cenário econômico

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No começo deste ano, o mundo voltou sua atenção para os debates sobre economia, comércio internacional, questões sociais e ambientais com o Fórum Econômico Mundial 2023, que aconteceu em Davos, na Suíça. O evento reuniu entidades e especialistas de diversos países para discutir soluções para o futuro. O PUCRS Pesquisa conversou com Adalmir Antonio Marquetti, pesquisador da Escola de Negócios, para entender quais são os desafios globais mais urgentes no cenário econômico mundial em 2023.  

Cenário internacional 

Durante a 53ª edição do Fórum Econômico Mundial, chefes de estado e de governo, CEOs de empresas, representantes da sociedade civil, meios de comunicação globais e líderes juvenis de todos os continentes se uniram para reconstruir a confiança e moldar políticas e iniciativas necessárias para enfrentar os desafios de 2023, sob o lema “Cooperação em um mundo fragmentado”. O tema se deu em decorrência das grandes transformações e crises causados pela pandemia do Covid-19 e a guerra na Ucrânia e teve como objetivo retomar a importância do diálogo e da cooperação público-privada, não apenas para navegar pelas atuais crises, mas também impulsionar uma mudança positiva a longo prazo. 

Os assuntos debatidos durante o grande evento abordaram as principais preocupações, como as crises de energia e alimentos, alta inflação e elevada dívida das empresas e do setor público, surgimento de novas tecnologias, fragilidades sociais no novo contexto trabalhista e riscos geopolíticos em um mundo multipolarizado. Na PUCRS, o professor Marquetti também aborda questões de médio e longo prazo nas áreas de crescimento econômico, comércio internacional, desigualdade, meio ambiente e mudanças tecnológicas.  

O docente destaca que os principais temas em 2023 serão a inflação e a provável recessão da economia mundial. As questões de longo prazo, como as ambientais e de distribuição de renda e riqueza também estarão em debate. De acordo com ele, o aumento das taxas de juros para combater a inflação, a continuidade da guerra da Ucrânia, a Covid-19 na China e as disputas entre os Estados Unidos e a China vão influenciar na desaceleração da economia mundial.

guerra na ucrânia

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Informações do Banco Mundial indicam que o crescimento do PIB global cairá de 2,9% em 2022 para 1,7% em 2023, já na América Latina cairá de 3,6% para 1,3%. Com isso, Marquetti destaca que o ano não será fácil na perspectiva econômica, estimativas apontam que a China apresentará um quadro positivo ao expandir o seu crescimento do PIB de 2,7% para 4,3%.  

O Relatório de Riscos Globais deste ano, documento desenvolvido baseado nas opiniões de especialistas em riscos globais, políticos e líderes do setor, incentivou ações climáticas urgentes e coordenadas, assim como os esforços conjuntos entre os países e a cooperação público-privada para fortalecer a estabilidade financeira, a governança tecnológica, o desenvolvimento econômico e o investimento em pesquisa, ciência, educação e saúde. Assim como explorou as discussões acerca da “rivalidade de recursos”, um potencial aglomerado de riscos ambientais, geopolíticos e socioeconômicos inter-relacionados relacionados à oferta e demanda de recursos naturais, incluindo alimentos, água e energia. Para ler o Relatório de Riscos Globais na íntegra, clique aqui.  

Cenário econômico No Brasil 

O Brasil esteve presente no Fórum Econômico Mundial, com a missão de participar das discussões e demonstrar comprometimento com a responsabilidade fiscal e a agenda ambiental do mundo, na sessão “Brasil: Um Novo Roteiro”. Conforme o pesquisador da PUCRS, o Brasil passou por duas fases em termos de crescimento econômico nos últimos 70 anos.  

O docente explica que durante o desenvolvimentismo (1947-1980), a taxa de crescimento do PIB foi de 7,4% ao ano, neste período chegou a ter o PIB per capita maior que o da Coreia do Sul. O Brasil era uma das economias mais dinâmicas do mundo. A partir de 1980, o crescimento médio foi de 2,3% ao ano, um declínio superior a 5%.

Marquetti explica que entre os fatores que influenciam essa queda estão o progresso técnico, a rentabilidade do capital e as mudanças institucionais que reduziram a capacidade do país de realizar investimento produtivo. Para 2023, de acordo com estimativas do Banco Mundial, é esperada uma redução da taxa de crescimento do Brasil de 3% para 0,8%. A retomada do crescimento econômico e a geração de empregos de qualidade com elevada produtividade e renumeração são questões fundamentais para a sociedade brasileira.  

No evento em Davos, o mundo também abordou temas que englobam o Brasil como a preservação e o futuro da Amazônia, com a liderança da jovem indígena e ativista equatoriana Helena Gualinga. Além disso, a publicitária carioca formada pela PUC-Rio Luana Génot foi reconhecida como Young Global Leader (jovem líder global) por sua atuação na luta antirracista como diretora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR). A ONG luta pela inclusão de negros e indígenas no mercado de trabalho e em cargos de liderança nas empresas. 

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Inteligência Artificial na Medicina

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Quando falamos em Inteligência Artificial na Medicina, o que vem à mente? Hoje, já existem infinitas possibilidades. Algumas delas se resumem a desenvolver e empregar máquinas para realizarem atividades humanas de maneira autônoma. Com várias tecnologias, como redes neurais artificiais, algoritmos, sistemas de aprendizado e análise de dados, a IA tem influenciado diversas especialidades da Medicina, garantindo diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficientes.  

O professor da Escola de Medicina da PUCRS Fernando Ferreira Gazzoni destaca que, graças aos avanços tecnológicos da IA, tornou-se possível realizar análises preditivas que abrangem uma ampla variedade de técnicas estatísticas e de mineração de dados. Um exemplo é o Machine Learning, tecnologia que permite analisar fatos atuais e históricos para fazer previsões sobre eventos futuros ou desconhecidos em cada caso. Além disso, o docente comenta que o desenvolvimento tecnológico que a AI proporciona tem influência no desenvolvimento de novas técnicas da prática médica. 

No Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS, por exemplo, o grupo de radiologia realiza estudos com a aplicação da inteligência artificial na prática clínica, especialmente na área de tórax e neurorradiologia. Mais recentemente, foram realizadas pesquisas de revisão sistemática e metanálise sobre o desempenho diagnóstico da inteligência artificial na detecção de câncer de pulmão e sobre o uso de inteligência artificial para predizer o risco de ventilação mecânica no cenário de COVID-19. 

Diagnóstico precoce a partir da Inteligência Artificial 

No campo da Radiologia, a aplicação de IA tem proporcionado diversos avanços, como o reconhecimento de voz, acesso remoto a especialistas, entre outros. Na área já foi possível realizar a criação de plataformas com acesso a milhares de imagens clínicas, que permite aos médicos identificar estruturas anatômicas e suas alterações mais delicadas, além do desenvolvimento da tomografia avançada, tecnologia capaz de identificar as mais minuciosas alterações em tecidos e órgãos dos pacientes.  

Inteligência Artificial na Medicina, machine-learning e inteligência artificial generativa

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Outro exemplo é o projeto iLung², desenvolvido por pesquisadores da PUCRS e a startup Exper, sediada no Parque Tecnológico e Científico da PUCRS, em parceria com a Boehringer. Conforme explica Gazzoni, o iLung² alia a análise de dados e Inteligência Artificial para oferecer diagnósticos precisos de doenças ligadas ao tabagismo, além de identificar câncer pulmonar em fases extremamente precoces. O projeto foi criado por um grupo de pesquisas do HSL em 2021 e já atendeu mais de 2 mil pacientes em todo país. 

O docente ressalta a importância deste projeto, visto que o câncer de pulmão é o segundo tumor de maior incidência em todo o mundo e o que mais conduz ao óbito. 

“As mortes relacionadas aos tumores de pulmão têm aumentado em proporções epidêmicas, refletindo a relação desta doença com o tabagismo. Com isso, é fundamental prever sua presença nos pacientes, para definir as estratégias mais efetivas para reduzir o número de casos e óbitos relacionados aos tumores pulmonares”, finaliza Gazzoni.

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combate à desinformação

Professor da PUCRS Wagner de Lara é um dos pesquisadores a participar da equipe científica do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Soberanias e Disputas Informacionais (INCT-DSI). / Foto: Giordano Toldo

O professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Wagner de Lara Machado, irá compor a equipe científica do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Soberanias e Disputas Informacionais (INCT-DSI), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O novo instituto tem como proposta o combate à desinformação. Entre as atividades desenvolvidas estarão estudos e diagnósticos sobre a comunicação de informações falsas ou fakenews de modo a colaborar com a regulamentação e monitoramento por órgãos públicos.  

O grupo será composto por pesquisadores de diferentes universidades brasileiras e também terá como objetivo criar mecanismos envolvendo inteligência artificial, ciência de dados e intervenções comportamentais para combater a desinformação. “Nosso papel é reforçar a democracia por meio da garantia de boas práticas informacionais”, garante Wagner, professor dos cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia da PUCRS e coordenador do grupo de pesquisa Avaliação em Bem-estar e Saúde Mental (ABES).  

Na composição do INCT-DSI, o professor da PUCRS ficará responsável pelo Núcleo de Estudos Estratégicos em Comportamento, Cognição e Comunicação. Ele irá atuar como consultor e pesquisador em temas como letramento científico e combate à desinformação, seja na saúde, na questão da crise climática, política e outras áreas. Além disso, deve integrar pesquisas sobre intervenções de combate à desinformação e sobre os impactos da desinformação na saúde e bem-estar da população brasileira. 

União de esforços para o combate à desinformação 

O pesquisador responsável pela proposta do INCT-DSI é o professor Afonso de Albuquerque, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Wagner explica que está sendo constituído um núcleo específico sobre as pesquisas envolvendo comunicação e cognição no âmbito do novo Instituto:

“Este núcleo específico irá aproximar a Psicologia e áreas da Comunicação e Ciência de Dados e, assim como os outros, terá bolsas de estudos e concorrerá a editais de pesquisa para gerar oportunidades para que alunas e alunos complementarem sua formação com pesquisa básica e aplicada a situações reais de desinformação. O Instituto surge com uma missão desafiadora em um cenário de disseminação de fakenews, desinformação e ataques à liberdade de imprensa em todo o mundo. 

“Nos EUA, nas últimas eleições, foi investigada a ação de grupos externos disseminando conteúdo falso com a finalidade de alterar os resultados daquele processo. Durante a pandemia, tivemos muitos problemas não só com as informações inverídicas sobre as vacinas, mas também sobre os impactos da doença e do papel do Estado na ação contra a pandemia. O Brasil, que já foi exemplo mundial em vacinação, hoje amarga taxas alarmantes de cobertura vacinal, este é um retrocesso que gera danos incalculáveis para nossa sociedade, e que muitos autores atribuem a informações falsas ligando vacinas à transtornos graves do desenvolvimento”, alerta o pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. 

combate à desinformação

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Outro objetivo do INCT-DSI, segundo o professor, é que o conhecimento científico seja mais valorizado. Para isso, a ideia é levar ao conhecimento da população em geral como este conhecimento é construído nas universidades, apresentando os níveis de evidência para que as pessoas possam compreender as decisões de Estado e tomarem suas escolhas de forma autônoma e informada.  

Impactos da desinformação na saúde da população brasileira 

Testar e construir modelos que explicam a relação entre comunicação, crenças e comportamento, especialmente no âmbito da desinformação, também está na pauta do novo Instituto do CNPq. A atuação pretende adaptar e desenhar intervenções que possam prevenir ou dirimir os efeitos da desinformação. Para isso, os estudos terão como finalidade desenvolver programas e protocolos de políticas públicas com foco na soberania informacional.  

