritora Conceição Evaristo e o ator Lázaro Ramos para uma conversa sobre arte, cultura e as obras ao longo de suas carreiras no dia 28 de julho, terça-feira, às 21h. O evento será mediado pelo jornalista Daniel Quadros e por Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura e professor da Escola de Humanidades da PUCRS. O bate papo será transmitido pelo Canal da PUCRS no Youtube e pela página do PUCRS Cultura no Facebook.

O Ato Criativo se propõe a aproximar o público de personalidades e criadores de diferentes áreas da cultura, proporcionando espaços de bate-papos e trocas com artistas. Nesta edição, os convidados falarão sobre suas trajetórias profissionais, projetos e criações recentes, compartilhando as particularidades de seus processos criativos.

Sobre os convidados

Lázaro Ramos é ator, apresentador, cineasta e escritor. Iniciou sua carreira artística em 1994 ao entrar para o Bando de Teatro Olodum. De 1998 a 2002, foi âncora do Fantástico. Ganhou notoriedade no cinema ao interpretar João Francisco dos Santos no filme Madame Satã (2002). Atuou em diversos espetáculos teatrais, filmes e novelas, ganhando prêmios e atingindo extenso reconhecimento por sua carreira. É autor dos livros Paparutas (2000), A Velha Sentada (2010), O Caderno de Rimas do João (2014), O Coelho Que Queria Mais (2017), Na Minha Pele (2017) e Sinto O Que Sinto: e a incrível história de Asta e Jaser (2019).

Conceição Evaristo nasceu em Belo Horizonte (MG), no ano de 1946. É romancista, contista e poeta. Ganhadora dos prêmios Jabuti de Literatura (2015); Faz a Diferença, na categoria Prosa (2017); e Cláudia, na categoria Cultura (2017). É mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro (1996) e Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (2011). Estreou na literatura em 1990, publicando seus contos e poemas na série Cadernos Negros. É autora dos livros Ponciá Vicêncio (2003), Becos da Memória (2006), Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), Olhos D’água (2014), Histórias de leves enganos e parecenças (2016) e Poemas da recordação e outros movimentos (2017).  Atualmente, leciona na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) como professora visitante.

Sobre os mediadores

Série Ato Criativo recebe Lázaro Ramos e Conceição Evaristo - Live falará sobre o fazer artístico e a trajetória dos convidados, com a mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Série Ato Criativo recebe Conceição Evaristo e Lázaro Ramos. Mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Daniel Quadros é jornalista gaúcho graduado e estudante de Escrita Criativa pela PUCRS. Além disso, é ativista do movimento negro e LGBTQIA+, com participações em diversos projetos. Trabalha com os temas de inovação, ciência, tecnologia, responsabilidade social, educação, diversidade e inclusão. Atualmente faz parte da equipe da Assessoria de Comunicação e Marketing da PUCRS (Ascom) e do projeto AfrotechBR.

Ricardo Barberena nasceu em Porto Alegre, em 1978. Possui Graduação (2000), Doutorado (2005) e Pós-Doutorado (2009) na área de Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É Diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, Coordenador Executivo do Delfos/Espaço de Documentação e Memória Cultural e professor do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Coordena o Grupo de Pesquisa Limiares Comparatistas e Diásporas Disciplinares: Estudo de Paisagens Identitárias na Contemporaneidade e é membro do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea (GELBC).

Jornalista e escritora, que foi casada com José Saramago por mais de 20 anos, conduz fundação que mantém seu legado / Foto: Bruno Colaço 4SEE

Jornalista e escritora, que foi casada com José Saramago por mais de 20 anos, conduz fundação que mantém seu legado / Foto: Bruno Colaço 4SEE

A jornalista, escritora e tradutora espanhola Pilar del Río dedica seu dia a dia à Fundação José Saramago e se diz uma militante das causas que ele defendia “a cada momento”. Casada com o escritor português de 1988 até sua morte, em 2010, relata, em entrevista exclusiva ao portal da PUCRS, sua percepção sobre “um ser tão complexo a ponto de escrever Ensaio sobre a Cegueira e não se deixar cegar pelos holofotes que lhe puseram pelo mundo afora”. Comenta ainda que ele foi a Estocolmo receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998, e falou no avô analfabeto. “Era capaz de ser mexicano no México, brasileiro no Brasil e em Timor ou Moçambique sentir as necessidades das pessoas daqueles lugares.”

