61% dos jovens discordam que a sociedade estará preparada para uma situação futura semelhante, no caso, em relação à pandemia da Covid-19. Este é um dos levantamentos do Jovens Quarentenados, estudo desenvolvido pelo Projeto de Pesquisa de Mercado em Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS. A pesquisa completa pode ser conferida neste link.
Com a coleta de dados realizada durante o mês de junho, o estudo visa entender como o jovem de 18 a 24 anos percebe as suas principais relações no período de isolamento social e como se darão as mudanças das relações para o futuro pós-isolamento. Os temas foram divididos em rotina pessoal, trabalho e estudos, familiares e amigos e percepção de futuro.
Neste estudo participaram 250 jovens da Geração Z (nascidos entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010) residentes em Porto Alegre e região metropolitana. “Foi interessante entender todas as adaptações que o isolamento social exige, como também traçar o perfil de comportamento dos jovens. Esperamos que essa pesquisa possa servir como base para que o mercado de trabalho compreenda e esteja a par da grande capacidade que o jovem tem de se adaptar”, destaca Vinicius Silveira, um dos alunos da PUCRS envolvidos no levantamento. Também participaram deste levantamento os estudantes Artur Neves, Bruna Ribeiro, Gabrhyel Torma, João Pedro Moritz, Pietro Demichei e Thiarles Muniz.
Para o professor da Universidade e orientador do estudo, Ilton Teitelbaum, essa geração apresentou uma mudança radical de rotina, tendo uma necessidade de permanecer em casa mais tempo do que costumam (ou até desejam), mesmo que sejam “nativos digitais”. “Pessoas que estão no início de suas trajetórias veem sonhos sendo adiados, têm uma sensação de ano perdido e um crescimento ainda mais acentuado das dúvidas que naturalmente povoam suas mentes sempre efervescentes. O resultado disso é um sentimento ainda maior de indefinição quanto ao futuro e uma descrença na possibilidade de que o mundo seja melhor, mais saudável ou respeitoso quando tudo isso passar”, aponta.
50% dos jovens se consideram mais “rolezeiros”, ou seja, preferem exercer atividades fora de casa. Somados com os 38%, que consideram gostar igualmente de ficar em casa e de sair, o total é de 88% de jovens que pautam as suas relações diárias em atividades externas. Apenas 11% preferem passar o seu tempo em casa.
As cinco atividades mais praticadas antes do isolamento estão: bar e restaurante (51%), festas (37%), shopping (33%), esportes (28%) e parques (25%). Já as cinco menos praticadas antes do isolamento são filmes com amigos (18%), dormir (15%), videogames (15%), museus (7%) e ler jornal e revista (3%).
75% das pessoas entrevistadas concordam que estão passando mais tempo em redes sociais. A busca por novas formas de entretenimento fez com que, além de assistir uma grande variedade de lives, muito jovens criaram contas em mídias sociais para se distrair e informar.
97% dos entrevistados exercem atividades remuneradas e precisaram se adaptar em virtude da pandemia, sendo que, destes, 95% trabalham e estudam. Esses números apontam que existe uma adaptação total na rotina, o que exige mais tempo de conexão com colegas de trabalho e faculdade.
90% dos respondentes adotaram o trabalho remoto durante o período de isolamento social. Considerando uma rotina média de seis horas de trabalho, três horas em aula e mais uma hora em estudo extraclasse, estima-se que o jovem passa, em média, 10 horas em frente ao computador.
78% dos jovens apontam instabilidade em relação a gestão de pessoas nas empresas em que trabalham. Os participantes também indicaram alguma angústia ou medo em relação ao seu desempenho profissional.
48% revelaram que a relação familiar não mudou. Mais de 30% apontaram que a convivência alterou para melhor e 16% mudou para pior.
A grande maioria dos jovens revelaram que estão passando o isolamento social em família, com pais, irmãos e outros integrantes da família. Com os pais são 79% e namorados 25%, contra 3% com amigos.
