Em um mundo marcado pelas transformações sociais, políticas e ambientais, as perspectivas de mudança são as mais diversas no campo dos negócios para este ano. Nesse contexto, pesquisadores e especialistas da PUCRS apontam quatro temáticas que estarão em alta em 2024. Confira:
A primeira utilização do termo ESG (Governança ambiental, social e corporativa, em português) surgiu há 20 anos, em 2004, quando o ex secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, desafiou os 50 presidentes das maiores instituições financeiras do mundo. Com o passar do tempo, o termo se popularizou e passou a ser um termo recorrente em economia e negócios.
O professor da Escola de Negócios e do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento, Ely José de Mattos, aponta que, mesmo que hoje o tema tenha se tornado mais corriqueiro, está em processo de concretização. “Ainda que bastante popular, o ESG está em pleno processo de desenvolvimento – o que traz oportunidades e desafios”, destaca o professor. Com a popularização desse conceito, algumas organizações se apropriaram dele de maneira errônea, não realizando de fato medidas próprias para a mitigação de problemas sociais, enfatiza Mattos.
“Para que não se incorra no erro de transformar o movimento ESG em mera campanha publicitária de valorização de ações pontuais e rasas, é fundamental que sejamos criteriosos na avaliação dos resultados dos negócios em termos ambientais e sociais” elenca Ely.
Para o pesquisador, 2024 será um ano marcado pelo avanço nas técnicas de avaliação e também pelo desenvolvimento de mais e melhores indicadores de atingimento de objetivos ESG.
“A ninguém interessa que um caminho com tanto potencial de engajamento dos negócios acabe convertido em algo sem credibilidade e, por consequência, inócuo” ressalta o professor.
Com as fortes transformações ocorrendo no clima, as consequências se refletem em diversas áreas da sociedade, mas principalmente no agronegócio. O Brasil tem grande sucesso no setor agro e os efeitos podem ser sentidos de formas diferentes para os produtores.
“Um dos principais fatores de preocupação que têm potencial impacto negativo no agronegócio brasileiro é a mudança climática. Pela agricultura ser uma atividade altamente dependente de fatores climáticos, as mudanças afetam a produção de várias maneiras: através do regime de chuvas e de temperatura, de eventos extremos e pela maior ocorrência de pragas e doenças”, destaca o professor da Escola de Negócios e também dos programas de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade e em Economia do Desenvolvimento, Augusto Mussi Alvim.
Para o pesquisador, todos esses aspectos afetam diretamente o risco da atividade agrícola e, por consequência, tem potencial para reduzir os investimentos e aumentar o custo do crédito e do seguro agrícola no Brasil. “Neste cenário de mudanças climáticas, a inovação e a adoção de novas tecnologias continuam sendo a alternativa mais rápida para adaptar os negócios agrícolas a um ambiente de maior incerteza no regime de chuvas e de temperaturas extremas”.
Após um período de crescimento nas taxas de juros, a expectativa é de que 2024 seja de queda de juros, segundo o professor da Escola de Negócios e do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento, Gustavo Inacio de Moraes. Essa queda facilitará, no primeiro momento, o maior consumo de bens materiais e culturais da população.
“As taxas de juros cairão durante todo o primeiro semestre e tenderão a se estabilizar ou ter quedas menores no segundo semestre. Assim, financiamentos de bens duráveis ou de imóveis tenderão a estar mais baratos no segundo semestre, pedindo que o consumidor tenha paciência nas suas aquisições”, destaca.
As perspectivas para os investimentos indicam que é um bom momento para diversificar seu patrimônio por conta da queda dos juros, segundo Gustavo.
“Produtos de renda variável tem um potencial de valorização maior, especialmente fundos imobiliários e ações da bolsa de valores. Com a desaceleração da economia mundial, as empresas voltadas para o mercado interno, como as do setor de infraestrutura e consumo popular, terão uma perspectiva ainda melhor”, elenca o pesquisador.
O Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento (PPGE) da PUCRS está completando 20 anos neste ano. Originado a partir do mestrado em Economia do Desenvolvimento, o PPGE já formou 230 mestres e 40 doutores, apresentando um sólido crescimento e aumento da sua inserção no contexto acadêmico nacional e internacional.
A formação profissional de elevada qualidade, rigor técnico e inserção social são eixos que norteiam as ações estratégicas do Programa. Na formação de recursos humanos, também há destaque para as iniciativas de internacionalização.
Dos 12 docentes do PPGE, nove realizaram pós-doutorado em universidades do Canadá, França, Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia, Portugal e Reino Unido. O Programa também possui uma cotutela com Dupla Diplomação com a Universidad Catolica del Norte, do Chile, além de diversas participações de professores estrangeiros da University of Illinois at Urbana-Champaign (EUA) e Newcastle University (Reino Unido).