Na sexta-feira, dia 5, Pilar del Río esteve na PUCRS para falar sobre a vida, a obra e o legado de Saramago, ao lado do autor português José Luís Peixoto, com mediação do professor Paulo Ricardo Kralik, da Escola de Humanidades. A promoção foi da Universidade com a TAG – Experiências Literárias, que lançou o livro Autobiografia, escrito por Peixoto especialmente para comemorar os cinco anos da empresa. A obra será enviada para cerca de 30 mil assinantes de todo o País através do Kit Curadoria de julho. A atividade foi gratuita e aberta ao público.

Pilar traduziu mais de dez obras do marido para o espanhol. Além disso, escreveu os livros Los Andaluces e Sobre la traducción. Peixoto conheceu Saramago em 2001, quando recebeu o prêmio que leva o nome do renomado escritor pelo romance Nenhum Olhar. O próprio Saramago afirmou que Peixoto era “uma das revelações mais surpreendentes da literatura portuguesa. É um homem que sabe escrever e vai ser o continuador dos grandes escritores”.

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Pilar del Río e José Luis Peixoto estarão na PUCRS dia 5, sexta, em evento gratuito no Teatro do prédio 40 / Fotos: Rodrigo Benatti (E) e Patrícia Santos Pinto (D)

Confira mais sobre o olhar de Pilar como tradutora, ativista e jornalista. Colaborou com perguntas o diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, Ricardo Barberena.

O poeta e tradutor brasileiro Haroldo de Campos definia o processo de tradução como uma transcriação. Como avalia esse ofício? Qual foi o seu maior desafio nas obras traduzidas de José Saramago?

Passar para o espanhol a música do português. Traduzir é uma recriação na qual intervêm o respeito e o amor. Se não há empatia com o texto, o espírito do original pode se perder.

A senhora poderia comentar os possíveis significados do romance A viagem do elefante? Como se deu esse inusitado processo de um romance ser o ponto de partida para a construção do documentário José e Pilar?
O documentário e o romance se encontraram por casualidade. Uma vez terminada a rodagem, o diretor percebeu que tinha nas mãos um documento único: a vida de um escritor (e a sua quase morte) ao longo de vários anos. Miguel Gonçalves Mendes, o autor do filme, percebeu a importância que terminar esse romance tinha para José Saramago e soube colocar isso em evidência. E por esse motivo o documentário tem tanto valor. Para José Saramago, desde quando começou a escrevê-lo, o livro era uma reflexão sobre o sentido da vida.

Numa recente entrevista para o jornal português Expresso, a senhora afirmou que José Saramago foi uma maldição porque não gosta de ser considerada o apêndice de um grande homem. Como a senhora enfrenta “essa maldição”?
Foi uma brincadeira, uma resposta entre risos. José Saramago foi, sim, uma maldição para aqueles que detestam a pluralidade, a liberdade, a justiça social e a harmonia entre seres humanos. Para mim, que não estou nesse grupo, foi uma bênção que agradeço diariamente.

Como jornalista, como avalia a atuação da imprensa nos dias atuais?
Às vezes penso que a imprensa, os meios de comunicação são pornográficos, obscenos. Não porque coloquem os seres humanos nus em posições extravagantes, mas porque intervêm na sociedade a favor de seus interesses com uma suposta narrativa profissional e imparcial. Têm direito de o fazer, desde que partam com essa premissa editorial: estamos aqui para defender o sistema capitalista, não incomodem com outras propostas. Se assim for, tudo bem, estão em seu direito.

“José Saramago foi uma maldição para aqueles que detestam a pluralidade, a liberdade, a justiça social e a harmonia entre seres humanos. Para mim, que não estou nesse grupo, foi uma bênção que agradeço diariamente.”