62% dos participantes responderam que a sua privacidade foi afetada no isolamento, 22% invadida de forma mediana e 16% de maneira mínima.
Mais de 60% dos jovens revelaram que a relação com os amigos continua a mesma. A falta de contato físico não afetou as amizades, já que pode ser compensado com as mídias sociais.
97% revelaram utilizar redes sociais para manter contato com seus amigos. A falta de manter contato, saber o que se passa nas vidas de seus amigos, faz com que o uso de aplicativos seja muito importante para a interação social no presente momento em que não se pode ter contato físico.
Para se comunicar, o WhatsApp, o Instagram e as videochamadas são os meios mais utilizados entre os jovens para manter o contato.
73% dos jovens acreditam que não a sociedade não sairá dessa situação da mesma forma a qual entrou. Em relação às medidas mais adotadas nesse período, com o uso do álcool gel, uso de máscaras e higienização e dos ambientes e objetos, 50% dos entrevistados acreditam que será uma herança que a pandemia irá deixar para a sociedade.
De forma geral, após a pandemia, as relações serão afetadas para melhor, com 46% concordando, 42% nem concordando e discordando e 12% discordando. O que pode significar que, independente do distanciamento social, as relações permanecem as mesmas, provavelmente pelo uso das redes sociais.
Questionados sobre o pós-pandemia, se o mundo será um lugar melhor para viver, 49% discordaram, 40% acreditam que não sofrerá alteração e 11% indicaram que haverá uma mudança positiva. Sobre a economia brasileira, 80% dos entrevistados possuem a crença de que será recuperada entre cinco a 10 anos.
Nesta semana iniciamos um novo semestre letivo na Universidade. Apesar de não estarmos tão próximos quanto gostaríamos, seguimos juntos nos reinventando, aprendendo e nos qualificando – sempre de forma segura e responsável. Mesmo com a distância, oferecemos uma série de serviços que você pode continuar aproveitando de sua casa. Confira alguns deles:
1. Mantenha-se informado com o PressReader: com esse recurso oferecido pela Biblioteca é possível ter acesso a mais de 2.500 jornais diários e mais de 3.500 revistas de todo o mundo de forma gratuita. O serviço está disponível para alunos, professores e técnicos-administrativos. Para utilizá-lo em casa basta configurar o acesso remoto. Clique aqui para saber mais.
2. Vivencie uma experiência online no MCT: o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS desenvolveu um espaço de interação online com diferentes formatos e conteúdos educativos sobre diversas áreas do conhecimento. Os materiais são atualizados quinzenalmente para oferecer novas interações aos visitantes. Escolha sua experiência aqui.
3. Melhore sua qualidade de vida com a prática da meditação: o Centro de Pastoral e Solidariedade desenvolve diferentes projetos de meditação para promover a qualidade de vida e o bem-estar. As atividades são gratuitas para alunos, alumni, professores e técnicos-administrativos e estão disponíveis aqui. Além disso, no IGTV da PUCRS há alguns vídeos de meditação guiada que podem ser acessados por todos, a qualquer momento.
4. Planeje seu futuro profissional com o PUCRS Carreiras: em um momento de tantas incertezas, planejar o futuro pode ser ainda mais desafiador. Pensando nisso, o Carreiras segue oferecendo orientação por meio de consultoria, suporte para elaboração de currículo e preparação para entrevista de processo seletivo – tudo na modalidade online. O serviço é gratuito para alunos da Universidade.
5. Mantenha-se ativo com o Parque Esportivo: o espaço está reabrindo de forma gradual, mas segue com sua programação de lives no Instagram, com aulas de Hiit, ritmos e yoga. Também são publicados vídeos no IGTV com treinos de outras modalidades oferecidas no Parque. Além disso, os professores estão disponibilizando treinos personalizados e de fácil execução para se exercitar em casa pelo aplicativo Mywellness. Quem é aluno do Parque Esportivo pode conversar diretamente com os professores para tirar dúvidas e pedir informações. O app está disponível para download para Android, na Play Store, e iOS, na App Store.
