Com o planeta em constante mudança devido à ação humana, entender e mensurar esses impactos é de extrema importância, sendo este uma das principais metas inclusas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para isso, é fundamental o desenvolvimento de pesquisas ecológicas de caráter sistemático e permanente. Neste contexto, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) lançou, em 1999, o programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), que também é cofinanciado por agências estaduais. Há vários sítios PELD em todo o Brasil, sendo um deles localizado na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pró-Mata, uma área de conservação ambiental da PUCRS na serra gaúcha e conduzida pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA).
Um dos grupos de seres vivos que são objetos de pesquisa no PELD Pró-Mata são as aranhas. Elas são classificadas como aracnídeos, assim como os ácaros e os escorpiões. Os aracnídeos, juntamente com os insetos, centopeias e crustáceos, formam o grupo dos animais artrópodes, o maior do mundo, com mais de um milhão e espécies conhecidas. Os aracnídeos, apesar de serem mal-vistos pela maioria das pessoas por serem considerados pragas agrícolas e vetores de doenças, possuem diversas funções nos ecossistemas, muitas delas benéficas e até mesmo essenciais para a vida humana. Muitos deles são polinizadores e predadores de outras espécies que constituem populações de pragas.
Nesse quesito, o destaque vai para as aranhas, que estão entre os maiores predadores de outros artrópodes. O professor Renato Augusto Teixeira, do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Ecologia e Evolução da Biodiversidade, explica o foco da pesquisa realizada no PELD sobre os aracnídeos: o que acontece com a comunidade de aranhas em ambientes fechados, isto é, florestais, em contrapartida ao que acontece com essas comunidades em ambientes campestres, ou seja, em áreas abertas.
“Uma vez que estamos passando por mudanças climáticas e o aquecimento global, será que a floresta não serviria como um buffer? Serviria para tamponar um pouco essa mudança e reduzindo essa temperatura em relação ao campo, que é uma área aberta e que ganha e perde calor com mais facilidade. Se for o caso, nossa expectativa é que as comunidades nos dois tipos de ambientes mudem de forma diferente. Que mude pouco ou nada nas florestas e muito nos campos, devido às mudanças climáticas”, pontua.
Devido aos seus comportamentos de caçadoras, as aranhas são responsáveis por ajudar a manter as populações de artrópodes numericamente estáveis. No entanto, uma boa parte desses comportamentos depende de seus habitats permanecendo sem grandes alterações. Esses ambientes costumam ser dinâmicos, porém parte deste dinamismo está ligado a fatores antropogênicos, ou seja, relacionados à ação humana. E, até o momento, pouco se sabe sobre o impacto que isso pode causar em alguns organismos. “Um dos outros projetos que temos no PELD é o de entender a sucessão da comunidade de aranhas no espaço e ver como elas recolonizam o ambiente uma vez que forem retiradas de lá”, conta Renato.
Tiffany Maroco da Silva, aluna do PPG em Ecologia e Evolução da Biodiversidade que atua nas pesquisas do PELD, explica que o objetivo deste projeto é testar se as aranhas conseguem recolonizar um espaço em um período curto, de aproximadamente cinco horas.
“Em várias trilhas nos campos do Pró-Mata, em um trecho de 150 metros, retiramos as teias para testar se as aranhas conseguem refazê-las nesse período, e no trecho subsequente retiramos as próprias aranhas. Com esse tratamento, tentamos responder a algumas perguntas: ‘as aranhas conseguem estabelecer novas teias nesse período?’, ‘se sim, foram feitas por indivíduos das mesmas espécies que já estavam lá ou são novas espécie que vão se aproveitar desse nicho vazio e recolonizá-lo?’”, comenta Tiffany.
Durante as saídas para as trilhas, os pesquisadores coletam dados importantes para entender esse processo de recolonização, como altura das teias, distância da trilha e do início dela, o tipo de teia (se são irregulares ou orbiculares, já que são feitas por grupos diferentes de aranhas). Depois de recolhidos, os materiais com esses dados são levados ao laboratório para triagem.