O professor Wagner, que há cerca de 15 anos trabalha com metodologias quantitativas e qualitativas no desenvolvimento e adaptação de medidas psicológicas, também dedica parte de sua trajetória a adaptar, desenvolver e avaliar o sucesso de intervenções e à área do bem-estar. Coordenador do maior curso de especialização no Brasil sobre Psicologia Positiva, ele se dedica a entender os determinantes (sociais e individuais) e os impactos do bem-estar.  

“Sabemos que as fakenews geram um fenômeno chamado de dissonância cognitiva, em linhas gerais se refere ao conflito entre crenças, ou entre crenças e comportamento. A dissonância possui um impacto relevante, diminuindo nossa percepção de bem-estar, ou levando a sintomas psicológicos importantes. Também do ponto das neurociências cognitivas sabemos que alguns vieses comportamentais aumentam a vulnerabilidade às fakenews, como no caso do viés de confirmação, no qual o indivíduo considera válidas ou relevantes apenas informações que confirmam duas crenças prévias”, ressalta.  

Neste contexto, Wagner irá auxiliar no desenho e avaliação de intervenções no âmbito da desinformação e nos estudos dos fatores sociais e individuais que aumentam a vulnerabilidade frente a exposição a desinformação. 

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doenças respiratórias

Foto: Bruno Todeschini

As doenças respiratórias são uma das principais causas de morbidade e mortalidade em pediatria. Esse cenário gera altos custos para o sistema de saúde e causa impacto significativo na qualidade de vida das crianças e suas famílias. Essas doenças podem ser classificadas como agudas, como a bronquiolite viral aguda, ou como crônicas, que tem como exemplo a asma e a fibrose cística. Para isso, a fisioterapia respiratória é uma especialidade relevante para a prevenção e para o tratamento de praticamente todas as doenças que atingem o sistema respiratório. 

Os pacientes acometidos por essas doenças sofrem diversas complicações, dentre elas, a limitação física e aeróbica, o que acarreta sintomas como dispneia, fadiga e dificuldade de respiração durante e após as atividades físicas. Esses sintomas afetam o condicionamento físico do paciente, que aliado à inatividade, pode provocar um círculo vicioso, comprometendo sua qualidade de vida. 

Para estes casos, a fisioterapia respiratória surge com um papel fundamental para definir, junto ao paciente, técnicas de remoção de secreções, ajustar a terapia inalatória, recomendar exercício físicos específicos e tratar alterações musculoesqueléticas. 

“A modalidade é um conjunto de técnicas manuais que podem ser preventivas ou terapêuticas e tem como objetivo mobilizar secreções, melhorar oxigenação do sangue, desobstruir os brônquios e vias aéreas superiores, diminuir o trabalho respiratório, reeducar a função respiratória e prevenir complicações”, explica o professor e pesquisador da Escola de Medicina da PUCRS Márcio Donadio.

A Fisioterapia é eficaz nesses casos?

No grupo de pesquisa em Avaliação Funcional, Atividade Física e Desenvolvimento da Criança e do Adolescente da PUCRS, estão sendo desenvolvidas pesquisas apontando a especialidade da fisioterapia respiratória como forma eficaz de tratamento para pacientes com diagnóstico de doenças como a fibrose cística. Os pesquisadores que atuam no Laboratório de Atividade Física em Pediatria do Centro Infantil da Escola de Medicina analisaram o uso de exercício físico e testes de avaliação física para estes casos.

O professor Donadio explica que pacientes com fibrose cística apresentam além da infecção crônica, episódios agudos de sintomas respiratórios, chamados de exacerbações pulmonares. Esses eventos impactam negativamente a qualidade de vida dos pacientes, com repercussões físicas e psicossociais, além dos pacientes apresentarem uma deterioração mais rápida da função pulmonar e uma piora do prognóstico, com diminuição da sobrevida. Além disso, em muitos casos, também acontece a hospitalização para tratamento com antibióticos, intensificação da fisioterapia respiratória e do suporte nutricional, gerando um grande impacto nos custos para a saúde.  

Com isso, a pesquisa desenvolvida pelo grupo da PUCRS propõe a aplicação do teste do degrau de três minutos, utilizado para avaliar a capacidade física. O pesquisador explica que esse teste tem suas vantagens porque pode ser realizado fora de um laboratório, com o benefício adicional de ser mais próximo dos padrões usuais de atividade física, sem depender de motivação e nem de espaço amplo para sua realização.  

doenças respiratórias

Foto: Bruno Todeschini

Os resultados da pesquisa apontam que o teste do degrau de três minutos pode auxiliar na identificação de episódios de exacerbação pulmonar em pacientes com fibrose cística e que pode ser realizado de forma remota. Desta forma, o teste pode ser uma ferramenta auxiliar para identificar episódios de exacerbação pulmonar, apresentando um bom desempenho quando realizado de forma remota, permitindo a avaliação de pacientes à distância e sem a necessidade de deslocamento até o centro de referência. 

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS: Pesquisa com hospital da Espanha 

Para desenvolver um dos estudos, o grupo de pesquisa da PUCRS contou com a colaboração do Hospital Universitario Niño Jesús de Madrid, da Espanha, por meio do Programa CAPES-PrInt na PUCRS. Donadio atuou como professor visitante na Universidad Europea de Madrid, onde também a aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Pediatria Natália Evangelista Campos realizou doutorado sanduíche pelo período de um ano.  

Com a presença do professor e da estudante da PUCRS, foi possível dar início ao projeto que visa analisar os efeitos de um programa de exercício físico com foco na força muscular, supervisionado à distância, para pacientes com fibrose cística. Os resultados parciais obtidos até o momento indicam que o programa de exercício está gerando ganhos na capacidade muscular e na composição corporal. 

“São evidências de que programas de exercício também podem ser administrados e monitorados de forma remota, além de que podem contribuir de forma importante para o aumento da adesão a essa terapia de tantos benefícios para pacientes com doenças respiratórias crônicas”, finaliza o pesquisador. 

