Entre os dias 2 e 5 de março a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Gabriela Heck, em conjunto com professora da Escola de Humanidades Janaina Pereira, participaram do STEM Sign Language Summit na Gallaudet University em Washington, Estados Unidos. O evento realizado pela universidade americana tem como objetivo desenvolver sinais nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engrenharia e Matemática. A Gallaudet University é a única universidade no mundo onde a primeira língua é a de sinais e em sua tese de doutorado, Gabriela analisa a inclusão de pessoas surdas no campo científico, compreendendo quais são as influências que a fazem chegar neste espaço. Para a doutoranda, esse evento foi uma grande oportunidade de aprofundar seus estudos do doutorado.
“Esse evento se relaciona diretamente com minha pesquisa de doutorado, na qual eu abordo a inclusão de pessoas com deficiência no campo científico, e eu estudo especificamente o que influencia essas pessoas a seguirem (ou não) com essas carreiras”, destaca Gabriela.
Além da participação no evento, aluna e professora também apresentaram artigo sobre o processo de criação de um glossário de Sinais Científico em Libras, desenvolvido entre 2019 e 2020. Além do glossário sobre temas científicos, o grupo já desenvolveu materiais também sobre autores das ciências sociais, saúde, área jurídica e sinais religiosos.
“A professora Janaina me convidou para o Grupo de Estudo e Inovação em Libras para auxiliar na elaboração de um glossário bilíngue de sinais científicos em Libras, que está disponibilizado gratuitamente no Youtube. Até o momento, o glossário científico já tem mais de 200 sinais registrados, contribuindo para a inclusão da comunidade surda na educação básica e Ensino Superior no Brasil e promovendo a disseminação do conhecimento científico de maneira acessível e inclusiva.”
Gabriela Heck considera que participar do evento teve um impacto para além da sua pesquisa no doutorado. Para ela, ter a oportunidade de conhecer a única universidade voltada para educação de surdos no mundo foi um capítulo muito importante da sua trajetória no doutorado, e que esse encontro irá servir para trazer muitas ideias, conteúdos e contatos para o desenvolvimento da sua tese.
“Para além do doutorado, a experiência também poderá trazer contribuições para o projeto que participo junto à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, sobre Mulheres na Ciência, pois pretendo identificar e possivelmente entrevistar mulheres surdas cientistas e compreender ainda mais sobre suas escolhas de carreira e desafios enfrentados por serem mulheres com deficiência em carreiras científicas”, elenca.
Para a professora, essa participação é um impulsionador para maior impacto social dos projetos desenvolvidos pelo Grupo de Estudo e Inovação em Língua Brasileira de Sinais.
“A nossa participação neste evento fortalece principalmente a base da nossa pesquisa da PUCRS para que possa ser reconhecida mundialmente, além disso atualizar as informações cientificas e acadêmicas para reunir os pesquisadores, estudantes, professores e a Comunidade Surda Brasileira”, destaca Janaina.
A mais recente análise do PUCRS Data Social: Laboratório de Desigualdades, Pobreza e Mercado de Trabalho, intitulada “Levantamento Sobre Gênero, Trabalho e Parentalidade no Rio Grande do Sul”, aponta que, no Rio Grande do Sul, 19,7% das mulheres em relações conjugais com idade entre 25 e 50 anos estão fora do mercado de trabalho, sendo que 13,4% se afastam em função da demanda de tarefas domésticas, como cuidar dos filhos, de outros dependentes ou dos afazeres domésticos. Ou seja, o motivo que faz 68,3% das mulheres estarem fora do mercado é o trabalho doméstico. Entre os homens no mesmo recorte, por sua vez, apenas 2,6% não participam do mercado de trabalho, sendo que somente 0,3% se afastam em função de tarefas domésticas.
Tamanha diferença se torna ainda mais marcante quando olhamos apenas para famílias com filhos. Entre as famílias gaúchas com filhos de até seis anos, 25,9% das mulheres, chefes de família ou cônjuges, estão fora do mercado de trabalho. Entre os homens, somente 1,6%. E mesmo analisando somente famílias cujos filhos têm entre seis e quinze anos – ou seja, em uma faixa etária mais elevada –, a diferença é significativa: enquanto apenas 4,2% dos homens não participam do mercado de trabalho, entre as mulheres essa proporção chega a 18,5%.
A fonte de dados é da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua, em sua versão trimestral. O recorte utilizado inclui pessoas de referência no domicílio e cônjuges, em relações heterossexuais, com idade entre 25 e 50 anos, no 4º trimestre de cada ano estudado.
“Os resultados expressam, primeiro, a marcante divisão do trabalho doméstico, em especial no que se refere ao cuidado com os filhos, pelo qual as mulheres são tidas como responsáveis. E, em segundo, o resultado substantivo disso na redução da participação dessas mulheres no mercado de trabalho”, diz o professor Andre Salata, coordenador do PUCRS Data Social e um dos autores do estudo.
