Em missão de trabalho, foi formalizado um novo convênio de cooperação internacional entre a PUCRS e a York University, do Canadá. A parceria tem como objetivo desenvolver o projeto de pesquisa intitulado Rising Above Anti-Black Racism and Structural Violence: Health Equity for Quilombola Women in Brazil, que analisará o impacto dos determinantes sociais da saúde no modo e condições de vida de mulheres quilombolas do Rio Grande do Sul. Assim como a organização de um livro internacional a partir de todo o histórico de estudos desenvolvidos em parceria entre a PUCRS e a York University desde 2015, com o título provisório Quilombolas of Brazil.Insurgent Citizens against an Oppressive Social Order.
As iniciativas futuras e o início de um novo convênio buscam dar a continuidade à parceria da professora Dra. Patricia Krieger Grossi, da Escola de Humanidades, estabelecida com a professora Simone Bohn, da York University desde 2015, fortalecendo a internacionalização do conhecimento e buscando subsídios para a qualificação dos serviços voltados a essas comunidades. Neste período diversas pesquisas sobre o tema de mulheres quilombolas e o contexto brasileiro foram desenvolvidas, desde a participação da professora Patricia Grossi em uma disciplina do curso Political Science, ministrada pela professora Simone. Na oportunidade, a docente da PUCRS apresentou sua pesquisa sobre Violência contra a Mulher Rural e a Rede de Proteção Social no Estado do Rio Grande do Sul.
De acordo com a professora Patrícia a formalização do convênio com a York University em 2022, amplia a possibilidade de mobilidade docente e discente em diferentes cursos e o fortalecimento da parceria internacional. Para a professora, essa parceria produz frutos através de subsídios para a qualificação de políticas públicas ao vocalizar as demandas das comunidades quilombolas e os desafios no acesso às diferentes políticas públicas.
A partir de 2015, começou o planejamento do projeto intitulado Brazilian Quilombola Women and Access to citizenship rights: challenges to public policies, submetido no edital interno da York University e contemplado com uma Seed Grant, através do LAPS Internationalization Program da universidade canadense, que analisou como ocorre o processo de efetivação das Políticas Públicas voltadas às mulheres quilombolas no Rio Grande do Sul, destacando o racismo institucional vivenciado por esse segmento.
Além disso, foi produzida uma obra que apresenta os resultados da pesquisa Mulheres Quilombolas, Interseccionalidades e Políticas Públicas, publicado pela editora Faith e organizado pelas professoras Patricia K. Grossi, Simone Bohn, Simone Barros de Oliveira e Joana das Flores Duarte, com a participação de lideranças quilombolas e demais parceiros, como o GAAA, Emater, Iacoreq e Codene. Outros produtos da pesquisa foram uma cartilha informativa sobre mulheres quilombolas e acesso às políticas públicas com informações sobre acesso a direitos, rede de proteção, prevenção à violência, além de documentários sobre quilombos e a questão étnico-racial, entre outros conteúdos e um app quilombola.
Atualmente, outra pesquisa está em fase de desenvolvimento em conjunto com a York University, intitulada Mulheres Quilombolas, Interseccionalidades e Determinantes Sociais em Saúde, contemplada com recursos do Edital Universal 2021 e do LAPS Internationalization Program da universidade canadense, além do apoio do Dahdaleh Institute for Global Health Research (Seed Grant).
“Essas pesquisas destacam-se pela relevância não só acadêmica, mas social e política. Possui uma metodologia de pesquisa engajada, isto é, com a participação ativa das comunidades que apoiam e participam do processo de planejamento da pesquisa”, ressalta Patrícia.
Com essa relação entre a PUCRS e York University, diversos docentes e alunos também participaram de eventos internacionais como no Les Amériques: au singulier ou au pluriel?, o congresso anual realizado pela Associação Canadense de Estudos Latino-Americanos e do Caribe (ACELAC). Assim como, a PUCRS também participou do LASA 2019 – Nuestra America: Justice and Inclusion XXXVII Congresso Internacional da Associação de Estudos Latino-Americanos.
Nos destaques desta parceria, foram realizadas missões de trabalho para apresentar os resultados das pesquisas no Brazilian Studies Seminar e no Center for Research on Latin America and Caribean (Cerlac) e na Cátedra de Estudos Brasileiros na York University, atualmente coordenado pela professora Simone Bohn. Outra recente atuação da PUCRS aconteceu no IFSW Online Global Conference: 2020-2030 Social Work Global Agenda com um vídeo intitulado The Social Experience of Quilombolas in Accessing Public Education in Brazil.
Um aplicativo voltado a populações quilombolas resulta de um projeto conjunto entre as Escolas de Humanidades e Politécnica. Terá informações sobre políticas sociais e direitos das comunidades remanescentes de quilombos. A ferramenta está em fase de testes por líderes dos grupos que são alvo da iniciativa, uma das destacadas neste Dia da Consciência Negra (20 de novembro).
A pesquisa interdisciplinar identifica as demandas das mulheres quilombolas e o acesso às políticas públicas previstas no Programa Brasil Quilombola, implementado em 2004 pelo governo federal. Envolve alunos, professores e profissionais de Serviço Social, Engenharia de Computação e Sistemas de Informação. Conta com apoio do CNPq, da Fapergs e do edital Praias – Programa de Integração entre as Áreas da PUCRS. “É um projeto inovador e pioneiro no Estado. Com o aplicativo, queremos que as comunidades tenham maior controle e participação na busca por seus direitos de cidadania”, destaca a coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência, do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Patrícia Krieger Grossi, uma das responsáveis pelo estudo.
Na visão da professora Ana Paula Terra Bacelo, coordenadora do Bacharelado em Engenharia de Software, da Escola Politécnica, esse é um primeiro passo. “O aplicativo está mais informativo do que interativo. Gostaríamos que, por meio dele, as comunidades se conhecessem, se reconhecessem.” Uma das ideias é criar redes divididas por faixas etárias, possibilitando trocas de informações entre os quilombos.
A reportagem completa da Revista PUCRS está no link.