O professor Renato acrescenta, ainda, que os pesquisadores do PELD trabalham com uma terceira linha de pesquisas, o DNA Barcoding. Nesta linha, são retiradas pequenas amostras de tecido das aranhas que são coletadas a fim de criar um banco de informações genéticas das espécies que habitam o sítio do Pró-Mata. “Identificação por meio de DNA requer que tenhamos um referencial para comparação. Quanto mais espécies fizermos o barcoding, mais fácil será para identificá-las”, ressalta.
“O DNA Barcoding também se liga a outros projetos do PELD, como o de DNA Ambiental. Todo o material coletado nas outras pesquisas será armazenado na coleção de aracnídeos e miriápodes do Museu de Ciência e Tecnologia (MCT) da PUCRS. Nos laboratórios do PELD, o material é separado entre as diferentes espécies ou morfoespécies de aranhas e depois utilizado para diferentes trabalhos, como a listagem de espécies presentes no sítio do Pró-Mata ou para outros estudos ecológicos, como o da sucessão das aranhas”, finaliza Renato.
Nelson Ferreira Fontoura, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e diretor do IMA, destaca a importância do PELD na realização de pesquisas ecológicas que contribuem para o entendimento das consequências da ação humana no planeta.
“Nós temos vário grupos trabalhando no PELD Pró-Mata, incluindo alunos de pós-graduação a nível de doutorado, de mestrado e alunos de graduação fazendo sua iniciação científica. Hoje temos grupos trabalhando com aves, mamíferos, anfíbios, abelhas, aranhas e também com DNA ambiental, incluindo florestas e campos. Esses projetos em conjunto, de forma continuada, podem nos fornecer, em um futuro de médio a longo prazo, uma ideia muito clara de como esse ambiente está evoluindo, se a diversidade segue constante, aumentando ou diminuindo em função dos impactos humanos”, explica.
O sítio PELD Pró-Mata foi estabelecido em uma área de Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do mundo, e por isso é considerado prioritário para conservação. Foi adquirida em 1993 pela Universidade e convertida em RPPN em 2019, garantindo a perpetuidade do compromisso da PUCRS com a conservação da biodiversidade, bem como a mitigação do impacto das atividades humanas.
A humanidade testemunhou nos últimos anos transformações significativas em seu ambiente natural impulsionadas, principalmente, pelas mudanças climáticas globais. Essa complexa interação entre fenômenos atmosféricos, o aumento das emissões de gases de efeito estufa e atividades humanas têm desencadeado uma série de impactos no ecossistema terrestre e aquático, como, por exemplo, o aumento da temperatura do média do planeta. À medida que a terra vai aquecendo, as consequências para a biodiversidade, os recursos hídricos e a estabilidade dos ecossistemas tornam-se cada vez mais evidentes.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pró-Mata da PUCRS faz parte do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), onde são desenvolvidos oito subprojetos coordenados por pesquisadores em suas áreas de atuação. O PELD é uma iniciativa do Governo Federal, sob a coordenação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que formou uma rede de sítios de referência para a pesquisa científica no tema de Ecologia de Ecossistemas. Para apresentar o ecossistema do Pró-Mata a Universidade, por meio de seu Instituto do Meio Ambiente (IMA), vem realizando uma série de vídeos documentais que pretendem transbordar os estudos realizados para a comunidade universitária e a sociedade. Assista o primeiro:
Além do Pró-Mata, a PUCRS lidera inúmeras outras pesquisas e iniciativas globais que buscam mitigar a crise climática e a potencializar o uso de energias renováveis. Alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o diretor do IMA, professor Nelson Fontoura, destaca que a Universidade promove a pesquisa ecológica de caráter sustentável e permanente, em ambientes aquáticos e terrestres:
“Nesse contexto de mudanças ambientais, é extremamente importante mapearmos e conhecermos como as alterações ambientais interferem na biodiversidade”, destaca Nelson Ferreira Fontoura, diretor do IMA.