No Brasil, existe um movimento importante de escritoras ativistas. A senhora identifica um fenômeno semelhante em Portugal?
Em Portugal, há escritoras – não me atrevo a colocá-las como parte de um grupo – que são conscientes dos valores humanos. Não sei se não é reducionista dizer que são “escritoras ativistas”. Acho que são escritoras e que o ativismo é um valor relacionado à cidadania, que pode ou não ser incorporado por elas. No entanto, há escritoras como Lídia Jorge, Inês Pedrosa, Dulce Maria Cardoso ou Ana Margarida Carvalho que defendem políticas que nos permitem avançar como sociedade. Ou como seres humanos, se não quisermos ser tão ambiciosos.

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Qual o papel de uma fundação cultural em tempos efêmeros e de imediatismo e embrutecimento de relações humanas?
Promover o debate de ideias, a celebração de culturas, a necessidade da ética da responsabilidade.

O quanto do seu dia a dia é dedicado ao legado deixado por Saramago em relação à sua obra e a seu engajamento político na defesa dos direitos humanos?
O dia todo, a cada momento, mas de maneiras distintas. Não é um trabalho, mas uma militância. E quando se milita não se faz em horário de expediente, se faz o tempo todo.

A senhora disse em entrevista que se casou com um dos homens mais completos do século 20. Quem era o José Saramago que poucos conheciam?
Um ser tão complexo a ponto de escrever Ensaio sobre a Cegueira e não se deixar cegar pelos holofotes que lhe puseram pelo mundo afora. O homem que foi a Estocolmo e falou do avô analfabeto. Aquele capaz de ser mexicano no México, brasileiro no Brasil e em Timor ou Moçambique sentir as necessidades das pessoas daqueles lugares. Em Washington, não se sentia acuado pelas forças do império e em Paris falava na importância das culturas, declarando, isso sim, a sua admiração pela cultura francesa, sobre a qual trabalhou tantos anos traduzindo autores franceses ou a partir do francês, porque a esse idioma, naquela altura, chegavam todos.

O Prêmio Nobel, em 1998, mudou a vida de vocês? Em que medida?
Não mudou nada: o horário de se levantar continuou sendo o mesmo, os almoços seguiram iguais, os amigos eram os que sempre tinham sido. Um prêmio não muda a pessoa, poderia mudar algumas circunstâncias exteriores, como a visibilidade ou a repercussão de seus livros ou palavras. Em qualquer caso, José Saramago já era um valor consolidado internacionalmente. O Nobel só reconheceu isso, o escritor continuou trabalhando e sendo ele mesmo. Basta ver os livros que ele escreveu depois do prêmio e as declarações que fez.

A senhora já leu o novo livro de José Luís Peixoto? Qual a sua impressão? Faz parte do enredo?
Li e gostei. O enredo envolve dois escritores, um jovem e outro já consagrado. O resto é paisagem…

Fotos: Camila Cunha

Trabalho de bastidores garante o sucesso da programação/Fotos: Camila Cunha

Para a atriz Fernanda Montenegro pisar no palco do Salão de Atos da PUCRS, fazer a leitura dramática de Nelson Rodrigues por ele mesmo e receber o Mérito Cultural da Universidade foram meses de negociações, dezenas de e-mails e telefonemas. Pesou na demora a idade – 89 anos, sem contar que ficou afônica pouco tempo antes da sua vinda. A equipe do Instituto de Cultura precisou transportar de caminhão do Rio de Janeiro uma mesa e uma cadeira (cenários do espetáculo). Todo esse trabalho de bastidores contribuiu para que o evento de outubro de 2018 tivesse tanta repercussão, com 1,3 mil expectadores, e ocorresse ainda na PUCRS o lançamento do Itinerário autobiográfico de Fernanda, publicado pelo Sesc.

No ano passado, foram promovidas mais de 80 atividades, trazendo para a Universidade 243 artistas da música e do teatro, 47 escritores e 184 pesquisadores e alunos, dirigidas a um público acima de 15 mil pessoas.

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Equipe do Instituto de Cultura

“O Instituto é mediador entre o público docente e discente no contato com a cultura”, enfatiza o diretor, Ricardo Barberena, professor da Escola de Humanidades. Uma aluna revelou que Caio do céu foi a primeira peça a que assistiu na vida. Um funcionário se encantou com a presença da atriz e escritora Fernanda Torres. Um gestor relatou que se sentiu bem com as notas do piano no Living 360°. “Como professor, me encanto quando vejo quem não estava habituado a determinados eventos se emocionar e ter um fascínio despertado. A cultura é um instrumento de humanização e sensibilização diante do mundo”, festeja Barberena.