Alunos e alunas do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento também contam com a disponibilidade de bolsas da CAPES, CNPq e FAPERGS e a possibilidade de financiamento de pesquisas no doutorado e no mestrado com recursos de instituições como Banrisul, Secretaria da Fazenda do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, COREDES, Observatório da Educação, Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), HP, RBS, CMPC-Celulose e, recentemente, pela Agencia Nacional de Investigación y Desarrollo, Chile.
O professor Carlos Nelson dos Reis foi idealizador do PPGE. Seu envolvimento teve início em 1990, quando Reis foi convidado para ser o coordenador do Departamento de Economia da PUCRS, com o papel de elevar o nível do curso de Economia no mercado e reconstituir o corpo docente com um perfil acadêmico voltado para pesquisa e ensino.
Após, também foi constituído o Núcleo de Estudos e Pesquisas (NEP), sob coordenação do professor Duílio de Ávila Berni. A partir do NEP, foram criados dois grandes eventos: Economia 5 ½, voltado a apresentar aos estudantes os resultados das mudanças no assunto, e o Tendência do Debate em Economia, para compartilhar com a sociedade os avanços na área.
A trajetória do PPGE sempre foi marcada pelo principal objetivo de fortalecer o processo de consolidação do Programa de Pós-Graduação em Economia da PUCRS na formação em nível da graduação, pós-graduação e na pesquisa científica. Com isso, foram criados o mestrado, em 2002, e o doutorado em Economia, em 2012.
Em 2002 também foi criado o Encontro de Economia Gaúcha, idealizado pelo professor Adelar Fochezatto. Para realização do evento, o PPGE firmou parceria com a Fundação de Economia e Estatística (FEE), então presidida por José Fialho Alonso. Desde então, foram realizadas 10 edições do evento que reúnem professores, pesquisadores e estudantes, tornando-se um fórum de referência para o debate sobre Economia no Rio Grande do Sul.
Atualmente, o PPGE é coordenado pelo professor Augusto Mussi Alvim, da Escola de Negócios. Hoje o Programa conta com oito professores com bolsa de Produtividade em Pesquisa pelo CNPq (1B, 1D e 2). Nos últimos quatro anos foram publicados 137 artigos em revistas qualificadas, sendo 43 artigos em estratos A1 e A2 (31,4%) e 76 artigos em estratos A1, A2 e A3 (55%).
“No momento, o PPGE possui diversos projetos de pesquisa em andamento, em que cada professor do Programa, em suas respectivas especificidades, tem seus projetos individuais, em redes de pesquisa nacionais e internacionais e/ou ligados aos seus estudantes como orientadores”, comenta Alvim.
Dentre as pesquisas, destacam-se: do professor Ely José de Mattos, que desenvolveu o Índice de Desenvolvimento Estadual do Rio Grande do Sul; da professora Izete Pengo Bagolin, que realizou o Desenvolvimento e Dinâmica Econômica Territorial da Amazônia Oriental Brasileira; do professor Adelar Fochezatto, que elaborou o Modelo Fiscal de Médio Prazo para o Rio Grande do Sul; e o estudo do professor Marco Túlio Aniceto França, sobre os fatores associados e medidas protetivas em relação a violência contra a mulher.
Além destes projetos, também foram desenvolvidos no PPGE: análise e Gestão dos Serviços de Saúde nos Municípios do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí em 2007, coordenado pelo professor Augusto Alvim; o diagnóstico ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, coordenado pelo professor Osmar Tomaz de Souza e realizado em parceria com a Promotoria Regional da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí em 2019; a Avaliação do Impacto Econômico da Atividade da CMPC sobre a Economia Gaúcha, com coordenação dos docentes Adelar Fochezatto e Ely José de Mattos.
Desde 2020, o Programa passou a contar formalmente com três professores estrangeiros associados. Essa iniciativa tem ampliado a pesquisa conjunta com universidades estrangeiras, coorientações, dupla-diplomação, disciplinas e cursos de curta duração com regularidade.
A professora Carmen Hubbard, da Universidade de Newcastle, Reino Unido, tem realizado pesquisas nas áreas de Análise de Políticas, Economia Agrícola, Análise de Dados e Bem-Estar Animal; o professor Miguel Atienza Ubeda, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade Católica do Norte, do Chile, atua na área de Economia Regional lecionando disciplinas na graduação e na pós-graduação; e o professor Sandy Dall’Erba, do Departamento de Economia Agrícola e do Consumidor da Universidade de Illinois, Estados Unidos, tem atuado no PPGE.
Além disso, o Programa também possui convênios e parcerias em desenvolvimento com as instituições em diferentes partes do mundo, como Marquette University, New School for Social Research, Universidade de Northwestern e Universidade Estadual de Iowa, dos Estados Unidos; Universidade Católica do Norte e Universidad Austral, do Chile; Massey University, da Nova Zelândia; e Universidade Nacional Autónoma do México.