Em 2022, a população com seis anos ou mais no Rio Grande do Sul enfrentava uma taxa de pobreza de 15,9%. Para as crianças de até seis anos, no entanto, esta taxa era praticamente o dobro, alcançando 30,2%. No caso da pobreza extrema, para aqueles acima de seis anos a taxa era de 2,5%, enquanto para as crianças até essa idade o patamar ficava em 4,7%. Em termos absolutos, em 2022, havia 244 mil crianças pobres e 37,9 mil em extrema pobreza. Segundo André Salata, professor da Escola de Humanidades da PUCRS, “as taxas de pobreza maiores para as crianças até seis anos, em comparação com a população total acima desta faixa etária, se explicam, em grande parte, pela maior concentração de crianças em domicílios com renda mais baixa.”
Estes números fazem parte do relatório “Pobreza infantil no Rio Grande do Sul entre 2012 e 2022”, lançado pelo PUCRS Data Social: Laboratório de desigualdades, pobreza e mercado de trabalho. Os dados são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo trabalha com as linhas de US$6,85 PPC para pobreza e US$2,15 PPC para a extrema pobreza, assim como definidas pelo Banco Mundial. Em valores mensais de 2022, a linha de pobreza é de aproximadamente R$6,36 per capita e a linha de extrema pobreza é de aproximadamente R$ 199 per capita. Crianças que vivem em domicílios com renda per capita abaixo desses valores estão em situação de pobreza e/ou de pobreza extrema.
O professor Ely Jose de Mattos, pesquisador do laboratório, afirma que “a pobreza infantil é particularmente preocupante, pois sabe-se que privações de condições básicas nesta fase da vida tem repercussões permanentes na fase adulta”. Já a pesquisadora Izete Pengo Bagolin destaca que “crianças que vivem em famílias em situação de pobreza monetária, em geral também estão expostas a outros tipos de privações tais como moradias precárias, nutrição inadequada e condições educacionais insuficientes.”
Ainda que as taxas de pobreza e pobreza extrema sejam preocupantes de um modo geral, a situação é ainda pior para determinados segmentos demográficos. Entre as crianças negras, por exemplo, a taxa de pobreza é o dobro daquela entre as crianças brancas – 50,5% contra 25,6%. Já sobre localização de moradia, a pobreza infantil em áreas rurais é maior (35%) contra 29,5% no ambiente urbano.
Os programas de transferência de renda, neste contexto, desempenham importante papel na minimização desta situação. Em 2020, ano crítico da pandemia, a taxa de pobreza entre crianças no RS foi de 31,6%; sem os auxílios, poderia ter chegado a 38,3%. No caso da pobreza extrema, para o mesmo ano, registrou-se a marca de 5,4%; sem os auxílios poderia ter sido quase o dobro (10,6%). Além das taxas de incidência, os auxílios também se mostraram relevantes para amenizar a profundidade da pobreza – entendida como a distância entre a renda dos indivíduos e a linha de pobreza utilizada.
O estudo também mostra que as crianças em situação de pobreza sofrem desvantagens em outras dimensões além da monetária. Em termos de estrutura familiar, por exemplo, as crianças pobres apresentam maior tendência a viver em famílias monoparentais: 29,3% entre as crianças pobres, contra 16,7% para o total de crianças no estado. Quanto à escolaridade dos pais ou responsáveis, fica evidente seu menor nível educacional no caso das crianças pobres. Entre as crianças abaixo da linha de pobreza, 48,9% dos responsáveis tinham apenas ensino fundamental, enquanto para o total de crianças do Rio Grande do Sul esse número era de 32,7%. O estudo identifica, ainda, que as crianças pobres tendem a frequentar menos a creche/escola: 45,7% o faziam, contra 57,7% para o total de crianças do estado. Finalmente, do ponto de vista de moradia, o estudo mostra que crianças em situação de pobreza tendem a morar em domicílios com adensamento excessivo: 48,9% entre as crianças pobres, contra 33,2% no total das crianças do RS.
Segundo os pesquisadores, estes são fatores que afetam não somente a qualidade de vida destas crianças no presente, mas também suas oportunidades no futuro. André Salata, que também coordena o PUCRS Data Social, pontua:
“É importante compreender que a pobreza não indica somente uma privação monetária. Em função das condições de vida mais duras, famílias pobres têm dificuldades para garantir os estímulos necessários ao bom desenvolvimento de capacidades cognitivas e não cognitivas para seus filhos, com prejuízos que se dão no presente, mas que também serão sentidos no futuro dessas crianças”.
Tomás Fiori, professor da Escola de Negócios da PUCRS e um dos autores do estudo, destaca o papel do governo estadual no combate à pobreza infantil:
“O Rio Grande do Sul já foi pioneiro quando lançou o Programa Primeira Infância Melhor (PIM) há 21 anos e hoje está construindo o Plano Estadual que norteará o cuidado integral das crianças até 2034. A compreensão da incidência e profundidade da pobreza nessa fase da vida é crucial, assim como a contribuição da comunidade acadêmica em estudos como o que o PUCRS Data Social está oferecendo à sociedade.”
