A chave ou a base do ser humano é a teimosa vontade de fazer com que a vida tenha sentido. Essa foi a mensagem central do segundo dia de Open Campus, que contou com a participação do professor, filósofo e coordenador do curso de Filosofia da Escola de Humanidades da PUCRS Luciano Marques de Jesus e de uma das principais referências sobre Felicidade nas Organizações, Carla Furtado, professora do PUCRS Online.
Parafraseando o neuropsiquiatra austríaco Viktor Emil Frankl, Luciano e Carla trouxeram aspectos importantes da sua teoria. Segundo ele existem três formas principais de atribuir sentido à vida:
É possível dar sentido ao nosso trabalho desde as tarefas mais simples até as mais sofisticadas e isso depende muito mais da forma que você se coloca e impacta o seu entorno e as pessoas. São os valores criativos, aquilo que se faz para o mundo.
O que Frankl chama de valores vivenciais são as experiências: de viver a amizade, o amor, a arte, a música. São coisas que a vida e o mundo oferecem e ajudam as pessoas a se sentirem mais completas.
Luciano conta sobre a tristeza que sente ao ouvir alguém dizer que “era feliz e não sabia”. Segundo ele “vivemos em uma sociedade desatenta, não estamos prestando atenção nas coisas que nos acontecem”. Por isso essa frase acaba por se repetir mais do que as pessoas gostariam.
“Às vezes estamos no ensino fundamental e queremos ir para o médio. No médio queremos ir para a faculdade. Na faculdade queremos tralhar. E quando vemos a vida passou e não vivemos nada”, explica o professor sobre a necessidade de viver cada etapa da vida cheia de sentido.
Para isso são utilizados os valores atitudinais, segundo Frankl. O sofrimento fará parte da vida, mas é necessário enfrentá-lo. “Quando não conseguimos mudar a realidade que nos circunda, está nas nossas mãos mudarmos a nós mesmos”.
“Ser feliz no trabalho não é modismo, é uma urgência”
Carla Furtado é professora e pesquisadora na área de Psicologia Positiva, o movimento que investiga cientificamente a felicidade. “Estamos em um tempo que compreendemos que a vida não tem banco de horas”, destaca.
Há algumas décadas o sonho médio dos brasileiros e brasileiras era poder ter “a vida que sempre sonhou” no dia em que se aposentasse. Hoje, o momento é diferente: “Sabemos que o tempo que não é vivido bem não vai para uma poupança”.
“Quando olho para a vida encarando a segunda-feira ou horário de trabalho como algo muito pesado, focando na sexta-feira, nos finais de semana ou nas férias, o que sei é que estou deixando a vida passar”, acrescenta.
As pessoas convivem com emoções felizes e tristes. E esses sentimentos não estão ligados ao consumo, por exemplo. É possível ter o prazer de adquirir algo, mas isso passa, pois é volátil.
Dois pilares são vividos simultaneamente, podendo variar em diferentes fases: de um lado está uma vida com mais emoções positivas do que negativas, conectadas principalmente às relações. E do outro estão o sentido e o significado de vida que, em casos bem-sucedidos, podem até ser acompanhados de um propósito.
O sentido é cognitivo: conseguir compreender de maneira racional o que traz sentido para a vida. Já o propósito é algo que existe com esse sentido lógico e que já está em operação na sua vida.
“O propósito tem um segredo… A ciência sabe que o que sustenta toda a percepção de felicidade não são as emoções, mas sim essa âncora que chamamos de propósito. Ela faz com que a gente olhe para a vida, para além das dificuldades, e entenda que vale a pena viver, apesar das circunstâncias“.
Segunda a definição de Santo Agostinho, felicidade é “seguir desejando aquilo que já se possui”.
Com mais de 200 atividades gratuitas para quem tem interesse em ingressar na graduação, o Open Campus 2020 contou com convidados e convidadas especiais de diferentes áreas. Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil, abriu o evento com uma conversa sobre Escolher mudar o mundo. Já o encerramento ficou por conta da youtuber Débora Aladim, com dicas sobre Como estudar utilizando as redes sociais.
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Confira a live completa com Luciano Marques e Carla Furtado sobre Onde encontrar o sentido da vida e a felicidade nas carreiras: