A PUCRS inaugurou nesta quinta-feira, 24 de agosto, o Espaço de Coworking da Raiar. Desenvolvido para o uso compartilhado por empreendedores de diversas áreas, o ambiente está localizado no 5º andar do Global Tecnopuc, prédio 97, no Parque Científico e Tecnológico da Universidade. Na oportunidade, também foi assinado o termo de adesão desta nova estrutura à Rede poa.hub, iniciativa da Prefeitura de Porto Alegre para conectar espaços com essa mesma proposta, de promover e desenvolver novas startups.
A inauguração ocorreu durante o evento Tecnopuc Experience, e contou com a presença do diretor de Inovação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, Roberto Moschetta, do secretário de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, Ricardo Gomes, representando o prefeito Nelson Marchezan Jr., do presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e assessor da Reitoria, Jorge Audy; e do Reitor Ir. Evilázio Teixeira.
Saiba como participar do Espaço de Coworking da Raiar
O diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki, afirmou que “o que estamos fazendo com a criação do nosso Espaço de Coworking é fruto de uma construção colaborativa com os primeiros coworkers da cidade”, ao ressaltar o caráter agregador e de cocriação da iniciativa. Jorge Audy, ressaltou que “os espaços de coworking representam uma nova forma de pensar o ambiente de trabalho, uma nova forma de trabalho para pessoas novas e com estilo de vida diferente, de uma juventude empreendedora que quer se realizar em interação constante”. O presidente da Anprotec também acrescentou que no Brasil existem mais de 100 espaços como este e, no mundo, são mais de 4.000, muitos com incentivo de grandes agentes financeiros.
Adesão ao poa.hub
De acordo com Roberto Moschetta, “a Rede poa.hub pretende instalar na cidade um sistema de inovação e empreendedorismo, além de fazer uma interlocução, aproximar e animar esse ambiente, através de processos criativos”. O executivo informou que a nova estrutura no Tecnopuc é a segundo a integrar-se à rede, que teve início com espaço coworking da Prefeitura, aberto em março deste ano, no Bairro Azenha. Para o secretário Ricardo Gomes, um passo importante para tornar a Rede poa.hub atrativa “é a abertura dos dados do município de Porto Alegre aos empreendedores, para que estes possam trazer soluções para os problemas públicos, para melhorar a vida em comum”.
O Reitor Evilázio Teixeira recordou que a entrega do novo espaço de empreendedorismo e inovação à comunidade porto-alegrense vem ao encontro do posicionamento da Universidade, que é Inovação e Desenvolvimento. Esse é “um espaço caracterizado pela união de esforços, que cria sinergia entre pessoas de diferentes empresas, organizações, instituições, que ao compartilharem experiências e projetos num mesmo lugar, em torno de uma mesma mesa, poderão trocar ideais, desenvolver pesquisas e tecer relações que geram mais conhecimento”, concluiu.
Em 2020, o prédio onde está o Colégio Marista Champagnat completará 100 anos. Com o intuito de conhecer melhor a edificação, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre sugeriu que a PUCRS realizasse uma pesquisa sobre a história, arquitetura e arqueologia do local. A professora do curso de História da Escola de Humanidades da PUCRS e responsável pelo projeto, Gislene Monticelli, afirma que a equipe analisou arquivos com fotografias e documentos para resgatar a história do prédio. Nessa parte da pesquisa, foram estudados materiais desde o momento em que os Irmãos Maristas adquiriram as terras de uma Chácara, que começou como um seminário exclusivo para meninos. “Nessa época, vemos um aspecto rural. Encontramos fotos muito antigas que mostram os seminaristas plantando, mexendo em pomares, hortas. Eles produziam alimentos para as próprias refeições”, comenta. A professora relembra que não existia a avenida Ipiranga, apenas o arroio. Além disso, a etapa da história abordou a ordem de construção dos prédios do Campus. “Podemos, assim, perceber como a PUCRS começou pequena e se transformou no complexo enorme que é hoje”, ressalta ela.
Para conhecer a arquitetura do prédio, foi realizado um levantamento cadastral, ou seja, a verificação de plantas para descobrir as alterações que ocorreram no local ao longo do tempo, como o que foi demolido, reformado e construído, por exemplo. A partir desse momento, o trabalho dos arqueólogos entrou em cena. A professora Gislene explica que foi preciso pedir autorização para o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a atuação na área do Colégio, porque o patrimônio arqueológico é considerado um bem da União.
De acordo com Gislene, todas as evidências materiais que estão no solo formam sítios arqueológicos, que se tornam os objetos de estudo de arqueólogos. Na área do Colégio Marista Champagnat foram realizadas tradagens, ou seja, perfurações de 30cm de diâmetro e 1m de profundidade a cada 50 metros nos arredores e no pátio interno do prédio. “Com essas tradagens, conseguimos observar o perfil do sedimento que está no solo à procura de carvão, cinza, ossos ou fragmentos, como cerâmica e louça”, salienta a professora. Gislene diz que foi possível encontrar materiais construtivos, como telhas, argamassa e tijolo, além de evidências da existência de aterros. “A maior parte do que descobrimos é do próprio século 20. As obras podem ter tornado mais difícil de encontrarmos evidências como ocupações indígenas. Para encontrar mais evidências, precisaríamos de tradagens em uma malha mais fina”, ressalta a arqueóloga.
Gislene explica que arqueologia, história e arquitetura são áreas que estão interligadas e se complementam. “Para escavar, precisamos conhecer a história e arquitetura do prédio, para saber as modificações do local ao longo do tempo. As três áreas conversam antes, durante e depois do trabalho”, conta a professora. A pesquisa terá como produto final um relatório de mais de cem páginas que será encaminhado para o Iphan, para a Prefeitura de Porto Alegre, para o Colégio Marista Champagnat e para a própria Universidade.
Com o intuito de aproveitar a ação realizada no Colégio, os professores do Marista Champagnat realizaram um projeto interdisciplinar sobre arqueologia com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. O assunto foi tratado não só na disciplina de história, mas também na aula de artes e de biologia, entre outras. Os estudantes tinham como tarefa entrevistar os profissionais que estavam trabalhando no Colégio para preencher fichas sobre o que foi descoberto, o que é arqueologia e como trabalham os arqueólogos.