Os campos são de extrema importância para a natureza, porém a atenção ainda é pouca se comparado com florestas. Os ecossistemas campestres apresentam altos níveis de biodiversidade, muitas espécies de plantas e animais são exclusivas desse local, ou seja, não são encontradas em ecossistemas florestais ou outras formações ecológicas. Essa diversidade biológica é de extrema relevância para a sociedade, pois possibilita processos naturais como a polinização e manutenção da qualidade da água. Além disso, as plantas servem como alimento tanto para as espécies de herbívoros nativos quanto para rebanhos de animais exóticos.
“O projeto PELD inclui a amostragem de artrópodes para vermos a dinâmica de como funciona com a reintrodução do manejo por fogo no ecossistema campestre”, aponta Mariana Beal Neves, pós-graduanda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS.
A amostragem dos artrópodes é dividida em dois níveis: um ao nível do solo e outro na estrutura da vegetação. Pesquisar sobre essa classe é de suma importância, pois ela é considerada o grupo mais mega diverso da Terra, por conter insetos, crustáceos, aracnídeos, diplópodes, e quilópodes em sua cadeia.
No Laboratório de Ecologia de Interações da PUCRS são feitas as coletas dos artrópodes e de vegetações retiradas do sítio do Pró-Mata, para analisar o todo. O processamento dos artrópodes é feito em duas divisões, alguns ficam em álcool 70% e outros em via seca. Já as amostras de vegetações são identificadas em campo ou são trazidas para o laboratório, secas na estufa e montadas para a identificação final.
“A biodiversidade que há nos campos hoje, tanto de plantas quanto de animais, evoluiu junto com esse regime de distúrbios,” pontua Pedro Maria Abreu Ferreira, pesquisador do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS.
As queimadas, por serem recorrentes, se tornaram um tema de pesquisa fundamental dentro do Pró-Mata. O estudo envolve comparações entre os ecossistemas campestres prejudicados pelo fogo e os não prejudicados, com etapas envolvendo a análise do tamanho da área folhar e do teor de fibras. O esperado é encontrar folhas maiores em campos onde houve o manejo de fogo, pois elas precisam de mais energia para sobreviver, e um menor teor de fibras. Nos campos onde não ocorreu o manejo de fogo, é esperado encontrar folhas menores, de crescimento mais lento e longevas – apresentando maior teor de fibras.
O homem reduziu a velocidade da expansão das florestas sobre os campos com as queimadas, uma dinâmica complexa que é estudada no programa PELD na RPPN Pró-Mata em busca de respostas e soluções para um futuro que não está tão longe assim.
O CNPq inaugurou em 1999 o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), que formou uma rede de sítios de referência para a pesquisa científica no tema de Ecologia de Sistemas – cofinanciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). Os projetos desenvolvidos podem oferecer no futuro uma ideia clara de como o ambiente está evoluindo, principalmente com os impactos humanos.
O sítio PELD Pró-Mata foi estabelecido em São Francisco de Paula, na serra gaúcha, em uma área de Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do mundo – por isso é considerado prioritário para conservação. Foi adquirida em 1993 pela Universidade e convertida em RPPN em 2019, garantindo a perpetuidade do compromisso da PUCRS com a conservação da biodiversidade, bem como a mitigação do impacto das atividades humanas. Acompanhe a série de vídeos pelo canal da PUCRS no YouTube.
Criado em 1999, o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) é um programa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que objetiva estabelecer uma rede de sítios de referência para a pesquisa científica de longo prazo em Ecologia de Ecossistemas. Atualmente são 34 sítios PELD em operação, sendo dois no Rio Grande do Sul: o sítio PELD Campos Sulinos e o sítio PELD Estuário da Lagoa dos Patos e Costa Adjacente. Em edital recente, com resultado divulgado nesta semana, o CNPq ampliou a lista para 41 sítios financiados, incluindo a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pró-Mata como novo sítio PELD no Rio Grande do Sul.