Essas constatações ficam muito evidentes quando se compara a participação de homens e mulheres no mercado de trabalho, de acordo com o número de filhos. Entre os casais sem filhos, 2,3% dos homens estão fora do mercado de trabalho, e 14,8% das mulheres. Quando consideramos apenas casais com um filho, 3% dos homens não trabalham nem procuram emprego, contra 18,9% das mulheres. Quanto a casais com três ou mais filhos, 36,6% das mulheres e somente 4,8% dos homens estão fora do mercado de trabalho.
“Os dados mostram que, em relação às mulheres, há um claro aumento na proporção daquelas que estão fora do mercado entre famílias com mais filhos. O mesmo, no entanto, não ocorre entre os homens, cuja participação pouco varia em função do número de filhos. Isso é, em alguma medida, resultado da ideia de que cabe mais às mulheres do que aos homens cuidar dos filhos”, diz a professora Izete Pengo Bagolin, pesquisadora do PUCRS Data Social.
O levantamento traz ainda dados sobre desigualdades raciais, e mostra que mulheres gaúchas negras parecem sofrer mais desvantagens que as brancas nesse âmbito. Entre as mulheres brancas, 12,8% estão fora do mercado de trabalho por motivos domésticos. Já entre as negras, a proporção era de 16,8% no quarto trimestre de 2023. Além disso, os dados evidenciam que, independentemente no número de filhos ou da idade deles, a taxa de mulheres negras fora do mercado de trabalho é sempre maior que a de mulheres brancas.
Segundo Ely José de Mattos, pesquisador do PUCRS Data Social, mulheres negras estão sobrerepresentadas nos estratos mais baixos da população. “Em virtude disso, estamos falando de famílias com menos recursos para pagar babás ecreches. Ou seja, é esperado que entre mulheres negras o fardo do trabalho doméstico seja ainda maior, conforme mostram os dados”, pontua.
Por fim, o estudo traz uma comparação entre as unidades da federação. Apesar dos preocupantes dados acima mencionados, o Rio Grande do Sul possui a menor taxa de mulheres fora do mercado de trabalho (13,4%). No Acre, estado com a maior taxa, a proporção chega a 38,1%. Em São Paulo está em 17,2%, e no Rio de Janeiro em 20,8%.
“Essas proporções estão correlacionadas com o nível socioeconômico das unidades da federação. Em estados mais ricos, as famílias têm mais recursos para pagar pelo trabalho doméstico, fazendo a pressão sobre as mulheres cair um pouco. Mesmo assim, os dados continuam preocupantes, como no caso do Rio Grande do Sul”, conclui Salata.
No dia 15 de março, às 17h, acontece a inauguração do Centro João Paulo II de Estudos da Cultura Polonesa, uma nova parceria entre a PUCRS e a Universidade Católica João Paulo II de Lublin/Polônia (KUL). Sediado na Escola de Humanidades da PUCRS, o novo Centro tem por objetivo promover a cultura e a história da Polônia, salvaguardar a herança cultural polonesa presente no Brasil e fornecer apoio cultural, pedagógico e científico à população polonesa do Brasil. Fundada em 1918, a KUL é uma das instituições de Ensino Superior mais antigas da Polônia. Entre ilustres professores da instituição encontra-se Karol Wojtyła, que ficou conhecido como o Papa João Paulo II. O Pontífice foi professor de Filosofia na universidade de 1954 a 1978, quando foi eleito Papa.
O novo Centro promoverá cursos relativos à história, língua e cultura polonesa, pesquisas científicas sobre a emigração polonesa e fomentará a cooperação acadêmica entre a PUCRS e a KUL. Para o Decano da Escola de Humanidades da PUCRS, Draiton Gonzaga de Souza, o novo centro é de grande importância para a Escola de Humanidades.
“O ser humano só se torna verdadeiramente humano quando sai de si, vai ao encontro da alteridade, entrando em contato com outras culturas e línguas. A interação com a cultura polonesa consistirá numa importante expansão de horizonte da nossa Escola”, adiciona.
A inauguração do Centro, que acontece no dia 15 de março, contará com uma programação de atividades culturais e religiosas, com a presença da Embaixadora da República da Polônia no Brasil, Bogna Janke, do Reitor da KUL, Mirosław Kalinowski, e do Diretor da Fundação Maximiliano Maria Kolbe Institute, Jacek Gołębiowski. O evento é aberto ao público, com entrada gratuita. Confira a programação:
16h30: Exposição João Paulo II: o presente da Polônia para o mundo (Átrio do Prédio 9)
17h: Cerimônia de inauguração no Auditório da Escola de Humanidades (Prédio 9)
18h30: Missa na Igreja Universitária
19h30: Concerto A Música da Juventude de Karol Wojtyla, com a pianista Agnieszka Schulz e o barítono Andrzej Gladysz (Igreja Universitária)
O concerto A Música da Juventude de Karol Wojtyla, com a pianista Agnieszka Schulz e o barítono Andrzej Gladysz, fechará a cerimônia, com a apresentação de peças para piano e canções dos mais celebrados compositores poloneses do século XIX e do início do século XX, como Moniuszko, Szymanowski, Paderewski, incluindo Chopin.