Confira a reportagem completa sobre os bastidores do Instituto na Revista PUCRS.

 

Conversa com Nathalia Timberg, Instituto de Cultura, Nathalia Timberg

Carlos Gerbase, Nathalia Timberg (em pé), Sandra Dani e Luiz Paulo Vasconcellos / Foto: Bruno Todeschini

Perto de completar 90 anos, Nathalia Timberg, um dos grandes nomes do teatro brasileiro, protagonizou uma noite memorável na PUCRS na quinta-feira, 21 de março. Em promoção do Instituto de Cultura, em parceria com o Theatro São Pedro, com entrada franca, a atriz falou para um público atento no Salão de Atos. Advertiu que seria repetitiva, seguindo a própria Fernanda Montenegro na sua vinda à PUCRS, em 2018, mas não poderia deixar de mencionar que “a educação decorre da cultura, e não o oposto”. A frase foi uma resposta à atriz Sandra Dani, que participou como uma das entrevistadoras, sobre como ela via a questão da atual censura à arte. Nathalia comentou ser espantoso que em pleno século 21 haja esse tipo de cerceamento da liberdade, o que acontece não somente no Brasil.

Ao relembrar 1968, quando se perguntava sobre o seu caminho como ser social, citou um diretor italiano que lhe disse: “Quando você atua sobre a inteligência e a sensibilidade de um povo, faz mais do que qualquer panfleto. Não é preciso realizar um tratado de filosofia”.

A força e o papel do teatro estiveram no centro da conversa de Nathalia com Sandra e o ator e diretor Luiz Paulo Vasconcellos, mediada pelo cineasta Carlos Gerbase, professor da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos. Para a convidada principal, o teatro é “uma tribuna onde melhor se discute o homem e a sociedade” ou “o sonho em estado de vigília”.

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Salão de Atos contou com grande público para prestigiar a atriz / Foto: Bruno Todeschini

Nathalia vê o ator como um intérprete, alguém que precisa mergulhar em um universo novo de um autor, diretor e personagem. No caso dos clássicos, além de se manter fiel ao texto, deve torná-lo palatável, trazer para o momento atual e alcançar a plateia. “O ator viaja pelo seu mundo e pela forma de expressão do ambiente em que vive. De repente, tem de abandonar sua maneira de falar e assumir estilos que os autores abordados proporcionam. A desconstrução deve passar pela construção e conhecimento desse universo infinito e conseguir comunicá-lo,” argumenta a atriz.

Teatro x TV x cinema

Na comparação entre teatro, cinema e televisão, a atriz conclui que “não se pode imputar ao veículo o pecado de quem lida mal com ele”. “Quanto mais primária é a formação de um público, mais responsabilidade tem quem se propõe a se comunicar com ele”, defende.

Hoje vê o teatro como sendo de uma minoria. No início da carreira, atuava várias vezes por semana. Recorda ainda a ousadia do seu grupo, com Fernanda Montenegro, Sérgio Britto e Ítalo Rossi, de fazer grandes nomes da dramaturgia universal. Com a novela O direito de nascer, teve consciência do alcance da televisão e da sua responsabilidade.

A sua fala terminou como começou, com o público de pé aplaudindo. Só que, desta vez, instigado pela atriz, em homenagem à memória de Eva Sopher, por sua luta à frente do Theatro São Pedro.

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A força e o papel do teatro estiveram no centro da conversa com Nathalia / Foto: Bruno Todeschini

Em visita à reitoria, antes do bate-papo no Salão de Atos, Nathalia fez questão de lembrar o papel de Eva, mantendo Porto Alegre “acordada”. Também expressou sua preocupação com o empobrecimento da linguagem e o sucateamento da formação. Acompanhada de sua produtora, foi recebida pelo reitor Ir. Evilázio Teixeira, pelo vice-reitor, Jaderson Costa da Costa, pelo chefe de gabinete da Reitoria, Alexander Goulart, pelo presidente da Fundação Theatro São Pedro, Antonio Hohlfeldt, também professor da PUCRS, pelo diretor do Instituto de Cultura, Ricardo Barberena, e por Gerbase.

Theatro São Pedro

A atriz está em cartaz desta sexta-feira a domingo – de 22 a 24 de março, no Theatro São Pedro, com o documentário cênico Através da Iris. Na peça, Nathalia vive a nova-iorquina Iris Apfel, 97 anos, empresária, designer de interiores e uma das referências mundiais na arte pop e no mundo fashion. Com texto de Cacau Hygino e direção de Maria Maya, a peça retrata uma entrevista de Iris, reconhecida por seu jeito exuberante, que surpreende por sua autenticidade e liberdade de ser e agir.

 

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Zambra comentou a influência da ditadura na sua obra/Foto: Camila Cunha

O festival Primavera Literária Brasileira proporcionou três dias de debates, oficinas e performances. Realizado pela primeira vez no País, o evento recebeu, na tarde de segunda-feira (dia 22 de outubro), o escritor chileno Alejandro Zambra, que à noite participou do Fronteiras do Pensamento, e o escritor e cineasta marroquino Abdellah Taïa. A influência das questões históricas e culturais na literatura foi o ponto em comum entre os dois convidados.

Na conversa com o diretor do Instituto de Cultura, Ricardo Barberena, e o escritor Reginaldo Pujol Filho, Zambra comentou sobre a presença do período do governo do ditador Pinochet nos seus textos. Ao falar na infância, não consegue deixar de mencionar a ditadura. “Os adultos pareciam mal-humorados, sérios, silenciosos. Depois me dei conta de que havia medo.” Ao mesmo tempo, tentavam mostrar um Chile sem conflitos, em paz, através de notícias falsas. “Os mortos que não são de tua família te doem. Passa-se à experiência social e civil. Ser parte de um país se supõe estar em relação com essa dor coletiva.”

Colonialismo e identidade

Pela primeira vez no Brasil e no Hemisfério Sul, Taïa começou sua fala dizendo ser quase um milagre ver seus livros produzidos e traduzidos. Conhecido por assumir publicamente sua homossexualidade, considerada um crime no seu país natal, o Marrocos, apontou que sua condição dá origem a vários conflitos e se propõe a reforçá-la em vez de escondê-la. O fato de morar na França, mais tolerante às diferenças, não o faz iludido perante à prometida liberdade, quase um slogan publicitário. A própria proibição à homossexualidade é uma herança do colonialismo, depois assumida pelos reinos marroquinos. “E hoje os países europeus apontam: ‘Veja, oprimem os homossexuais!’”, reforçou. Para ele, é preciso pensar sob o ângulo dos países periféricos.

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Taïa falou sobre a condição de árabe e homossexual na França/Foto: Bruno Todeschini

À sua fala de desesperança, lembrou que às vezes as coisas acontecem. “A Primavera Árabe, de 2010, impôs algo novo. As pessoas acordaram.” Taïa reforçou que a homossexualidade é política. “Você está sozinho e o mundo contra você. Quem não quer mudar é porque pode perder o poder.”

Quando ingressou na universidade, em 1992, vagava pela capital Rabat sem condições nem de almoçar. Um dia entrou em um órgão de atendimento do governo e uma senhora analfabeta o pediu que escrevesse uma carta ao rei contando seus pesares desde o tempo do colonialismo. Naquele momento entendeu o que é se tornar voz de uma pessoa. Começou então a escrever cartas que resultaram em livros.

A conversa com Taïa teve como mediadores o professor e poeta Leonardo Tonus e a escritora Natalia Borges Polesso. Ao final, ele autografou o romance Ele que é digno de amar, lançado no Brasil pela editora Nós.

Lugares, memórias e afetos

Entre performances e leituras, poetas brasileiros conversaram sobre seus livros, processos de criação e temas abordados nas suas obras durante a 1ª Jornada de Poesia Contemporânea, na sexta-feira (dia 19 de outubro). Em uma das mesas, dividiram o palco Tonus, Marco de Menezes e Ana Martins Marques, situando lugares, memórias e afetos em seus textos. Trataram da necessidade de escrever, da estranheza do ser poeta e da capacidade que a literatura tem de mostrar caminhos. Instigados pela mediadora, professora da Escola de Humanidades Moema Vilela Pereira, comentaram sobre a ideia de Paul Celan da poesia como regresso à casa. Depois de ler um trecho da sua experiência em Berlim, em que aborda os muros, os medos e os silêncios da humanidade, e com a vivência de 30 anos fora do Brasil, Tonus disse que várias línguas o atravessam e se sente também sem um lugar próprio. “A literatura não é espaço de conforto. Quero dizer algo e busquei uma forma que se aproximasse mais da poesia.”