Com o objetivo de entender os usos e as implicações da inteligência artificial (IA) na pesquisa ciêntifica, a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPESQ) ofertou, nos dias 16, 17 e 18 de janeiro, o Workshop de Capacitação em Inteligência Artificial. O evento contou com a participação de mais de 100 pesquisadores de diferentes Escolas e áreas do conhecimento, contemplando a interdisciplinaridade das pesquisas desenvolvidas na PUCRS. Na cerimônia de abertura, o vice-reitor da Universidade, Ir. Manuir Mentges, ressaltou a importância latente das potencialidades de aprimoramento dos resultados encontrados na pesquisa por meio do uso da inteligência artificial.
“A IA possui a capacidade de processar dados complexos, mas possui também uma perspectiva transformadora para aprimorar as práticas de pesquisa acadêmica. Ao explorar as vastas possibilidades que a inteligência artificial oferece, estamos abrindo as portas para um futuro onde a pesquisa pode ser mais ainda eficiente e impactar milhares de vidas, alinhadas com as demandas contemporâneas”, destaca.
No primeiro dia, os pesquisadores participaram do módulo conceitual, com palestras sobre história, passado e futuro da IA, com os professores da Escola Politécnica e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, Lucas Silveira Kupssinsku e Rodrigo Barros. Ainda nesse mesmo dia, os membros do Centro de Pesquisa, Ensino e Inovação em Ciência de Dados, Carlos Falcão de Azevedo Gomes e Mauricio Magnaguagno, ministraram painel sobre boas práticas no uso de dados.
O Grupo de Pesquisa em Teoria de Aprendizagem de Máquina e Aplicações foi o responsável por conduzir no segundo dia o módulo prático, interagindo com a inteligência artificial. Além disso, no último dia foram discutidos os dilemas éticos e legais. O professor da Escola de Humanidades e dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, Filosofia e Teologia, Nythamar Hilario Fernandes de Oliveira Junior, ressaltou as perspectivas morais e civilizatórias que se conectam com os diferentes conceitos e atravessamentos da realidade contemporânea na inteligência artificial. Já o professor da Escola de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito, Paulo Caliendo, destacou o processo de centralidade no ser humano que deve constituir os intermédios da formação regulatória da IA.
Para o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Carlos Eduardo Lobo e Silva, é importante que a Universidade esteja sempre atenta no apoio aos seus pesquisadores.
“O conhecimento que a própria universidade possui, especialmente naqueles temas mais transversais e próprios para as pesquisas multidisciplinares, deve ser disseminado entre pesquisadores de diferentes áreas. E a inteligência artificial talvez seja hoje o tema de disseminação mais urgente”.
Além disso, o Pró-Reitor destaca ainda outras iniciativas da PROPESQ em apoio ao pesquisador:
“Em 2023, promovemos workshops sobre temáticas mais específicas, como a utilização da ferramenta REDCap e, ainda, sobre estratégias para a elaboração de projetos de pesquisa para a captação de recursos financeiros. Cabe ressaltar que nossa comunidade científica sempre responde de forma muito positiva a essas iniciativas”.
O corpo humano é um ambiente repleto de bactérias, muitas delas responsáveis por diversos processos essenciais para a vida, como a digestão. Os antibióticos, medicamentos que atuam exclusivamente no combate às bactérias, revolucionaram a história da medicina. Todavia, seu uso exacerbado vem levando à resistência contra o antídoto desses organismos, conforme relatório da Organização Mundial de Saúde.
A professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e dos Programas de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular e Odontologia, Sílvia Dias de Oliveira, é especialista em estudos de bactérias.
“A resistência bacteriana a antibióticos é uma estratégia de sobrevivência desses microrganismos. Muitos antibióticos são produzidos por alguns microrganismos, que são naturalmente resistentes a eles, e esse mecanismo de resistência pode ser compartilhado com bactérias suscetíveis a estes fármacos, tornando-as resistentes”, destaca.
Uma bactéria também pode se tornar resistente a antibióticos por sofrer mutações onde o fármaco atuaria, impedindo a sua ação, bem como expulsar o fármaco, evitando que ele alcance as concentrações necessárias para fazer o efeito desejado. Nos ambientes hospitalares, há maior desenvolvimento de resistência bacteriana, mas não são os únicos espaços.
“Hospitais constituem um importante ambiente em que as bactérias resistentes podem ser encontradas, exatamente por ser um local onde se tem intenso uso de antibióticos. Os ambientes de criação animal onde se usam antibióticos como promotores de crescimento ou como profiláticos também constituem pontos de atenção para a seleção de bactérias resistentes”, aponta a pesquisadora.
Em seus últimos estudos, Silvia encontrou resultados alarmantes. “Detectamos bactérias Staphylococcus aureus e também Staphylococcus epidermidis resistentes à meticilina na cavidade oral de pacientes jovens e saudáveis, antes de cirurgia para extração de siso. Neste estudo, a maior prevalência de resistência que encontramos foi ao antibiótico azitromicina”, conclui.
Para atenuar o desenvolvimento de bactérias novas e mais resistentes, uma das soluções é a utilização de antibióticos somente quando necessário até o final do tratamento prescrito. Além disso, saneamento básico adequado, higienização das mãos, desinfecção e/ou cocção de alimentos, bem como evitar manipulação cruzada de alimentos ingeridos in natura com alimentos crus de origem animal e a limitação do uso de antibióticos em agropecuária são outras opções possíveis.
Para uma solução eficaz desse problema, a conscientização da população sobre o uso adequado dessas medicações é a medida mais eficiente.