Dica bônus: fique de olho em nossa agenda! Lá você fica sabendo de todos os eventos, oficinas, cursos e demais atividades online promovidas pelas Escolas e unidades, como o Instituto de Cultura e o Tecnopuc.
Lembranças e vontades. Simples atos, como abraçar, ter contato familiar, praticar um esporte coletivo, confraternizar com amigos, viajar a destinos desconhecidos. Muitos são os desejos compartilhados pelas pessoas, principalmente nas redes sociais, diante da quarentena provocada pela Covid-19. Essa falta de liberdade, em razão do isolamento social, tem afetado a saúde mental da população, gerando ansiedade e depressão. Muitas reflexões têm sido realizadas neste período crítico, e uma abordagem psicoterapêutica se propõe a analisar o sentido da vida: a logoterapia.
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Segundo o professor da Escola de Humanidades da PUCRS, Luciano Marques de Jesus, a logoterapia, fundada pelo neuropsiquiatra austríaco Viktor Frankl, é também conhecida como a Terceira Escola Vienense de Psicoterapia. O médico ficou mundialmente conhecido depois de descrever a sua experiência dramática em quatro campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, em seu best-seller internacional Em Busca de Sentido. “Frankl preconiza que a chave interpretativa do ser humano é a vontade de sentido, diferentemente da vontade de prazer de Sigmund Freud (Psicanálise) e da vontade de poder de Alfred Adler (Psicologia Individual)”, comenta o docente da PUCRS.
Autor do livro Qual é o sentido?: reflexões sobre o sentido da vida a partir de Viktor Frankl, da editora Edipucrs, o professor da Universidade aborda a pandemia e a logoterapia.
Viktor Frankl passou por vários campos de concentração, experimentando o que de pior a humanidade foi capaz de produzir. Nessa experiência, constatou que as perspectivas freudiana e adleriana se mostraram insuficientes. O que caracteriza o ser humano é a sua vontade de descobrir um sentido na vida. Encontramos sentido sempre pela realização de valores. Valores criadores ou criativos, por exemplo, o que fazemos pelo mundo, como o nosso trabalho ou uma ação de voluntariado. Valores vivenciais ou experienciais, aquilo que recebemos do mundo: a amizade, o amor, a arte ou a música. Também valores atitudinais, que é a nossa atitude diante do sofrimento inevitável; não podendo modificar a realidade que nos circunda, está nas nossas mãos mudar a nós mesmos.
Em logoterapia, temos a tríade: Liberdade da Vontade, Vontade de Sentido e Sentido da Vida. Para Frankl, o ser humano é incondicionalmente livre, é o ser que constrói a câmara de gás e também o que entra na câmara de gás, de cabeça erguida, com um Pai Nosso ou um Shemá Israel nos lábios.
A questão da busca e da descoberta do sentido da vida é uma tarefa personalíssima e indelegável, compete a cada ser humano e varia de pessoa para pessoa e em cada momento da vida.
O momento no qual vivemos nos desafia, a cada dia, descobrir um novo sentido. Podemos ajudar o mundo e fazer nossa parte ficando em casa e, quando não conseguimos mudar a realidade externa, podemos mudar a nós mesmos.
Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno. Já em relação à depressão, são 5,8% da sociedade brasileira -, taxa acima da média global, que é de 4,4%. Essa porcentagem significa que quase 12 milhões de brasileiros sofrem com a doença.
Um dos maiores especialistas do Brasil em Viktor Frankl e logoterapia. Filósofo, professor e palestrante, Luciano Marques de Jesus atua principalmente nos seguintes temas: Introdução à Filosofia, Ética e Cidadania, Antropologia Filosófica, Descartes e Filosofia Moderna, Viktor Frankl, Logoterapia e Sentido da Vida. É autor do livro A questão de Deus na Filosofia de Descartes.
