O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH ou HIV, do inglês Human Immunodeficiency Virus) causa a deterioração progressiva do sistema imunológico, que propicia o desenvolvimento de infecções potencialmente mortais, se não tratadas. Dentre as principais vias de transmissão estão as relações sexuais desprotegidas, a partilha de seringas contaminadas, e a transmissão entre mãe e filho durante a gravidez ou amamentação.
Por definição da UNAIDS, devido aos contextos de vulnerabilidade, o HIV afeta desproporcionalmente pessoas que usam drogas injetáveis, transgênero, profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens e pessoas encarceradas. Reconhecidos como populações-chave, esses grupos representam globalmente 65% dos casos da infecção pelo HIV.
A política de Aconselhamento e Testagem Voluntária de HIV (ATV-HIV ou VCT-HIV em inglês) teve início no mundo em 1985, nos Estados Unidos, com a disponibilização da testagem gratuita fora dos bancos de sangue. Porém, em 1990, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, aconselhou o desuso do Aconselhamento e Testagem Voluntária de HIV (ATV-HIV). De acordo com Ângelo Brandelli, pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, esta decisão foi realizada sem considerar as particularidades e necessidades dos grupos mais afetados pelo HIV.
O professor coordena o Grupo de Pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais (PVPP/PUCRS), responsável por desenvolver diversos estudos sobre HIV/Aids. Mais recentemente, o grupo teve a pesquisa intitulada Eficácia do Aconselhamento e Teste Voluntário de HIV (ATV-HIV) para redução de risco sexual entre populações-chave: uma revisão sistemática e meta-análise publicada na revista científica sobre medicina, The Lancet, do Reino Unido. Seus resultados propõem uma modificação em políticas internacionais em saúde ao comprovar a importância do ATV-HIV para reduzir comportamentos de risco de HIV entre populações-chave.
De acordo com o estudo desenvolvido pelos pesquisadores Lucas Viscardi, Marina Feijó e Anna Martha Fontanari, dos Programas de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde e Psicologia, o Aconselhamento e Testagem Voluntária de HIV (ATV-HIV) fornece aconselhamento antes e depois do teste, com o objetivo de promover estratégias de redução de risco, promover apoio e garantir a vinculação aos cuidados. A fase de pré-teste consiste em descrever brevemente os benefícios do teste, o significado dos resultados e as possibilidades em caso de diagnóstico de HIV positivo.
Já na etapa pós-teste, o aconselhamento varia de acordo com o resultado. Aqueles casos que avaliaram HIV positivo, o pós-teste inclui explicar os resultados, ensinar sobre prevenção do HIV, fornecer preservativos e demais ações que fornecem suporte após um evento de mudança de vida daquela pessoa. O profissional de saúde então deve assegurar o encaminhamento para cuidados especializados e encorajar o teste de HIV dos parceiros sexuais. Desta forma, a pesquisa avaliou a eficácia de estudos de intervenção sobre o ATV-HIV para redução de risco sexual entre as populações-chave.
O estudo aponta que o ATV-HIV é uma ferramenta eficaz para reduzir comportamentos de risco de HIV entre populações-chave, especificamente entre pessoas que usam drogas e homens que fazem sexo com homens. Foi identificado que a exposição ao aconselhamento diminuiu a frequência de relações sexuais desprotegidas e aumentou a frequência do uso de preservativo exclusivamente entre participantes HIV-positivos e casais sorodiscordantes, além de reduzir a incidência de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) entre os participantes HIV-negativos e não testados. Além disso, destacou-se a importância de aplicar uma diretriz clara do ATV-HIV, bem como realizar o treinamento adequado dos aconselhadores.
A atuação do PVPP/PUCRS ganhou destaque internacional em temas sobre a psicologia do preconceito, os modelos da cognição social e do minority stress, e sua relação com processos psicossociais como educação e saúde. Além disso, o grupo produz e avalia intervenções para a mudança de atitudes como a redução do preconceito e acesso à saúde. Outro escopo, seus estudos se concentram em entender de que forma a discriminação afeta os processos de saúde e adoecimento, especialmente saúde mental e infecções sexualmente transmissíveis.
As linhas de pesquisa e intervenção são: estudos sobre populações em vulnerabilidade considerando diversos marcadores como gênero, identidade de gênero, orientação sexual, raça/cor/etnia, status migratório, classe social, entre outros; avaliação do preconceito e da discriminação; desenvolvimento de instrumentos; revisões sistemáticas; estudos epistemológicos e históricos; e emprego de técnicas experimentais em psicologia social e saúde, com o uso de vinhetas. Saiba mais sobre as iniciativas de pesquisa do grupo.
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A exercício físico durante a senioridade impacta positivamente no bem-estar dos idosos, melhorando a saúde física e mental, e preservando a autonomia em tarefas do cotidiano, por exemplo. A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica, da Escola de Medicina, Clarissa Biehl Printes é um exemplo de pesquisadora que se dedica a desenvolver evidências científicas aplicadas ao público idoso.
Sua pesquisa atua por meio da atividade física na área de Gerontologia Preventiva, responsável por unir diferentes áreas de conhecimento e de pesquisa no processo de envelhecimento preventivo, para promover a saúde com prevenção de fatores de risco e doenças crônicas não transmissíveis. O projeto de Clarissa tem orientação do professor Rafael Reimann Baptista e busca avaliar o impacto do exercício físico na função cardiorrespiratória, de força-resistência, no desempenho locomotor, nas funções cognitivas e na qualidade de vida.
“Nesta pesquisa, buscamos valorizar essa área largamente explorada nos países europeus por integrar o exercício físico, a natureza, um ambiente familiar e social saudável, valorizando sua aplicação aos idosos. Temos a certeza de que esse modelo poderá ser seguido por outros pesquisadores e profissionais de educação física, permitindo novos conhecimentos e mais uma Gerontoatividade a ser valorizada e adotada no nosso país”, destaca.
Clarissa Biehl Printes é educadora física, doutora em Ciências do Esporte pela Universidade de Córdoba, da Espanha. Atualmente, a aluna desenvolve seu segundo doutorado em Envelhecimento devido a linha de pesquisa desenvolvida na PUCRS nesse campo, e forte interesse profissional entre a ciência do exercício clínico e o envelhecimento. A doutoranda explica que o idoso praticante de exercício físico sai em vantagem em relação ao não praticante quanto a sua saúde e anos vividos com saúde e qualidade.
Atualmente, sua tese de doutorado está na 19ª semana, onde idosos realizam um percurso pré-definido na modalidade de Orientação aplicada presencialmente ao ar livre no campus da PUCRS. A pesquisa é pioneira no uso desta modalidade em pesquisa e até outubro serão 24 semanas de atividades de trabalho que consistem em avaliações físicas, biomecânicas, avaliações cognitivas e psicológicas.
O objetivo principal é demonstrar o efeito da modalidade por meio de comparação entre a modalidade de Orientação e Pedestrianismo (caminhada) que acontece no Parque Esportivo também duas vezes por semana, com duas turmas de idosos ativos e um grupo controle (grupo de idosos que servirá como base de comparação para o grupo que recebe o tratamento em teste).
De acordo com Clarissa, essa comparação entre os efeitos de ambas modalidades se faz necessária, pois elas utilizam a caminhada como base, porém a orientação se diferencia pela causa de um efeito direto sobre as habilidades mentais devido ao estresse cognitivo do uso do mapa e orientação no percurso.
A doutoranda já evidenciou diversos pontos importantes ao longo do avanço de sua pesquisa e ressalta que a experiência de estudos com o grupo de idosos tem demonstrado componentes que irão influenciar nas decisões de atuação para melhorar a saúde e qualidade de vida dos idosos.
Alguns dos benefícios apontados por Clarissa são a recuperação e o aumento da condição/aptidão cardiorrespiratória com repercussão direta sobre a saúde cardíaca, vascular, respiratória e cerebral. Além da recuperação e aumento da condição/aptidão muscular com repercussão direta sobre a saúde muscular, de prevenção de sarcopenia (perda de massa muscular) e dinapenia (perda de força muscular) com impacto direto sobre a funcionalidade, independência e risco de quedas.
