Repórteres e apresentadores negros são menos de 6% no telejornalismo gaúcho - Pesquisa realizada pelo jornalista Gabriel Bandeira levantou dados dos sete principais veículos do Rio Grande do Sul

Índice de repórteres e apresentadores negros no telejornalismo gaúcho / Foto: Reprodução

Apenas oito, dentre 134. Este é o número total de pessoas negras que atuam nas equipes de reportagem e apresentando os programas dos sete principais veículos de comunicação do estado. Os dados são da pesquisa A gente não se vê por aqui: o jornalista negro no maior grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, desenvolvida por Gabriel Bandeira, durante o seu Trabalho de Conclusão de Concurso (TCC) em Jornalismo, na Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos. 

A pesquisa surgiu a partir de um incômodo constante do autor em relação à ausência de pessoas diversas na área da comunicação e começou a ser planejada ainda em 2020, quando a pauta antirracista estava sendo amplamente debatida após os assassinatos de George Floyd, nos Estados Unidos, e de José Alberto Freitas, na Zona Norte de Porto Alegre. 

“O Brasil tem uma ferida aberta com o seu passado escravocrata, que tem ramificações até hoje. E isso só se acentua em um estado de maioria branca, que historicamente coloca a contribuição negra em segundo plano. A pesquisa foi uma das maneiras que encontrei de tornar o racismo estrutural do mercado de trabalho visível para as outras pessoas. O número é chocante, mas, a partir dele, também é possível pensar no que será feito daqui para frente”, afirma o estudante.

No total, negros representam somente 5,97% dos/as profissionais presentes na programação dos telejornais analisados. Além das entrevistas realizadas com jornalistas negros da televisão gaúcha, o trabalho também aborda questões relacionadas ao racismo, à desigualdade racial na mídia gaúcha e questiona o papel dos veículos de comunicação na luta antirracista. 

Impacto de percepções sem diversidade 

Repórteres e apresentadores negros são menos de 6% no telejornalismo gaúcho - Pesquisa realizada pelo jornalista Gabriel Bandeira levantou dados dos sete principais veículos do Rio Grande do Sul

Jornalista Gabriel Bandeira, formado pela Famecos no segundo semestre de 2021 / Foto: Arquivo pessoal

A desproporção presente nas redações dos veículos de comunicação também reflete na forma de abordar questões do cotidiano. O jornalista ressalta que pessoas negras geralmente aparecem em pautas que são, por um estereótipo, mais focadas em temas comunitários, como: carnaval, ações sociais, marginalização, violência urbana, entre outros. “Temos profissionais negros atuando como médicos, advogadas, cientistas e tantas outras profissões que também são importantes para a sociedade. Precisamos dar mais visibilidade para essas vozes plurais em todos os espaços”, afirma. 

Esses dados também contrastam com a realidade do Brasil que, segundo o IBGE, tem maioria de população negra (56%), mesmo grupo que ocupa a maior parte da força de trabalho (57 milhões, 25% a mais do que os 46 milhões de trabalhadores brancos). Mesmo assim, por questões estruturais consequentes do contexto do racismo histórico, essas pessoas ocupam, em sua maioria, cargos de níveis mais baixos ou com os menores salários. 

O jornalista e professor orientador da pesquisa, Juremir Machado, conta que o processo de elaboração do trabalho foi muito rico: “Gabriel estava muito motivado. O tema e o estudo, que são atuais e pertinentes, tiveram resultados que falam por si. Ele pesquisou bastante, leu muito e fez entrevistas importantes. A excelência do trabalho se confirmou com o parecer da banca, que deu nota máxima à monografia”. Gabriel complementa: “Agradeço a todas as pessoas negras que vieram antes de mim e pavimentaram um caminho possível”. 

Leia também: Estudo aponta que o fato de ser negro no Brasil reduz os rendimentos em 17% 

Quem são os jornalistas negros no telejornalismo gaúcho 

Repórteres e apresentadores negros são menos de 6% no telejornalismo gaúcho - Pesquisa realizada pelo jornalista Gabriel Bandeira levantou dados dos sete principais veículos do Rio Grande do Sul

Banca reconheceu o trabalho de Gabriel Bandeira com nota máxima / Foto: Reprodução

Dentre os 5,97%, cinco são homens e três são mulheres: Fernanda Carvalho, Marck B e Seguidor F (RBS TV); Domício Grillo e Fernanda Bastos (TVE); Marcinho Bléki e Rafael Cavalheiro (SBT RS) e Liliane Pereira (Record TV RS). Band TV RS, TV Pampa e RDC, que somam 36 profissionais de vídeo, não têm nenhuma pessoa negra nesses cargos. 