A RPPN Pró-Mata abriga, em seus 3100 hectares, ecossistemas remanescentes primários e em regeneração da Mata Atlântica, localizados na borda do planalto da Serra Geral, no município de São Francisco de Paula. A RPPN inclui áreas de Campos de Altitude, Mata de Araucária e Mata Atlântica stricto sensu e abriga uma notável riqueza de elementos tropicais da flora e fauna. Representando uma fração relevante da Mata Atlântica do Rio Grande do Sul, tombada pela UNESCO e que compõe a Reserva de Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida internacionalmente como um dos 25 hotspots de biodiversidade mundial.
O projeto aprovado, que receberá recursos de R$ 336.728,00, encontra-se dividido em oito subprojetos, cada qual coordenada por um pesquisador experiente e de reconhecimento na área de atuação, com colaboração de pesquisadores da UFRGS e UNISINOS. O conjunto de subprojetos atende aos seguintes objetivos gerais:
1. Descrever e quantificar os processos de sucessão em fragmentos de floresta primária e secundária; a alteração na composição de espécies, na densidade, estrutura etária e biomassa; e como se dá a dinâmica de fixação de carbono.
2. Descrever e quantificar como se dá a sucessão nos fragmentos de campo e na interface dos mesmos com a floresta. Avaliar a influência de distúrbios na diversidade biológica de campos, assim como qual a frequência de eventos de queimada que redunda em maior diversidade vegetal e animal em áreas campestres.
3. Identificar as respostas da biota em processos de longo prazo em contexto de alteração climática global, do aumento do impacto antrópico na alteração e fragmentação de habitats, assim como na aplicação ambiental em larga escala de agroquímicos.
4. Descrever e quantificar, em longa série temporal, as alterações de diversidade a abundância de abelhas nativas como grupo funcional polinizador, de aranhas como invertebrados de topo de cadeia, de anfíbios como grupo mundialmente ameaçado, assim como aves e mamíferos como grupos emblemáticos e altamente significativos.
5. Descrever como se dá a evolução da biota no tempo, tanto em termos de diversidade como em abundância relativa, medidos através da amplificação de fragmentos de DNA ambiental (e-DNA) coletado em amostras de água e de solo, identificados em nível específico através da construção de uma biblioteca de DNA barcoding para a fauna e flora regional.
Quem já foi sabe como são incríveis as paisagens do Centro de Pesquisa e Conservação da Natureza Pró-Mata, a Reserva Particular do Patrimônio Natural da PUCRS, localizada em São Francisco de Paula, na serra gaúcha. O Centro possui uma área de cerca de 3 mil hectares e 10 trilhas mapeadas. Para ampliar o acesso do público as belezas naturais do Pró-Mata e proporcionar aos interessados em fotografia experiências práticas em um ambiente inspirador, o Instituto do Meio Ambiente promove a primeira edição do curso de extensão Expedição de Fotografia Natural no Pró-Mata.
As atividades acontecem nos dias 21 e 22 de março, com saída e retorno no Campus da PUCRS. As inscrições podem ser realizadas pelo site ou presencialmente no Centro de Educação Continuada, sala 201 do prédio 40 da Universidade (Av. Ipiranga, 6681). Os inscritos devem levar seu equipamento de fotografia, que poderá ser inclusive smartphones. O valor do curso inclui o transporte, hospedagem e alimentação. O curso poderá ser reagendado em caso de mau tempo.
A atividade será orientada pelo professor Eduardo Seidl, que ministra disciplinas de Fotografia nos cursos de Jornalismo e Design da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos e no curso de Gastronomia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida.
Mais informações estão disponíveis no link ou pelo telefone (51) 3320-3727.