Ana comentou que “escrever é como uma atividade doméstica”. Nos seus textos, cita objetos domésticos e espaços da casa, mas, ao mesmo tempo, esse espaço se abre. Começou a se expressar ainda criança e se sentia acolhida. Ao publicar livros, a casa está à mostra e provoca desconforto.

“O poeta é filho da criança”, complementou Marco. Da infância vem a inspiração. A composição das “coisas ordinárias do mundo” gera o escritor. “Quando leem o nosso texto ou nós mesmos lendo em voz alta há uma clivagem (fragmentação) que resulta em desamparo”, define o poeta.

Professor de Literatura, Tonus se sentiu “obrigado” a escrever ao ouvir o relato de uma escritora síria em Berlim. Estava fazendo uma pesquisa sobre refugiados quando ela repetiu uma ladainha por meia hora: “Da casa que deixei que já não existe já não me lembro. Da rua… Do filho… De uma coisa eu me lembro – dos gritos das mulheres que me ensurdecem até hoje”. De bicicleta chorando pelas ruas berlinenses, teve vontade de levar essa voz para a literatura. “O que vivi foi um tapa na cara e acho que o leitor deve acordar, ainda mais na situação que o Brasil e o mundo vivem hoje”, destacou Tonus.

Ana disse não gostar do discurso da literatura como redentora, mas “me ajudou a descobrir o que eu pensava e é um convite para ver em outras perspectivas”.

O estar em comum proporcionado pela sala de aula é um momento de respiro para Tonus. “Como professor alguém espera algo de mim”.

O evento também ofereceu oficinas distribuídas por três lugares de Porto Alegre: Multipalco do Theatro São Pedro, Aldeia e Fora da Asa.

Origem do evento

A Primavera Literária Brasileira foi idealizada pelo professor de Literatura Brasileira da Sorbonne e poeta Leonardo Tonus e estreou em 2014. Desde então, o evento ocorre anualmente em Paris e já levou mais de cem escritoras e escritores, artistas plásticos, quadrinistas, dramaturgos e coreógrafos brasileiros para palestras, debates, saraus, leituras, oficinas e lançamentos de livros.

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Ministro Sá Leitão conheceu estúdio do Tecna, apresentado pela coordenadora Aletéia Selonk / Foto: Camila Cunha

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, veio ao Rio Grande do Sul na sexta-feira, 3 de agosto, para conhecer iniciativas locais no campo da indústria criativa. No Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), foi recebido pelo pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, Marcelo Bonhemberger, pelo diretor do Instituto de Cultura, Ricardo Barberena, e pelo diretor-presidente da empresa Box Brazil, Cícero Aragon. No local, além de reunir-se com a gestão da programadora de TV por assinatura independente, também visitou o Aquiris Game Studio. Na sequência, Sá Leitão conheceu o Tecna – Centro Tecnológico Audiovisual do RS, em Viamão, onde conversou com a coordenadora Aletéia Selonk. Ela apresentou a estrutura e os projetos em desenvolvimento no local, acompanhada do assessor da Reitoria na Área de Relações Institucionais, Solimar Amaro.

Conforme o professor Barberena, foi apresentada a Sá Leitão a nova concepção da cultura na Universidade, principalmente com o objetivo de transformá-la em um polo cultural, com todas as formas de manifestação arte contempladas pelo Instituto. “O ministro ficou muito interessado ao saber que temos uma agenda cultural mensal consolidada e pelo fato de nossas iniciativas, como a Rua da Cultura, serem abertas à comunidade”, destaca o diretor. Ele acrescenta que existe a possibilidade de o representante do Ministério da Cultura retornar ao Campus, pois ficou bem impressionado, também, com o fato de o Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural contar com mais de 50 acervos, os quais pretende também conhecer.