A pesquisa revisa o trabalho do jornalista e atual doutorando Wagner Machado, publicado em 2009, que encontrou apenas três comunicadores negros dentre 421 jornalistas apurados, somando 0,71% de representação na época. A atualização levou em consideração a programação transmitida entre os dias 14 e 24 de junho de 2021, nas emissoras RBS TV, SBT RS, Record TV RS, TVE, Band RS, RDC TV e TV Pampa. 

Leia também: Onde estão as mulheres negras à sua volta? 

Covid-19, coronavírus,

Principais implicações negativas da pandemia em adultos incluem o aumento de sintomas de fadiga / Foto: Tima Miroshnichenko/Pexels

Refletir sobre os impactos da pandemia de Covid-19 na sociedade e a repercussão dessas transformações nos próximos anos é o objetivo da série Vida pós-pandemia. Na última semana, pesquisadores da Universidade lançaram um olhar sobre as implicações da crise sanitária na comunicação e nos negócios. Agora, o foco do debate é a digitalização da saúde pública e a importância da saúde mental da população. Confira! 

Saúde pública cada vez mais digital 

Na medicina, a pandemia acentuou as tensões entre o profissionalismo médico e o bem-estar dos profissionais da saúde. Para os professores Alexandre Padoin e Thiago Viola, da Escola de Medicina, o contexto atípico impôs demandas fundamentais e obrigatórias em sistemas de saúde já sobrecarregados (sobretudo com falta de recursos materiais, de insumos e de mão-de-obra), testou médicos e profissionais de saúde até os limites da competência profissional e causou um impacto considerável na saúde e bem-estar físico e mental de cada um. 

Frente às medidas de distanciamento, uma série de especialidades precisaram se adaptar rapidamente à telemedicina (atendimento médico online). A modalidade expandiu o desenvolvimento tecnológico de comunicação, diagnóstico e tratamento dos pacientes, possibilitando, inclusive, que o ensino da medicina e o treinamento de profissionais ocorressem a distância.  

Leia também: Docentes da PUCRS integram projeto de atenção à saúde mental por teleatendimento 

“Para o futuro há uma necessidade de combinação de trabalho em equipe aprimorado, redução de encargos administrativos, preparação otimizada organizacional e cada vez mais ênfase no desenvolvimento científico e tecnológico”, aponta Alexandre Padoin. 

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Embora desconfortáveis, o medo e a insegurança ajudam as pessoas a estarem alerta para o risco que permanece / Foto: Pexels

Para além do tempo recorde no desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro, os pesquisadores também salientam o avanço dos algoritmos de inteligência artificial, capazes de identificar e rastrear a disseminação do novo coronavírus, predizendo locais geográficos de alto risco. Nesse sentido, segundo Thiago Viola, “o futuro da saúde pública tende a se tornar cada vez mais digital, incluindo o alinhamento de estratégias internacionais para a regulamentação, avaliação e uso de tecnologias digitais para fortalecer a gestão de crises futuras”.  

Sobre os impactos da Covid-19 na saúde da população, os professores destacam que as principais implicações negativas em adultos incluem o aumento de sintomas de fadiga crônica, sofrimento psicológico, problemas de sono, sintomas de depressão e ansiedade. É importante considerar também que pesquisas apontam que os fatores de risco para os sintomas acima são “ser do sexo feminino, apresentar preocupações com a família, medo de infecção, contato próximo com a Covid-19, sentimento de luto e/ou ter sofrido algum impacto socioeconômico familiar, como perda de emprego. 

Em relação ao comportamento da sociedade sobre a saúde pública, os pesquisadores Alexandre e Thiago afirmam que alguns laboratórios de pesquisa já estão mapeando o que foi mais efetivo em termos de cuidados sanitários, visando a futura prevenção.  

“A construção de sociedades resilientes deve incluir a mudança comportamental de toda a população, bem como a redução das desigualdades socioeconômicas. A incorporação de comportamentos nas sociedades requer mudanças nos ambientes físicos e sociais, como a promoção de locais de trabalho seguros e normas sobre condutas de higiene. Estes espaços precisam ser sustentados pela ativação da comunidade, regulamentação da organização e legislação nacional”, ressaltam. 

Tempo para curar 

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A pandemia acentuou as tensões entre o profissionalismo / Foto: Tima Miroshnichenko/Pexels

Manoela Ziebell de Oliveira, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, afirma que diante da realidade de outros países já é esperada a necessidade de um período de adaptação no retorno às atividades presenciais. Para ela “algumas pessoas voltarão com medo e com mais dificuldade de interação. Por isso, precisaremos nos adaptar assim como no início da pandemia, quando adotamos as medidas de isolamento”. 

Sobre os impactos da pandemia na saúde mental da população, a professora destaca uma série de efeitos. O medo da contaminação, a ansiedade com relação ao desempenho nos múltiplos papéis que as pessoas tiveram que conciliar (como trabalhar, cuidar de casa, auxiliar os filhos com ensino remoto, entre outros), o aumento nos níveis de depressão e ansiedade, além do aumento da violência doméstica e suas consequências, são alguns deles. Além disso, aumentaram as incertezas relacionadas ao futuro – seja no âmbito profissional, econômico ou de saúde – especialmente entre as pessoas que se encontravam em situações mais vulneráveis antes da pandemia.  

Mesmo entre pessoas percebidas como saudáveis, observaram-se sintomas de definhamento (sensação de estagnação, vazio, abatimento) após tantos meses de isolamento. Para driblar medos e inseguranças, Manoela alerta para a importância de manter os cuidados como o uso de máscara e de álcool em gel, e evitar as aglomerações. 

“Uma dica também é a prática de mindfulness (exercício de atenção plena no momento presente), para aqueles com dificuldade de concentração ou ansiedade. Também será preciso renegociar limites e tarefas do dia a dia conforme uma maior presencialidade vai sendo inserida na rotina. Além disso, é muito importante buscar ajuda quando a ansiedade ou sentimentos negativos se tornam muito fortes”, completa.  

Embora desconfortáveis, o medo e a insegurança ajudam as pessoas a estarem alerta para o risco que permanece. Buscar conforto e diálogo com pessoas próximas e queridas pode ajudar a lidar com os sentimentos negativos; e manter os níveis de atenção e dedicação na realização das tarefas pode contribuir com a sensação de êxito e autonomia.  

Essas ações não irão eliminar o medo, mas certamente serão úteis para a adaptação durante o retorno das atividades presenciais. “Ainda temos um caminho a ser percorrido e cada um tem um importante papel de manter os cuidados e proteger a si e aos demais”, finaliza. 

Leia também: Vida pós-pandemia: um olhar sobre comunicação, tecnologia e negócios 

Salão de Iniciação Científica

Evento acontecerá de forma online e síncrona, por meio da plataforma Zoom.

Estão abertas, até as 18h do dia 25 de agosto, as inscrições para o 22º Salão de Iniciação Científica (SIC) da PUCRS. O encontro é voltado a bolsistas de Iniciação Científica e seus orientadores, vinculados a instituições de ensino de todo o Brasil. Devido às recomendações dos órgãos oficiais de saúde e determinações institucionais visando a prevenção da Covid-19, o evento neste ano ocorrerá de forma online e síncrona, por meio da plataforma Zoom. 

O encontro busca proporcionar o intercâmbio de conhecimentos e dos resultados das pesquisas desenvolvidas pelos bolsistas de Iniciação Científica em projetos orientados por pesquisadores. Além de promover a divulgação da pesquisa no âmbito da graduação da Universidade e da comunidade científica e acadêmica em geral, e incentivar a participação dos alunos de graduação em programas de Iniciação Científica. 

“No Salão de Iniciação Científica, os estudantes apresentam seus trabalhos e, em seguida, respondem perguntas realizadas por uma banca. Isso é importante por ser um treino, durante a graduação, para aqueles que desejam seguir no ramo da pesquisa após formados. O evento segue um formato semelhante àquele que esses alunos encontrarão em eventos científicos nacionais e internacionais no futuro”, explica o coordenador da Iniciação Científica, Julio César Bicca-Marques. 