A aluna conta que o exercício físico também tem impacto sobre a saúde óssea, pois combate o desenvolvimento de osteopenia e osteoporose, outro grande problema em saúde pública. Ela pontua também que os efeitos da atividade física no cérebro são protetores por diversos mecanismos fisiológicos no ambiente cerebral, como melhora da integridade vascular cerebral, hormonal, neuronal e outros.
“Assim, a prática constante também influencia positivamente sobre a saúde mental, combate a depressão, ansiedade pelo desencadeamento de uma melhor função de neurotransmissores e hormônios típicos liberados no exercício físico, como beta endorfinas, serotonina, dopamina, esta última importantíssima para combater doenças neurodegenerativas como a doença de Parkinson”, afirma.
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Celebrado no dia 14 de agosto, o Dia do Combate à Poluição existe com o objetivo de fortalecer o debate sobre soluções e medidas ágeis para evitar o processo de alterações negativas no meio ambiente. No mundo, o avanço da poluição se deu a partir da Revolução Industrial, que agilizou o processo de industrialização e urbanização. De acordo com Maira Petrini, pesquisadora da Escola de Negócios, 95% da população global está exposta a concentrações médias de material particulado que excedem o limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de dez microgramas por metro cúbico.
A docente explica que a carga da poluição do ar tende a ser maior em países de baixa e média renda. Já as taxas de poluição interna tendem a ser mais altas em países de baixa renda devido à dependência de combustíveis sólidos para cozinhar. Com isso, a poluição do ar externo tende a aumentar à medida que os países se industrializam e passam de renda baixa para média. Por conta disso, tornou-se fundamental que as empresas repensem seus processos e implementem maneiras de prevenir, controlar e reduzir a poluição.
Nos últimos anos, o desenvolvimento sustentável dos negócios se tornou uma obrigação ambiental e social, que contempla uma série de ações de grande importância na tomada de decisões estratégicas das empresas. Na PUCRS, a professora Maira Petrini desenvolve pesquisas na área de Administração, com ênfase em temas relativos à sustentabilidade e sua adoção estratégica nas empresas, negócios de impacto, economia compartilhada e inovação social. A pesquisadora explica que a poluição do ar é um fator de risco para muitas das principais causas de doenças, câncer e demais fatores de riscos.
Dados de uma pesquisa internacional apresentam que a poluição contribui com, aproximadamente, 11,65% das mortes no mundo. Entre as principais causas para o aumento da poluição do ar podemos citar a combustão de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo utilizados para eletricidade e transporte rodoviário, as emissões de indústrias, liberando grande quantidade de monóxido de carbono, produtos químicos e compostos orgânicos no ar, e as atividades agrícolas, devido ao uso de pesticidas, inseticidas e fertilizantes que emitem substâncias químicas nocivas.
Por conta disso, para reduzir os impactos da poluição do ar na saúde, devemos encontrar soluções que acelerem esse processo para países de baixa e média renda. A professora Maira apresenta algumas das principais estratégias para combater à poluição. Confira!
1) Migrar para combustível renovável e produção de energia limpa: a solução mais básica para a poluição do ar é se afastar dos combustíveis fósseis, substituindo-os por energias alternativas como solar e eólica.
2) Buscar eficiência energética: não basta produzir energia limpa, mas também é importante reduzir o consumo de energia adotando hábitos responsáveis e usando dispositivos mais eficientes.
3) Adotar trabalho remoto ou híbrido: embora muitas empresas tenham começado a trabalhar em casa desde o início da pandemia do covid-19, permitir que os funcionários trabalhem em casa regularmente reduz o número de carros na estrada, especialmente o número dirigido por indivíduos individuais enquanto se deslocam para o trabalho.
4) Controlar as emissões de gases na atmosfera: as empresas podem implementar práticas mais sustentáveis observando e quantificando a poluição do ar ao longo da cadeia de suprimentos e/ou processos de fabricação. As emissões ocorrem tanto durante o processo produtivo como no transporte e distribuição dos produtos, portanto é importante estabelecer programas que reduzam a poluição do ar de suas próprias operações e também de seus fornecedores.
De acordo com Maira, a legislação ambiental no Brasil é bastante completa e equiparável com as legislações mais avançadas do mundo. A docente destaca que no país existem leis tanto de caráter punitivo quanto normativo, como por exemplo, a Lei dos Crimes Ambientais que regula a penalização das empresas no caso de crimes ambientais.
Outro destaque é a Lei da Mata Atlântica, voltada para a proteção e uso dos recursos dessa floresta, como a biodiversidade, assim como o Código Florestal Brasileiro, de 2012, que estabelece a responsabilidade do proprietário na manutenção de espaços protegidos como Área de Preservação Permanente e Reserva Legal.
Maira também pontua que existem políticas nacionais, a exemplo da Política Nacional de Saneamento Básico e da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em 2020 aponta que a produção de resíduos sólidos urbanos cresceu 11% (de 71,2 milhões de toneladas em 2010 para 79 milhões de toneladas em 2020). Assim, conforme pontua a pesquisadora, ainda é preciso que a sociedade como um todo repensa a realidade ambiental atual.
“De nada adianta termos uma legislação tão completa, se as empresas e a sociedade a desconhecem ou não se importam. Mais do que órgãos fiscalizadores, precisamos criar uma consciência coletiva de preservação do meio ambiente” finaliza.
As inscrições para o Programa IC Júnior foram prorrogadas até o dia 22 de julho de 2022. Promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS (Propesq), o programa visa estimular estudantes de Ensino Médio a participarem de projetos de pesquisa, incentivar a sua inclusão nos cursos de graduação da instituição, além de facilitar a sua inserção no processo de reflexão e de inovação no âmbito da ciência e da tecnologia.
Os estudantes contemplados pelo programa estarão envolvidos em diversas atividades de pesquisa, de agosto a dezembro de 2022. Para se inscrever, basta preencher o formulário disponível no site do programa, anexar uma Carta de Recomendação do colégio e incluir o link de acesso ao seu vídeo de apresentação, que deve ter até 2 minutos de duração e responder as seguintes questões:
O período de seleção ocorrerá entre os dias 18 e 22 de julho e a divulgação dos selecionados será no dia 25 de julho de 2022. Para participar do processo seletivo, o/a estudante deve estar regularmente matriculado/a no Ensino Médio, apresentar bom desempenho escolar, se comprometer a executar o plano de atividades proposto pelo/a professor/a orientador/a com dedicação de 10 horas semanais.
Estudantes interessados/as em pesquisa que desejem aprimorar suas habilidades de leitura, escrita, curiosidade e criatividade científicas estão convidados/as a aproveitar essa oportunidade. Para mais informações sobre o programa e outras oportunidades de iniciação científica na PUCRS, acesse o site ou entre em contato pelo e-mail [email protected], ou pelo telefone (51) 3353-7719. Horário de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h15.
Período de inscrição e envio dos vídeos | Inscrições prorrogadas até 22/7 |
Período de seleção dos bolsistas | 18 a 22/7/2022 |
Divulgação dos bolsistas selecionados | Após 25/7/2022 |
Reunião online de acolhida aos bolsistas | 2/8/2022 |
Envio dos documentos do bolsista | 2 a 12/8/2022 |
Vigência da Bolsa | Agosto a dezembro/2022 |
Seminário de Avaliação do Programa de Iniciação Científica Júnior | 8/12/2022 |
Entrega dos Relatórios Técnicos Finais | 1º a 20/12/2022 |
No dia 8 de julho celebramos o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, que destaca a importância do protagonismo das pesquisas desenvolvidas no País. Por meio do conhecimento e aprofundamento de diversos estudos, a ciência é fundamental para a evolução da humanidade em áreas como saúde, tecnologia, energia, comunicação, sustentabilidade, política, esporte e muitas outras. Para celebrar essa data, o PUCRS Pesquisa apresenta algumas das diferentes trajetórias de estudantes e professores que se dedicam diariamente em pesquisas nas mais variadas áreas do conhecimento e que atuam como protagonistas no avanço da ciência e no desenvolvimento da sociedade.
Entre as diversas histórias de pesquisadores da PUCRS está a trajetória do pesquisador da Escola de Humanidades Nythamar de Oliveira, pioneiro na criação de linhas de pesquisa envolvendo Ética e Teoria Crítica na Universidade. Recentemente conquistou o edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) destinado à criação de Redes Inovadoras de Tecnologias Estratégicas (RITEs/RS) com um projeto que coodernada, o RAIES.
Nascido no Rio de Janeiro, seu olhar mais crítico sobre política e questões sociais surgiu no período em que foi instaurado o regime de ditadura militar no Brasil, quando ainda estudava Engenharia Eletrônica. Com isso, deixou os estudos para cursar graduação em Teologia na França e realizou seu mestrado e doutorado nos Estados Unidos, até decidir voltar para o Brasil em 1992 para se aproximar de sua esposa gaúcha.
Em março de 1999, o pesquisador ingressou a PUCRS para desenvolver sua trajetória em Ética e Filosofia Política com ênfase em Teoria Crítica e Teorias da Justiça, nos Programas de Pós-Graduação e Graduação em Filosofia da Escola de Humanidades. Desde então, Nythamar é reconhecido por seu pioneirismo na área, com a criação de grupos e linhas de pesquisa, desenvolvimento de projetos de internacionalização e inovação e atuação como orientador de dezenas de alunos.
“Me sinto muito realizado na minha pesquisa pelos trabalhos que foram iniciados no passado e que conseguiram gerar novas iniciativas e projetos. Além disso pude trabalhar de forma integrada na Filosofia com os pesquisadores de excelência da PUCRS em diversas áreas. Me sinto grato por poder mostrar com minhas contribuições que as Humanidades são fundamentais para qualquer área e aspecto da sociedade e da nossa vida cotidiana”, celebrou o professor Nythamar.
Desde sua adolescência, Fernando Xavier é interessado por pesquisa e biologia. Sua paixão lhe fez ingressar, em 2022, no Instituto do Cérebro (InsCer) para realizar pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular (PPGBCM) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Orientado pelos pesquisadores Denise Cantarelli e Daniel Marinowic, Fernando se desenvolveu enquanto pesquisador durante sua tese de doutorado na PUCRS.
Sua trajetória de pesquisa teve início durante sua graduação em Biomedicina, onde desenvolveu diversos artigos e atuou como aluno de Iniciação Científica. Pelo impacto de suas produções científicas, Fernando conseguiu ingressar diretamente no doutorado do PPGBCM da PUCRS para desenvolver pesquisas na área de biologia molecular voltada a compreensão da epilepsia causada pela displasia cortical focal.
Além disso, durante sua trajetória na PUCRS, Fernando teve a oportunidade de realizar doutorado sanduiche na Università degli Studi di Milano, em Milão, na Itália, pelo Projeto Institucional de Internacionalização (PUCRS-PrInt). Atualmente, Fernando atua nos Laboratórios de Medicina de Precisão, de Biologia Molecular e Imunologi e de Nanomedicina e Histotecnologia, além de orientar um aluno de pós-graduação.
“Com o apoio da PUCRS e do InsCer consigo trabalhar em algo que eu realmente gosto, com pessoas que admiro e com uma infraestrutura incrível. Trabalho e me dedico exclusivamente em pesquisa para devolver para a sociedade e para a universidade todo o apoio que recebi durante minha trajetória” destaca Fernando.
Promover a internacionalização no contexto acadêmico tem sido atividade constante dentro da Universidade. Em cada Escola ou instituto, pesquisadores de diferentes áreas têm realizado projetos em parceria ou colaboração com instituições estrangeiras. Dentre as iniciativas está a parceria entre a PUCRS e a Universidad de Antioquia (UdeA), da Colômbia, que permitiu que a estudante colombiana Camila Ospina desenvolvesse seu mestrado e atualmente seu doutorado na PUCRS com orientação da pesquisadora Rita Mattiello.
Graduada em Enfermagem em Medellín pela UdeA, Camila sempre se interessou pela atuação acadêmica e foi no PPG em Pediatria e Saúde da Criança, da Escola de Medicina, que iniciou sua trajetória de pesquisa. Seus estudos se concentram na linha de Transtornos Alimentares, com base na área de Epidemiologia Clínica.
A doutoranda conta que sua trajetória aconteceu de forma natural e que esta oportunidade lhe trouxe diversas transformações pessoais e acadêmicas. Camila chegou ao Brasil sem conhecer ninguém, porém o acolhimento da professora Rita Mattiello e o apoio do professor Wilson Cañon permitiu uma boa experiência de chegada e estadia em Porto Alegre.
“Eu nunca tinha saído da Colômbia e graças a parceria entre as universidades e o acolhimento que recebi pude me desenvolver na pesquisa e na minha vida pessoal. Quero que outras pessoas tenham a mesma oportunidade, pois vejo na ciência e na internacionalização fatores muito importantes que são levar conhecimento, construir em equipe e atuar com um olhar para as questões humanas”, comentou Camila.
Além da presença de estudantes estrangeiros na Universidade, a PUCRS também é reconhecida por proporcionar que alunos e alunas possam desenvolverem suas pesquisas em universidades parceiras pelo mundo. O doutorando Eduardo Vieira de Souza é uma das trajetórias de destaque desse processo de internacionalização da pesquisa. O aluno do PPG em Biologia Celular e Molecular da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, está atualmente na Salk Institute for Biological Studies, nos Estados Unidos, realizando doutorado-sanduíche pelo PUCRS-PrInt.
Em sua infância, Eduardo tinha o físico Albert Einstein como ídolo e foi no ensino médio que passou a se interessar por genética e os avanços científicos e tecnológicos da humanidade. O estudante chegou à PUCRS para cursar Ciências Biológicas, iniciando a trajetória cinetífica como aluno de Iniciação Científica no Laboratório de Neurociências do InsCer. Com a orientação do pesquisador Cristiano Bizarro, Eduardo desenvolveu um projeto de pesquisa com Bioinformática, utilizando e desenvolvendo ferramentas computacionais para explorar o material genético da bactéria que causa a tuberculose.
Com a oportunidade de estudos no exterior, o Eduardo atua em um instituto com renomado impacto científico em áreas que abrangem desde botânica à biologia do câncer e cérebro. Além disso, o doutorando iniciou colaborações com cientistas norte americanos e pesquisadores mundialmente reconhecidos nas suas linhas de pesquisa.
“A literatura científica é a fonte de conhecimento mais confiável a que temos acesso atualmente, devendo ser preservada e sua produção incentivada. Com minha experiência fora do Brasil, estou podendo conhecer pessoas incríveis com diferentes heranças culturais e tive que desenvolver habilidades nas mais diversas áreas em um curto período de aprendizado. É com certeza a experiência mais desafiadora que já tive durante a minha carreira acadêmica e sem dúvidas a mais empolgante”, conta Eduardo.
Na PUCRS, o Programa de Iniciação Científica é responsável por proporcionar aos estudantes de graduação o primeiro contato com o meio científico. A cada semestre, os estudantes têm a oportunidade de atuarem em projetos de pesquisa desenvolvidos por professores e pesquisadores da Universidade. Por despertar seu interesse pelo campo acadêmico, a aluna Júlia Goldfeld Wolf, do curso de Engenharia Química da Escola Politécnica resolveu ingressar o programa à convite da professora Franciele Longaray Bernard.