A gestora do Tecna, professora Aletéia, afirma que durante a visita, “tivemos a oportunidade de mostrar a estrutura do Centro Tecnológico Audiovisual, já em uso, como o Estúdio A e os ambientes de pesquisa, bem como detalhar as próximas fases da implantação e nosso planejamento de operação e articulação com agentes locais e nacionais”. A coordenadora recordou que essa foi a primeira visita de um ministro da Cultura pelo Tecna, desde sua fase de elaboração. Ao avaliar a passagem pelo local, Sá Leitão mencionou que “o impacto de uma estrutura como esta para o RS é muito grande. O município de Viamão ganha também em diferencial e em oportunidade por se relacionar com esta nova economia que é a criatividade e o audiovisual”, ressaltou. O ministro ainda elogiou a PUCRS “por conduzir um projeto importante como este, de forma ponderada, avançando fase por fase, e com grande visão de futuro”.

Fernanda TorresNo dia 14 de maio, das 14h às 15h30min, a atriz e escritora Fernanda Torres vai fazer um bate-papo literário no saguão da Biblioteca Central com a comunidade universitária. Em 2013, ela publicou seu primeiro romance, Fim, que vendeu mais de 150 mil exemplares e foi lançado em países como França, Holanda, Itália e Portugal. No ano seguinte, reuniu crônicas veiculadas na imprensa no livro Sete anos. E, no final de 2017, lançou o romance A glória e seu cortejo de horrores.

O encontro terá a mediação do diretor do Instituto de cultura, professor Ricardo Barberena, e da escritora Carol Bensimon (mestre em Escrita Criativa pela PUCRS). Gratuito e aberto à comunidade em geral, o evento recebe inscrições pelo link. Vagas limitadas.

Fronteiras do Pensamento

Às 19h45min do mesmo dia, Fernanda Torres participará de debate especial no Fronteiras do Pensamento com o artista plástico Vik Muniz. A programação ocorre no Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110). O mundo em desacordo: democracia e guerras culturais é o tema da temporada de 2018. Depois de Fernanda Torres e Vik Muniz, até novembro, participarão outros nove conferencistas reconhecidos internacionalmente.

Descontos para a comunidade universitária

A PUCRS é parceira cultural do evento. Professores, técnicos administrativos, mestrandos, doutorandos e alumni (diplomados) da Universidade contam com 50% de desconto para as conferências. Podem também comprar ingresso para um acompanhante com o mesmo desconto. Os diplomados devem portar a carteira Alumni na hora da compra. É obtida na sala 109 do prédio 1, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30. Contatos: Rede Alumni. Os universitários têm meia-entrada, se portarem carteira de identificação estudantil, conforme legislação.

Durante o mês de maio, das 17h às 21h, a PUCRS contará com ponto de vendas exclusivo do Fronteiras na Central de Atendimento ao Aluno (prédio 15). Basta apresentar o cartão da Universidade. No local, será aceito pagamento apenas em cartão de débito ou crédito. Os convites podem ser adquiridos ainda por este link, após solicitarem o código que habilita o desconto pelo e-mail ou pelo telefone 4020-2050.

Saiba mais

Fernanda Torres é uma das mais originais e reconhecidas atrizes do teatro, do cinema e da televisão no Brasil. Com formação na escola de atores O Tablado, fez sua estreia na peça Um Tango Argentino, da dramaturga Maria Clara Machado, e atuou em novelas a partir da década de 1980. Em 1986, recebeu a Palma de Ouro de Melhor Atriz no Festival de Cannes pelo filme Eu Sei que Vou Te Amar, do cineasta Arnaldo Jabor. No cinema, destacou-se em Terra Estrangeira, de Walter Salles Jr. e Daniela Thomas, O Que É Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto, e Casa de Areia, de Andrucha Waddington. Desde 2003, encena o monólogo A Casa dos Budas Ditosos, com texto de João Ubaldo Ribeiro e direção de Domingos de Oliveira. Na televisão, com exceção de Luna Caliente, adaptação do romance de Mempo Giardinelli, a maioria dos seus trabalhos foi pautada pelo humor.