O laboratório a céu aberto do Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata/PUCRS reúne estudantes e pesquisadores em um espaço privilegiado. Quase três mil hectares de florestas e campos compõem um ambiente natural de imersão, aprendizagem e pesquisa. Localizada na entrada do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, prédio 40 da Universidade, a iniciativa Um campus na mata leva ao público a sensação de estar na serra gaúcha a partir da vista panorâmica no mirante do Pró-Mata. O projeto é uma das nove iniciativas do ecossistema de inovação Campus Living Lab, em que Universidade, sociedade, governo e empresas trabalham juntos para elaborar soluções centradas no uso real da tecnologia e no desenvolvimento sustentável.
Inaugurado em 1996, o Pró-Mata é conduzido pelo Instituto do Meio Ambiente da PUCRS e está localizado em São Francisco de Paula (RS). A viagem entre a Universidade e a sede do Centro de Pesquisas dura em torno de 4 horas e são percorridos 174 quilômetros. As ações do Pró-Mata priorizam as áreas de biodiversidade, ecologia de populações e comunidades, restauração de ambientes naturais perturbados ou degradados, uso e manejo sustentável dos recursos naturais, bioprospecção e serviços ambientais. Entre as novas áreas de atuação, está a possibilidade de parceria com os cursos de Educação Física e Enfermagem para o desenvolvimento de atividades ao ar livre que visam o bem-estar e a saúde.
O coordenador do Centro, Pedro Maria Abreu Ferreira, destaca que o ambiente também está aberto para estudantes de graduação e pós-graduação, tanto do Brasil quanto de outros países. Segundo ele, alunos que tenham interesse em realizar atividades no Pró-Mata podem buscar vínculos com algum grupo de pesquisa da Universidade que atua no Centro. Outra possibilidade são as próprias disciplinas dos cursos. “Várias disciplinas da Biologia, por exemplo, vão para o Pró-Mata de forma curricular, realmente utilizando o Centro como uma sala de aula ao ar livre”, afirma.
O Pró-Mata abrange diversos grupos de pesquisas, somando quase 200 estudos já realizados e mais de 20 projetos de pesquisa em andamento. “Ao longo desses mais de 20 anos de história, temos dezenas de produtos técnico-científicos produzidos no Centro. A contribuição acadêmica do Pró-Mata é muito importante”, ressalta Ferreira. Os projetos são desenvolvidos não só por pesquisadores da PUCRS, mas também ocorrem em parcerias com outras universidades brasileiras e internacionais. Desde sua concepção, o Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza tem a parceria da Universidade de Tübingen, da Alemanha, com a qual a PUCRS possui um convênio de cooperação desde 1983.
Leia mais: Campus Living Lab aproxima inovação, sustentabilidade e empreendedorismo
No início de outubro deste ano, o Pró-Mata foi reconhecido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio como uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), tornando-se a maior RPPN federal do estado. Ferreira ainda destaca que além das áreas de conservação, o Centro possui uma estrutura de laboratórios e acesso à internet. “Mesmo no meio da floresta, os alunos e pesquisadores têm acesso a todo o recurso de internet que eles teriam no Campus da PUCRS”.
A publicação do Guia de Pegadas de Mamíferos do Pró-Mata, lançado em setembro, é outro diferencial ressaltado por Ferreira. “A ideia é que as pessoas andem pelas trilhas e tenham não só informações sobre as pegadas, mas também sobre os animais que passaram por ali”. Na mesma linha de recursos voltados para o auxílio no uso e na interpretação do ambiente do Pró-Mata, está em andamento a atualização do projeto Guia da Flora, coordenado pela professora Cristiane Jurinitz, também ligada ao Instituto do Meio Ambiente. O objetivo é oferecer aos visitantes e pesquisadores as informações sobre as plantas presentes no Centro.
Já o monitoramento da fauna é feito por meio de câmeras espalhadas em armadilhas fotográficas automatizadas. “O tempo inteiro temos armadilhas ligadas em várias trilhas do Pró-Mata e elas fotografam os animais que passam, com disparos através de sensores. É um recurso tecnológico de ponta”, destaca o professor.