De acordo com o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Carlos Eduardo Lobo e Silva, a bolsa de iniciação científica é uma experiência importante na formação do estudante de graduação. “Essa vivência é muito rica, especialmente, para os estudantes instigados pelo mundo da investigação científica. A PUCRS, em parceria com as agências de fomento, proporciona essa vivência a centenas de estudantes, o que reforça e consolida este diferencial na formação dos nossos alunos”, pontua. 

Leia também: Iniciação Científica abre inscrições para estudantes do Ensino Médio

Iniciação Científica representa espaço para desenvolvimento acadêmico  

Elisa Marcante, bolsista do professor Julio, participou de uma experiência semelhante no Seminário Interno de Avaliação da Iniciação Científica da PUCRS, onde apresentou o projeto de pesquisa Culturômica da Conservação: mapeando a evolução do interesse por temas ambientais no Brasil e no mundo. Para ela, “essa foi uma experiência interessante”.  

“Fiquei nervosa no começo, mas, assim que apresentei meu trabalho, percebi que não era necessária tanta preocupação. A graduação é um momento de muita experimentação e a pesquisa em que atuo e minha participação no seminário foram experiências que, com certeza, auxiliarão no meu desenvolvimento profissional”.  

Alunos e alunas da PUCRS, assim como externos vinculados a bolsas institucionais da Universidade têm isenção no valor da inscrição. Para os demais estudantes de outras instituições de ensino, o valor da inscrição é de R$ 50, com um limite de 100 inscrições.  

Confira como inscrever seu trabalho no site do evento. 

Saiba mais sobre a IC 

A Iniciação Científica busca proporcionar aos estudantes de graduação, sob orientação de um professor/pesquisador, a aprendizagem de métodos e técnicas de pesquisa, bem como estimular o desenvolvimento do pensamento científico e da criatividade, decorrentes das condições criadas pelo confronto direto com os problemas de pesquisa. Saiba mais sobre o programa no site da Iniciação Científica. 

Leia também: Uma nova universidade, para um novo futuro

Estudo poderá auxiliar na redução de gás carbônico no meio ambiente - Trabalho sobre o CO2, conduzido pela professora e pesquisadora Sandra Einloft, busca combater o efeito estufa e as mudanças climáticas

Professora Sandra Einloft, pesquisadora responsável pelo estudo com CO2 / Foto: Camila Cunha

O excesso de gás carbônico (CO2) na atmosfera é o principal responsável pelo efeito estufa e pelas mudanças climáticas. Porém, quando ele é isolado, é possível transformá-lo em produtos muito úteis, como aditivos para combustíveis. É o caso do dimetilcarbonato, geralmente usado como aditivo no diesel para diminuir a emissão de fuligem e a poluição, e também dos polímeros, macromoléculas que podem ser utilizadas para fabricar peças que necessitam de resistência mecânica e transparência, toldos, coberturas, lentes de óculos, discos compactos e uso em eletrônicos. 

Pensando nisso, a pesquisadora Sandra Einloft, decana da Escola Politécnica, iniciou o estudo Auxiliando na separação do CO2 produzido em processos industriais e do CO2 existente em campos de gás natural através de novos materiais. O objetivo da pesquisa é buscar alternativas para combater e reverter a emissão de CO2 na atmosfera, desenvolvendo soluções para separar este composto químico de fontes poluidoras ao mesmo tempo em que é utilizado para obter outros produtos. 

Uma das fontes emissoras de gás carbônico são as correntes gasosas industriais, como o gás natural, também utilizado como combustível para veículos, o conhecido GNV. Sandra explica que, aproveitando resíduos que iriam para o lixo, é possível ter um rendimento triplo: 

“Utilizamos a casca de arroz, que é o principal resíduo agroindustrial gerado no processamento desse cereal, para produzir sílicas modificadas, que são utilizadas para separar o gás carbônico emitido em usinas de produção de energia. Desta forma, a pesquisa contribui para a redução do aquecimento global e da geração de resíduos”.

Ou seja, nesse processo, o gás natural se torna um combustível ainda menos poluente, o CO2 é transformado em materiais úteis e os resíduos abundantes disponíveis a baixo custo, que iriam para o lixo, ganham uma nova utilidade. 