“O principal hábito a ser desenvolvido para evitar o desenvolvimento de bactérias resistentes é a conscientização da população em geral sobre o uso racional dos medicamentos, bem como da importância da prevenção das infecções por meio das vacinas disponíveis”, ressalta Sílvia.
A PUCRS recebeu na terça-feira (5), em cerimônia em Brasília, o prêmio Capes Elsevier 2023, que enaltece a produção científica nacional e reconhece instituições brasileiras pela contribuição de maior impacto aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). A Universidade, representada pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Carlos Eduardo Lobo e Silva, foi destaque no ODS de número 11: Cidades e comunidades sustentáveis.
Segundo dados divulgados pela Elsevier, o ranqueamento das instituições foi realizado a partir de análises da produção científica e métricas obtidas por meio da ferramenta SciVal, que permite acesso agilizado aos resultados de pesquisa de mais de 20 mil instituições em 230 nações ao redor do mundo. Além do indicador, são elegíveis para concorrerem ao prêmio as instituições com mais de 2 mil documentos nos últimos 5 anos (2018-2022).
Na categoria vencedora, pesquisas em áreas da biodiversidade, meio ambiente e tecnologia receberam destaque pelo número de citações. Para o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação, o reconhecimento reflete o trabalho de excelência desenvolvido na Universidade.
“A PUCRS parabeniza a CAPES e a Editora Elsevier por essa iniciativa que reconhece e valoriza o impacto da pesquisa brasileira na nossa sociedade. Estamos extremamente honrados em receber essa premiação que fortalece ainda mais a nossa convicção de promover pesquisas de relevância social”, comenta Lobo e Silva.
Excelência em pesquisa faz da PUCRS uma instituição líder no campo da ciência no Brasil, com impacto nacional e internacional de publicações científicas e formação continuada de pesquisadores. Além de indicadores que demonstram um aumento continuado do número de trabalhos científicos publicados em periódicos internacionais, nos últimos anos também observamos uma tendência de crescimento das citações – um indicativo da relevância das pesquisas conduzidas na Universidade -, fazendo com que a porcentagem de citações ultrapasse os níveis observados globalmente.
Em 2023 a PUCRS iniciou um novo ciclo de Planejamento Estratégico e, entre seus principais direcionadores para o período, há um específico sobre Responsabilidade Social, Ambiental e de Governança. A Universidade busca, cada vez mais, gerar e transformar conhecimento em desenvolvimento social, ambiental, cultural e econômico, preparando pessoas para mudar o mundo.
Gerar desenvolvimento e impacto social é uma causa que acompanha a instituição desde a sua fundação, há 75 anos. Segundo o reitor, Ir. Evilázio Teixeira, o compromisso com a Casa Comum e com a Agenda 2030 ONU está cada vez mais presente no dia a dia da instituição e mobiliza centenas de estudantes, educadores, pesquisadores e colaboradores em prol deste plano de ação global traduzido em 17 ODS.
“A PUCRS procura responder de maneira integrada aos desafios do mundo atual, integrando grandes projetos e ações que se concretizam por meio da pesquisa em áreas prioritárias como sustentabilidade, energias renováveis, saúde e humanidades”, destaca Ir. Evilázio.
Além de manter há 30 anos a maior reserva ambiental privada do Rio Grande do Sul, o Pró-Mata, a PUCRS tem hoje um comitê dedicado a implementar um Plano de Gestão Ambiental que responda aos desafios do presente e do futuro. Em tempos de emergência climática, além de ações em laboratórios e uma exposição educativa sobre o tema no Museu de Ciências e Tecnologia, o Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) está trabalhando em um programa pioneiro de captura de carbono da atmosfera.
ODS 1 – Erradicação da pobreza
Premiado: Universidade Federal de Santa Maria
ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável
Premiado: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
ODS 3 – Saúde e bem-estar
Premiado: Fundação Getúlio Vargas
ODS 4 – Educação de qualidade
Premiado: Hospital Israelita Albert Einstein
ODS 5 – Igualdade de gênero
Premiado: Universidade Federal de Ouro Preto
ODS 6 – Água potável e saneamento
Premiado: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ODS 7 – Energia limpa e acessível
Premiado: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico
Premiado: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
ODS 9 – Indústria, inovação, infraestrutura
Premiado: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ODS 10 – Redução das desigualdades
Premiado: Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis
Premiado: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
ODS 12 – Consumo e produção responsáveis
Premiado: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima
Premiado: Universidade Federal de Itajubá
ODS 14 – Vida na água
Premiado: Universidade Federal de Goiás
ODS 15 – Vida terrestre
Premiado: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes
Premiado: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
*Menção especial por seu destaque nos ODS 1 – Erradicação da pobreza, ODS 3 – Saúde e bem-estar, ODS 5 – Igualdade de gênero, ODS 10 – Redução das desigualdades, ODS 12 – Consumo e produção responsáveis, ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes, no Nordeste. – Universidade Federal de Sergipe
Conheça as outras iniciativas da PUCRS RELACIONADAS AOS ODS
Por meio do Projeto Institucional de Internacionalização (PUCRS-PrInt), docentes da Universidade podem participar como professores visitantes em universidades parceiras e também realizar missões no exterior. A partir dessa oportunidade, o compartilhamento de informações, dados e resultados de pesquisas podem ser multiplicados e debatidos com diferentes perspectivas de professores internacionais. Além disso, os professores podem desenvolver novas parcerias estratégicas para ensino e impacto científico. Conheça alguns dos professores em docência no exterior:
Atuando como professor visitante na Universidade de Newcastle, no Reino Unido, o docente da Escola de Negócios e do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento, Adalmir Marquetti, pode finalizar livro que será publicado pela Editora Routledge com o título “Unequal Development and Capitalism: Catching up and Falling behind in the Global Economy”, onde fala sobre os processos históricos de desenvolvimento de 40 países asiáticos, 20 da América Latina, 18 da Europa Central e Oriental e 47 países africanos em comparação com os Estados Unidos, de 1970 a 2019, que será publicado no próximo ano. A PUCRS e a Universidade de Newcastle possuem uma parceria de quase uma década, que abrangem diferentes áreas do conhecimento.