Além disso, os convidados poderão visitar a exposição João Paulo II: o presente da Polônia para o mundo, no foyer do Salão de Atos. São 13 posteres sobre o legado de João Paulo II, com foco em sua luta pela defesa da liberdade e pelo diálogo inter-religioso, sua peregrinação pelo mundo e suas ações em prol do terceiro mundo.
Para o Cônsul Honorário da República da Polônia em Porto Alegre, Sérgio Sechinski, a criação do Centro Cultural João Paulo II representa uma gama de infinitas possibilidades para as duas universidades, bem como para cada uma no seu contexto de atuação.
“Nos tempos atuais, em que diferentes culturas intercambiam métodos e conhecimento, os resultados de uma aliança significam benefícios em diversos setores da sociedade humana, considerando-se a tradição e os reconhecidos valores das universidades parceiras. Para o estado do Rio Grande do Sul, especificamente, com grande presença de descendentes polônicos, entendo esta parceria como um grande avanço nas relações bilaterais, pelos inúmeros canais que serão criados – e dentre esses, destacando-se a oportunidade de estudos da língua polonesa com referência acadêmica – o que estimulará o acesso à riqueza da milenar cultura polonesa. O que também considero, olhando pelo lado da KUL, a oportunidade de aproximação e estreitamento das relações com a cultura brasileira”, adiciona.
Arkadiusz Stasiak, professor da KUL e um dos membros do Conselho Administrativo do Centro, celebra que o novo centro possibilitará o fortalecimento da identidade polonesa e dos laços com a tradição, história e cultura polonesas entre a diáspora polonesa espalhada por todo o Brasil.
“A atividade do Centro neste programa será multifacetada, concentrando-se principalmente em atividades educativas e de promoção, organização de iniciativas culturais e pesquisa científica”, completa.
Para o professor polonês, o público-alvo do projeto inclui estudantes da PUCRS, jovens poloneses, bem como outros estudantes e jovens brasileiros que tenham alguma ligação com a Polônia. Arkadiusz ressalta que Porto Alegre é um grande centro da diáspora polonesa, que, no entanto, perdeu o conhecimento nativo da língua ao longo das gerações, principalmente devido à antiga política das autoridades brasileiras.
“A língua polonesa, como herança, é atualmente usada por uma pequena parte da diáspora e em diferentes níveis de proficiência. Os jovens, descendentes de poloneses, frequentemente não falam polonês, embora muitos deles expressem o desejo de aprender nossa língua e declarem um forte senso de identidade nacional polonesa”, completa.
A coordenadora do Centro na PUCRS é a professora e pesquisadora da Escola de Humanidades Cláudia Regina Brescancini e para a docente, esse novo espaço atua como um agente de promoção de pesquisas sobre a história, a língua e a cultura da Polônia.
“O Centro Brasil-Polônia pretende atingir não só a comunidade descendente, mas também todos que se interessam pela cultura desse país e pela relação Brasil-Polônia em diferentes dimensões. Sua instalação na PUCRS neste momento soma-se a outras iniciativas da universidade para a ampliação da internacionalização e da interculturalidade no âmbito da pesquisa e da extensão”, celebra a pesquisadora.
O médico neurologista e pesquisador-associado do Instituto do Cérebro da PUCRS, Cristiano S. Aguzzoli, recebeu financiamento de 250 mil dólares da organização internacional Alzheimer’s Association. O investimento será destinado para a condução de sua pesquisa “Glial Reactivity Marker Predictive Value on Neuropsychiatric Symptoms in Alzheimer’s disease” (Valor preditivo do marcador de reatividade glial em sintomas neuropsiquiátricos na doença de Alzheimer), que visa identificar marcadores inflamatórios no sangue capazes de prever sintomas neuropsiquiátricos em pacientes com a doença neurodegenerativa de maior incidência no mundo.
O projeto de pesquisa financiado é fruto dos resultados obtidos em recente estudo liderado por Cristiano e realizado na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. O estudo contou ainda com a supervisão do professor Dr. Tharick Ali Pascoal, e a participação de outros dois pesquisadores-associados do InsCer, o neurocientista Eduardo Zimmer e o neurologista Lucas Schilling.
“O estudo revelou que a neuroinflamação medida por neuroimagem contribui substancialmente para o desenvolvimento de sintomas neuropsiquiátricos em pacientes com doença de Alzheimer. Agora, o projeto proposto que obtivemos financiamento se baseia nos resultados desse estudo anterior e busca investigar se marcadores sanguíneos de inflamação têm associação e podem predizer sintomas neuropsiquiátricos em um estudo longitudinal”, destaca Cristiano.