Transformando o gás carbônico em matéria útil 

Estudo poderá auxiliar na redução de gás carbônico no meio ambiente - Trabalho sobre o CO2, conduzido pela professora e pesquisadora Sandra Einloft, busca combater o efeito estufa e as mudanças climáticas

Laboratório de Inovação em Materiais Poliméricos e Porosos Multifuncionais (LIMPPM), um dos espaços onde é realizado o estudo

A partir do CO2 também é possível obter o dimetil carbonato, usado na produção de corantes, produtos farmacêuticos, adesivos, detergentes e biolubrificantes. Na PUCRS, esse processo é realizado em laboratórios, localizados nos prédios 12 e 30, que contam com estrutura especializada. 

“Nesses espaços são realizadas desde as sínteses (testes de reações químicas) de novos materiais, até as afinidades de materiais com o CO2 (como outros compostos reagem ao CO2 puro ou junto às demais misturas). Também fazemos a seletividade (para ver se o material feito tem mais interação com o CO2 do que com outros gases) e a caracterização dos materiais (a conferência de quais temperaturas são suportadas, testes de superfície, entre outros), além da microscopia”, explica a pesquisadora. 

Sílica: o segredo por trás das cascas de arroz 

Sandra ressalta que essa transformação do gás carbônico é um processo químico complicado, pois o CO2 é um composto muito estável. “Como fazer isso sem gastar tanta energia?”, questiona, sobre a importância de se ter um olhar atento para a sustentabilidade e viabilidade de reprodução do projeto em outros locais. 

A sílica é um componente extraído da casca de arroz e que permite essa alternativa mais ecológica. É ela quem ajuda a separar o CO2 dos gases, graças às moléculas de oxigênio com hidrogênio (o silício, sólido, que tem afinidade com o CO2) presentes em sua superfície, que permitem modificações e o tornam mais seletivo/compatível com o gás carbônico. 

Espera-se que o estudo possa auxiliar a combater as consequências da presença humana e da exploração desenfreada dos recursos naturais do planeta Terra. Um dos exemplos mais perceptíveis disso, o aquecimento global, tem causado cada vez mais enchentes, ondas de calor e desertificações ao redor do mundo, reforça Sandra, demonstrando a relevância da pesquisa. 

“Aqui (no Sul do País) deve chover muito mais, por exemplo. O ideal seria que tivéssemos mais energias de fontes renováveis, para além dos combustíveis fosseis e energia hidroelétrica”.

Até o momento, a pesquisa já conta com duas patentes, diversos artigos internacionais publicados e foi finalista no Prêmio ANP de Inovação Tecnológica. 

Leia também: Dia da Sobrecarga da Terra alerta para a necessidade de ações sustentáveis 

Relatório desigualdade nas metrópoles

Queda na renda per capita média do trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre foi de R$ 258, em 2020, para R$ 152 em 2021/Foto: Gordon Shukwit/Flickr

A quarta edição do Boletim – Desigualdade nas Metrópoles levanta dados extremamente preocupantes acerca dos efeitos que a pandemia da Covid-19 provocou, ao longo de um ano, no que diz respeito à renda e sua distribuição entre os moradores da região metropolitana de Porto Alegre. O estudo é fruto de uma parceria entre a PUCRS, o Observatório das Metrópoles e a RedODSAL. Os dados utilizados são provenientes das PNADs Contínuas, produzidas IBGE.

De acordo com os dados levantados pelo estudo, o percentual de pessoas vivendo em domicílios com renda per capita do trabalho menor que ¼ do salário mínimo, na região metropolitana de Porto Alegre, era de 17% no início da série histórica (2012). Já no primeiro trimestre de 2020 chegava a 20%. E apenas um ano depois, no 1º trimestre de 2021, alcançou o patamar de 28%. Em termos absolutos, isso significa que em apenas um ano o número de pessoas nessa situação passou de 899.092 para 1.182.172. Ou seja, mais de 280 mil pessoas caíram abaixo desse patamar de renda durante a pandemia na metrópole gaúcha.

Segundo Andre Salata, professor da PUCRS e um dos coordenadores do estudo, os números que trazemos expressam o que qualquer morador da grande Porto Alegre percebeu ao longo do último ano, com o aumento sensível do número de pedintes, desempregados, vendedores ambulantes e pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade. “Em um cenário de diminuição acentuada da renda média, e de uma piora substantiva na sua distribuição, os resultados não poderiam ser diferentes, fazendo milhares de famílias caírem para estratos de rendimentos mais baixos”, ressalta.

Leia também: Desigualdade nas metrópoles atinge nível mais alto já registrado

Os dados mostram que no primeiro trimestre de 2021 a média móvel do coeficiente de Gini na Região Metropolitana de Porto Alegre, que mede a desigualdade de rendimentos do trabalho (quanto mais alto o valor, maior a desigualdade) atingiu seu maior valor na série histórica, iniciada em 2012, chegando a 0,631. Isso significa que o nível de desigualdade da renda do trabalho foi o mais elevado em todo o período observado. Um ano atrás, no primeiro trimestre de 2020, antes de sermos atingidos pela crise da Covid-19, essa média do Gini era de 0,601. Nas regiões metropolitanas de Curitiba e Florianópolis a desigualdade também aumentou, chegando a 0,585 e 0,593, respectivamente.

Boletim desigualdade nas metrópoles

Efeitos sociais da pandemia não mostram sinais de arrefecimento no primeiro trimestre, motivo pelo qual a manutenção do auxílio emergencial é imprescindível/Foto: Pixabay

Segundo Salata, o aumento das desigualdades na grande Porto Alegre já vinha ocorrendo desde 2015. Ou seja, já partimos de um patamar extremamente elevado.

“No último ano, no entanto, há um enorme salto nessa desigualdade, fruto de um contexto onde quase todos perdem, mas os mais pobres perdem relativamente muito mais. O resultado é que, na metrópole gaúcha, enquanto no início de 2020 os 10% do topo da distribuição de renda ganhavam, em média, 27 vezes mais do que os 40% da base da distribuição de renda em nossas metrópoles, agora eles ganham 42 vezes mais. Portanto, hoje a metrópole de Porto Alegre é muito mais desigual do que era no primeiro trimestre de 2020, antes da pandemia”, destaca o pesquisador.

A pesquisa mostra ainda que entre os 40% mais pobres, na região metropolitana de Porto Alegre, o rendimento per capita do trabalho caiu 41% entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021. Para os 50% de renda intermediária a queda foi de 9%. E para o estrato de renda dos 10% do topo da distribuição a queda foi de 10%. Portanto, apesar de ter ocorrido redução de rendimento em todos os estratos de renda, a queda foi muito mais pronunciada para os mais pobres, cuja renda per capita média do trabalho passou de R$258 para R$152 entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021.

Segundo os pesquisadores, os dados ainda mostram que os efeitos sociais da pandemia em nossas metrópoles não mostram sinais de arrefecimento no primeiro trimestre de 2021. “O auxílio emergencial continuará cumprindo um papel fundamental por mais alguns meses, até que se façam sentir os efeitos do avanço da vacinação e de um eventual aquecimento do mercado de trabalho, que deveria ser induzido pelo governo”, afirma Salata.

PUCRS PESQUISA

Acompanhe nos canais da Universidade as novidades sobre os mais de 2 mil projetos de pesquisa em andamento. Em tempos em que a ciência mostra cada vez mais a sua relevância nas mais diferentes esferas da sociedade, queremos apresentar, informar e celebrar o conhecimento desenvolvido pela nossa comunidade.

 

Foto: Pixabay

Um estudo recente publicado pela PUCRS, UFRGS e UFCSPA, em parceria com a Secretaria de Saúde de Porto Alegre (SMS), mostrou que as medidas não farmacológicas durante a pandemia diminuíram drasticamente o número de hospitalizações por doenças respiratórias em crianças de zero a 18 anos na Capital.  

De 2018 a 2020, foram 10.109 admissões hospitalares devido às causas respiratórias. Ao compararmos os anos de 2018 e 2019 com 2020, o percentual de redução das hospitalizações por bronquiolites foi superior a 90%, asma a 60%, pneumonias 80%. Além disso, o custo do sistema público, devido às internações por doenças respiratórias em crianças, reduziu em 70%. Os resultados foram publicados na revista Paediatric Respiratory Reviews. 

Redução também foi significativa a nível nacional 

O impacto do distanciamento social na saúde respiratória das crianças também foi tema do artigo publicado pelo professor Leonardo Pinto, em que a nível nacional também mostrou uma grande redução nas hospitalizações de crianças com bronquiolite. Publicado na revista Clinical Infectious Diseasesos resultados mostraram uma redução significativa das internações (menos 70%) por bronquiolite aguda em crianças com menos de 1 ano no Brasil. De acordo com o pesquisador, os resultados podem orientar estratégias de prevenção da disseminação viral. 