Com suas características de autonomia e busca por conhecimento, Julia é bastante reconhecida por ser curiosa e participativa nas aulas. Por ter se destacado em sala de aula, a professora Franciele convidou a aluna para ingressar seu Laboratório de Inovação em Materiais Porosos e Polimeros Multifuncionais (LIMPPM) para desenvolver o projeto intitulado Estudo de líquidos iônicos baseados em imidazólios imobilizados fisicamente em sólidos porosos para separação de CO2, onde tem a experiência de atuar em um laboratório de pesquisa voltado à estudos com gás carbônico e seu efeito para o meio ambiente.
“Sempre gostei de ler e ir atrás para conhecer os temas que eu gosto, graças a pesquisa eu consigo desenvolver ainda mais essa característica. Além disso, pretendo sempre trazer em minha trajetória questões sociais, e com essa área de Energias Renováveis consigo atuar em prol do meio ambiente unindo minha paixão pelas Engenharias”, comenta a estudante Julia Wolf.
Esses são alguns exemplos das trajetórias de pesquisadores da PUCRS. Assim como esses professores e estudantes, muitos outros contribuem diariamente para o avanço da sociedade por meio da ciência, da curiosidade, do conhecimento. Confira outras pesquisas desenvolvidas na Universidade.
O Dia Mundial do Refugiado, que acontece no dia 20 de junho, é uma data internacional definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para homenagear as pessoas refugiadas em todo o mundo. A data busca homenagear a força e a coragem das pessoas forçadas a deixar seu país de origem para escapar de conflitos, além de promover empatia e compreensão em torno desta situação e reconhecer a resiliência das pessoas refugiadas na reconstrução de suas vidas.
O Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) define como refugiados aqueles solicitantes de asilo políticos e os deslocados internos ao seu país. De acordo com os levantamentos da ACNUR, pela primeira vez na história, foi ultrapassado a marca impressionante de 100 milhões de refugiados e deslocados no mundo. O pesquisador da Escola de Humanidades Antonio de Ruggiero explica que estes indivíduos são obrigados a fugir de conflitos, violências, persecuções e violações dos direitos humanos em geral e que normalmente, as desigualdades sociais, a fome, a miséria, catástrofes climáticas e as guerras, intensificam esta mobilidade em busca de melhores condições de vida.
O docente coordena o projeto internacional Migrações: Perspectivas Histórico-conceituais e Análise de Fenômenos Contemporâneos, elaborado a partir da participação de professores ativos nos Programas de Pós-Graduação (PPG) em História, Filosofia, Psicologia, Letras e Ciências Socias da PUCRS. Ruggiero complementa que todos os deslocamentos, seja para salvar a vida, seja para melhorar as condições de vida, se revelam muito perigosos. A cada ano, registram-se milhares de mortos e desaparecidos, sem considerar que mais do 40% dos refugiados são menores de idade, com um número altíssimo de crianças envolvidas.
O objetivo do projeto coordenado por Ruggiero é analisar o complexo fenômeno da migração a partir de diferentes enfoques de pesquisa, considerando os atravessamentos entre culturas, práticas sociais e padrões de interação entre indivíduos, levados a cabo no momento em que pessoas provenientes de diferentes espaços são colocadas em contato em situações de significativo estresse pessoal e familiar. No projeto, a migração é examinada tanto em contextos pacíficos, quanto em contextos marcados pelo conflito. Ruggiero também destaca que a simples experiência da desterritorialização (causa de significativo sofrimento) é potencializada pelo trauma provocado nos contextos em que tal migração ocorre em situações como conflitos armados.
No PPG em História existem três pesquisas sendo desenvolvidas dentro desta temática. A doutoranda Caroline Atencio Medeiros Nunes, orientada pelo pesquisador Ruggiero está realizando sua tese Presença e mobilidades internas de árabes palestinos e descendentes no sul do Brasil de 1948 a 1980. De acordo com a pesquisa, trata-se de uma migração complexa que carrega questões que se relacionam com o estatuto do refugiado, visto a entrada destituída de um estado-nação. Caroline pontua em seu trabalho que a maioria destes imigrantes entra através do passaporte jordaniano conquistado nas décadas de 1950 e 1960.
A doutoranda também aborda as denominações para estes migrantes árabes em território brasileiro durante o período da Ditadura Civil-Militar. Conforme explica seu orientador, Ruggiero, este período foi marcado por políticas migratórias de exclusão, tendo a etnia europeia como a ideal.
Ainda no PPG em História, a pesquisadora da Escola de Humanidades Cláudia Musa Fay orienta a pesquisa Elas Merecem ser lembradas: Imigrantes venezuelanas em Porto Alegre, desenvolvida pela mestranda Giselle Hirtz Perna. Com sua dissertação, a aluna realiza uma análise de relatos de mulheres venezuelanas que residem na capital gaúcha desde 2016, objetivando as metodologias da História Oral, pesquisas de gênero e feminização das migrações. Com isso, a mestranda contribui para o debate sobre as dificuldades e interpelações nas quais mulheres sofrem mais que homens nos processos de mobilidade, apontando que a violência à qual essas mulheres são submetidas vai além das esferas físicas, pois são somadas violência simbólica e estrutural, baseada no gênero, raça, classe e nacionalidade.
Outra pesquisa ainda em fase inicial é desenvolvida pelo doutorando Lino Alan Dal Prá, que pretende analisar em profundidade as políticas migratórias elaboradas pela União Europeia, e em particular, pelo estado italiano nos últimos trinta anos. O aluno está sendo orientado por Ruggiero, que destaca que a mobilização de assistência e solidariedade aos refugiados ucranianos na Europa em 2022 não é comum no histórico recente de outras crises do mundo. De acordo com o pesquisador, em muitos casos se registram dificuldades na gestão da problemática e incapacidade por parte dos estados de responder com programas organizados de acolhimento.
“Os refugiados são frequentemente confinados em centros de detenção que se assemelham a prisões. A União Europeia já teve grande dificuldade em lidar com a questão nos últimos anos, a frente de um número sempre crescente de pedidos de asilo político”, destaca o professor.
Ruggiero também destaca que o sucesso da inclusão dos imigrantes com investimentos em políticas de integração socioprofissional é fundamental para o bem-estar, a coesão e a prosperidade das mesmas sociedades acolhedoras. Para o pesquisador, as migrações perpassam a sociedade e a transformam, obrigando o repensar sobre o pacto de convivência entre seres humanos, que deve hoje ser adaptado a uma sociedade pós-nacional, pluralista, culturalmente interligada e complexa.
Por conta disso, o docente complementa que as colaborações em pequenas escalas como apoios institucionais, ONGs, organizações religiosas e programas de voluntariado são muito eficientes em ajudar no primeiro momento de um refugiado, principalmente aqueles que chegam sem apoio de conterrâneos no local.
Com esta visão, a PUCRS conta com o Serviço de Assessoria em Direitos Humanos para Imigrantes e Refugiados (SADHIR), um projeto de extensão acadêmica, vinculado ao Núcleo de Prática Jurídica da Escola de Direito. A atuação do Grupo busca auxiliar a população migrante em situação de vulnerabilidade da região de Porto Alegre e região metropolitana. Atualmente o Serviço é coordenado pelo professor Gustavo de Lima Pereira, que atua na área de Direito Internacional, Direitos Humanos, Migração, Proteção Internacional e Filosofia do Direito.
O SADHIR foi iniciado em 2016 a partir de um projeto proposto pelo docente, contando com acadêmicos de graduação com interesse pela temática migratória. Atualmente o grupo conta com acadêmicos voluntários dos cursos de graduação em Direito e em Relação Internacionais da PUCRS. Unidos, os professores e alunos atuam em três esferas: atendimento à comunidade imigrante, desenvolvimento de pesquisas acerca do tema e articulação dos entes estatais na delimitação de políticas de acolhimento.
A principal esfera do SADHIR é a prática, que consiste no atendimento à comunidade de imigrantes e refugiados que residem na cidade de Porto Alegre e região metropolitana. O objetivo desta atuação é oferecer um serviço de assessoria em direitos humanos que seja efetivo e gratuito, diretamente prestado por estudantes e diplomados da Escola de Direito. São realizados encontros semanais na universidade, além de fazer mutirões de atendimentos, nos quais os integrantes do grupo deslocam-se até as comunidades onde vive a população imigrante.
