Reinaldo Lopes durante o evento Jornalismo Científico - uma conversa aberta

Reinaldo Lopes durante o evento Jornalismo Científico – uma conversa aberta
Foto: Camila Cunha – Ascom/PUCRS

Como levar as descobertas científicas ao grande público? O jornalista e o cientista falam a mesma língua? Essas foram algumas das questões discutidas no evento Jornalismo Científico – uma conversa aberta, realizado na última terça-feira, 19 de abril, no Global Tecnopuc. O debate foi conduzido pelo jornalista Reinaldo Lopes, ex-editor de ciência da Folha de S. Paulo e atual repórter e blogueiro da mesma editoria, e Eduardo Eizirik, professor e pesquisador da Faculdade de Biociências da PUCRS. O evento marcou a divulgação do Catálogo de Pesquisas da Universidade.

Um dos pontos ressaltados pelo blogueiro foi a tendência de não haver intermediários na divulgação dos trabalhos científicos. A ideia é fazer uso das novas tecnologias, como Youtube, Snapchat ou Instagram, para dar visibilidade a esse conteúdo. “Cada vez menos as pessoas consomem a grande mídia. É preciso falar direto com o público”, afirmou. Para ele, os jornalistas que são referência na área ainda estão presos aos modelos velhos de comunicação: “Como usar de maneira efetiva essas tecnologias para que tenha impacto no público? Não sei”. E o que é relevante para a divulgação científica no Youtube, por exemplo? Reinaldo lembra que o apoio técnico visual tem cada vez menos importância (a preocupação com a qualidade técnica do vídeo, como recursos gráficos). Nesse caso, o que vale é a construção da relação pessoal com quem está assistindo. Complementando o assunto, Eizirik lembrou que as revistas científicas funcionam como uma espécie de “selo de qualidade” para a publicação de pesquisas.

O pesquisador relatou também a dificuldade, durante as entrevistas, de conseguir explicar o tema, simplificando-o a ponto de o jornalista e o público entenderem. “Fomos treinados para dizer de um jeito, e achamos que mais simples que aquilo está errado”, lembrou. A realidade atual dos veículos de comunicação, normalmente com uma redação enxuta, faz com que poucos locais tenham pessoas que cubram apenas ciência. Para Lopes, isso é reflexo de uma cultura, em que a ciência não é uma parte considerada essencial no País. “Se você não sabe o que é um átomo, ou um DNA, tá fazendo o que no século 21?”, polemizou.

Veja abaixo alguns dos assuntos debatidos, baseados em perguntas feitas pelos participantes e respondidos pelo jornalista:

 

O que é notícia do ponto de vista científico?

O blogueiro ressaltou que isso depende da subjetividade de cada veículo. O que pode ser destaque em um periódico, por exemplo, pode não ser em outro.  “Notícia é o que muda a vida das pessoas”, simplificou.

 

Até que ponto a fonte pode interferir no conteúdo gerado a partir da entrevista?

Para o jornalista, a receita é saber “ceder” em alguns casos. “É importante ver se o que está sendo corrigido é uma informação ou se é questão de estilo. Cientista também não é editor. Quem tem que gostar do meu estilo é o meu editor”, ressaltou.

 

Como lidar com a instantaneidade das redes sociais e a desinformação que causa em alguns assuntos?

Lopes cita a inércia em lidar com as novas tecnologias e lembra a importância de as grandes empresas pararem de pensar somente no institucional, tentando se inserir de maneira mais orgânica nesse ambiente viral. “Por exemplo, o WhatsApp é um aplicativo muito utilizado, mas de que maneira inserir um canal de ciência nesse meio? Se eu te falar que eu sei eu minto”, finalizou.

Catálogo de Pesquisas PUCRS 2016

Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

A PUCRS promove na próxima terça-feira, 19 de abril, o evento Imprensa e Ciência – uma conversa aberta, que receberá Reinaldo Lopes, repórter, blogueiro e ex-editor de Ciência e Saúde do jornal Folha de S. Paulo. O jornalista participa de um debate no Global Tecnopuc, no qual trará sua experiência em noticiar ciência, tecnologia e inovação como colaborador de algumas das principais publicações da área no País, entre elas Ciência Hoje, Scientific American Brasil, Superinteressante e Pesquisa Fapesp. O debatedor será o professor da Faculdade de Biociências da PUCRS Eduardo Eizirik. Biólogo e doutor em Biologia pela University of Maryland at College Park (EUA), tem experiência nas áreas de Genética Evolutiva, Genômica, Sistemática Filogenética, Ecologia Molecular e Genética da Conservação.

O evento tem início às 17h, e pretende gerar interação entre pesquisadores, empresários, comunicadores e demais interessados em divulgação científica. Durante a atividade, estarão expostos painéis com os eixos temáticos da pesquisa na Universidade, os indicadores da Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento e haverá a exibição de vídeos do Catálogo de Pesquisas PUCRS 2016. Inscrições gratuitas pelo site goo.gl/forms/vVZ6WsqQJb.

 

Sobre Reinaldo Lopes

Reinaldo Lopes

Graduado em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

Seu trabalho acadêmico concentra-se na análise da obra de ficção de J.R.R. Tolkien sob o prisma da teoria da tradução. É autor de três livros de divulgação científica: Além de Darwin (2009), Os 11 Maiores Mistérios do Universo (2014) e Deus: Como Ele Nasceu (2015). Já colaborou com as principais revistas de divulgação científica do País, como Unesp Ciência, Pesquisa Fapesp, Superinteressante, Scientific American Brasil, Ciência Hoje e Aventuras na História.