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Fonte: PUCRS Data Social

Foi divulgada na última quarta-feira, 7 de dezembro, a nona edição do Índice de Desenvolvimento Estadual – Rio Grande do Sul (iRS), estudo realizado pelo PUCRS Data Social – Laboratório de Desigualdades, Pobreza e Mercado de Trabalho em parceria com o jornal Zero Hora. A pesquisa, que avalia a qualidade de vida nos estados brasileiros por meio dos critérios de padrão de vida, educação e longevidade e segurança, traz os dados de 2020 – esta é primeira edição do levantamento com dados registrados durante a pandemia da Covid-19. 

Coordenador da pesquisa e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José de Mattos, destaca que as consequências da pandemia se mostraram nos dados: 

“O impacto aparece de forma bastante clara na dimensão de padrão de vida, que trata de renda e mercado de trabalho. Verificamos uma situação de redução significativa da renda média e também da ocupação. Além disso, a desigualdade da renda do trabalho também se agravou”, avalia.

O iRS varia de zero a um, nos mesmos moldes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Quanto mais próximo de um, melhor o desempenho de cada região. O Rio Grande do Sul manteve a quinta posição no indicador geral retomada no ano passado – no entanto, o desempenho do Estado teve uma queda de 0,661 para 0,652. Já a média nacional passou de 0,625 para 0,604.  

Rio Grande do Sul mantém posições nos rankings gerais 

Mantendo o quinto lugar, o Estado gaúcho é precedido no ranking geral pelos estados do Paraná (quarto lugar), Santa Catarina (terceiro lugar), São Paulo (segundo lugar) e Distrito Federal (primeiro lugar). Dentre eles, o Distrito Federal foi o único que apresentou crescimento. Os demais estados caíram no desempenho – embora o Rio Grande do Sul tenha apresentado uma queda relativamente menor do que eles. 

Comparando o Estado apenas com seus vizinhos da região Sul, Paraná e Santa Catarina, o Rio Grande do Sul conseguiu diminuir a distância em relação a ambos. No entanto, segue sendo o estado com o pior desempenho na região Sul – o último entre os três no ranking nacional, sendo precedido por seus vizinhos. 

Estado oscila entre quedas e crescimentos nos critérios principais 

Fonte: PUCRS Data Social

Acompanhando a tendência do restante do Brasil, o Rio Grande do Sul registrou sua terceira queda consecutiva desde 2018 no critério de padrão de vida. Apesar disso, ainda registrou desempenho superior à média nacional.  

Na dimensão da educação, apesar de ter melhorado em relação ao último índice, o Estado segue na 12ª posição no ranking nacional e seu desempenho ainda é ligeiramente inferior à média nacional.  

Já em longevidade e segurança, o panorama é mais positivo: o Rio Grande do Sul apresenta desempenho significativamente superior à média nacional. Além disso, vem registrando um crescimento constante desde 2018.  

Segundo o coordenador da pesquisa, há uma explicação as oscilações de posição do Estado em cada um dos critérios principais.  

“Na dimensão padrão de vida, o Rio Grande do Sul seguiu o comportamento médio do país, registrando queda na renda média e aumento da desigualdade. Na educação, o Estado melhorou, em especial por um aumento nas matrículas do ensino médio – impacto relativamente pequeno, mas relevante. Já sobre a dimensão longevidade e segurança, observamos uma melhoria nas taxas de homicídios e mortes no trânsito, além de uma diminuição da mortalidade infantil. Isso se explica por um conjunto de fatores, entre eles a própria restrição de mobilidade em função da pandemia e políticas de segurança pública articuladas no Estado”, comenta. 

Fazendo um balanço do levantamento, Mattos observa que 2020 foi um ano de retração média na qualidade de vida de modo geral. Apesar disso, ao observar essas dimensões, houve um ônus para a população. “Se por um lado a renda prejudicou a qualidade de vida, por outro estivemos em um cenário com um pouco menos de violência letal”, diz o professor. 

Conheça o PUCRS Data Social 

O laboratório reúne pesquisadores/as das áreas de Economia e Sociologia da PUCRS, focado em temas relacionados à desigualdade, pobreza e mercado de trabalho. O PUCRS Data Social elabora estudos e relatórios sobre esses temas, baseados em dados públicos oficiais, além de análises acessíveis que contribuam para o debate público acerca desses assuntos. 

infância

Foto: Matheus Gomes

Com o objetivo de promover saberes aliados a propostas efetivas e interdisciplinares de impacto social na infância, o Laboratório das Infâncias (LabInf) foi criado em 2021 na Escola de Humanidades, da PUCRS. Coordenado pela pesquisadora da PUCRS Andreia Mendes dos Santos, a estrutura de pesquisa surgiu como uma resposta científica ao contexto decorrente da pandemia da Covid-19, que se iniciou em 2020, ampliando as vulnerabilidades e desigualdades sociais para adultos e crianças.  

Atualmente, o laboratório conta com uma equipe interdisciplinar de professores/as e alunos/as de pós-graduação das Escolas de Ciências da Saúde e da Vida, Humanidades e Medicina, além de estar aberto para acadêmicos de outras áreas. Sua atuação tem como objetivo desenvolver projetos integradores com foco nas infâncias, articulando ensino, pesquisa e extensão, por meio de atividades voltadas à sociedade e à academia. 

Os projetos desenvolvidos contam com o apoio do Centro Marista de Promoção dos Direitos da Criança do Adolescente, com espaço físico equipado para atender crianças e famílias na Fundação Irmão José Otão (Fijo), localizado no prédio 2 do Campus da PUCRS. De acordo com Andreia, as iniciativas buscam oferecer oportunidades de melhorar a experiência nas infâncias e busca a valorização das experiências delas, por meio da intersecção entre o cuidar, promover e educar. 