A proposta do projeto passou por um criterioso e competitivo processo de seleção pela organização internacional Alzheimer’s Association, maior associação de financiamento não governamental dedicada à pesquisa sobre a Doença de Alzheimer e Desordens Relacionadas (DADR). A organização é comprometida com o avanço e financiamento de pesquisas de alto impacto e altamente relevantes para o desenvolvimento de métodos, tratamentos e, por fim, a cura da Doença de Alzheimer.
Leia também: Pesquisa sobre saúde mental busca melhorar a qualidade de vida da terceira idade
O estudo conduzido por Cristiano é original no Brasil. No mundo, pesquisas prévias demonstraram a associação de proteínas beta-amilóide e Tau a sintomas neuropsiquiátricos, mas poucos centros investigam a associação desses sintomas à neuroinflamação nos pacientes com doença de Alzheimer.
“A conquista deste financiamento representa uma oportunidade única de trazer investimento exterior para a ciência brasileira e, desta forma, contribuir para aprimoramento de pesquisas conduzidas no nosso país e na América Latina”, reforça Cristiano.
Segundo Heather M. Snyder, Ph.D., vice-presidente de Relações Médicas e Científicas da Associação de Alzheimer, um dos objetivos é promover a pesquisa de médicos de diversas origens e perspectivas em todo o mundo. “Como maior financiadora mundial sem fins lucrativos da ciência do Alzheimer e da demência, a Associação de Alzheimer tem orgulho de financiar cientistas clínicos. É uma necessidade importante em nossa área apoiar especialistas tanto em pesquisa quanto em atendimento ao paciente”, pontua Snyder.
Leia também: 5 assuntos sobre saúde e bem-estar para ficar atento em 2024
O professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e dos programas de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde, Psicologia e Sociologia e Ciência Política, Angelo Brandelli Costa, coordenou a pesquisa Insights, experiências e perspectivas sobre o diagnóstico rápido de tuberculose, histoplasmose e criptococose em pessoas com doença avançada pelo HIV em Porto Alegre. O trabalho, desenvolvido em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) da Organização Mundial da Saúde (OMS) e alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado da PUCRS, teve o objetivo compreender a viabilidade da implementação de um pacote para o diagnóstico rápido de infecções oportunistas,
Em Porto Alegre, o estudo aconteceu em quatro locais: Grupo Hospitalar Conceição, Santa Casa de Misericórdia, Hospital de Clínicas e Associação Hospitalar Vila Nova. Além da PUCRS, a pesquisa acontece em parceria com a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Nesse processo, focou-se em coletar as percepções e vivências de profissionais e gestores da área da saúde por meio de grupos focais e entrevistas em profundidade com usuários que vivem com HIV. Estas entrevistas, como também a elaboração das estratégias de pesquisa, foram concebidas pelos alunos da PUCRS.
Leia também: Disciplina de mestrado e doutorado fomenta a transformação de conhecimento em impacto
Para Angelo, este estudo tem um grande valor, por reforçar a parceria entre academia, sociedade civil, serviços de saúde e organizações unilaterais.
“A união de diferentes atores foi fundamental para a estruturação e o sucesso da resposta da política de HIV/Aids no Brasil. Ainda, esses resultados foram apresentados em seminário envolvendo hospitais, universidades e gestão municipal/estadual, além de reunião técnica com a gestão federal”, destaca o professor.
Os resultados do estudo destacam a necessidade da colaboração interdisciplinar entre profissionais de saúde, gestores e pacientes para a implementação efetiva de políticas de atenção ao HIV/Aids. A análise dos dados coletados ressalta a relevância da velocidade no diagnóstico, bem como a necessidade de estratégias de educação em saúde para informar os pacientes sobre os benefícios da testagem e de cuidados necessários.
Nesse sentido, a educação desempenha um papel fundamental ao estabelecer uma ponte para mitigar novas contaminações, ao mesmo tempo, em que promove conscientização e molda um novo panorama na saúde pública, integrando assim a prevenção e o tratamento.
A pesquisa evidencia que a velocidade do diagnóstico é um fator crítico não apenas para o início imediato do tratamento, mas também para a sobrevivência em casos de exposição a infecções oportunistas. Todavia, o acesso ao diagnóstico rápido enfrenta desafios diversos, incluindo questões relacionadas à disponibilidade de insumos e recursos humanos.
Além disso, o estudo identifica que a falta de compreensão sobre a importância da testagem e do tratamento, tanto por parte dos pacientes quanto dos profissionais de saúde, constitui um obstáculo que precisa ser abordado de forma abrangente para garantir resultados positivos no controle do HIV e das infecções oportunistas correlacionadas.
Leia também: Dengue: confira 5 dicas para prevenir a doença
Com o planeta em constante mudança devido à ação humana, entender e mensurar esses impactos é de extrema importância, sendo este uma das principais metas inclusas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para isso, é fundamental o desenvolvimento de pesquisas ecológicas de caráter sistemático e permanente. Neste contexto, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) lançou, em 1999, o programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), que também é cofinanciado por agências estaduais. Há vários sítios PELD em todo o Brasil, sendo um deles localizado na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pró-Mata, uma área de conservação ambiental da PUCRS na serra gaúcha e conduzida pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA).