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Ricardo Barberena assina posfácio do livro
Foto: Camila Cunha

Em 1996, Ricardo Barberena assistiu a uma aula inaugural de Ariano Suassuna na UFRGS e relembrou o fato uma década depois por ocasião dos 80 anos do escritor nordestino em texto publicado no jornal Zero Hora. “O reino pedregoso de Suassuna” teria consequências jamais previstas pelo diretor do Instituto de Cultura da PUCRS e professor da Escola de Humanidades. “Passaram o artigo para Suassuna ler e ele me ligou dizendo que era um dos poucos textos que o emocionara sobre sua obra. Pediu autorização para que eu fosse um personagem de seu próximo livro e aceitasse prefaciá-lo”, conta Barberena, que logo se impressionou com a simplicidade do escritor. Encontraram-se em 2009 na PUCRS, durante o Congregarh, evento sobre gestão de pessoas, e ficaram mais de duas horas conversando. Começava aí uma amizade entre o autor do clássico O Auto da Compadecida e o professor de Teoria Literária.

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Professor Barberena
Foto: Camila Cunha

Eis que em 2017 foi lançado o livro póstumo A Ilumiara – Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores e Barberena assina o posfácio. Aparece como um professor que assiste a uma aula-espetáculo e escreve para o Jornal de Caruaru exaltando o “Quixote sertanejo”, que hipnotizou uma plateia de quase 2 mil pessoas “com a sua técnica de encantação que remonta aos primórdios da expressão literária – a Arte oral de narrar histórias”. As linhas, originalmente publicadas em Zero Hora, tiveram uma única mudança pedida por Suassuna. Trocar “um escritor que carrega no olhar a ternura de um palhaço felliniano” por “chapliniano”. Preferia se identificar com Charles Chaplin do que com Federico Fellini.

 

Testamento literário

Escrito durante 33 anos, o livro tem mais de mil páginas, divididas em dois volumes: O jumento sedutor e O palhaço tetrafônico. Chamado por Suassuna de autobiografia musical, dançarina, poética, teatral e vídeo-cinematográfica, tem como personagens o próprio autor e pessoas que encontrou ao longo da vida, familiares, amigos e críticos literários. “Devo fazer a todos a mesma advertência que José de Alencar colocou num dos seus livros: ‘Sou Eu o assunto deste Drama. É provável que muita gente aqui se visse atraída pelo título. Mas isto aqui não é Jornal, nem Auto, nem sermão de Igreja. Não há, nele, nem Gaitas nem Zabumbas. Portanto, quem não gostar de insipidez, acertará evitando a leitura”, avisou.

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Ricardo Barberena e Esther Simões no lançamento do livro
Foto: Arquivo Pessoal

Lançado pela Editora Nova Fronteira, traz ilustrações de Suassuna, uma caligrafia criada por ele inspirada na marca de gado sertanejo e conta com prefácio de Carlos Newton Júnior, especialista em sua obra.

Barberena participou da aula-espetáculo, no Recife (Pernambuco), para o lançamento de Romance de Dom Pantero, ao lado de Manuel Dantas Suassuna, filho de Ariano, Esther Simões, neta, e Newton Júnior, que nos últimos sete anos de vida do mestre e amigo digitalizou os manuscritos e coordenou a edição. Na oportunidade, Barberena visitou a casa de Suassuna, repleta do universo de suas obras. Haverá outros eventos no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

Mais sobre Suassuna

Ariano Suassuna morreu aos 87 anos, em 23 de julho de 2014. Nasceu em Nossa Senhora das Neves, na Paraíba, mas a família se mudou para o Recife quando tinha 11 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras, escreveu a mais importante obra do teatro brasileiro, O auto da Compadecida. Outra obra que lhe deu renome nacional e internacional foi o Romance d’A Pedra do Reino. Romancista, ensaísta, dramaturgo, professor e advogado, teve sua produção marcada pelo conhecimento da cultura nordestina.

Foi o  idealizador do Movimento Armorial, lançado no Recife em 1970, para realizar uma arte erudita brasileira a partir das raízes populares da nossa cultura, segundo ele mesmo definiu. Com sua atuação na Secretaria de Cultura de Pernambuco, deu vida a aulas-espetáculo, percorrendo todo o estado com o Circo da Onça Malhada, levando músicos, bailarinos, cantores, cantadores e violeiros. De vermelho e preto, ele mesmo experimentou o personagem Dom Pantero, encantando plateias com seus causos imaginativos.