“Nossa estrutura e atividades buscam oferecer um espaço formativo para pesquisadores e alunos das mais diferentes áreas da PUCRS. Além disso, serão desenvolvidos projetos de acolhimento terapêutico em busca da garantia de um espaço potente para que ocorram processos de desenvolvimento físico, cognitivo, psicológicos e sociais, por meio de ações planejadas, pedagógicas e estruturais para os bebês, crianças e pais”, explica a pesquisadora.  

Experiências infantis na universidade 

Foto: Arquivo LabInf

O projeto Movimentar – o corpo como oficina de interações infantis: experiências infantis na universidade, surge da expertise de um grupo de pesquisadoras do Núcleo de Estudos sobre as Infâncias e Educação Infantil (NEPIEI) em uma relação dialógica socialmente construída no LabInf, frente à realidade percebida durante as reuniões e a necessidade de promover práticas corporais mais atentas ao corpo durante a infância. 

O projeto, voltado a crianças de 3 a 6 anos, considerará a interação social e as aprendizagens dessas crianças, pois irão dispor de práticas pedagógicas lúdicas, atividades corporais, ampliando suas habilidades motoras amplas e finas, atividades artísticas e brincadeiras. 

Andreia explica que a proposta de programação parte do entendimento de que o brincar na infância proporciona uma gama de novas aprendizagens quando a criança é deparada com momentos de formação de vínculos com o outro ou consigo mesmo, com a experimentação do espaço, com os materiais e com a imaginação.  

“É brincando que as crianças trabalham seus medos, desenvolvem habilidades, criam conceitos sobre seus valores e conseguem descobrir e expressar o que de fato gostam e o que não gostam de fazer”, pontua. 

Durante este projeto as crianças terão a oportunidade de participar de diferentes situações de aprendizagens, num processo ativo de construção de significados, podendo se expressar por meio do desenho livre, da fala, da linguagem corporal, gestual, musical, artística, experimentando diversas vivências e sensações, e gradualmente, irão se apropriando da cultura, por meio de situações significativas.  

A primeira turma piloto deste projeto teve início em outubro com encontros semanais, com um grupo reduzido de até dez famílias. Atividades englobam construção de brinquedos com sucata, leitura de contos e brincadeiras lúdicas com finalidade de oportunizar momentos de reflexão sobre as ações, práticas e avaliação do projeto 

Oficina para bebês e crianças pequenas 

Foto: Arquivo LabInf

Outro projeto desenvolvido pelos pesquisadores do LabInf é a Oficina de brincar com bebês e crianças pequenas. Pensada com o propósito de criar um espaço de estar e brincar para os bebês e crianças bem pequenas para exploração e também identificação de descompasso de desenvolvimento e acolhimento de seus cuidadores como promoção e prevenção de saúde, atendendo a comunidade.  

As atividades iniciam em outubro, com frequência quinzenal nas quintas-feiras, para um grupo fechado de cinco bebês e seus responsáveis, que serão envolvidos em quatro encontros com momentos de interação entre adultos e bebês, exploração do espaço físico e brincadeiras estimulantes com tecidos, objetos e materiais diversos.  

As oficinas englobam objetivos de formação profissional e científica, onde estudantes e pesquisadores atuar com estudos e intervenção com bebês e crianças pequenas, com um espaço de estágio e prática de observação. Assim como agregar na sociedade com um espaço de lazer e de encontro para familiares, cuidadores e crianças onde os bebês serão tratados como sujeitos.  

A pesquisadora Andreia explica que as propostas partem de uma noção de que a infância não deve ser compreendida apenas como uma etapa biológica que perdura até cerca de 12 anos ou que se restringe a uma preparação para a vida adulta. Para a docente, a infância é abordada como uma construção social e as crianças são reconhecidas como atores que produzem culturas.   

“As suas experiências, trajetórias, expectativas e conflitos são importantes demandas sociais. Considera-se o brincar como parte fundamental da infância e, por isso, tomamos como um desafio na promoção da inserção social da criança”, finaliza a coordenadora do laboratório.

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Nos últimos 40 anos a produção agropecuária brasileira se desenvolveu, de forma que vem produzindo excedentes cada vez maiores, expandindo vendas para o mundo, conquistando novos mercados e gerando superávits cambiais que fortalecem a economia brasileira, sendo um dos pilares mais fortes da economia brasileira e fator de desenvolvimento do país. Em 2020, o valor bruto da produção (VBP) agropecuária alcançou R$ 1,10 trilhão, dos quais R$ 712,4 bilhões na produção agrícola. Em 2021, o valor bruto da produção de soja (1º lugar) foi de R$ 398,1 bilhões, seguido do milho (3º lugar) com R$ 138,4 bilhões (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA Brasil).

Ainda assim, um dos grandes problemas existentes na cadeia logística de transporte e de distribuição da produção agrícola consiste na forma e no tempo necessário para que os granéis sólidos sejam descarregados dos caminhões. Atualmente o problema de descarga de granéis sólidos é resolvido pelo uso de carrocerias basculantes ou da descarga manual em carrocerias graneleiras e rampas elevatórias fixas instaladas em poucos locais (devido ao elevado investimento e custo de operação), representando um sistema moroso e determinando um gargalo no escoamento da produção agrícola junto a instalações de armazenagem, processamento e transbordo.

Visando solucionar o problema, uma nova tecnologia foi desenvolvida pelo pesquisador da Escola Politécnica Rafael Roco de Araújo, em parceria com Sérgio Brião Jardim, otimizando o processo de descarga de forma simples e com baixo custo. A patente, intitulada como Dispositivo para Veículo Transportador e Método de Acondicionamento e Descarga de Granel Sólido em Veículo Transportador, foi recentemente concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Denominado como Sistema de Descarga Rápida de Granéis sólidos (SDRGS) e atuando por meio de um dispositivo inflável, os princípios que norteiam a proposta são a simplicidade, a utilização da gravidade para a descarga natural, a conservação de energia, o baixo custo de aquisição, de operação e de manutenção, a segurança dos operadores, minimizando o trabalho humano, e – principalmente – a rapidez do processo.

A solução consiste em um dispositivo e um método para descarga rápida de granéis sólidos em veículos transportadores, embarcados em caminhões rígidos, articulados ou biarticulados; de porte leve, médio, semipesado, pesado e extrapesado; equipados com carrocerias graneleiras, compreendendo um sistema sem intervenção de mão-de-obra humana para manusear os granéis e resultando em elevado volume de descarga em menor tempo.

Entenda a nova tecnologia

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A solução compreende um mecanismo de um bolsão pneumático (inflável) que se mantém constantemente pressurizado e assentado sobre o assoalho da carroceria e em toda a sua extensão. Com a carga completa, o bolsão é comprimido e achatado contra o assoalho, liberando o volume útil para carregamento. Já com baixa carga ou na inexistência de carga, o bolsão pneumático mantém-se inflado, apoiando o processo de descarga ao inflar e expulsar o restante da carga que tenderia a ficar retida na carroceria.

As dimensões do sistema proposto podem ser adequadas as dimensões (comprimento e largura) da carroceria do veículo e da sua capacidade de carga, independente do fato de ser do tipo rígido (com 2, 3 ou 4 eixos), articulado (veículo-trator e semireboque) ou biarticulado (veículo-trator e dois semi-reboques).

Para a sua concepção, a tecnologia leva em consideração o uso de componentes já existentes nos caminhões e dispositivos adaptáveis já existentes e disponíveis no mercado, sem necessidade de alterações estruturais significativas para as adaptações nos veículos de carga tradicionais, com baixo desgaste e pouca manutenção. Além disto, é facilmente reversível, pois não exige modificações na estrutura do veículo (chassi e transmissão) e justamente por ser instalada em carrocerias graneleiras simples, podendo ser retirada/recolocada a qualquer momento, considerando o transporte de outros tipos de produto, ao contrário da carroceria basculante, que restringe as possibilidades de carga a ser transportadas pelo veículo.

A descarga rápida dos grãos ocorrerá por gravidade, em duas fases e sem interrupção do processo. Na primeira fase, onde a maior parte da carga será transferida, a descarga acontecerá pela abertura das laterais da carroceria. Na medida em que a descarga vai ocorrendo, acontece a segunda fase na qual, naturalmente, expande-se o bolsão pneumático devido à redução da pressão a que o mesmo se encontrava submetido. A dilatação completa do bolsão pneumático expulsa o restante da carga que tenderia a restar depositada no assoalho da carroceria.

Quando o veículo volta a ser carregado, o peso do conteúdo pressiona o bolsão pneumático que, contraído, achata-se ao longo de toda a extensão do assoalho. A injeção e pressurização do ar do mecanismo são feitas por sistema de compressor e reservatório de ar tradicionalmente utilizado nos caminhões. A pressão a manter dentro do bolsão pneumático dependerá da densidade dos granéis sólidos transportados (soja, arroz, milho, trigo, etc). Essa pressão poderá ser facilmente regulada por instrumentos correntemente utilizados, como manômetros, pressostatos, válvula de alívio e de regulagem.

Método versátil e inteligente

Dentre as vantagens que tornam a tecnologia competitiva estão o aumento da produtividade pelo processo acelerado de descarga, não havendo a necessidade de manuseio das lonas de cobertura da carga ou de recursos humanos para descarga, a versatilidade de não tornar a carroceria dedicada a um único tipo de carga/material, a portabilidade e a possibilidade de uso/reuso/retirada, a utilização do sistema de alimentação de ar existente no próprio veículo, sem requer aumento de aceleração do motor para acionar o mecanismo, como acontece com sistemas concorrentes, a ausência de consumo adicional de combustível, a ausência de emissão de gases, podendo inclusive o motor estar desligado e a baixa necessidade de manutenção. Os materiais são de custo acessível, de fácil obtenção no mercado.

Estima-se que o tempo de descarga com o dispositivo possa reduzir em 1/3 o atual tempo de descarga em uma carroceria convencional que para um caminhão extrapesado (tipo carreta) dura entre 20 e 30 minutos. Sendo acessível ao transportador, quanto maior o número de usuários, menor será a espera total nos locais de descarga. Ou ainda, poderá resultar no mesmo ganho de preferência na fila que os caminhões basculantes possuem.

Para informações de licenciamento desta tecnologia e/ou oferta de outras tecnologias da PUCRS, os contatos podem ser realizados com o NIT da PUCRS: Agência de Projetos, setor de Tech Transfer, pelo telefone 3320-3907 ou e-mail [email protected].

Sobre o pesquisador

O professor e pesquisador Rafael Roco de Araújo é formado em Engenharia Civil, com mestrado e doutorado na área com ênfases em Sistemas de Transporte e Logística e experiência em Engenharia de Produção. Além disto, o professor tem uma trajetória de vida que o direcionou para estes caminhos, filho de transportador autônomo de cargas.

hfactores, pesquisa gás e óleo

Foto: Divulgação HFACTORS

A PUCRS, por meio do núcleo de pesquisa Human Factors and Resilience Research (HFACTORS), está desenvolvendo um projeto para o fortalecimento da cultura de segurança da Karoon Energy, empresa internacional de exploração e produção de petróleo e gás natural, com projetos no Brasil e na Austrália. 

A pesquisa, que iniciou em abril e tem duração prevista de 15 meses, conta com uma equipe formada por cerca de 15 profissionais, com formação interdisciplinar e foco em engenharia, resiliência e ciências sociais aplicadas. A liderança do projeto está com a Escola Politécnica e com a Escola de Negócios da PUCRS, incluindo pesquisadores de outras áreas. 

“A ideia é fazer um diagnóstico da empresa no contexto de fatores humanos. Em uma segunda etapa, haverá sensibilização sobre essa abordagem”, explica o coordenador do núcleo HFACTORS e professor da Escola Politécnica, Eduardo Giugliani.  

Dinâmica da pesquisa 

Desde 2014, o HFACTORS estuda e desenvolve soluções em Fatores Humanos, principalmente com foco em segurança, em sistemas sociotécnicos complexos. A experiência em áreas como exploração de petróleo, aviação e saúde vem consolidando o conhecimento da equipe.  