O coordenador explica que a assessoria prestada pelo grupo não é estritamente jurídica, pois é preciso prestar um serviço ciente das necessidades das pessoas migrantes, o qual compreende situações para além de questões judiciais. O atendimento do SADHIR aos imigrantes e refugiados engloba procedimentos administrativos junto aos órgãos competentes, conscientização dos direitos e deveres desta população, auxílio no acesso de tais direitos e a integração destas pessoas no Brasil. Em relação aos procedimentos administrativos, as demandas são de regularização migratória, solicitações de refúgio, solicitações de carteira de registro nacional migratório, renovação de vistos, pedidos de residência, reunião familiar e outros.
Além dos serviços administrativos prestados, o SADHIR desenvolve pesquisa sobre os temas migração, refúgio e apatridia. Os integrantes do grupo mantêm-se sempre atualizados em relação ao tema, além de realizar projetos de pesquisas sobre a temática e participar de eventos acerca das migrações, trocando conhecimento e informação com demais pesquisadores da área. Desde 2017, o Grupo organiza um congresso anual intitulado “Direitos Humanos e Migrações Forçadas: Xenofobia, Refúgio e Transnacionalidade”, contando com a presença de professores, profissionais que trabalham no atendimento a imigrantes e refugiados em outros grupos voluntários, além dar voz sempre a algum migrante.
Gustavo Pereira ressalta que o acolhimento de imigrantes e refugiados envolve também a participação em debates e fóruns para a construção de políticas públicas em prol da comunidade migratória. Em virtude disso, o SADHIR também trabalha na articulação com secretarias estaduais e municipais de direitos humanos que atuam diante da temática. Um exemplo de ação é a participação do grupo nas reuniões do Comitê de Atenção aos Imigrantes, Refugiados, Apátridas e Vítimas (COMIRAT) do Rio Grande do Sul.
Além disso, o SADHIR integra o comitê local de Porto Alegre (COMIRAT-POA), que surgiu de uma parceria entre os governos federal, estadual e municipal e possui a finalidade de articular, propor, implementar, monitorar e avaliar o Plano Municipal de Atenção aos imigrantes. Na sua composição, diversas entidades locais interessadas no cenário migratório foram convidadas a compor o comitê, na condição de membro convidado.
O Dia Mundial do Refugiado, que acontece no dia 20 de junho, é uma data internacional definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para homenagear as pessoas refugiadas em todo o mundo. A data busca homenagear a força e a coragem das pessoas forçadas a deixar seu país de origem para escapar de conflitos, além de promover empatia e compreensão em torno desta situação e reconhecer a resiliência das pessoas refugiadas na reconstrução de suas vidas.
O Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) define como refugiados aqueles solicitantes de asilo políticos e os deslocados internos ao seu país. De acordo com os levantamentos da ACNUR, pela primeira vez na história, foi ultrapassado a marca impressionante de 100 milhões de refugiados e deslocados no mundo. O pesquisador da Escola de Humanidades Antonio de Ruggiero explica que estes indivíduos são obrigados a fugir de conflitos, violências, persecuções e violações dos direitos humanos em geral e que normalmente, as desigualdades sociais, a fome, a miséria, catástrofes climáticas e as guerras, intensificam esta mobilidade em busca de melhores condições de vida.
O docente coordena o projeto internacional Migrações: Perspectivas Histórico-conceituais e Análise de Fenômenos Contemporâneos, elaborado a partir da participação de professores ativos nos Programas de Pós-Graduação (PPG) em História, Filosofia, Psicologia, Letras e Ciências Socias da PUCRS. Ruggiero complementa que todos os deslocamentos, seja para salvar a vida, seja para melhorar as condições de vida, se revelam muito perigosos. A cada ano, registram-se milhares de mortos e desaparecidos, sem considerar que mais do 40% dos refugiados são menores de idade, com um número altíssimo de crianças envolvidas.
O objetivo do projeto coordenado por Ruggiero é analisar o complexo fenômeno da migração a partir de diferentes enfoques de pesquisa, considerando os atravessamentos entre culturas, práticas sociais e padrões de interação entre indivíduos, levados a cabo no momento em que pessoas provenientes de diferentes espaços são colocadas em contato em situações de significativo estresse pessoal e familiar. No projeto, a migração é examinada tanto em contextos pacíficos, quanto em contextos marcados pelo conflito. Ruggiero também destaca que a simples experiência da desterritorialização (causa de significativo sofrimento) é potencializada pelo trauma provocado nos contextos em que tal migração ocorre em situações como conflitos armados.
No PPG em História existem três pesquisas sendo desenvolvidas dentro desta temática. A doutoranda Caroline Atencio Medeiros Nunes, orientada pelo pesquisador Ruggiero está realizando sua tese Presença e mobilidades internas de árabes palestinos e descendentes no sul do Brasil de 1948 a 1980. De acordo com a pesquisa, trata-se de uma migração complexa que carrega questões que se relacionam com o estatuto do refugiado, visto a entrada destituída de um estado-nação. Caroline pontua em seu trabalho que a maioria destes imigrantes entra através do passaporte jordaniano conquistado nas décadas de 1950 e 1960.
A doutoranda também aborda as denominações para estes migrantes árabes em território brasileiro durante o período da Ditadura Civil-Militar. Conforme explica seu orientador, Ruggiero, este período foi marcado por políticas migratórias de exclusão, tendo a etnia europeia como a ideal.
Ainda no PPG em História, a pesquisadora da Escola de Humanidades Cláudia Musa Fay orienta a pesquisa Elas Merecem ser lembradas: Imigrantes venezuelanas em Porto Alegre, desenvolvida pela mestranda Giselle Hirtz Perna. Com sua dissertação, a aluna realiza uma análise de relatos de mulheres venezuelanas que residem na capital gaúcha desde 2016, objetivando as metodologias da História Oral, pesquisas de gênero e feminização das migrações. Com isso, a mestranda contribui para o debate sobre as dificuldades e interpelações nas quais mulheres sofrem mais que homens nos processos de mobilidade, apontando que a violência à qual essas mulheres são submetidas vai além das esferas físicas, pois são somadas violência simbólica e estrutural, baseada no gênero, raça, classe e nacionalidade.
Outra pesquisa ainda em fase inicial é desenvolvida pelo doutorando Lino Alan Dal Prá, que pretende analisar em profundidade as políticas migratórias elaboradas pela União Europeia, e em particular, pelo estado italiano nos últimos trinta anos. O aluno está sendo orientado por Ruggiero, que destaca que a mobilização de assistência e solidariedade aos refugiados ucranianos na Europa em 2022 não é comum no histórico recente de outras crises do mundo. De acordo com o pesquisador, em muitos casos se registram dificuldades na gestão da problemática e incapacidade por parte dos estados de responder com programas organizados de acolhimento.
“Os refugiados são frequentemente confinados em centros de detenção que se assemelham a prisões. A União Europeia já teve grande dificuldade em lidar com a questão nos últimos anos, a frente de um número sempre crescente de pedidos de asilo político”, destaca o professor.
Ruggiero também destaca que o sucesso da inclusão dos imigrantes com investimentos em políticas de integração socioprofissional é fundamental para o bem-estar, a coesão e a prosperidade das mesmas sociedades acolhedoras. Para o pesquisador, as migrações perpassam a sociedade e a transformam, obrigando o repensar sobre o pacto de convivência entre seres humanos, que deve hoje ser adaptado a uma sociedade pós-nacional, pluralista, culturalmente interligada e complexa.
Por conta disso, o docente complementa que as colaborações em pequenas escalas como apoios institucionais, ONGs, organizações religiosas e programas de voluntariado são muito eficientes em ajudar no primeiro momento de um refugiado, principalmente aqueles que chegam sem apoio de conterrâneos no local.