Além disso, em parceria com professor da universidade inglesa, está sendo produzido um artigo em coautoria, que combina a análises das experiências de Orçamento Participativo no Brasil com os casos de minipúblicos na Inglaterra. Nessa experiência, Marquetti destaca as oportunidades de aprendizado
“A vida no exterior é um momento de aprendizado sobre a realidade local e do país onde estamos. Mais importante, nos permite um distanciamento para melhor compreender o trabalho que realizamos na PUCRS e da realidade do nosso país”, elenca o pesquisador.
Para o futuro, o objetivo é estreitar as oportunidades de ensino e aprendizagem internacionais. “Espero também que alunos tenham a experiência de estudar em uma universidade no exterior e que consolidemos uma nova colaboração entre a PUCRS e a Universidade de Newcastle. Todos ganham com a solidificação de processo de internacionalização da PUCRS”, comenta.
Professor da Escola de Humanidades e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Ciência Política, Rafael Madeira começou recentemente seu relacionamento com os pesquisadores da Universidad de Granada (UGR), da Espanha. Entretanto, a PUCRS e a universidade hispânica possuem um histórico de mais de dez anos de parcerias e de interlocuções. Os tópicos pesquisados pelo docente são profundamente trabalhados na universidade e seu desejo por ela foi instintivo.
“A UGR sempre foi uma instituição muito atrativa para os meus interesses acadêmicos, dado que me permite atuar simultaneamente nos meus temas de pesquisa. A partir desta análise inicial, tomei a iniciativa de buscar contato com a professora Carmen Ortega Villodres que, após ler a minha proposta de pesquisa, aceitou me receber na UGR”, destaca Madeira.
Durante o período no exterior, o professor tem trabalho no projeto de pesquisa A construção de um banco de dados sobre padrões de recrutamento de elites políticas e sobre padrões de carreiras políticas dos deputados federais eleitos sob o sistema bipartidário.
Nos últimos meses, o professor tem se ocupado em buscar atualizações de banco de dados de seu projeto sobre a internacionalização da Ciência Política brasileira. Com isso, foi possível que estes dados servissem como base para a construção de um artigo para publicação em uma revista estrangeira. Já paro os próximos meses, o professor almeja continuar aprofundando seu trabalho e criar novas oportunidades para professores e alunos.
“Pretendo pavimentar o caminho para uma maior colaboração futura entre as instituições, como o intercâmbio de discentes em estágios de doutorado e possibilidade de cotutela com dupla titulação”, elenca o pesquisador.
Além disso, estar inserido em um novo ambiente de pesquisa tem expandido os horizontes sobre o processo de pesquisa e ensino em diferentes países para o professor: “Tem sido muito interessante ver como a academia se estrutura e se organiza de forma muito diferente da nossa. Normalmente temos a tendência a naturalizar a nossa maneira de fazer/conceber as coisas. Basta sair do nosso contexto para entender que a nossa forma é apenas uma das inúmeras formas possíveis de a academia se organizar. Isto causa um certo desconforto em alguns momentos, mas é uma experiência extremamente rica e desafiadora”, ressalta.
Professor da Escola de Negócios e Programa de Pós-Graduação em Administração, Clécio Araújo é professor visitante na Katholieke Universiteit Leuven, na Bélgica, a universidade católica mais antiga do mundo, fundada em 1425. A instituição se destaca por ser uma das universidades mais inovadoras da Europa. Nesse período no exterior, o docente tem colaborado em dois projetos com o professor Yves Van Vaerenberg, que buscam compreender o relacionamento consumidor-marcas, um tópico que vem sendo trabalhado pelo professor há algum tempo. Nestes projetos estão envolvidos pesquisadores dos EUA, Bélgica, Austrália e Brasil.
O ambiente plural, combinado com pesquisa de ponta da KU Leuven, tem sido fatores impulsionadores para o desenvolvimento de novas descobertas. “Minha experiência tem sido enriquecedora, uma vez que realizamos reuniões semanais para discutir nossas descobertas.” O professor afirma ainda que o ambiente multicultural faz toda a diferença para essas novas descobertas.
“No departamento de marketing da KU Leuven ocorrem seminários mensais com pesquisadores de diversas universidades, bem como estudantes de doutorado apresentam suas descobertas para que o corpo docente as discuta. Durante esse período na KU Leuven, tive a oportunidade de assistir e participar do processo seletivo de novos professores para o corpo docente”, elenca.