Nesta pesquisa, a coleta de dados será feita a partir de entrevistas, oficinas colaborativas, observação e análise de operações em campo, com embarque de pesquisadores em plataformas de petróleo em alto mar, na costa brasileira. 

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Foto: Divulgação HFACTORS

Ao final do trabalho, o grupo tem expectativa de reunir informações e conhecimentos sobre os atores e as dinâmicas organizacionais que possam contribuir com a melhoria do desempenho em segurança da Karoon Energy. Os avanços do projeto serão conquistados com base em conceitos de pesquisa-ação, quando os pesquisadores do HFACTORS trabalham em conjunto com os colaboradores da empresa, construindo soluções e proposições de forma compartilhada.  

Sobre o HFACTORS  

O Human Factors and Resilience Research (HFACTORS) é o núcleo vinculado à Escola Politécnica da PUCRS, em parceria com a Escola de Negócios, formado por profissionais de diferentes formações, como Engenharia de Resiliência, Sociologia, Serviço Social, Psicologia, Engenharia, Mídia e Gestão do Conhecimento. 

A equipe estuda e desenvolve soluções, principalmente voltadas à segurança, em sistemas sociotécnicos complexos. O que vincula todos os pesquisadores do núcleo é a abordagem de Fatores Humanos, a qual observa a interação do homem com o ambiente de trabalho, incluindo os fatores ambientais, tecnológicos, individuais e organizacionais, entre outros. 

Fatores Humanos 

A abordagem utilizada pelo núcleo de pesquisa procura basicamente interpretar e entender a relação do humano com tudo aquilo que o cerca. Fatores Humanos são condições que influenciam o comportamento no trabalho, afetando, além do desempenho, a segurança e a saúde do trabalhador. 

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lgpd

Foto: Divulgação

No mês de agosto, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), L13709, completou um ano da aplicação de sanções. Temática da pesquisa da professora da Escola de Direito Regina Linden Ruaro, a lei entrou em vigor em dezembro de 2018 e atua com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade, privacidade e a livre formação da personalidade de cada indivíduo. 

A docente, que desenvolve diversos projetos sobre Proteção de Dados Pessoais desde 2006, pontua que o modelo de LGPD, tanto no Brasil como nos demais países da América Latina, tem forte inspiração no modelo europeu, o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD). Este avanço entre países latino-americanos ao modelo regulatório europeu acontece, em larga medida, das exigências de adequação para que dados pessoais de cidadãos europeus possam ser transferidos para países fora da União Europeia, assim como conforme se intensificam os comércios entre a América Latina e a União Europeia.  

A pesquisadora Regina é integrante do Grupo Internacional de Pesquisa “Protección de Datos, Transparencia y Acceso a la Información”, financiado pelo Governo da Espanha. De acordo com a docente, o principal objetivo da LGPD é regular o uso de dados pessoais de terceiros (pessoas naturais) por pessoas jurídicas, seja por meios físicos e/ou digitais. Com isso, garantir que os dados coletados sejam tratados corretamente e que seja preservada a confidencialidade dos indivíduos e, ainda, a proteção da privacidade dos mesmos, sobretudo, no mundo online.  

5 dicas do que não fazer quando o assunto é proteção de dados 

Adequar-se à LGPD é tarefa necessária para aqueles que não querem prejudicar os seus negócios. Regina Ruaro destaca algumas dicas e exemplos do que não fazer:

1) Não comprar listas de dados 

Toda informação relacionada à pessoa já é considerada dado pessoal, inclusive nome e telefone. Ou seja, é necessária autorização prévia para que possa ser feito qualquer contato com este indivíduo.

2) Não compartilhar os seus dados 

Se a compra de dados é proibida, a venda e compartilhamento sem consentimento, também. Ao adquirir um item ou serviço da sua empresa, provavelmente o indivíduo irá conceder algumas informações.

3) Obter autorização para se comunicar 

Atualmente, os clientes precisam autorizar consentimento de forma legal, afirmando que querem receber contato das empresas. 

4) Não coletar dados irrelevantes

Por exemplo, se a empresa utiliza apenas canais de comunicação online, não é necessário obter o telefone do cliente. É uma característica presente no princípio de necessidade da LGPD e evidencia que não devem ser coletados dados que não são necessários pela sua operação atual.

5) Não utilizar dados para outras finalidades 

Mesmo que a sua empresa tenha coletado dados com autorização, possua autorização para entrar em contato e não coletou dados irrelevantes dos clientes, não é permitido utilizar estas informações para outras finalidades que não foram autorizadas.  

Leia também: 5 formas de proteger seus dados na internet  

Sanções de Descumprimento da Lei 

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Pesquisadora da Escola de Negócios Regina Ruaro / Foto: Arquivo pessoal

Pela lei, as grandes empresas devem ter um profissional encarregado de Proteção de Dados Pessoais, que será o responsável por toda a política interna e externa na matéria. Com isso, a LGPD garante para essas empresas que exista a adoção de uma política de boas práticas e governança para permitir uma segurança jurídica e credibilidade no mercado necessária ao tratamento de dados pessoais de seus clientes e colaboradores e evitando sua responsabilidade por dano patrimonial, moral, individual ou coletivo resultante da violação da Lei. 

No Brasil, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais (ANPD) é a entidade responsável pela verificação do fiel cumprimento das diretrizes impostas pelas normativas na matéria, bem como da regulamentação e aplicação de sanções pelo descumprimento da LGPD. De acordo com a pesquisadora, a LGPD prevê a aplicação de multas que podem chegar até 2% do faturamento da pessoa jurídica (empresa), limitados a R$ 50.000.000,00.  