O professor também faz parte do quadro docente de seis pós-graduações do PUCRS Online:
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Devido ao isolamento social, a tecnologia tornou-se fundamental no cotidiano das pessoas. Além das aulas na modalidade on-line e trabalho home office, o ambiente virtual serve de canal para debates e interações com públicos que buscam se aprofundar nos mais diversos assuntos. Alguns professores da Universidade, têm participado de palestras, reuniões e participações ao vivo, em debates que acontecem nas redes sociais.
Os aplicativos das redes sociais, têm registrado picos históricos de interações em meio à pandemia. Segundo a pesquisa publicada pela revista Exame, um estudo da consultoria Kantar, com dados de mais de 25.000 pessoas entre os dias 14 e 24 de março, indica que o Facebook, WhatsApp e Instagram tiveram um crescimento de cerca de 40% no período.
Uma mesa virtual com palestras sobre o mundo do trabalho em tempos de pandemia, acontece no dia 30 de abril, das 18h às 20h. Em parceria com a Academia Brasileira de Direito do Trabalho (ANDT) o evento, que será na plataforma GoToMeeting, tem como convidados, diversos professores de universidades internacionais. A participação se dará por meio de inscrições prévias e taxa de adesão, podendo ser feita neste link.
O alto rendimento é um dos objetivos de muitos atletas e jogadores de diferentes áreas e esportes. Técnicas, desempenho físico e treinamentos são alguns dos fatores que influenciam no desenvolvimento dos esportistas. Para falar sobre isso, o professor Adriano Detoni, do curso de Educação Física da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, recebe Matheus Bacci, auxiliar técnico da seleção brasileira. A conversa acontecerá por meio da plataforma Zoom, no dia 29 de abril, às 19h. Os interessados precisam se inscrever pelo link.
Na última quarta-feira, dia 22 de abril, os professores do curso de Relações Públicas da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos), promoveram um espaço de diálogo on-line sobre a (des)confiança nas organizações e as expectativas da sociedade em tempos de covid-19. O evento contou com a presença do jornalista e professor Wilson da Costa Bueno, da Universidade de São Paulo (USP), e foi realizado na plataforma Zoom, com acesso gratuito. A atividade mediada pela professora Ana Baseggio, coordenadora do curso de Relações Públicas, integra o Projeto Identidade RP sendo feito, pela primeira vez, de forma on-line.
O professor da Escola de Humanidades, Luciano Marques de Jesus ministrou no dia 22, na plataforma Zoom, uma aula on-line e gratuita. Abordando o seguinte tema: O sentido da vida. O assunto é focado na Logoterapia, uma abordagem psicoterapêutica reconhecida internacionalmente, com base em experiências nas prisões nazistas. Que busca, a partir de sua antropologia, ser atrativa em sua visão do homem suas dimensões.
Professor e coordenador do curso de Ciências Econômicas, da Escola de Negócios, Gustavo Inácio de Moraes participou de um bate-papo ao vivo pelo Facebook sobre os principais efeitos econômicos esperados após a pandemia do novo coronavírus, e os setores mais atingidos da economia no Rio Grande do Sul. A live foi transmitida no dia 6 de abril, às 19h, neste link.
Coordenador do BioHub, Carlos Klein participou no dia 26 de março de um debate no YouTube, promovido pela Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS), ao vivo com profissionais da área da Medicina, TI e Direito. Na conversa, foram discutidos temas relacionados às consultas virtuais chamadas de Telemedicina, e o que muda na prática entre a relação médico – paciente. O vídeo pode ser assistido neste link.
Em tempos de quarentena, ter um ambiente adequado para estudar ou trabalhar em casa auxilia a manter a saúde mental e física em dia. Alguns cuidados simples fazem toda a diferença para um home office mais confortável e saudável. É importante estar atento em relação à postura, à luminosidade do espaço onde as tarefas costumam ser desempenhadas e ao posicionamento do computador e demais equipamentos utilizados durante o expediente, por exemplo.
Seguir a rotina como se estivesse saindo para estudar ou trabalhar pode ser o primeiro passo para manter a qualidade de vida no home office. Para o professor do curso de Fisioterapia da Escola de Saúde e da Vida e Líder da Fisioterapia do Centro de Reabilitação HSL/PUCRS, Pedro Henrique Deon, trocar de roupa, tomar café da manhã e se preparar para a jornada de trabalho ou estudo ajuda a manter o foco nas atividades. “Outra sugestão é que se respeite os horários de pausa e de refeição que você teria no ambiente físico. Essas atitudes ajudam a desenvolver um comportamento de trabalho”, pontua.
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Estando em casa, nem sempre é fácil resistir à tentação de trabalhar no sofá. Porém, segundo o professor Deon, além de descaracterizar um ambiente de trabalho, o sofá não permite um alinhamento adequado da coluna vertebral para se trabalhar com um notebook, por exemplo. “Esse hábito é contraindicado, pois pode resultar em dores na região cervical e lombar”, destaca.
Ainda em relação a quem utiliza notebook, o ideal seria contar com teclado e mouse extras, uma vez que ele foi criado originalmente para trabalhos em ambiente externo ou de transporte. “Para realizar uma atividade que demanda um tempo prolongado de trabalho, esses acessórios são importantes para a saúde postural”, indica.
Antes, durante e depois do expediente, é importante realizar alguns exercícios de alongamento, pois isso permite que o corpo tolere a postura de trabalho. Além disso, Deon sugere intervalos ou pausas rápidas durante o dia. “Cerca de 10 a 15 segundos são suficientes para mudar a nossa postura de trabalho, espreguiçar ou realizar um alongamento. Se você trabalha sentado, levante-se e estique seu corpo. Se trabalha em pé, agache-se e relaxe suas costas. Esses comportamentos fazem com que a atividade seja mais produtiva e evita dores indesejadas”, recomenda o professor, pontuando que, quem utiliza notebook e não possui teclado e mouse extras, deve realizar essas pausas com ainda mais frequência.
Confira algumas sugestões de alongamentos para serem feitos ao longo do dia:
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Pensando na importância da ergonomia para a saúde de quem está trabalhando em casa durante a quarentena, a equipe de Segurança do Trabalho da Gerência de Gestão de Pessoas da PUCRS elaborou um material com dicas para organizar da melhor maneira um escritório em casa. Confira abaixo algumas delas, juntamente com recomendações do professor Deon:
As mudanças na rotina ocasionadas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) têm impactado pessoas de todas as idades. E se, para adultos, assimilar tantas informações e adaptações pode ser uma tarefa difícil, para crianças não é diferente. Com o fechamento das escolas, muitas delas têm passado os dias em casa com a família. E explicar para elas o contexto atual é fundamental para tranquiliza-las, ao mesmo tempo em que se deve monitorar a quantidade e o tipo de informações que estão recebendo. Com programas de televisão transmitindo notícias sobre o assunto durante praticamente todo o dia, encontrar esse equilíbrio pode ser desafiador.
Para a professora Juliana Tonin, da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, pesquisadora da PUCRS, coordenadora do LabGim, Laboratório de Pesquisas da Comunicação nas Infâncias, a reorganização das atividades escolares e profissionais aconteceu de maneira brusca, e as crianças, hoje, já têm muitas informações sobre o assunto e estão compreendendo esse cenário da maneira como podem, mediadas pelas compreensão de seus cuidadores ou pares, mesmo virtualmente. “Um bom critério para conversarmos com elas é procurar identificar duas dimensões da situação: a do adulto e a da criança. O efeito da quarentena na rotina dos adultos é diferente do causado na rotina das crianças. E temos de tentar, antes de tudo, identificar e compreender essa diferença. Podemos explicar e informar a partir do que compreendemos como sendo de interesse da criança, a partir do que a impacta diretamente”, destaca.
