diagnóstico do alzheimer

De forma pioneira no Brasil, InsCer passa a realizar o diagnóstico do Alzheimer com o radiofármaco Florbetabeno / Foto: Igor Bandera

Apesar de não possuir cura, a doença de Alzheimer não é uma sentença. Quanto mais cedo é identificada, melhor é a resposta aos tratamentos. Para aprimorar o diagnóstico assertivo da doença, o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) passa a comercializar de forma pioneira e exclusiva no Brasil o radiofármaco Florbetabeno (18F).

A comercialização do produto foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) neste mês. A produção experimental do radiotraçador teve início em 2020 e desde março de 2021 a produção foi oficializada para fins de pesquisa. Com a permissão da Anvisa, o produto passará a ser distribuído para as regiões Sul e Sudeste.

Demência mais frequente entre a população brasileira, o Alzheimer já atinge mais de 2 milhões de pessoas com mais de 60 anos, segundo o IBGE. Capaz de marcar placas beta-amilóide no cérebro, biomarcadores característicos da doença de Alzheimer, o Florbetabeno (18F) torna o diagnóstico mais assertivo. Desenvolvido pela alemã Life Molecular Imaging, o produto foi trazido para o Brasil em uma parceria entre o Instituto do Cérebro e a empresa R2IBF, que atua na produção de radiofármacos, com apoio da FInanciadora de Estudos e Projetos (Finep).

“Sabemos que o Alzheimer é uma doença que afeta não só a pessoa que é acometida, mas também impacta em muito todos do seu convívio. Fazer um diagnóstico preciso, não só é importante para um tratamento adequado, mas também para melhor preparar a família. Justamente no ano em que completamos 10 anos de história, é uma grande satisfação poder oferecer para a sociedade brasileira um radiofármaco que auxilia em muito no manejo desta doença tão avassaladora. Tudo isso só foi possível graças ao grande empenho de toda a nossa equipe e também dos nossos parceiros Life e Grupo R2IBF”, diz Louise Hartmann, coordenadora de produção do InsCer.

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Centro de Produção de Radiofármacos está situado no andar térreo do Instituto do Cérebro / Foto: Igor Bandera

Com a autorização da Anvisa, o InsCer produzirá e fornecerá o radiofármaco para hospitais e clínicas, tornando-se pioneiro na comercialização desse produto. Desde 2014 o produto é aprovado por órgãos regulatórios internacionais, como a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, e European Medicines Agency (EMA), da Europa.

Diretor-executivo do Grupo R2IBF, Roberto Vieira destaca a importância da parceria firmada entre o InsCer e o Grupo R2IBF. “Essa cooperação permite que as duas instituições trabalhem na fronteira do conhecimento, trazendo para o Brasil o que existe de mais moderno no mundo na especialidade Medicina Nuclear, possibilitando o acesso da população brasileira a radiofármacos cada vez mais inovadores”, comenta.

Doença de Alzheimer

Descrita em 1906 pelo médico Alois Alzheimer, a doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência, isto é, de perda das funções cognitivas. Estima-se que, hoje, mais de 55 milhões de pessoas tenham demência no mundo. Desse total, entre 60% e 70% são casos de Alzheimer, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Como a enfermidade está relacionada ao envelhecimento, a tendência é que esses números cresçam proporcionalmente ao avanço da idade da população. No Brasil, a quantidade de pessoas acima de 65 anos deve alcançar os 40% até 2100, conforme levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2010, o percentual de idosos no país era de 7,3%.

Serviço

O diagnóstico do Alzheimer é realizado a partir do exame PET/CT, que utiliza o radiofármaco Florbetabeno para indicar de forma assertiva se há ou não depósitos de substâncias beta-amilóide no cérebro, biomarcadores característicos da doença. O agendamento do exame pode ser feito pelo telefone (51) 3320-5900. Mais informações também podem ser consultadas pelo site inscer.pucrs.br.

Leia também: Quando a memória falha, é Alzheimer?

Equipe do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul produzirá novo radiofármaco / Foto: Divulgação

O Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) passou a produzir oficialmente o radiofármaco Neuraceq neste mês. A substância, que nunca foi utilizada no Brasil, auxilia no diagnóstico de pacientes com comprometimento cognitivo e que apresentem quadros da doença de Alzheimer. A produção experimental do radiotraçador, realizada no final de 2020, ocorreu com sucesso.

Jaderson da Costa, diretor do InsCer, foi o anfitrião da reunião de abertura do projeto de Avaliação de neuroimagem estrutural e molecular em síndromes demenciais, que aconteceu no começo de março. O encontro virtual oficializou a produção do Neuraceq no País e contou com a presença de instituições parceiras, como UFPR/CETAC, DASA, Instituto de Pesquisa D’Or, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, United Health Group Brasil, UNICAMP e Hospital Albert Einstein.

Para a produção do radiofármaco está sendo utilizado o equipamento Synthera +, da empresa IBA, instalado no InsCer. Após o período de desenvolvimento do projeto a máquina permanecerá no Brasil para dar continuidade à iniciativa, fruto da colaboração entre InsCer, grupo R2IBF e a empresa Life Molecular Imaging, desenvolvedora do produto.

Jaderson da Costa em reunião com parceiros do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul / Foto: Reprodução

Segundo Louise Hartmann, coordenadora do Centro de Produção de Radiofármacos do InsCer, a colaboração por parte das instituições foi de suma importância para a implementação da iniciativa: “Com essa união vamos conseguir incluir um número maior de pacientes no estudo em um curto período de tempo. O desafio será a logística de distribuição, pois o produto deve ser aplicado no mesmo dia de fabricação, pois não é possível estocar este tipo de produto”.

A importância do radiofármaco

O Neuraceq identifica a existência de placas beta-amilóides no cérebro de pacientes (placas características do Alzheimer), sendo um marcador assertivo no diagnóstico para esta doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais importantes.

Segundo o Ministério da Saúde, 11,5% das pessoas com 65 anos ou mais são acometidas no País pela doença , que também atinge 1,2 milhões de brasileiros e brasileiras, conforme informações da Associação Brasileira de Alzheimer. Este número tende ainda a aumentar, como um dos efeitos do envelhecimento da população.