Em seu retorno à PUCRS, o professor prevê o aumento da colaboração internacional como os pesquisadores da KU Leuven a também a expansão dos trabalhos realizados. “Estou seguro de que esta experiência contribuirá para a internacionalização do programa de pós-graduação em Administração, bem como consolidará minha rede de pesquisa internacional”, ressalta.
O Projeto Institucional de Internacionalização da PUCRS (PUCRS-PrInt) está com novas oportunidades abertas, destinadas a docentes e doutorandos dos Programas de Pós-Graduação da PUCRS que buscam enriquecer sua trajetória acadêmica. As bolsas disponíveis são para: Professor Visitante no exterior Sênior e Júnior, Doutorado Sanduíche no Exterior, Cursos de Capacitação no Exterior, Missão de Trabalho e Professor Visitante no Brasil. As inscrições vão até 11/12.
O laboratório de pesquisa MALTA (Machine Learning Theory and Application Lab) da Escola Politécnica da PUCRS, coordenado pelo professor Rodrigo Coelho Barros, e que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, ganhou mais um prêmio internacional: o laboratório conquistou o 4º lugar no prestigiado desafio mRALE do Medical Imaging and Data Resource Center (MIDRC), na temática “Inteligência Artificial para Predição da Severidade de COVID-19 em Radiografias de Tórax”. A conquista rendeu ao MALTA um prêmio em dinheiro de 5 mil dólares e destacou sua liderança e inovação nas áreas de inteligência artificial e processamento de imagens médicas.
Organizado pelo MIDRC, o desafio mRALE contou com financiamento do National Institute of Biomedical Imaging and Bioengineering (NIBIB) e teve como sede a Universidade de Chicago. O esforço é uma colaboração entre entidades de renome, como o American College of Radiology (ACR), a Radiological Society of North America (RSNA) e a American Association of Physicists in Medicine (AAPM).
“É um resultado impressionante e que me enche de orgulho. O MALTA foi a única instituição latino-americana a ser premiada, solidificando sua posição como um centro de excelência na pesquisa de inteligência artificial e imagens médicas. Diversos alunos do grupo de pesquisa possuem formação em física médica na própria PUCRS, o que reforça a qualidade de formação da instituição”, diz Barros.
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A equipe do laboratório que disputou a competição foi formada por sete membros: professor Rodrigo Coelho Barros (coordenador), o professor Lucas Silveira Kupssinskü (vice coordenador), professor Otavio Parraga, os doutorandos Christian Mattjie e Rafaela C. Ravazio, o mestrando Luis Vinicius de Moura e o graduando Adilson Medronha.
Não é a primeira vez que o laboratório chama a atenção da comunidade científica internacional. Anteriormente, o professor Rodrigo, juntamente com Luis Vinicius de Moura e Christian Mattjie, foi premiado com o Melhor Artigo em 2020 por sua pesquisa inovadora intitulada “Uma Abordagem Inovadora para Diferenciar Pneumonia da COVID-19 em Raios-X de Tórax”, apresentada na 20ª Conferência Internacional de Bioinformática e Bioengenharia da IEEE.
Christian Mattjie, que é graduado em Física e possui mestrado em Gerontologia Biomédica. Ele realiza sua pesquisa de doutorado, que está direcionada à identificação de subtipos da doença de Parkinson usando aprendizado de máquina não supervisionado e análise de dados biológicos. Ele se dedica a esse estudo paralelamente à sua participação no MALTA – que tem como um de seus principais focos de pesquisa a saúde e prima pela inovação e aplicação prática de modelos de redes neurais em problemas reais. “Nosso trabalho busca não apenas avançar o estado da arte tecnológico, mas também promover a equidade (fairness) e o bem-estar social através da ciência de dados”, destaca ele.
Alguns dos estudos mais recentes do laboratório incluem dois trabalhos aceitos no 23º IEEE International Conference on Bioinformatics and Bioengineering (BIBE). O primeiro, intitulado “Zero-shot performance of the Segment Anything Model (SAM) in 2D medical imaging”, oferece uma avaliação abrangente e diretrizes práticas para a implementação deste modelo em imagens médicas bidimensionais. O segundo, “Radiomics for predicting oxygen necessity in COVID-19 patients using longitudinal lung computed tomography”, investiga o potencial da radiômica na previsão da necessidade de oxigenação em pacientes com COVID-19, utilizando uma abordagem longitudinal em tomografias computadorizadas de pulmão.
Além deste, um marco significativo para o MALTA foi a aprovação de um trabalho para apresentação oral no renomado SPIE Medical Imaging 2024, como explica Christian:
“O estudo ‘Semi-supervised learning for mRALE score prediction in COVID-19 chest radiograph’ detalha a metodologia inovadora que nos levou ao quarto lugar na competição mRALE. Este reconhecimento é uma testemunha do nosso compromisso com a pesquisa de vanguarda e da relevância do nosso trabalho no cenário internacional.”
Para ele, as pesquisas realizadas pelo laboratório são cruciais na dimensão científica, pois o objetivo constante do MALTA é estreitar a relação entre tecnologia de ponta e aplicabilidade prática em contextos que beneficiem a sociedade.
“Através do desenvolvimento e aprimoramento de modelos de machine learning e deep learning, estamos contribuindo para o aumento da precisão diagnóstica, facilitando a identificação e classificação de doenças a partir de imagens e dados médicos. Isso não apenas eleva o patamar das pesquisas na área de inteligência artificial aplicada à saúde, mas também tem um impacto direto na qualidade e na eficiência do atendimento clínico, o que pode salvar vidas e otimizar recursos em sistemas de saúde já sobrecarregados”, afirma o doutorando.
A dimensão social também é abarcada pelas pesquisas do MALTA, pois vão além do escopo médico. O grupo também desenvolve um trabalho de desenvolvimento de bancos de dados de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e modelos de tradução a fim de facilitar a comunicação e inclusão de pessoas surdas. Tal projeto, também coordenado pelo professor Rodrigo, foi o único da América Latina a receber financiamento do Google através do Award for Inclusion Research (AIR), no final de 2022. “Estes projetos não apenas melhoram a acessibilidade e a qualidade de vida da comunidade surda, mas também promovem a conscientização e a importância da inclusão em todos os aspectos da sociedade”, acrescenta Christian.
Ele afirma que receber a premiação do MIDRC é uma experiência gratificante e motivadora para toda a equipe do MALTA, sendo um reconhecimento do trabalho árduo, da dedicação e da inovação empregados nas pesquisas.
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“O prêmio reflete não apenas o potencial individual de cada membro da equipe, mas também a força colaborativa de um grupo que está profundamente comprometido com a excelência científica. Para a Escola Politécnica e a PUCRS, este prêmio é uma vitrine de prestígio internacional que ressalta a capacidade da nossa instituição em produzir pesquisas de alto impacto. Demonstra que estamos no mesmo nível de competitividade que outras instituições renomadas globalmente, capazes de inovar, contribuir e liderar em campos desafiadores e altamente técnicos como o de inteligência artificial aplicada à saúde”.
Com esse novo reconhecimento, o laboratório MALTA tem planos ambiciosos para expandir ainda mais seu escopo de pesquisa. O prêmio de 5 mil dólares será investido em novas iniciativas que prometem trazer avanços significativos para o campo da inteligência artificial aplicada à medicina, beneficiando não apenas a comunidade científica, mas a sociedade em geral. Segundo Christian, o principal foco desses investimentos será a atualização e expansão das máquinas de alto desempenho, essencial para as demandas computacionais das pesquisas em deep learning.
Urge, no contexto das pesquisas do MALTA, a necessidade de um hardware robusto para processar e analisar grandes quantidades de dados médicos – logo, o plano é adquirir e aprimorar servidores com GPUs avançadas e capacidades de processamento acelerado. Isso não só permitirá a realização de cálculos complexos com maior eficiência, mas também reduzirá significativamente o tempo necessário para a execução de algoritmos intensivos e o treinamento de modelos de inteligência artificial.
“Este investimento reforça o nosso compromisso em permanecer na vanguarda da pesquisa científica e contribuir para o avanço da medicina diagnóstica, ao mesmo tempo em que consolidamos a posição da PUCRS como uma instituição de pesquisa de excelência, capaz de gerar impacto real na sociedade e na comunidade científica global”, pontua.
Professores da Escola de Negócios da PUCRS estão desenvolvendo atividades de pesquisa com o objetivo de compreender as tendências de consumo da população do Rio Grande do Sul. Os estudos estão sendo feitos por meio do Omni-X, hub de inovação na Experiência de Consumo Omnichannel, uma das iniciativas do ecossistema do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc).
A pesquisa, conduzida em 2023, aponta tanto tendências de consumo como também a realidade da população. Em comparação com o ano passado, mais de 40% dos entrevistados afirmam que mantiveram o consumo em bens culturais. Quando questionados especificamente sobre o consumo de livros e revistas, 49,8% dos entrevistados relatam que seus hábitos se mantiveram iguais aos do ano anterior. Por outro lado, a alimentação fora de casa diminuiu cerca de 32,0%, de 2022 para 2023; um percentual ainda significativo de 21,7% afirma ter aumentado o consumo e 41,4% mantido igual.
Além disso, na comparação entre diferentes gerações sobre as práticas de consumo, o público mais jovem possui hábitos mais arrojados. Enquanto 76% dos jovens indicaram comprar algo mensalmente ou a cada dois meses, 37% do público mais maduro compra com menor regularidade.
Todos esses dados podem ser utilizados pelos comerciantes para adaptarem suas estratégias e as tornarem mais assertivas para os hábitos e interesses de seus públicos-alvo. Para Stefânia Ordovás de Almeida, uma das coordenadoras da pesquisa, estes estudos permitem que se enxergue a totalidade da experiência de consumo e da jornada do consumidor.
“O consumidor hoje dificilmente tem toda a sua experiência em um único canal. Para os consumidores, o ‘canal’ é a empresa, ou seja, se estou no Instagram, na loja física, ou no e-commerce, estou tendo uma experiência com a empresa. Assim, entender se há pontos de fricção nesta experiência é entender como o cliente se relaciona com a empresa ao longo da jornada de consumo”, destaca a docente.
Por meio dos dados levantados, percebe-se que 26,3% dos jovens afirmam dar preferência aos aplicativos em suas compras online, enquanto apenas 12% têm a mesma preferência na faixa etária mais elevada. Já o site da loja tem menor preferência, 23% entre os mais novos e 43% para os mais velhos.