Outras sanções podem estabelecer multas diárias, publicização da infração, bloqueio dos dados pessoais, eliminação dos dados pessoais, suspensão parcial do funcionamento do banco de dados e suspensão da atividade de tratamento de dados em até seis meses com a possibilidade de prorrogação até a regularização e, ainda, podendo haver a proibição total ou parcial do exercício de atividade relacionadas a tratamento de dados pessoais. Referidas sanções variam de acordo com a gravidade da infração cometida, da não conformidade e, também, de acordo com o tamanho da empresa.  

Regina destaca também que não apenas os grandes empresários devem estar conscientes sobre a Proteção de Dados, mas também que as pessoas devem ter um mínimo de esclarecimento para as consequências de exporem seus dados pessoais, sobretudo nas redes sociais e de como a formação de perfis impacta na sua vida e como pode prejudicá-los. A pesquisadora pontua que com os tempos em que a tecnologia é muito presente na vida cotidiana, é fundamental que todos tenham acesso à educação e informação adequada sobre o assunto.  

“A LGPD assegura às pessoas em geral o direito fundamental à proteção de dados pessoais e a garantia de que se este direito for violado, existem mecanismos de defesa. Por conta disso, é muito importante que os cidadãos se conscientizem da necessidade em proteger seus dados pessoais, que nada mais são do que todos os dados que os identificam ou os tornam identificáveis”, finaliza.  

Sobre a pesquisadora 

A pesquisadora e professora da Escola de Direito Regina Ruaro atua na área de Proteção de Dados Pessoais desde 2006 no Programa de Pós-Graduação em Direito da PUCRS. A docente desenvolveu seu doutorado em Direito pela Universidad Complutense de Madrid (1993) e realizou pós-Doutorado pela Universidad San Pablo – CEU de Madri, na Espanha. Atualmente desenvolve uma parceria internacional com a IES da Espanha atuando como professora convidada do mestrado em Proteção de Dados, Transparência e Acesso à Informação.  

Além disso, a docente coordena o Projeto Identidad Digital, Derechos Fundamentales y Neuroderechos, assim como Lidera o Grupo de Pesquisa Proteção de Dados Pessoais e Direito Fundamental de Acesso à Informação no Estado Democrático de Direito na Linha de Direito, Ciência, Tecnologia e Inovação. Dentre outras funções, também atua como Conselheira Consultiva da AI Robotics Ethics Society (AIRES) da PUCRS e membro do Grupo de Pareceristas da Curadoria da Plaforma  Digital do Núcleo de Estudos de Saúde e Bioética da Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS/UNIMED).

 

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Foto: Thiago Cavalcante Ferreira

O professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e coordenador da Iniciação Científica Júlio César Bicca-Marques foi convidado a integrar uma banca de jurados internacionais da National Geographic Society. Em conjunto com outros quatro cientistas da Europa e dos Estados Unidos, o docente será responsável por selecionar três projetos sobre comportamento, cognição, inteligência e/ou cultura em animais para financiamento por até dez anos pela organização.  

O professor também participou, recentemente, do estudo internacional intitulado Importância global dos Povos Indígenas, suas terras, e sistemas de conhecimento para salvar os primatas da extinção. Bicca-Marques e outros cientistas de inúmeras universidades, principalmente estrangeiras, se uniram para avaliar a contribuição dos povos indígenas ou originários para a conservação/proteção dos primatas ao redor do mundo. No estudo publicado pela Science Advances, os autores demonstram que os territórios indígenas cobrem 30% da área de ocorrência dos primatas não-humanos no mundo e abrigam populações de 71% das suas espécies.  

Os autores também salientam que devido à proteção conferida por esses territórios contra projetos de desenvolvimento insustentáveis, as espécies que vivem em territórios indígenas têm menor probabilidade de estarem ameaçadas de extinção ou de terem populações em declínio, ou seja, sofrendo redução no número de indivíduos. Para o docente, defender as terras indígenas e o direito dos povos indígenas à terra e à manutenção de suas línguas e outros aspectos culturais possui um papel essencial para prevenir a extinção dos primatas.  

De acordo com Bicca-Marques, as culturas indígenas são fonte de conhecimento riquíssimo sobre a biodiversidade e sobre como ela é aproveitada diretamente como fonte de alimento, óleos, corantes, medicamentos e tantos outros bens ainda desconhecidos pela sociedade humana capitalista que a destrói de forma irracional e antieconômica.

Foto: Matheus Gomes

“O respeito e a defesa da natureza nos territórios indígenas permitem uma série de serviços ecossistêmicos relacionados à disponibilidade e qualidade da água usada para irrigar as plantações, do ar que respiramos e do solo onde cultivamos os nossos alimentos”, destaca. 

Protagonismo internacional 

Júlio César Bicca-Marques é reconhecido por suas importantes contribuições científicas com várias atividades profissionais dentro da primatologia brasileira e mundial. No dia 28 de agosto, ministrou a palestra magna “Howler monkeys, environmental change, and conservation activism” no 44th Meeting of the American Society of Primatologists em Denver, nos Estados Unidos, referente ao prêmio de Distinguished Primatologist recebido em 2021 da mesma sociedade.

Em setembro, logo após retornar dos EUA, o pesquisador embarcará para o Reino Unido, onde atuará como Professor Visitante da Universidade de Oxford pelo Programa Institucional de Internacionalização da CAPES (PUCRS-PrInt) durante seis meses. O docente desenvolverá pesquisa multidisciplinar para lançar a área de investigação intitulada Biomimética da Saúde Única (One Health Biomimetics).  

Bicca-Marques explica que a Biomimética da Saúde Única terá dois objetivos principais, um mais voltado à ciência básica e outro mais voltado à ciência aplicada. No primeiro, o foco é a investigação das bases evolutivas do comportamento de automedicação em primatas não-humanos via descoberta de padrões no uso de plantas com propriedades medicinais como fontes de alimento.

Já o segundo visa a identificação de alvos ecológicos, taxonômicos e geográficos de pesquisa que podem levar à descoberta de drogas contra doenças infecciosas compartilhadas por primatas não-humanos, seres humanos e animais domésticos de criação via inspiração no comportamento dos primatas. 

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