A PUCRS foi palco da 5ª Conferência Internacional de Filosofia da Educação e Pedagogia Crítica, evento promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) em parceria com instituições brasileiras e internacionais. Esta foi a primeira edição fora do Reino Unido, já tendo sido realizada nas cidades de Liverpool e Winchester. Entre os objetivos do encontro, ocorrido nos dias 27 e 28 de junho, estava o compartilhamento de experiências e conhecimentos produzidos no campo da Filosofia da Educação e Pedagogia Crítica, além de oportunizar a cooperação entre pesquisadores da área.
Entre os destaques da programação estavam os palestrantes internacionais Judith Suissa, da University College London (Reino Unido), o professor Carl Safstrom, da National University of Ireland (Irlanda), e a professora Sharon Todd, da Maynooth University (Irlanda). Os convidados relacionaram educação, política e democracia discutindo questões da sociedade moderna e seu impacto no ambiente de aprendizagem.
Na quinta-feira, dia 27, a professora canadense Sharon Todd proferiu a conferência intitulada Facing conflict educationally: Democracy, subjectification and the senses (Enfrentando o conflito educacionalmente: Democracia, subjetivação e os sentidos). Na ocasião, a pesquisadora debateu sobre pluralismo da sociedade e como as diferenças culturais têm criado tensões no ambiente educacional. Para a professora, o conflito é inevitável no ambiente de sala de aula, porém isso não deve ser visto como algo negativo. “Conflitos são experiências e realidades, não apenas problemas a serem resolvidos”, comentou.
Sharon apresentou o que intitula de “dilema” da Educação: proporcionar um ambiente em que a o pluralismo floresça, mas as subjetividades possam respirar. A canadense também chamou a atenção sobre como os sentidos básicos estão diretamente ligados à nossa sociedade, fazendo com que compartilhemos o mundo de forma singular. Por fim, alertou os profissionais de Educação sobre a importância de enfrentar conflitos de forma educacional. “Pluralismo significa conviver com conflitos. Precisamos reforçar cada vez mais que o individuo não deve tolerar o outro, mas, sim, tolerar o fato de que nem sempre vamos concordar com o outro”, finalizou.
O coordenador geral da conferência e professor do PPGE, Alexandre Anselmo Guilherme, celebrou a oportunidade de a PUCRS sediar a atividade. “Foi muito importante trazer esse evento para o Brasil, possibilitando uma troca de saberes com esses reconhecidos parceiros internacionais. Isso possibilitou um estreitamento de relações com o Institute of Education, da University College London, e com o Centre for Public Education and Pedagogy, da National University of Ireland – Maynooth, qualificando ainda mais nossas pesquisas e processos de internacionalização”, adicinou.
Na sexta-feira, dia 28, os professores Judith Suissa, Carl Safstrom e Sharon Todd, também participaram de uma reunião no Escritório de Cooperação Internacional. Os visitantes (foto) puderam conhecer mais sobre o trabalho de internacionalização da Universidade, além de apontar áreas de interesse para projetos futuros.
Em uma síntese geral do mapeamento da rede de atendimento em Viamão, a pesquisa indicou que crianças de zero a três anos com deficiência ainda não possuem prioridade no atendimento na área da educação, por exemplo, o que se assemelha à realidade mais ampla do Brasil e também de outros lugares do mundo. Estes são alguns dos resultados da pesquisa desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da Escola de Humanidades da PUCRS, com parceria da Universidade do Minho, de Portugal. Esses dados geraram o Programa de Intervenção Precoce na Infância, a ser realizado nos próximos dois anos.
O estudo apontou que o campo da educação, em particular, tem atuado pouco junto a essas crianças, especialmente, quando elas estão fora da escola, uma vez que a rede municipal de ensino de Viamão ainda não atende crianças nessa faixa etária. Em relação à assistência social e à saúde, ainda que com dificuldades, possuem uma maior participação no atendimento, mais focado na reabilitação do que na inclusão socioeducacional.