Com esta visão, a PUCRS conta com o Serviço de Assessoria em Direitos Humanos para Imigrantes e Refugiados (SADHIR), um projeto de extensão acadêmica, vinculado ao Núcleo de Prática Jurídica da Escola de Direito. A atuação do Grupo busca auxiliar a população migrante em situação de vulnerabilidade da região de Porto Alegre e região metropolitana. Atualmente o Serviço é coordenado pelo professor Gustavo de Lima Pereira, que atua na área de Direito Internacional, Direitos Humanos, Migração, Proteção Internacional e Filosofia do Direito.
O SADHIR foi iniciado em 2016 a partir de um projeto proposto pelo docente, contando com acadêmicos de graduação com interesse pela temática migratória. Atualmente o grupo conta com acadêmicos voluntários dos cursos de graduação em Direito e em Relação Internacionais da PUCRS. Unidos, os professores e alunos atuam em três esferas: atendimento à comunidade imigrante, desenvolvimento de pesquisas acerca do tema e articulação dos entes estatais na delimitação de políticas de acolhimento.
A principal esfera do SADHIR é a prática, que consiste no atendimento à comunidade de imigrantes e refugiados que residem na cidade de Porto Alegre e região metropolitana. O objetivo desta atuação é oferecer um serviço de assessoria em direitos humanos que seja efetivo e gratuito, diretamente prestado por estudantes e diplomados da Escola de Direito. São realizados encontros semanais na universidade, além de fazer mutirões de atendimentos, nos quais os integrantes do grupo deslocam-se até as comunidades onde vive a população imigrante.
O coordenador explica que a assessoria prestada pelo grupo não é estritamente jurídica, pois é preciso prestar um serviço ciente das necessidades das pessoas migrantes, o qual compreende situações para além de questões judiciais. O atendimento do SADHIR aos imigrantes e refugiados engloba procedimentos administrativos junto aos órgãos competentes, conscientização dos direitos e deveres desta população, auxílio no acesso de tais direitos e a integração destas pessoas no Brasil. Em relação aos procedimentos administrativos, as demandas são de regularização migratória, solicitações de refúgio, solicitações de carteira de registro nacional migratório, renovação de vistos, pedidos de residência, reunião familiar e outros.
Além dos serviços administrativos prestados, o SADHIR desenvolve pesquisa sobre os temas migração, refúgio e apatridia. Os integrantes do grupo mantêm-se sempre atualizados em relação ao tema, além de realizar projetos de pesquisas sobre a temática e participar de eventos acerca das migrações, trocando conhecimento e informação com demais pesquisadores da área. Desde 2017, o Grupo organiza um congresso anual intitulado “Direitos Humanos e Migrações Forçadas: Xenofobia, Refúgio e Transnacionalidade”, contando com a presença de professores, profissionais que trabalham no atendimento a imigrantes e refugiados em outros grupos voluntários, além dar voz sempre a algum migrante.
Gustavo Pereira ressalta que o acolhimento de imigrantes e refugiados envolve também a participação em debates e fóruns para a construção de políticas públicas em prol da comunidade migratória. Em virtude disso, o SADHIR também trabalha na articulação com secretarias estaduais e municipais de direitos humanos que atuam diante da temática. Um exemplo de ação é a participação do grupo nas reuniões do Comitê de Atenção aos Imigrantes, Refugiados, Apátridas e Vítimas (COMIRAT) do Rio Grande do Sul.
Além disso, o SADHIR integra o comitê local de Porto Alegre (COMIRAT-POA), que surgiu de uma parceria entre os governos federal, estadual e municipal e possui a finalidade de articular, propor, implementar, monitorar e avaliar o Plano Municipal de Atenção aos imigrantes. Na sua composição, diversas entidades locais interessadas no cenário migratório foram convidadas a compor o comitê, na condição de membro convidado.
A reputação é um recurso estratégico e ideológico que potencializa esforços no sentido de materializar o propósito àqueles que se relacionam com as organizações. Empresas e instituições buscam se comunicar com mais transparência e ética, para construir confiança com seus funcionários, clientes, formadores de opinião, fornecedores, governos e sociedade. Porém, para a área da comunicação, a discussão sobre reputação ainda tem sido pouco explorada.
Na Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS, a professora Denise Pagnussatt desenvolve sua tese sobre reputação e acredita que as organizações precisam ser mais conscientes das suas práticas e dos seus discursos relacionados à sua reputação. A docente explica que as pessoas estão cada vez mais conscientes das intencionalidades das organizações e não estão mais aceitando desalinhamento entre práticas e discursos.
A docente defendeu a tese intitulada Reputação sensível: aproximações entre os discursos reputacionais e as dimensões sensíveis acionadas pela Natura, fruto de sua trajetória de 20 anos de envolvimento com organizações que buscam entender e construir sua reputação. A pesquisa contou com a orientação da professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Cleusa M. Andrade de Scroferneker, reconhecida internacionalmente por sua atuação científica em comunicação organizacional e seus desdobramentos.
A reputação é composta por sete pilares e 26 fatores, que são considerados na estratégia organizacional, como forma, de consolidar uma reputação baseada em realizações e não em discursos. De acordo com Denise, a reputação não engloba apenas questões da comunicação, mas também questões da psicologia e neurociência. A pesquisadora explica que a área envolve expressões e aspectos que são aproximados às emoções, aos sentimentos, aos afetos e afetividades, que são discursos manifestados em texto com natureza sensível, como felicidade, orgulho, tristeza, confiança ou mesmo decepção.
Em sua tese, a docente desenvolve uma abordagem que propõe aproximações entre Comunicação e Administração com a Psicologia Social, apresentando o conceito de Dimensões Sensíveis, que foi proposto com base no neurocientista português António Damásio. A relação explica que as Dimensões Sensíveis envolvem emoções, sentimentos e afetos, que são evidenciados todos os dias por diversas organizações em seus discursos, procurando acionar esse sensível que vive nos públicos de interesse.
Na pesquisa, é desenvolvida uma análise da prática enunciada pela Natura, empresa brasileira que atua no setor de produtos cosméticos, pois se enquadra no conceito de Reputação Sensível, de acordo com pesquisadora. A professora explica que as organizações com reputação sensível têm a capacidade de acionar dimensões sensíveis que são mobilizadoras da transformação social e humana. Nessa lógica, essas organizações sabem do seu papel e do seu poder e usam de forma consciente e responsável.
Ou seja, a Reputação Sensível acontece quando a estratégia dialoga com os públicos de interesse, cujo caráter é positivo, humano e social, favorecendo e apoiando sua atuação sustentável, ética e transparente. De acordo com a tese, quanto mais organizações se atentarem às dimensões sensíveis que estão envolvidas nas suas relações com os públicos, mais teremos organizações protagonistas da evolução da sociedade como um todo.
Nas conclusões da análise, a professora ressalta que a Reputação Sensível reconhece na comunicação organizacional, possibilidades de valorizar as práticas e os discursos reputacionais como forma de uma atuação mais sustentável e responsável.
“Os caminhos da Reputação Sensível começam pelas pessoas, passando pelo mapeamento dos públicos de interesse, ou seja, com quem a organização se relaciona e realiza trocas simbólicas. Reconhecer nas pessoas a centralidade das estratégias, permite lucidez para vislumbrar o que elas valorizam, o que faz sentido e especialmente, faz sentir”, destaca a pesquisadora.
Reconhecimento
A professora Denise Pagnussatt também atua como coordenadora do Curso de Comunicação Empresarial e do curso de Relações Públicas da PUCRS. Sua tese foi reconhecida pela Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (ABRAPCORP) e esteve entre as finalistas do Prêmio Abrapcorp de Teses.
“A ABRAPCORP é uma das principais associações da área de relações públicas e comunicação organizacional e discute criticamente as tendências e os cenários da comunicação brasileira. E esse reconhecimento reforça a excelência do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUCRS, a excelência da atuação da professora Scroferneker e também reforça o valor da ciência como forma de transformação da nossa sociedade”, celebra a docente.