Essa comunicação é importante para crianças de todas as idades – inclusive para os bebês. Juliana comenta que os bebês compreendem seus contextos e precisam de informações sobre o que está acontecendo ou deixando de acontecer, tanto quando os adultos. Um bebê que deixa de ir repentinamente para sua creche ou escola precisa também de discurso, de informações, para poder organizar essa experiência dentro de si e sentir-se amparado. “Além disso, é preciso deixar claro que essa situação não é algo que está sendo sofrido exclusivamente pela criança, mas, sim, algo que atinge o coletivo, uma condição nova pela qual todos estão passando no momento”, pontua a professora.
Com as famílias em casa e os programas de TV transmitindo notícias sobre o Covid-19 ao longo do dia, ficar atento ao consumo de informações das crianças é fundamental. Para a pesquisadora, o primeiro passo para que as elas não tenham acesso a uma quantidade exagerada de notícias é o adulto parar de fazer isso. Assim como há orientações sobre como as crianças devem ser informadas, também existem recomendações para os adultos, sobre como evitar passar muito tempo nas redes sociais, desligar o celular durante períodos do dia, não assistir televisão o tempo todo e acessar apenas informações de fontes seguras. O momento acaba sendo favorável para que todos possam se questionar sobre formas de autocontrole e equilíbrio no consumo de informação – servindo de exemplo para as crianças.
Como muitas escolas estão enviando atividades online para os alunos, é preciso entender que as crianças têm, assim como os adultos, uma relação muito positiva com as tecnologias. “Existe um lado promissor, funcional e positivo que torna tudo mais prático e viabiliza a execução de muitas coisas. Esse reconhecimento é muito importante. Mas existe um outro lado que é o das relações inadequadas, dos diferentes tipos de abusos e violência, do consumo de conteúdos e presença em ambientes digitais não permitidos para sua faixa etária”. As formas de garantir que as crianças façam usos seguros e positivos dessas ferramentas passa pela criação de filtros etários, pelo respeito à classificação indicativa de conteúdos e redes sociais e, acima de tudo, pelo monitoramento dos adultos, isso é fundamental”, ressalta Juliana.
Para crianças que já têm noção do que é uma notícia e, de alguma forma, recebem informações por elas mesmas, esse também é um momento para se falar sobre a importância de diferenciar notícias verdadeiras de fake news. Uma forma interessante de fazer isso pode ser filtrar e indicar as fontes.
Em relação às crianças menores, a professora acredita que existe uma única fonte de informação segura na qual as crianças acreditam fundamentalmente: seus responsáveis: “Quando estamos perto de crianças muito pequenas, precisamos nos filtrar muito. Devemos garantir que não estejamos contaminados por fake news. Devemos buscar uma avaliação criteriosa de conteúdos que consumimos e disseminamos para que possamos realmente exercer a nossa função de ser uma fonte de informação confiável e de cuidado para a criança”.
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Não deixar que o tema “coronavírus” tome conta do cotidiano pode se tornar uma preocupação para os adultos. E, como toda a rotina está sendo afetada pela pandemia, é normal que o assunto acabe pautando as famílias. “Acredito que o melhor a fazer é permitir diferentes espaços na rotina, diversificar o dia”, comenta Juliana.
Se a criança está angustiada, entristecida, frustrada ou com medo, por exemplo, é importante que ela possa ter espaço para se expressar e que seja validada nesses sentimentos. Falar a ela frases do tipo “não chora”, por que está triste?”, “não precisa se sentir assim” é o mesmo que dizer para ela não sentir o que está, de fato, sentindo. “A criança precisa ter espaço, ser ouvida, reconhecida, mesmo em sua tristeza. Que vem e vai. Assim como a alegria, o riso, eles vêem e vão. A criança precisa ter espaço para sua relação com a escola, para explorar algum brinquedo ou brincadeira que goste muito, criar uma receita nova ou mesmo para encontrar algum passatempo enquanto sua família está por perto, mas trabalhando”, destaca a professora
Espaço para tudo: trabalhar, conversar, brincar, sentir, descansar, estar presente, estar próximo. “Essa experiência de quarentena nos devolve aos nossos lares, nos faz retornar ao nosso essencial. E, nesse essencial, reencontramos nossas crianças. Não estamos tendo outras alternativas além de nos olharmos, nos sentirmos e nos compreendermos, fazendo coabitar tudo que é nosso. Pode ser uma experiência de muito aprendizado. Ter e dar espaço para tudo, inclusive para o medo, para a angústia e para a tristeza que possam surgir nas vivências desse momento de crise sanitária que estamos vivendo”, conclui Juliana.