Sob a coordenação das professoras Marlene Rozek e Gabriela Dal Forno Martins, a iniciativa contou com a colaboração das Secretarias Municipais de Educação, Saúde e Assistência Social de Viamão. Os órgãos públicos forneceram os números de nascimentos de crianças com deficiência, entre 2015 a 2017, bem como as suas condições de saúde e vida.
“A proposta desta análise foi de aprimorar o processo de inclusão socioeducacional de crianças nascidas com deficiências, do nascimento aos três anos, em Viamão. A partir dessa experiência, queremos fornecer subsídios para a construção de uma futura política pública neste âmbito”, reforça Marlene.
Segundo Gabriela, antes dos 36 meses de idade, é mais comum ocorrerem encaminhamentos para associações ou outros serviços especializados fora do município. No entanto, esses serviços são escassos, oferecem poucas vagas e priorizam uma abordagem de intervenção focada na reabilitação, o que é importante, mas não suficiente quando se pensa no processo de inclusão. “Quando atendimentos são realizados pelos profissionais da rede de saúde do município, a descontinuidade é muito comum”, destaca.
Os procedimentos de coleta de dados foram por meio da identificação de crianças nascidas de 2015 a 2017 já cadastradas como sujeitos com deficiência no sistema de dados da Assistência Social. A complementação de informações sobre suas condições de saúde e de vida foi feita através do próprio sistema da Secretaria de Assistência Social, do sistema informatizado da Secretaria da Saúde, dados do hospital da cidade e prontuários e informantes das Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Os resultados desse levantamento indicaram que ainda há uma fragilidade do sistema de registro de informações, já que poucos dados foram localizados, mesmo com a utilização de diferentes fontes. Isso implica, muitas vezes, em uma invisibilidade das crianças com deficiência, dificultando o planejamento de ações para seu efetivo atendimento. Ainda que com dados incompletos, a pesquisa forneceu indícios de que, dentre as 77 crianças identificadas, grande parte vive em condições de extrema vulnerabilidade social, acumulando não somente o risco associado à deficiência, mas também em relação às suas condições de vida.
Para 2019 ocorrerá a implementação do Programa de Intervenção Precoce na Infância, a ser coordenado e executado pela equipe do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Aprendizagem e Processos Inclusivos (NEPAPI), da PUCRS, em parceria com o Núcleo de Políticas Inclusivas, da Secretaria de Educação de Viamão. Tal implementação contará com apoio financeiro da Fundação Itaú Social, através do Edital Fundos da Infância e da Adolescência. Este Programa prevê, inicialmente, a identificação e acolhimento das famílias e seus bebês com deficiência. Após esta criança ter sido diagnosticada pelo hospital ou pela UBS, será realizado o primeiro contato com a família, visando fortalecer seu vínculo com a equipe do projeto e fomentar sua participação nas demais ações. Na etapa seguinte, serão aplicados alguns instrumentos visando coletar dados importantes que podem ajudar nas ações posteriores. Por fim, a família será convidada a participar dos grupos de apoio e serão entregues os primeiros vale-transporte para deslocamento.
Os grupos de apoio às famílias devem ocorrer quinzenalmente e serão abertos, ou seja, poderão ingressar novas famílias na medida em que são identificadas. Como a expectativa é de 50 famílias, serão organizados quatro diferentes grupos, com os objetivos de acompanhar e apoiar coletivamente as famílias, de modo a promover o compartilhamento de experiências e fortalecer as competências das famílias para com o desenvolvimento dos seus bebês. Os grupos ocorrerão em espaço cedido pelo município, o qual será equipado com brinquedos e mobiliários adequados para os bebês e suas famílias. Uma equipe interdisciplinar de intervenção precoce será responsável por coordenar esses grupos, sendo a mesma supervisionada e acompanhada pelas pesquisadoras Marlene Rozek e Gabriela Dal Forno Martins. Essa equipe também realizará outras ações junto às famílias, tais como visitas domiciliares, visando enriquecer as experiências de aprendizagem da criança em seus contextos naturais de vida, a partir de uma abordagem centrada na família.