A Microbiologia Ambiental é uma sub-área da Microbiologia que estuda principalmente microrganismos de ambientes naturais como solo, sedimento, areia, lagos, rios, mares. A área investiga diversidade de espécies, suas relações com outros organismos e também o seu envolvimento na ciclagem de elementos do nosso planeta, como do carbono, nitrogênio, enxofre, dentre outros. Mais recentemente, pesquisas desenvolvidas na área têm contribuído com dados que indicam impactos ambientais derivados de atividades humanas.
A pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS Renata Medina da Silva possui uma trajetória científica reconhecida na Microbiologia Ambiental. A docente explica que as comunidades microbianas dos ambientes naturais são facilmente alteradas com a presença de poluentes, além de serem impactadas por alterações físicas e químicas do ambiente decorrentes das mudanças climáticas.
O debate sobre as questões de sustentabilidade e preservação ambiental tem ganhado cada vez mais força no cenário mundial. A data do dia 5 de junho foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas como Dia Mundial do Meio Ambiente, para conscientizar a população mundial sobre os impactos das ações humanas na vida do planeta. A professora Renata faz um alerta: precisamos priorizar as discussões sobre estes assuntos o quanto antes.
“Nossas ações deste exato momento estão determinando o quanto nós seres humanos e todas as demais espécies continuaremos vivos no nosso planeta. Inúmeras espécies de animais, plantas e microrganismos já foram extintas e outras estão em risco de extinção, em função do impacto causado pelas nossas atividades. As temperaturas atmosféricas e dos oceanos não param de subir e toneladas de gases de efeito estufa e outros gases poluentes continuam sendo lançados diariamente no ar que respiramos”, destaca a pesquisadora.
Microbiologia e Meio Ambiente
A professora Renata Medina atua em pesquisa na área de Microbiologia Ambiental, com ênfase em diversidade, genética e bioquímica de microrganismos. A docente é pesquisadora do Laboratório de Imunologia e Microbiologia e coordenadora do Grupo Geobiologia do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) da PUCRS. Atua nos Programas de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade e Biologia Celular e Molecular, com orientandos de Iniciação Científica, mestrandos e doutorandos, e também no curso de Especialização em Energias Renováveis.
Dentre os projetos que desenvolve, Medina destaca dois, em especial. O primeiro projeto vem resultando em uma série de publicações, com o propósito de descrever microrganismos de mar profundo da Bacia de Pelotas, na costa do Rio Grande do Sul, obtidos em Missões Oceanográficas de 2011 e 2013 pelo IPR. Os pesquisadores e a professora Medina descreveram os microrganismos que vivem ao longo da coluna d’água, no sedimento, ou que habitam a superfície de animais que vivem associados ao sedimento marinho de mais de 2 mil metros de profundidade.
Com as suas análises, foi possível descrever também as propriedades bioquímicas particulares de alguns destes microrganismos, descobrindo que alguns possuem a habilidade em consumir diferentes fontes de carbono, de capturar ferro do ambiente ou de se aderir a microplásticos. As pesquisas em andamento já evidenciaram também outras habilidades destes microrganismos, como a capacidade de resistência a antibióticos e a tolerância a metais pesados.
O segundo grande projeto desenvolvido por alunos e pela pesquisadora Medina analisa as bactérias que foram cultivadas a partir de amostras de água do Aquífero Guarani, o imenso aquífero que abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e, principalmente, o Brasil. As pesquisas revelam evidências sobre a tolerância destas bactérias a herbicidas, antibióticos e também a metais pesados.
De acordo com Renata, os projetos de pesquisa possuem um apontamento em comum: o alto grau de interferência humana nos ambientes estudados, em função das alterações significativas ligadas à tolerância a poluentes dos seus microrganismos. A situação acaba impactando negativamente também a população humana, no momento em que estes microrganismos habitam reservatórios de água importantes. A docente explica que, apesar de diversas evidências negativas sobre o que os humanos provocam no meio ambiente, excelentes novidades e iniciativas estão à disponíveis para melhorar este cenário.
“Ainda temos como reverter a situação, seja com investimentos em energias renováveis, políticas e práticas industriais ambientalmente sustentáveis, consumo consciente, reciclagem e reutilização de resíduos, e principalmente políticas públicas que promovam permanentemente e de forma efetiva a preservação dos ambientes naturais que ainda conhecemos. O mais importante neste momento é sabermos que todos temos condições e obrigação de contribuir para viabilizar a qualidade de vida para muitas gerações que vierem” finaliza a pesquisadora.
Nas últimas semanas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou novos casos da varíola dos macacos em países que são não endêmicos para o vírus. A doença se manifestou em países da Europa, como Reino Unido, Espanha e Portugal e também na América do Norte, nos Estados Unidos e Canadá. Por enquanto, no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são três casos suspeitos, um deles no Rio Grande do Sul, e a varíola dos macacos já causa alerta na população e na comunidade científica.
O professor da Escola de Medicina e Chefe do Serviço de Infectologia e Controle de Infeccção do Hospital São Lucas da PUCRS, Diego Rodrigues Falci, destaca a importância de diferenciar as doenças varíola e varíola dos macacos para não causar mais alvoroço na população. O docente explica que a varíola é uma doença que já foi erradicada e que o nome “varíola dos macacos” surgiu de uma tradução do termo em inglês “monkeypox”.
A professora de Infectologia da Escola de Medicina, Patrícia Fisch ressalta que os principais fatores que contribuíram para a erradicação da varíola foram a existência de uma vacina efetiva e disponível, a inexistência de portadores assintomáticos da doença e o fato de que apenas os humanos eram reservatórios para os vírus. Já a varíola dos macacos (monkeypox em inglês) é uma doença viral, causada por um vírus do gênero Orthopoxvirus, com sintomas similares aos da varíola, porém menos graves.
“Diferentemente da varíola que foi erradicada no mundo, a varíola dos macacos segue ocorrendo em países da África Central e Ocidental e é considerada uma zoonose – uma doença transmitida de animais para humanos. Vários animais já foram relacionados a essa transmissão, como esquilos, ratos e diferentes espécies de macacos”, explica a docente.
A transmissão da Monkeypox ocorre principalmente em áreas de floresta tropical da África e ocasionalmente dissemina-se para outras regiões do globo, de acordo com Falci. Sua transmissão é chamada de zoonótica, quando transmite do animal para o homem, através de mordidas, arranhões, consumo e preparação de carne contaminada, contato direto ou indireto com fluidos ou lesões. Além disso, a doença pode ser transmitida de humano para humano através de gotículas respiratórias e contato prolongado direto ou indireto com fluidos corporais ou material das lesões.
Por conta disso, a professora Patrícia destaca que a transmissão de varíola dos macacos entre humanos é considerada limitada. A docente destaca que diferente de outros vírus com transmissão facilitada entre humanos, como o da Covid-19 ou o sarampo, acredita-se que para a transmissão de varíola dos macacos é necessário contato físico próximo com uma pessoa que apresente sintomas, como ocorre durante as relações sexuais, quando há contato pele a pele mais intenso, além de exposição de mucosas.
Os infectologistas da Escola de Medicina também informam que os principais sintomas da varíola dos macacos são febre, erupção cutânea com bolhas em rosto, mãos, pés e/ou genitais, aumento de linfonodos, dores de cabeça, dores musculares e fraqueza. Já o período de incubação varia entre 5 a 21 dias, e a doença geralmente dura de 2 a 4 semanas, uma condição autolimitada associada a uma baixa taxa de letalidade (cerca de 1%).
Entre os dias 13 e 21 de maio de 2022, foram notificados à OMS 92 casos confirmados e 28 casos suspeitos em 12 países não-endêmicos para varíola dos macacos. Os casos foram identificados em vários países da Europa, na América do Norte e na Austrália. Já os países onde a doença é considerada endêmica são Benin, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Gana, Costa do marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo, Serra Leoa e Sudão do Sul. No dia 30 de maio o Ministério da Saúde do Brasil confirmou que investiga e monitora três casos suspeitos em território nacional.