Segundo a professora da Escola de Medicina da PUCRS Rita Mattiello, as medidas de prevenção como uso de máscara, particularmente quando a pessoa apresenta sintomas respiratórios, lavagem das mãos frequente e de forma adequada e uma melhor ventilação dos ambientes podem contribuir de forma importante com a diminuição das hospitalizações de crianças devido a problemas respiratórios.

PUCRS Pesquisa tem o objetivo de dar mais visibilidade aos estudos realizados na UniversidadeNeste 8 de julho, Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, celebramos os mais de 380 pesquisadores e pesquisadoras que fazem nossa Universidade ser reconhecida nacional e internacionalmente pela excelência científica. Nosso time de especialistas propõe o estudo de temas que visam a promoção da saúde e do bem-estar, de novas terapias que apoiam diagnóstico e tratamento. Buscam investigar os desafios de um mundo dinâmico e interconectado, onde nos deparamos com desenvolvimentos tecnológicos cada vez mais velozes. Questionam o papel de cada um na realidade em que vivemos, refletindo sobre fatos históricos e buscando soluções que assegurem as conquistas das sociedades contemporâneas.

Nossos pesquisadores e pesquisadoras buscam o desenvolvimento sustentável da humanidade, passando pelo conhecimento da biodiversidade e estudo sobre novas formas de utilização racional dos recursos naturais. Tudo isso ao mesmo tempo em que desenvolvem e inovam nas áreas de materiais, sistemas integrados, otimização e confiabilidade de sistemas, robótica e big data. Um universo que abriga dezenas de outros universos que refletem a imensidão que é o campo do conhecimento.

Foi pensando em todo esse protagonismo que escolhemos esta data para lançar o PUCRS Pesquisa, nova editoria que busca levar para nossos canais oficiais conhecimento, informação e toda a relevância das pesquisas desenvolvidas na Universidade. A iniciativa visa traduzir de forma acessível e descomplicada as novidades de cada área do conhecimento, os avanços, os desafios e tudo que permeia o universo da pesquisa.

O projeto é fruto de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e a Assessoria de Comunicação e Marketing da PUCRS e tem como objetivo dar mais visibilidade ao trabalho dos pesquisadores e pesquisadoras que integram a Universidade, reforçar a relevância e o impacto da pesquisa da PUCRS na sociedade e ampliar o acesso ao conhecimento produzido.

Estrutura e conteúdo

Atualmente, são mais de 2 mil projetos de pesquisa em andamento na Universidade, espalhados pelas mais variadas áreas do conhecimento. Os professores que formam estudantes também investem seu tempo em busca de soluções para grandes questões da atualidade.

Os esforços impactam diretamente e indiretamente a população como um todo e envolvem centenas de colaboradores. Em tempos em que a ciência mostra cada vez mais sua relevância nas mais diversas esferas da sociedade, queremos apresentar, informar e celebrar o conhecimento desenvolvido pela nossa comunidade.

A pesquisa desenvolvida na PUCRS está diretamente relacionada com a atuação das estruturas de pesquisa, constituídas por 377 grupos de pesquisa, 15 centros, 109 laboratórios e 78 núcleos, bem como por quatro institutosInstituto de Geriatria e GerontologiaInstituto do Petróleo e dos Recursos NaturaisInstituto do Cérebro e Instituto do Meio Ambiente. Além disso, a atividade de pesquisa está integrada com os 23 programas de pós-graduação, com 23 cursos de mestrado e 22 programas de doutorado.

PUCRS Pesquisa: protagonismo nas 7 Escolas

O PUCRS Pesquisa contou com todo o suporte e apoio dos sete coordenadores de pesquisa que representam cada Escola da Universidade. São eles: os docentes Edimara Luciano (Escola de Negócios), Rita Mattiello (Escola de Medicina), Magda Cunha (Escola de Comunicação, Artes e Design), João Weber (Escola de Ciências da Saúde e da Vida), Paulo Caliendo (Escola de Direito), Charles Monteiro (Escola de Humanidades) e Márcio Pinho (Escola Politécnica). É a partir da colaboração de todos que as pesquisas saem dos laboratórios e unidades e chegam até ao time de comunicação.

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