Durante este ano haverá também a formação de aproximadamente 50 profissionais da Educação, Saúde e Assistência Social do município, em duas etapas. A primeira etapa (em julho) será realizada pelas professoras responsáveis pela pesquisa; a segunda etapa (novembro) será desenvolvida por profissionais de Portugal, parceiros da PUCRS e envolvidos diretamente no trabalho junto ao Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI). A política portuguesa é referência no contexto europeu e voltada às crianças de zero a seis anos com necessidades educativas especiais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um bilhão de pessoas vivem com deficiências. Embora discussões científicas, políticas e sociais tenham crescido rapidamente em relação à inclusão desse público, poucos esforços têm sido direcionados às políticas públicas nessa área. Para ajudar a mudar esse panorama, está em andamento um projeto pioneiro no Estado, que visa investigar o processo de inclusão socioeducacional de crianças com até três anos com deficiência em Viamão, visando contribuir para o aprimoramento da política de inclusão nesta realidade. A pesquisa integra o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da Escola de Humanidades da PUCRS, sob coordenação geral da professora Marlene Rozek e coordenação executiva da professora Gabriela Dal Forno Martins.
A ideia surgiu a partir dos resultados encontrados em dois trabalhos realizados pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Aprendizagem e Processos Inclusivos (Nepapi). As conclusões apontaram para a importância da primeira infância na inclusão social e escolar dos sujeitos com deficiência. Atualmente, não existem diretrizes oficiais no Rio Grande do Sul que levem em consideração, especificamente, essa faixa etária, deixando as famílias e os profissionais sem orientações claras sobre os passos que devem ser tomados para garantir melhores condições de desenvolvimento e aprendizagem para os pequenos. A partir dessa constatação, deu-se início a uma grande inciativa, com duração de três anos, que buscará estabelecer orientações para a inclusão socioeducacional desde o momento nascimento até os três anos de idade.
“Os estudos nos mostraram que a criança chega na escola aos seis ou sete anos com muitas perdas, que deveriam ter sido investigadas e trabalhadas muito antes. Ela chega aquém do seu potencial e em desvantagem em relação aos demais, o que torna o processo de inclusão muito mais difícil. Então, devemos investir em uma etapa anterior à escolarização. Mais do que pensar em ações dentro do próprio ambiente escolar, é importante focalizar a inclusão na sociedade como um todo. Para isso, precisamos de uma atuação interdisciplinar, que inclui a educação, a saúde e a assistência social”, explica Marlene.
Um dos produtos esperados da pesquisa é a elaboração de diretrizes para o atendimento dessas crianças. Nesses casos, a intervenção não se dá diretamente com o bebê, mas nos contextos em que ele regularmente vive, em especial na família e nos espaços educativos formais e não formais. Dessa forma, buscam-se qualificar as experiências de aprendizagem da criança nesses contextos, a partir de um investimento nos adultos que se ocupam dos cuidados e educação da criança.
“Essa não é uma assistência clínica. Tentamos fortalecer os laços da família. É o grupo familiar que vai assumir esse bebê e fazer a interlocução. Nossa proposta é a de criar redes de atendimento, mas com a família no centro”, conta.
O objetivo final da pesquisa é realizar uma experiência piloto de implementação de uma política de intervenção precoce como as que já existem em outros países. No Rio Grande do Sul, esse é um trabalho pioneiro, que abrirá portas para a conscientização da importância desse tipo de iniciativa. “Entre os europeus, essas ações são vistas como investimento. Quem recebe atenção desde o início do seu desenvolvimento, se torna um adulto muito mais autônomo e capaz. Quem nunca teve assistência, vai ter muitos prejuízos e talvez chegue na fase adulta até sem estar alfabetizado. O estado acaba tendo muito mais ônus em não investir na primeira infância do que apostar nessa faixa e propiciar um futuro mais promissor para esses sujeitos”, ressalta.