Um dos grupos de seres vivos que são objetos de pesquisa no PELD Pró-Mata são as aranhas. Elas são classificadas como aracnídeos, assim como os ácaros e os escorpiões. Os aracnídeos, juntamente com os insetos, centopeias e crustáceos, formam o grupo dos animais artrópodes, o maior do mundo, com mais de um milhão e espécies conhecidas. Os aracnídeos, apesar de serem mal-vistos pela maioria das pessoas por serem considerados pragas agrícolas e vetores de doenças, possuem diversas funções nos ecossistemas, muitas delas benéficas e até mesmo essenciais para a vida humana. Muitos deles são polinizadores e predadores de outras espécies que constituem populações de pragas.
Nesse quesito, o destaque vai para as aranhas, que estão entre os maiores predadores de outros artrópodes. O professor Renato Augusto Teixeira, do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Ecologia e Evolução da Biodiversidade, explica o foco da pesquisa realizada no PELD sobre os aracnídeos: o que acontece com a comunidade de aranhas em ambientes fechados, isto é, florestais, em contrapartida ao que acontece com essas comunidades em ambientes campestres, ou seja, em áreas abertas.
“Uma vez que estamos passando por mudanças climáticas e o aquecimento global, será que a floresta não serviria como um buffer? Serviria para tamponar um pouco essa mudança e reduzindo essa temperatura em relação ao campo, que é uma área aberta e que ganha e perde calor com mais facilidade. Se for o caso, nossa expectativa é que as comunidades nos dois tipos de ambientes mudem de forma diferente. Que mude pouco ou nada nas florestas e muito nos campos, devido às mudanças climáticas”, pontua.
Devido aos seus comportamentos de caçadoras, as aranhas são responsáveis por ajudar a manter as populações de artrópodes numericamente estáveis. No entanto, uma boa parte desses comportamentos depende de seus habitats permanecendo sem grandes alterações. Esses ambientes costumam ser dinâmicos, porém parte deste dinamismo está ligado a fatores antropogênicos, ou seja, relacionados à ação humana. E, até o momento, pouco se sabe sobre o impacto que isso pode causar em alguns organismos. “Um dos outros projetos que temos no PELD é o de entender a sucessão da comunidade de aranhas no espaço e ver como elas recolonizam o ambiente uma vez que forem retiradas de lá”, conta Renato.
Tiffany Maroco da Silva, aluna do PPG em Ecologia e Evolução da Biodiversidade que atua nas pesquisas do PELD, explica que o objetivo deste projeto é testar se as aranhas conseguem recolonizar um espaço em um período curto, de aproximadamente cinco horas.
“Em várias trilhas nos campos do Pró-Mata, em um trecho de 150 metros, retiramos as teias para testar se as aranhas conseguem refazê-las nesse período, e no trecho subsequente retiramos as próprias aranhas. Com esse tratamento, tentamos responder a algumas perguntas: ‘as aranhas conseguem estabelecer novas teias nesse período?’, ‘se sim, foram feitas por indivíduos das mesmas espécies que já estavam lá ou são novas espécie que vão se aproveitar desse nicho vazio e recolonizá-lo?’”, comenta Tiffany.
Durante as saídas para as trilhas, os pesquisadores coletam dados importantes para entender esse processo de recolonização, como altura das teias, distância da trilha e do início dela, o tipo de teia (se são irregulares ou orbiculares, já que são feitas por grupos diferentes de aranhas). Depois de recolhidos, os materiais com esses dados são levados ao laboratório para triagem.
O professor Renato acrescenta, ainda, que os pesquisadores do PELD trabalham com uma terceira linha de pesquisas, o DNA Barcoding. Nesta linha, são retiradas pequenas amostras de tecido das aranhas que são coletadas a fim de criar um banco de informações genéticas das espécies que habitam o sítio do Pró-Mata. “Identificação por meio de DNA requer que tenhamos um referencial para comparação. Quanto mais espécies fizermos o barcoding, mais fácil será para identificá-las”, ressalta.
“O DNA Barcoding também se liga a outros projetos do PELD, como o de DNA Ambiental. Todo o material coletado nas outras pesquisas será armazenado na coleção de aracnídeos e miriápodes do Museu de Ciência e Tecnologia (MCT) da PUCRS. Nos laboratórios do PELD, o material é separado entre as diferentes espécies ou morfoespécies de aranhas e depois utilizado para diferentes trabalhos, como a listagem de espécies presentes no sítio do Pró-Mata ou para outros estudos ecológicos, como o da sucessão das aranhas”, finaliza Renato.
Nelson Ferreira Fontoura, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e diretor do IMA, destaca a importância do PELD na realização de pesquisas ecológicas que contribuem para o entendimento das consequências da ação humana no planeta.