“A preservação da biodiversidade não é apenas cercar uma área e afastá-la das pessoas, mas justamente ao contrário. Utilizamos o Pró-Mata para o desenvolvimento de pesquisas e queremos levar o público lá para sensibilizá-lo. Por isso também a importância da iniciativa do Campus Living Lab. Com ele as pessoas têm uma amostra do ambiente e talvez a vontade de conhecer o Centro seja despertada. Conhecendo, elas irão valorizar muito mais a biodiversidade do que valorizariam no ambiente urbano”, conclui o coordenador do Pró-Mata.
As instalações, produtos, pesquisas e serviços atendem não só as demandas da Universidade, mas passam a compor um roteiro de inovação e empreendedorismo que beneficia toda a sociedade. As iniciativas já desenvolvidas são:
Campus Living Lab: sistema de energia solar referência na América Latina
Campus Living Lab: Telhado Verde resgata flora e fauna na PUCRS
Campus Living Lab: Chimakent utiliza energia limpa para soluções do cotidiano
Campus Living Lab: as múltiplas aplicações da microgravidade no dia a dia das pessoas
Campus Living Lab: exposição portátil leva público ao acervo cultural da PUCRS
Campus Living Lab: Iluminação Inteligente reúne serviços e eficiência energética
Campus Living Lab: linha do tempo expõe ações de inovação da PUCRS
A edição nº 191 da Revista PUCRS já pode ser acessada em www.pucrs.br/revista. A reportagem de capa mostra o novo fôlego para o mercado regional com o Centro Tecnológico Audiovisual do RS, empreendimento da Universidade, localizado no Tecnopuc Viamão, que inaugurará oficialmente sua infraestrutura completa em novembro. Outros assuntos em destaque são o reconhecimento do Pró-Mata como Reserva Particular do Patrimônio Natural pelo governo federal, tornando-se a maior unidade de conservação privada do RS; o lançamento do Track StartUp, iniciativa que conecta as trilhas de empreendedorismo da PUCRS e oferece mentoria aos estudantes; o novo e versátil Salão de Atos, espaço cultural que passa por obras para completa modernização, e uma entrevista com a neurocientista e psiquiatra Nora Volkow, que ajudou a mudar o paradigma sobre dependência de drogas.
A Revista PUCRS também aborda a interação entre fármacos e o cérebro com modelos computacionais aplicados na investigação do receptor de canabinoide; como games interativos podem ser usados para tratar fibrose cística a partir de um estudo que comprova benefícios terapêuticos da prática como exercício físico; o caminho da inclusão na Universidade com a elaboração da política de acessibilidade e o troféu Mérito Cultural, que será concedido à cantora Maria Bethânia, depois de seu show Claros Breus, durante a reinauguração do Salão de Atos, em 5 de novembro.
O Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata/PUCRS foi oficialmente reconhecido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). A ação eleva o Pró-Mata ao posto de maior RPPN federal do estado, com 2,4 mil hectares. O RS conta com 33 reservas deste tipo que, juntas, somam 1,9 mil hectares. Esses locais contribuem para a ampliação das áreas protegidas no país, e também para a proteção da biodiversidade dos biomas brasileiros.
Além do seu principal objetivo, que é a conservação da biodiversidade, o Pró-Mata recebe alunos e pesquisadores da PUCRS e de diversas universidades do mundo para atividades relacionadas a pesquisa, ensino e extensão. Pedro Maria Abreu Ferreira, coordenador do Centro, ressalta que, com o reconhecimento, o comprometimento da PUCRS com a agenda da conservação da biodiversidade será evidenciado nacional e internacionalmente: “Trata-se de um processo que grava com perpetuidade a responsabilidade de manter a área destinada à RPPN, com o objetivo de conservar a biodiversidade e todos os processos a ela correlacionados”, afirma.