A escolha por Viamão surgiu após uma criteriosa avaliação. Além de contar com a colaboração das Secretarias Municipais de Educação, da Saúde e da Assistência Social, a equipe teve abertura para acessar os sistemas de dados dessas secretarias, capazes de fornecer diversas informações necessárias para compor a pesquisa.
Quinzenalmente, o grupo vai até o local para reuniões com representantes das três secretarias e de outras entidades locais. No âmbito desse grupo de trabalho, em 2018, está sendo desenvolvida a primeira etapa do projeto, voltada para o levantamento do número de nascimentos de crianças com deficiência em 2015, 2016 e 2017, suas condições de saúde e de vida. Esse diagnóstico permitirá também saber quem cuida diariamente e que tipos de atendimento atualmente existem no município, sejam nas Unidades Básicas de Saúde, nos hospitais, escolas e outras instituições. Em seguida, a equipe iniciará a segunda etapa, que envolverá a implementação de ações junto às famílias e profissionais, bem como a elaboração das diretrizes que subsidiarão a política, sempre com a presença e a participação da rede interdisciplinar formada em parceria com os demais setores da cidade.
“Vamos coletar esses dados e analisar junto com a professora Ana Serrano, da Universidade do Minho, em Portugal. Ela vai nos ajudar a implementar essa política durante o terceiro ano, inclusive vindo para cá para auxiliar no processo. Entre as ações previstas está a promoção de espaços de formação para os profissionais envolvidos, de modo a favorecer o aprimoramento e a disseminação da política. Nosso objetivo é trazer melhores condições de vida para essas crianças, favorecendo o processo de inclusão socioeducacional”, ressalta Marlene.
A Universidade recebe esta semana uma comitiva com 20 pessoas do Peru, entre mestrandos e pesquisadores, para o evento Integración del postgrado entre Brasil y Perú: una visión del área de Psicología y Educación. A atividade, promovida pelos programas de Pós-Graduação em Psicologia e em Educação da PUCRS e pela Universidade Marcelino Champagnat, tem início nesta segunda-feira, 25, e se estende até o dia 28, no auditório do 9º andar do prédio 11 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre).
Entre os docentes integrantes do grupo peruano está o reitor da Universidade Marcelino Champagnat, Ir. Pablo González Franco, e o diretor do Pós-Graduação, Ir. Marino Latorre Ariño. Na manhã desta segunda-feira, houve uma visita de boas-vindas pelo Campus, antes do início da programação, no turno da tarde.
Segunda-feira – 25 de setembro
14h – O cenário atual da Pós-Graduação no Brasil, com a professora Eleani Maria da Costa, diretora de Pós-Graduação da PUCRS
15h50 – 17h: Apresentação do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e da área de Psicologia Clínica com as professoras Tatiana Quarti Irigaray e Luisa Fernanda Habigzang
Terça-feira – 26 de setembro
14h-17h – Proposta pedagógica marista aos 200 anos do início, com o professor Ir. Marino Latorre Ariño, diretor do Pós-Graduação da Universidade Marcelino Champagnat
Quarta-feira – 27 de setembro
14h-17h – Pesquisas de Pós-Graduação em Psicologia e Educação, com a professora Edgla Eggert, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS
15h30 – 15h50: intervalo
15h50 – 17h: Apresentação da área de Cognição Humana com a professora Adriane Xavier Arteche
Quinta-feira – 28 de setembro
14h-17h – O Cenário Atual da Pós-Graduação na PUCRS, com o professor Christian Haag Kristensen, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS.
15h30 – 15h50: intervalo
15h50 – 17h: Apresentação da área de Psicologia Social com o professor Adolfo Pizzinato