Patrícia comenta que, com esse novo surto em países não-endêmicos, existe a possibilidade de a doença chegar ao Brasil já que atualmente o mundo todo é uma grande aldeia global conectada por vasta malha aérea. Porém com uma identificação precoce de casos suspeitos é possível realizar o manejo clínico adequado e a rápida instituição das medidas necessárias para bloqueio da transmissão. Para isso, também é importante intensificar as medidas de vigilância e de informação da população a fim de promover o rápido reconhecimento dos eventuais casos.
O professor Diego Falci evidencia que os cuidados para serem tomados são a higiene das mãos, essencial para a prevenção de diversas doenças infecciosas, e evitar contato com pessoas com suspeita ou confirmação da doença. Além disso, Patrícia realça o isolamento domiciliar dos casos (suspeitos e confirmados) e usar máscara se necessidade de contato próximo a alguém com sintomas.
O Hospital São Lucas da PUCRS está à disposição e atento para a evolução desta reemergência da doença e todas as medidas serão seguidas para garantir a segurança da comunidade e de todas e todos os usuários e profissionais do Hospital. Acesse o site para mais informações.
Celebrado no 24 de abril, o Dia Internacional do Multilateralismo e da Diplomacia para Paz foi oficialmente aprovado por meio de uma resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Na ocasião, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, defendeu que questões como as mudanças climáticas, tensões geopolíticas, e crises humanitárias e migratórias são temas globais transversais, que exigem atenção e ação coletiva. Por isso, a data foi criada com o objetivo de preservar os valores do multilateralismo (termo que se refere a vários países trabalhando em conjunto sobre um determinado tema) e da cooperação internacional, que sustentam a Carta da ONU e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
A coordenadora do curso de Relações Internacionais e pesquisadora da Escola de Humanidades, Teresa Cristina Marques, explica que o multilateralismo pode ser entendido enquanto a coordenação política de três ou mais Estados. A docente dedica sua trajetória acadêmica com estudos sobre militância, ativismo transnacional, migrações, transições políticas e política comparada.
De acordo com Marques, foi com a ordem liberal estabelecida por meio da construção de instituições e burocracias internacionais, tais como a ONU após a Segunda Guerra Mundial, que a linguagem normativa de reciprocidade e participação que marca o multilateralismo passou a ter mais peso nas relações internacionais. A pesquisadora comenta que esse peso se concentra na função destinada a tais burocracias de promover a paz por meio da promoção do diálogo diplomático entre os Estados.
A docente pontua que a ONU não é uma organização que está acima da soberania dos países, pois ela atua como um organismo e uma burocracia internacional, que conta com cinco membros permanentes como direito a veto, além de membros rotativos que tem direito a voto. Ao mesmo tempo, se tornam cada vez mais frequentes os ataques dos próprios Estados à ONU e ao multilateralismo como um todo. Sendo assim, fica em risco o processo de construção de uma linguagem comum que prepare o caminho para a paz.
Marques conta que o fortalecimento dessa linguagem normativa se acentuou com o fim da Guerra Fria, mas que atualmente vive uma crise. “As dificuldades da ONU em exercer a sua função de promover diálogo ficou evidenciado em casos como as guerras em Kosovo e Ruanda, contribuiu para colocar o multilateralismo em crise”, complementa.
Nesse cenário, as Organizações Internacionais Não Governamentais (OINGs) se tornam fundamentais na promoção e defesa dos Direitos Humanos a partir de múltiplos papéis. Para isso, a professora Marques destaca funções que as OINGs exercem com ações distintas que variam desde as denúncias das violações, às ações educacionais e campanhas de conscientização, passando pela pressão e diálogo com Estados, elas buscam ampliar o conhecimento sobre os Direitos Humanos.
“Com isso, elas foram fundamentais para acontecer uma expansão global da linguagem dos Direitos Humanos, através da conscientização das vítimas sobre os seus Direitos e atuação constantemente na formação de uma nova geração de promotores de Direitos Humanos”, explica.
A segunda função destacada pela pesquisadora é a de “empreendedor normativo”, isto é, as ações voltadas para a alteração de leis e construção de novos espaços que promovam normativas em favor dos Direitos Humanos. O exemplo que Marques apresenta é sobre a Anistia Internacional, organização que a pesquisadora estuda desde 2014, e conta com legitimidade global.
“Atualmente, existe um consenso que a Anistia Internacional teve um papel fundamental na própria construção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos da ONU, organização que conta com os Direitos Humanos enquanto um dos seus três eixos de atuação (os demais são Desenvolvimento, Paz e Segurança)”, complementa.
O professor e pesquisador da Escola de Humanidades Augusto Neftali de Oliveira tem experiência nas áreas de Ciência Política e Relações Internacionais, suas pesquisas englobam temas como Eleições, Política Pública, Democracia, Governos e outras. Além disso, o docente realiza estudos sobre as relações diplomáticas e o multilateralismo do Brasil e da América Latina.
Em seu estudo recente, o pesquisador aponta que, mais do que em qualquer momento nos últimos 30 anos, é importante ressaltar o multilateralismo e a diplomacia não apenas para o desenvolvimento nacional em harmonia, mas também para a colaboração no enfrentamento dos desafios coletivos. Oliveira destaca que o Brasil possui importante responsabilidade internacional e diplomática, por exemplo, na preservação da Amazônia e nas medidas para conter o aquecimento global previstas no Acordo de Paris.
No contexto da América Latina, o pesquisador explica que o continente já viveu um período produtivo para o multilateralismo e a diplomacia ao longo das décadas de 1990 e 2000. Oliveira conta que neste período, especialmente na América do Sul, houve esforços importantes mecanismos de colaboração econômica entre diferentes países, como o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações. Essas relações culminaram com a criação da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), em 2008.
Porém, recentemente, exemplos como a crise da sucessão presidencial da Venezuela de 2019, criam desafios constantes para a diplomacia do continente. Na ocasião, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia não reconheceram a legitimidade da vitória de Nicolás Maduro, sugerindo que o político não tomasse posse e fossem feitas novas eleições democráticas.
“Por estes e diversos outros conflitos políticos, instituições que poderiam ajudar em uma resposta regional para manutenção da segurança e da paz, como a própria UNASUL, foram desativadas, marcando um atual momento de crise para a manutenção da paz no continente”, destacou o docente.
O pesquisador Oliveira realiza pesquisas sobre como a política nos países da América Latina está entrelaçada e ajudam a produzir os movimentos de avanço e recuo no multilateralismo entre os países. Em seu artigo intitulado Neoliberalismo Durável, publicado na revista Opinião Pública, em 2020, o docente apresenta como as eleições levaram a governos ideologicamente próximos entre vários países da América Latina na primeira quinzena desse século. Por outro lado, motivos ideológicos também podem ser identificados nas divergências recentes, com isso, o pesquisador evidencia o risco que a diplomacia dos países passe a ser dirigidas de acordo com os interesses mais imediatos provenientes do ambiente político interno.
Este fenômeno é chamado por Oliveira de “diplomacia presidencial”, no qual as iniciativas de relações exteriores seguem os objetivos políticos dos presidentes eleitos. Para o pesquisador, a diplomacia brasileira, como toda a política pública, deve ser responsiva por meio dos mecanismos eleitorais e democráticos, além disso, deve ser concomitantemente guiada pelo princípio constitucional de manutenção da paz que rege as relações internacionais do Brasil.
“Este é um caso na qual as perceptíveis divergências ideológicas entre os governantes devem ser colocadas de lado. É necessário urgente discernimento por parte das lideranças e das instituições dos Estados da América Latina para proteção dos interesses da paz entre seus países e em relação às graves tensões atuais entre as potências mundiais”, complementa o pesquisador.