A pesquisa também busca compreender onde os entrevistados investem seu tempo de tela. Entre os mais jovens, o uso diário de aplicativos para entretenimento (60,5%), músicas e shows (47,3%) e deslocamentos/transporte (36,8%) está consolidado e representa praticamente o dobro dos percentuais encontrados na faixa etária mais elevada para as mesmas atividades e frequência.
Essa é a segunda pesquisa conduzida pelo hub Omni-X, na qual é possível comparar cidades, idades, gêneros, renda financeira e outros atributos através dos anos. Na edição anterior, buscou-se compreender o mercado varejista. Ambas as pesquisas são resultado de parceria com Jornal do Comércio.
Recentemente, oito grupos interdisciplinares do Programa de Educação Tutorial (PET) organizaram o evento anual InterPET, no qual foram realizadas atividades extracurriculares de integração envolvendo a comunidade interna e externa da PUCRS. O encontro aconteceu no Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, onde os/as estudantes de graduação puderam conectar os conhecimentos desenvolvidos dentro da Universidade com um grupo de 95 estudantes e três professores do Centro Social Marista de Porto Alegre (CESMAR), além dos demais visitantes do museu.
O PET tem o objetivo de promover a participação dos estudantes de graduação, direta ou indiretamente envolvidos com o Programa, em múltiplos projetos, ampliando a formação acadêmica por meio de vivências interdisciplinares e estimulando a fixação de valores que reforcem a cidadania e a consciência socioambiental de todos os participantes. O programa proporciona condições para realização de atividades extracurriculares e interdisciplinares de conhecimento acadêmico e de pesquisa, tanto no contexto da comunidade interna como externa, que complementem a formação dos alunos e seu papel, consciência e protagonismo perante a sociedade.
Dentro das atividades realizadas pelos Grupos PET’s, já foram desenvolvidos encontros, ciclos de palestras, oficinas, entre outras oportunidades de desenvolvimento, tendo acumulado mais de 90 participantes ao longo do ano de 2022. Saiba mais no site de cada curso participante do programa.
O 1º Simpósio Brasil-Reino Unido sobre Mulheres na Ciência aconteceu na última semana, entre os dias 25 e 27 de setembro, reunindo pesquisadoras e estudantes de diferentes estados do Brasil. Nas sessões temáticas que integraram o evento, temas como representatividade feminina nas áreas científicas, equidade de gênero na ciência, desafios e avanços foram algumas pautas debatidas.
O evento faz parte do projeto Mulheres na Ciência, financiado pelo British Council, que une sete universidades: King’s College London (KCL), University College London (UCL) e Glasgow Caledonian University (GCU) do Reino Unido, e as instituições brasileiras UFGRS, PUCRS, Feevale e Universidade Federal de Pelotas. O evento em Porto Alegre contou com a presença das professoras britânicas Andrea Streit (KCL), Patricia Salinas (UCL) e Patricia Munhoz-Escalona (GCU), que atuaram como mentoras ao longo de todo 2023 no projeto.
Na palestra de abertura, a pesquisadora da UFRGS Aline Pan convidou as participantes a definirem em uma palavra quais os principais desafios de ser uma mulher na ciência. Palavras como respeito, credibilidade, tempo e oportunidades foram algumas das mais citadas na dinâmica. Para a professora, os dois grandes problemas que precisam ser enfrentados são: mulheres subrepresentadas nas áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharias e matemática) e em cargos de liderança.
Ao todo, mais de 20 palestrantes brasileiras e internacionais participaram dos dias do evento. Temas como planejamento de prospecção de carreira na ciência, incentivo do interesse pela ciência desde a infância, liderança feminina, raça e feminismo, maternidade, assédio e inclusão de mulheres com deficiência foram apresentados, seguidos de debates com as participantes.
Além das conferências, representantes do British Council também integraram o evento, com a palestra A Experiência de Athena Swan e o Marco de Igualdade de Gênero no Brasil, além de um workshop de disseminação do Marco Referencial para a Igualdade de Gênero em Instituições de Ensino Superior no Brasil.
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Na cerimônia de abertura do evento, representantes das pró-reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação das quatro universidades brasileiras estiveram presentes, além da secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) Márcia Barbosa. O pró-reitor da UFRGS, José Antonio Poli de Figueiredo destacou a importância do constante debate sobre questões de gênero na universidade e na pesquisa. A diretora de pesquisa da PUCRS, Maria Martha Campos abordou a importância do levantamento de dados, iniciativa que também está em curso no âmbito do projeto, como forma de apoio na construção de novas políticas institucionais.
A assessora de pesquisa e pós-graduação da Universidade Feevale Ana Carolina Kayser abordou a importância do trabalho em rede com outras universidades e celebrou a representatividade das mulheres que já é uma realidade na sua instituição. Por fim, o pró-reitor Flávio Fernando Demarco da UFPEL destacou a importância do debate entre todos os públicos, homens e mulheres, para a conquista de uma sociedade cada vez mais igualitária.
Para a secretária Márcia Barbosa, que também é pesquisadora da área STEM, espaços como o do Simpósio são fundamentais para continuarmos avançando no debate e na construção de um espaço científico cada vez mais equitativo. A convidada destacou a importância de políticas públicas que assegurem a representatividade feminina e os projetos que incentivem o interesse das áreas STEM para meninas e mulheres.