LEIA TAMBÉM: Instituto do Meio Ambiente lança guia de pegadas de mamíferos do Pró-Mata
Com a implementação do novo status, pretende-se que o local venha a ser aberto para visitação do público externo: “O planejamento para atividades futuras inclui a ideia de uso público com fins recreativos, especialmente em relação a atividades de ecoturismo e sensibilização ambiental”, complementa. Estas novas atividades serão modeladas de acordo com o Plano de Manejo do Pró-Mata, que será atualizado em breve pelo corpo técnico do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS. Segundo o ICMBio, o Brasil conta atualmente com centenas Reservas Particulares do Patrimônio Natural, que juntas somam quase 510 mil hectares.
Reserva da Mata Atlântica
A Mata Atlântica ocupava 39,7% do território do RS, e hoje está reduzida a 2,69%, o que corresponde a 7.496 km². O Pró-Mata, localizado em São Francisco de Paula, está inserido na zona núcleo ou zona principal da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, que abrange a região mais preservada deste ecossistema representativo, habitat favorável ao desenvolvimento de numerosas espécies de plantas e animais. Confira abaixo um vídeo sobre o Pró-Mata:
Em 22 de setembro comemora-se o Dia da Defesa da Fauna. Instituído pelo Senado Federal no ano de 1980, tem como objetivo a sensibilização da importância da conservação da fauna brasileira. Em celebração à data, o Instituto do Meio Ambiente da PUCRS (IMA) lança o Guia de Pegadas de Mamíferos do Pró-Mata.
O objetivo do Guia é auxiliar professores, estudantes e pesquisadores que realizam trabalhos de campo e atividades didáticas no Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata, área de conservação ambiental da PUCRS localizada no município de São Francisco de Paula, na serra gaúcha. Segundo o coordenador científico do Centro, professor Pedro Maria Abreu Ferreira, “o Guia de Pegadas serve como referência simples para os visitantes do Pró-Mata, independentemente de sua formação, conhecerem parte da fauna presente no local”.
A publicação foi desenvolvida em conjunto com o Programa de Monitoramento da Biodiversidade do Pró-Mata, que atualmente realiza o monitoramento de fauna com a utilização de armadilhas fotográficas. São oito armadilhas fotográficas distribuídas em trilhas, interior de floresta e ambientes campestres presentes no Pró-Mata, que funcionam ininterruptamente capturando de forma automática imagens de organismos que passam na linha de ação dos dispositivos.
O Pró-Mata recebe anualmente em torno de 400 visitantes de diversas instituições. O Guia é uma forma de documentar e popularizar as espécies com potencial de presença no Centro para além das Ciências Biológicas, já que os visitantes do Pró-Mata são de diferentes áreas do conhecimento. “Também serve para aumentar o potencial de imersão ambiental nas trilhas, pois os visitantes ficam mais atentos buscando as pegadas, o que possivelmente não ocorreria para a maioria das pessoas sem o contato prévio com o Guia”, afirma Ferreira.
O material foi elaborado em duas versões, considerando os diferentes tipos de tela de dispositivos digitais: uma é ideal para visualização em tela de computador e a outra para visualização em tela de smartphone ou tablet. Ambos arquivos estão disponíveis no site do IMA para download gratuitamente.
O Instituto do Meio Ambiente da PUCRS (IMA) integra a equipe internacional vinculada ao projeto Change the Climate: Assuring the Quality of Environmental Strategies in Latin-American Higher Education. A iniciativa tem o objetivo de desenvolver políticas administrativas com vistas à sustentabilidade ambiental, de forma a diminuir o impacto das universidades na geração de gases-estufa e, consequentemente, contribuir para que as metas de diminuição de emissão de carbono sejam atingidas pela humanidade. O projeto, financiado pela Erasmus+, é liderado pelo professor do Instituto Universitário de Lisboa, Vasco Moreira Rato e tem o professor Nelson Ferreira Fontoura, diretor do IMA, como vice-coordenador da proposta.
O projeto receberá 943 mil euros de investimento, no consórcio formado por 15 instituições, sendo quatro universidades europeias e 11 latino-americanas. O orçamento da PUCRS no projeto é de 137 mil euros. A iniciativa deve medir a “pegada de carbono” da Universidade como um todo e desenvolver ações para tornar a PUCRS uma referência como Universidade Neutra em Carbono.
De acordo com Nelson Fontoura, a PUCRS já vem trabalhando de forma sistemática na diminuição de seu impacto na geração de carbono, seja através de ações desenvolvidas através do Comitê de Gestão Ambiental (CGA), seja através do programa USE – Uso Sustentável de Energia, que objetiva a diminuição do consumo de energia. “Além de agir na diminuição da emissão de gases-estufa, a PUCRS desenvolve uma ação ímpar dentre as instituições brasileiras: a captação e retenção de carbono atmosférico em grande escala”, conta o diretor.
Através do Centro de Pesquisa e Conservação da Natureza – Pró-Mata, administrado pelo IMA, a PUCRS possui cerca de 3,1 mil hectares de áreas preservadas no município de São Francisco de Paula (RS), dos quais 2, 4 mil hectares estão em processo final para se tornarem Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). São centenas de hectares de matas primárias e secundárias que serão preservados com perpetuidade, garantindo o sequestro de milhares de toneladas de carbono absorvidos da atmosfera.
“É uma ação silenciosa, mas que faz com que a comunidade universitária, ao estudar ou trabalhar na PUCRS, tenha um impacto de carbono muito mais baixo do que em outras universidades brasileiras”, celebra Fontoura. De acordo com o pesquisador, estudar ou trabalhar na Instituição é ambientalmente amigável.
O consórcio do projeto é composto por 15 instituições parceiras de nove países (Portugal, Itália, França, Suécia, Brasil, Colômbia, Peru, Costa Rica e México), sendo elas:
O Erasmus+ (pronuncia-se Erasmus plus) é um programa da União Europeia (UE) nos domínios da educação, formação, juventude e desporto. Globalmente, apoia ações e formas de cooperação institucional.
Um grupo de 11 estudantes da Concordia University of Edmonton (CUE), liderados pelo professor Xin Chen, esteve na PUCRS na primeira quinzena de maio durante o curso internacional em Ecossistemas Marinhos e Água Doce e Terrestres, da instituição canadense. A capacitação visa melhorar uma perspectiva global e experiência em questões ambientais que enfrentam o mundo de hoje. Além da recepção no Escritório de Cooperação Internacional, os universitários conheceram o Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza – Pró-Mata, vinculado ao Instituto do Meio Ambiente da PUCRS (IMA) e situado no município de São Francisco de Paula (RS).
“O Brasil é o país com a maior biodiversidade de flora e fauna do planeta e, por isso, é o destino ideal para esse curso”, afirma o professor da CUE. De acordo com Chen, a escolha pelo Rio Grande do Sul ocorreu pela diversidade de ecossistemas terrestres, de água doce e marinhos conectados por um sistema de transporte conveniente e pela parceria entre a CUE e as universidades do estado. Os estudantes também visitaram as cidades de Gramado e Torres, o Parque Estadual do Itapuã, em Viamão, e a Universidade Federal do Rio Grande (FURG). A PUCRS mantém convênio com a instituição canadense desde 2014.
Esta é a segunda vez que o curso chega ao estado do Rio Grande do Sul. O diretor do IMA, professor Nelson Fontoura, auxiliou o grupo no planejamento de atividades. “Fontoura inclusive participou da programação dando palestras e orientando viagens de campo para o grupo. Nossa turma se beneficiou muito de seu amplo conhecimento em geografia, geo-hidrologia, flora e fauna e questões ambientais”, adiciona Chen.
De acordo com Fontoura a relevância de parcerias internacionais como essa é a promoção do intercâmbio acadêmico. “No contexto desta cooperação já publicamos dois artigos científicos em revistas internacionais”, conta o pesquisador.