Um dos métodos adotados pela PUCRS como medida de proteção contra o coronavírus foi o de suspensão das aulas presenciais. Todos os cursos de graduação e pós tiveram suas atividades adaptadas para a modalidade online, através da plataforma Moodle, com ferramentas exclusivas para esse tipo de metodologia.
Apesar das aulas preparadas pelos professores serem pensadas para esse cenário, a rotina atípica causada pelo isolamento necessita de cuidados diferenciados e novos hábitos. “É natural que demore um tempo até conseguirmos nos organizamos melhor no tempo, entendermos em que períodos do dia rendemos mais e se adaptar aos novos horários”, destaca Manoela de Oliveira, professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, psicóloga, especialista em Processos Psicossociais.
Confira cinco dicas profissionais de como organizar os estudos nesse período:
1. Evite procrastinar: durante as semanas, a dica é observar como você está gerenciando o tempo e se, de fato, está procrastinando. Depois de entender em que momento do dia você está mais disposto, com menos demandas externas (do trabalho, da família, dos pets, entre outros) e qual ambiente é mais favorável, aí sim, você pode começar a repensar a sua rotina e buscar ter mais produtividade. Vale lembrar que adiar as atividades que devem ser feitas não faz com que elas sumam. Uma opção é fazer as coisas aos poucos, em vez de deixar que elas acumulem.
2. Tenha uma rotina: tente manter uma rotina parecida com a que você tinha antes da quarentena. É importante dar continuidade aos seus hábitos, adaptando alguns conforme a necessidade e as ferramentas disponíveis, para que voltar ao cotidiano depois não seja tão difícil. Ninguém precisar sair do ritmo.
3. Teste diferentes estratégias: é possível que, para algumas pessoas, uma lista em papel e o cronômetro no celular também ajudem bastante. Outros preferem ter uma rotina mais flexível e conseguem fazer todas as suas atividades com sucesso. Existe um fator de autoconhecimento envolvido. É um bom momento para experimentar outras possibilidades.
4. Aplicativos e plataformas para organização: existem várias plataformas e aplicativos de produtividade e gestão do tempo online, como Asana e o Trello. Eles auxiliam em: 1) listar lembretes do que é preciso fazer; 2) elencar prioridades; 3) visualizar as atividades que precisam ser feitas, em andamento e concluídas. Outra sugestão é usar a técnica pomodoro, que consiste em intervalos de trabalho e de descanso.
5. Prepare sua mente para o novo formato: fique calmo e experimente as aulas devagar. Para começar, encontre um espaço tranquilo, confortável e com boa internet. Monte sua estrutura para a aula on-line e faça o teste. Nesta modalidade, você pode ter alguns ganhos, como poder rever uma parte da aula que não entendeu e consultar algum conteúdo de outra aula sem perder a matéria (fazer as pausas é bem importante).
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Manoela ainda destaca que a modalidade online proporciona maior autonomia. “Os alunos podem estudar da forma como se sentem melhor com todas as aulas em um só dia, de pijama, fazendo pausa no meio do dia para descansar, entre outros benefícios. Exercitar a autonomia e a responsabilidade que vem com ela é super importante para desenvolver algumas competências que o mercado de trabalho vem buscando nas mais diferentes áreas, que são o autoconhecimento e o protagonismo”, destaca.
A principal área de estudo de Manoela de Oliveira é o desenvolvimento de carreira em diferentes etapas da vida e em contextos culturais. Atualmente, é responsável pelo Grupo de Estudos em Desenvolvimento de Carreira da PUCRS.