O projeto Mulheres na Ciência iniciou em 2022 com a parceria entre PUCRS, UFRGS e KCL e, em 2023, avançou integrando as quatro novas instituições parceiras. Além do simpósio, a iniciativa deste ano inclui um levantamento de dados sobre a presença feminina nas universidades brasileiras participantes.
Feevale, PUCRS, UFGRS e UFPEL estão trabalhando neste levantamento, identificando onde estão as estudantes mulheres nos diferentes níveis de ensino, na docência, pesquisa e cargos de liderança. O grupo de trabalho pretende analisar estes dados até o final de 2023.
Para conhecer mais sobre o projeto Mulheres na Ciência, acesse o site. Nele você encontra biografias de pesquisadoras das sete universidades, contando sobre suas trajetórias científicas e dando conselhos para meninas e mulheres que queiram seguir na carreira científica.
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Herdeiras Negras, documentário apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é um dos trabalhos mais recentes do sociólogo Hermílio Santos, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e coordenador do Centro de Análises Econômicas e Sociais (CAES) da PUCRS. O professor da Escola de Humanidades utiliza o cinema como meio de divulgação dos resultados de suas pesquisas científicas.
O filme, realizando tanto com os recursos da bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq concedida ao professor Santos e por meio do edital nº 31/2022, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ainda em realização, trata da narrativa biográfica de três gerações de mulheres negras, habitantes de locais que foram marcados pela exploração da mão-de-obra escrava, em períodos distintos: no ciclo do açúcar, em Pernambuco; no do ouro e diamante, em Minas Gerais; e no do charque, no extremo sul do Rio Grande do Sul. A pesquisa foi desenvolvida a partir de entrevistas atuais. Como em todos os outros documentários já realizados pelo professor, a utilização do componente biográfico se relaciona à teoria criada pelo sociólogo austríaco, Alfred Schütz, com que o professor Santos trabalha.
Embora utilize o cinema como forma de divulgar seu trabalho científico, o professor Santos ressalta que o documentário não é a pesquisa, mas tem papel importante na difusão dos estudos. “Nunca vi [o documentário] como um substituto da divulgação escrita dos resultados, mas como um instrumento adicional e muito possante, que acaba por atrair a atenção para a própria pesquisa. O documentário cria a oportunidade de diálogo com um público acadêmico e não acadêmico sobre atividades acadêmicas”, salienta ele.
“É uma forma de a universidade transbordar suas atividades de pesquisa para um público que não está sempre afeito às atividades acadêmicas, aos canais de divulgação tradicionais acadêmicos, como revistas, periódicos, congressos”, ressalta, lembrando da exibição de um documentário de sua autoria em dois cinemas alemães, como parte da atividade promovida por uma universidade da Alemanha. A mostra realizada para o público em geral, contudo, foi uma exceção. Os filmes ainda não se encontram disponíveis para o grande público. Na página do CAES da PUCRS no YouTube é possível encontrar os teasers de alguns documentários do professor. “Ainda estou montando estratégia para colocá-los todos disponíveis gratuitamente”, afirma o professor Santos.
O primeiro documentário realizado pelo professor – Intimidade Vigiada (2010) – possuía apenas doze minutos de duração e tratava de uma pesquisa desenvolvida por Santos com adolescentes infratores, no Rio Grande do Sul. Seis anos depois, uma pesquisa do professor sobre violência contra crianças em quinze favelas localizadas em Recife, São Paulo e no Rio de Janeiro, resultou no documentário Infância Falada.
“Como desdobramento da pesquisa, que mostrou muita violência no cotidiano, as mães indicavam que bater nas crianças não resolvia, que o que resolveria seria o diálogo”, diz Santos. Dessa forma, ele resolveu documentar, nas mesmas cidades em que seu estudo se desenrolou, projetos sociais que apostavam no diálogo com crianças e adolescentes e na autonomia desses jovens. Em 2018, Santos desenvolveu o documentário Mundo da Vida – A Sociologia de Alfred Schütz, para apresentar a teoria do fundador do método empírico que envolve a abordagem da narrativa biográfica. O documentário apresenta depoimentos e reflexões de estudiosos de vários países, incluindo Japão, França, Itália, Alemanha e Argentina, país sul-americano onde Schütz é mais conhecido. Um novo filme sobre a obra de Schütz, Mundo da Vida II – Biografias e Narrativas, já se encontra em fase de edição. Na obra, Santos explica a forma de trabalhar de Schütz.
Durante a pandemia, o professor realizou a obra Desafios do Brasil contemporâneo, uma série de seis vídeos tratando de questões como a indígena, a do meio ambiente e a da mulher negra, além de iniciativas da sociedade civil nas periferias das metrópoles e iniciativas civis durante a pandemia. Os vídeos foram apresentados ao público participante do IV Fórum de Sociologia da Associação Internacional de Sociologia (ISA, em inglês), que ocorreu de modo virtual em fevereiro de 2021, reunindo especialistas de 125 países. As obras mais recentes do professor Santos são Espaços de fronteira, ainda em produção, e um documentário intitulado Embarcados, que ele fez a partir de uma pesquisa contratada pela Petrobrás e outras cinco empresas de petróleo do pré-sal. A pesquisa, multidisciplinar, envolveu várias equipes, que durante cinco anos estudaram as questões de trabalho e de acidentes nas plataformas de petróleo. O professor Santos foi o coordenador da pesquisa na área de sociologia.