“Nós temos vário grupos trabalhando no PELD Pró-Mata, incluindo alunos de pós-graduação a nível de doutorado, de mestrado e alunos de graduação fazendo sua iniciação científica. Hoje temos grupos trabalhando com aves, mamíferos, anfíbios, abelhas, aranhas e também com DNA ambiental, incluindo florestas e campos. Esses projetos em conjunto, de forma continuada, podem nos fornecer, em um futuro de médio a longo prazo, uma ideia muito clara de como esse ambiente está evoluindo, se a diversidade segue constante, aumentando ou diminuindo em função dos impactos humanos”, explica.
O sítio PELD Pró-Mata foi estabelecido em uma área de Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do mundo, e por isso é considerado prioritário para conservação. Foi adquirida em 1993 pela Universidade e convertida em RPPN em 2019, garantindo a perpetuidade do compromisso da PUCRS com a conservação da biodiversidade, bem como a mitigação do impacto das atividades humanas.
A humanidade testemunhou nos últimos anos transformações significativas em seu ambiente natural impulsionadas, principalmente, pelas mudanças climáticas globais. Essa complexa interação entre fenômenos atmosféricos, o aumento das emissões de gases de efeito estufa e atividades humanas têm desencadeado uma série de impactos no ecossistema terrestre e aquático, como, por exemplo, o aumento da temperatura do média do planeta. À medida que a terra vai aquecendo, as consequências para a biodiversidade, os recursos hídricos e a estabilidade dos ecossistemas tornam-se cada vez mais evidentes.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pró-Mata da PUCRS faz parte do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), onde são desenvolvidos oito subprojetos coordenados por pesquisadores em suas áreas de atuação. O PELD é uma iniciativa do Governo Federal, sob a coordenação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que formou uma rede de sítios de referência para a pesquisa científica no tema de Ecologia de Ecossistemas. Para apresentar o ecossistema do Pró-Mata a Universidade, por meio de seu Instituto do Meio Ambiente (IMA), vem realizando uma série de vídeos documentais que pretendem transbordar os estudos realizados para a comunidade universitária e a sociedade. Assista o primeiro:
Além do Pró-Mata, a PUCRS lidera inúmeras outras pesquisas e iniciativas globais que buscam mitigar a crise climática e a potencializar o uso de energias renováveis. Alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o diretor do IMA, professor Nelson Fontoura, destaca que a Universidade promove a pesquisa ecológica de caráter sustentável e permanente, em ambientes aquáticos e terrestres:
“Nesse contexto de mudanças ambientais, é extremamente importante mapearmos e conhecermos como as alterações ambientais interferem na biodiversidade”, destaca Nelson Ferreira Fontoura, diretor do IMA.
Os campos são de extrema importância para a natureza, porém a atenção ainda é pouca se comparado com florestas. Os ecossistemas campestres apresentam altos níveis de biodiversidade, muitas espécies de plantas e animais são exclusivas desse local, ou seja, não são encontradas em ecossistemas florestais ou outras formações ecológicas. Essa diversidade biológica é de extrema relevância para a sociedade, pois possibilita processos naturais como a polinização e manutenção da qualidade da água. Além disso, as plantas servem como alimento tanto para as espécies de herbívoros nativos quanto para rebanhos de animais exóticos.
“O projeto PELD inclui a amostragem de artrópodes para vermos a dinâmica de como funciona com a reintrodução do manejo por fogo no ecossistema campestre”, aponta Mariana Beal Neves, pós-graduanda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS.
A amostragem dos artrópodes é dividida em dois níveis: um ao nível do solo e outro na estrutura da vegetação. Pesquisar sobre essa classe é de suma importância, pois ela é considerada o grupo mais mega diverso da Terra, por conter insetos, crustáceos, aracnídeos, diplópodes, e quilópodes em sua cadeia.
No Laboratório de Ecologia de Interações da PUCRS são feitas as coletas dos artrópodes e de vegetações retiradas do sítio do Pró-Mata, para analisar o todo. O processamento dos artrópodes é feito em duas divisões, alguns ficam em álcool 70% e outros em via seca. Já as amostras de vegetações são identificadas em campo ou são trazidas para o laboratório, secas na estufa e montadas para a identificação final.
“A biodiversidade que há nos campos hoje, tanto de plantas quanto de animais, evoluiu junto com esse regime de distúrbios,” pontua Pedro Maria Abreu Ferreira, pesquisador do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS.
As queimadas, por serem recorrentes, se tornaram um tema de pesquisa fundamental dentro do Pró-Mata. O estudo envolve comparações entre os ecossistemas campestres prejudicados pelo fogo e os não prejudicados, com etapas envolvendo a análise do tamanho da área folhar e do teor de fibras. O esperado é encontrar folhas maiores em campos onde houve o manejo de fogo, pois elas precisam de mais energia para sobreviver, e um menor teor de fibras. Nos campos onde não ocorreu o manejo de fogo, é esperado encontrar folhas menores, de crescimento mais lento e longevas – apresentando maior teor de fibras.
O homem reduziu a velocidade da expansão das florestas sobre os campos com as queimadas, uma dinâmica complexa que é estudada no programa PELD na RPPN Pró-Mata em busca de respostas e soluções para um futuro que não está tão longe assim.
O CNPq inaugurou em 1999 o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), que formou uma rede de sítios de referência para a pesquisa científica no tema de Ecologia de Sistemas – cofinanciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). Os projetos desenvolvidos podem oferecer no futuro uma ideia clara de como o ambiente está evoluindo, principalmente com os impactos humanos.
O sítio PELD Pró-Mata foi estabelecido em São Francisco de Paula, na serra gaúcha, em uma área de Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do mundo – por isso é considerado prioritário para conservação. Foi adquirida em 1993 pela Universidade e convertida em RPPN em 2019, garantindo a perpetuidade do compromisso da PUCRS com a conservação da biodiversidade, bem como a mitigação do impacto das atividades humanas. Acompanhe a série de vídeos pelo canal da PUCRS no YouTube.
A professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Fernanda Morrone foi contemplada no Programa Cátedra Tübingen, uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Universidade de Tübingen, por intermédio do Baden-Württembergisches Brasilien- und Lateinamerika-Zentrum. Fernanda conduzirá uma pesquisa na área de Farmacologia, com abordagem multidisciplinar, que investiga o efeito de moléculas inibidoras de proteínas quinase na resposta de tumores cerebrais à radioterapia. A pesquisadora acredita que seu trabalho pode resultar em novas estratégias de tratamento para os tumores, baseadas na descoberta de alvos terapêuticos.
Fernanda explica que o Centro Tübingen para Descoberta e Desenvolvimento Acadêmico de Medicamentos (TüCAD2) é reconhecido como um centro de excelência na descoberta acadêmica de fármacos. “Acredito que essa experiência será um marco significativo em minha carreira de pesquisadora, proporcionando aprendizado, colaborações internacionais e contribuindo para o avanço da ciência no Brasil”, celebra.
Para a pesquisadora, a bolsa concedida pelo Programa Tübingen Cátedra em Farmácia e Farmacologia representa uma oportunidade única para aprimorar e expandir as pesquisas e as colaborações nestas áreas.
“A natureza interdisciplinar da proposta é particularmente empolgante, permitindo também a participação e mobilidade de outros docentes e alunos dos Programas de Pós-Graduação da PUCRS em projetos de pesquisa”, completa.
As atividades na Universidade de Tübingen estão previstas para ter início em março deste ano, e a pesquisadora mantém uma forte colaboração com a instituição alemã, tendo publicações em parceria nas áreas de farmacologia e química medicinal. A parceria com o Centro Tübingen para Descoberta e Desenvolvimento Acadêmico de Medicamentos (TÜCAD2), liderado pelo professor e pesquisador Stefan Laufer, é especialmente importante, considerando sua vasta experiência na pesquisa e desenvolvimento de fármacos.
“O TÜCAD2 é reconhecido como um centro de excelência na descoberta acadêmica de fármacos. Essa colaboração fortalecerá os laços internacionais entre as Universidades, promovendo avanços significativos na pesquisa, especialmente nas áreas cruciais de oncologia e doenças inflamatórias”, adiciona Fernanda.
Graduada em Farmácia pela Universidade Católica de Pelotas, mestrado e doutorado em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atualmente é bolsista de Produtividade do CNPq, professor titular da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS, onde ministra as disciplinas de Farmacologia e Farmácia Clínica. É membro da Sociedade Brasileira de Farmacologia Terapêutica e Experimental e membro do Clube Brasileiro de Purinas. É consultora e revisora de periódicos científicos nacionais e internacionais e atua como consultor de várias instituições. Tem experiência na área de Farmacologia, com especial interesse no estudo do sistema purinérgico, ATP, receptores purinérgicos e radioterapia em gliomas, e outros tipos de câncer.
Entre os dias 15 e 19 de janeiro a PUCRS ofertou o curso Enfoque cognitivo, socioemocional y metodológico de la Educación Superior para docentes da Universidad Marcelino Champagnat (UMCH), localizada em Lima no Peru. A formação foi realizada por meio de atuação conjunta entre a Coordenadoria de Internacionalização do Stricto Sensu da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propesq) e a Diretoria de Educação Continuada da Pró-Reitoria de Graduação e Educação Continuada (Prograd).
O grupo foi acolhido pelo vice-reitor da Universidade, Ir. Manuir Mentges, que no primeiro dia do curso lhes deu as boas-vindas e apresentou a Universidade. Na ocasião, ele também manifestou a importância da vivência da comitiva peruana na PUCRS para o aprimoramento de ações educativas no nível da graduação e da pós-graduação, bem como para a prospecção das próximas ações conjuntas.
O programa fundamentou-se em capacitar os participantes a aplicarem práticas pedagógicas atualizadas que conectem educação, tecnologia, gamificação, considerando questões neurocognitivas, linguísticas e socioemocionais a partir de evidências das neurociências. O curso foi ministrado por sete professores da PUCRS, de diferentes áreas do conhecimento: Karen DelRio Szupszynski, Aline Fay, Asafe Cortina, Francisco Kern, Bettina Steren e Luis Carlos Martins.
Dentre as diferentes temáticas abordadas, os participantes puderam compreender sobre estudos dos elementos cognitivos e metacognitivos fundamentais para a aprendizagem no ensino superior; examinar paradigmas de ensino e de aprendizagem; estudar diferentes procedimentos técnicos para organização do ensino com a intenção de uma prática pedagógica instigante, crítica, emancipatória e humanizadora. Os participantes peruanos são professores de graduação e pós-graduação de diversas áreas, além de estudantes de pós-graduação e de egressos da UMCH.
A coordenadora de Internacionalização do Stricto Sensu da Propesq, Lilian Hubner, explica que o curso foi organizado a partir de uma solicitação da coordenação dos programas de pós-graduação da UMCH para oferecer ao seu quadro de professores e estudantes a atualização pedagógica.
“Foi uma semana de práticas intensas, pautadas em aprofundado conhecimento teórico oferecido pelos nossos docentes, além de visitas a importantes setores da nossa Universidade que dão suporte às nossas práticas de docência e de pesquisa. Foi possível igualmente prospectar parcerias de pesquisa entre nossos cursos de Pós-Graduação e a UMCH”, destaca.
Além de diversas discussões, aprendizados e apresentações, os docentes puderam explorar e conhecer alguns espaços da PUCRS, como o IDEAR, Crialab, Centro de Apoio Discente, Museu de Ciência e Tecnologia, Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) e a Escola de Humanidades. Essa oportunidade também gerou maior aprofundamento dos laços já existentes entre as universidades, expandindo as possibilidades de colaboração, desenvolvimento de pesquisas e práticas de ensino.
A UMCH é uma universidade com aproximadamente 2.000 alunos e em 2019 recebeu a certificação da Superintendência Nacional de Educação Superior Universitária, juntando-se à seleta lista de universidades peruanas com eximia qualidade acadêmica. Além disso, a universidade, como a PUCRS, faz parte da Rede Marista Internacional de Instituições de Ensino Superior, agregando 27 diferentes organizações com o objetivo de criar conexões de sinergia e atuar em seus espaços de missão.
Muito além do ensino, a pesquisa acadêmica e científica também é um dos pilares fundamentais de uma universidade. E tão importante quanto os resultados destas pesquisas é o armazenamento e a disponibilização deles para que o conhecimento produzido esteja a serviço dos mais diferentes desafios da sociedade. Para isso, a Universidade possui uma plataforma especialmente destinada a este fim: o Repositório Institucional da PUCRS. Clarissa Selbach, bibliotecária responsável pelo Setor de Tratamento da Informação da Biblioteca Central Ir. José Otão, explica que se trata de um ambiente de armazenamento digital de acesso aberto que abriga e organiza a produção acadêmica, científica e cultural gerada.
“A ferramenta possui arquivos digitais de artigos, trabalhos em anais, livros, capítulos de livro, teses, dissertações e os documentos institucionais de cunho público produzidos e selecionados pela Administração Superior da PUCRS como, por exemplo, estatutos, anuários, relatórios, entre outros”, explica ela.
O volume de conteúdo armazenado no repositório não é pouco: atualmente, a plataforma possui mais de 60 livros em texto completo, dez mil teses e dissertações defendidas nos Programas de Pós-Graduação (PPGs) da PUCRS, 500 capítulos de livros, nove mil artigos de periódicos e 3.500 trabalhos publicados em eventos. No entanto, há alguns requisitos necessários para que um material seja incluído no repositório:
O repositório é uma possibilidade de garantir a preservação da memória da produção acadêmica e científica da Universidade em formato digital, por tempo indeterminado. Além disso, é um ambiente seguro e controlado, independentemente de término de vínculo do autor com a instituição ou extinção da área de atuação. O software do repositório garante a estabilidade dos trabalhos, tornando a citação a ele tão confiável quanto um jornal acadêmico.
Clarissa destaca que o repositório é fundamental para uma instituição como a PUCRS, em termos de visibilidade e acessibilidade, pois os trabalhos são disponibilizados de forma on-line e com acesso aberto, permitindo que sejam facilmente encontrados por meio de ferramentas de busca e bases de dados (no Google Scholar, por exemplo), contribuindo para a utilização destas informações pela comunidade.
“Nossa ideia é fomentar esta ferramenta para que os professores e pesquisadores disponibilizem seus trabalhos em acesso aberto para que possamos incluir no Repositório. Quanto mais trabalhos publicados nele, melhor também a posição da PUCRS em rankings universitários. São diversos benefícios para a pesquisa acadêmica e a comunidade científica no geral”, pontua Clarissa.