O workshop aconteceu entre os dias 16 e 18 de janeiro. / Foto: Giordano Toldo

Com o objetivo de entender os usos e as implicações da inteligência artificial (IA) na pesquisa ciêntifica, a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPESQ) ofertou, nos dias 16, 17 e 18 de janeiro, o Workshop de Capacitação em Inteligência Artificial. O evento contou com a participação de mais de 100 pesquisadores de diferentes Escolas e áreas do conhecimento, contemplando a interdisciplinaridade das pesquisas desenvolvidas na PUCRS. Na cerimônia de abertura, o vice-reitor da Universidade, Ir. Manuir Mentges, ressaltou a importância latente das potencialidades de aprimoramento dos resultados encontrados na pesquisa por meio do uso da inteligência artificial.  

“A IA possui a capacidade de processar dados complexos, mas possui também uma perspectiva transformadora para aprimorar as práticas de pesquisa acadêmica. Ao explorar as vastas possibilidades que a inteligência artificial oferece, estamos abrindo as portas para um futuro onde a pesquisa pode ser mais ainda eficiente e impactar milhares de vidas, alinhadas com as demandas contemporâneas”, destaca.  

No primeiro dia, os pesquisadores participaram do módulo conceitual, com palestras sobre história, passado e futuro da IA, com os professores da Escola Politécnica e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, Lucas Silveira Kupssinsku e Rodrigo Barros. Ainda nesse mesmo dia, os membros do Centro de Pesquisa, Ensino e Inovação em Ciência de Dados, Carlos Falcão de Azevedo Gomes e Mauricio Magnaguagno, ministraram painel sobre boas práticas no uso de dados.  

O Grupo de Pesquisa em Teoria de Aprendizagem de Máquina e Aplicações foi o responsável por conduzir no segundo dia o módulo prático, interagindo com a inteligência artificial. Além disso, no último dia foram discutidos os dilemas éticos e legais. O professor da Escola de Humanidades e dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, Filosofia e Teologia, Nythamar Hilario Fernandes de Oliveira Junior, ressaltou as perspectivas morais e civilizatórias que se conectam com os diferentes conceitos e atravessamentos da realidade contemporânea na inteligência artificial. Já o professor da Escola de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito, Paulo Caliendo, destacou o processo de centralidade no ser humano que deve constituir os intermédios da formação regulatória da IA.  

Para o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Carlos Eduardo Lobo e Silva, é importante que a Universidade esteja sempre atenta no apoio aos seus pesquisadores.  

“O conhecimento que a própria universidade possui, especialmente naqueles temas mais transversais e próprios para as pesquisas multidisciplinares, deve ser disseminado entre pesquisadores de diferentes áreas. E a inteligência artificial talvez seja hoje o tema de disseminação mais urgente”.    

Além disso, o Pró-Reitor destaca ainda outras iniciativas da PROPESQ em apoio ao pesquisador: 

“Em 2023, promovemos workshops sobre temáticas mais específicas, como a utilização da ferramenta REDCap e, ainda, sobre estratégias para a elaboração de projetos de pesquisa para a captação de recursos financeiros. Cabe ressaltar que nossa comunidade científica sempre responde de forma muito positiva a essas iniciativas”.

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Programa de Pós-Graduação em Comunicação apresenta pesquisas para a comunidade

Foto: Divulgação

Na última semana, aconteceu a 1ª Mostra de Pesquisa em Comunicação: contribuições inovadoras para o conhecimento e as práticas comunicacionais. Promovida pelo do Programa de Pós-graduação em Comunicação da PUCRS, o evento ocorreu de forma online, com a participação de professores e pesquisadores da Escola de Comunidação, Artes e Design (Famecos). Na ocasião, foram apresentadas 16 pesquisas financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A mostra teve como principal objetivo a apresentação à comunidade universitária e ao mercado as pesquisas realizadas no programa. É a primeira vez que um evento desse tipo é organizado pela Famecos.  

“Este evento tem um papel crucial na promoção do diálogo entre a comunidade acadêmica e a sociedade em geral. Através da exposição dos resultados dessas pesquisas, podemos despertar o interesse do público, informar as pessoas sobre as últimas descobertas em várias disciplinas e demonstrar como a pesquisa científica pode ter um impacto positivo em nossas vidas”, afirmou o professor Roberto Tietzmann.  

A pesquisadora Ana Paula Bourscheid apresentou sua pesquisa sobre o uso de jogos com propósito (quando um jogo é pensado para explorar uma certa área do pensamento), mais especificamente, do jogo Super Gotinha VS Desinformação. O game foi criado com o intuito de combater a desinformação acerca das vacinas contra a Covid-19 e será apresentado em diversas escolas pelo Brasil. Ela também discutiu a importância de se utilizar jogos com propósito para abordar questões sociais relevantes, como a disseminação de informações falsas e vacinas, e como isso pode ser uma ferramenta eficaz para educar e conscientizar jovens.  

A pesquisadora Taís Valente apresentou a tese sobre as transformações profissionais na área da Publicidade e Propaganda. Motivada por sua inquietação após mais de 20 anos de atuação no meio, decidiu realizar um estudo sobre como equilibrar a flexibilização do trabalho publicitário para evitar a sua precarização Após finalizar a pesquisa, Taís definiu 11 princípios fundamentais para a qualificação do trabalho, entre eles, a perversidade nos trabalhos publicitários não pode ser normalizada e citou também a importância do estabelecimento de acordos entre agência e profissional.  

“A agência acaba sendo muito permissiva ao tratar o pedido do cliente como lei, que deve ser atendido na hora. O que acaba pressionando os profissionais”, defende. 

O professor e coordenador do PPG em Comunicação Social, Juremir Machado da Silva, entende que o evento foi relevante “tanto para a comunidade acadêmica, quanto para os pesquisadores que tiveram a possibilidade de apresentar suas pesquisas”. Para a professora Cristiane Mafacioli, “quando esse conteúdo das pesquisas chega a um número maior de pessoas, maior é o potencial de compartilhamento e disseminação”. A primeira edição da mostra começou por volta das nove horas da manhã e se encerrou às nove da noite. 

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Michel Maffesoli

Foto: Giordano Toldo

Referência internacional, o sociólogo francês Michel Maffesoli está na PUCRS, como professor convidado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Escola de Comunicação, Artes e Design- Famecos. Nesta semana, o sociólogo ministrou duas aulas da disciplina Metodologias da Pesquisa em Comunicação e conduzirá nesta quinta-feira, 20 de outubro, o webinar Universidade, Identidade e Pós-Modernidade, promovido pela Rede Internacional Marista de Educação Superior (RIMES). A palestra terá como mediador o professor Juremir Machado da Silva, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Famecos.

Michel Maffesoli é considerado um dos maiores especialistas em pós-modernidade. Com estudos dedicados à compreensão do imaginário contemporâneo a partir da filosofia fenomenológica e da sociologia compreensiva, produziu mais de 30 livros voltados para a definição dos paradigmas da pós-modernidade.  

“O tema é atualíssimo para a realidade da RIMES. Em uma época de mudanças velozes e concepções múltiplas do que é a educação, de quem são seus interlocutores e de qual é o papel da universidade nesse cenário, a reflexão proposta pelo professor Maffesoli a esse respeito certamente será oportuna”, destaca o Pró-Reitor de Identidade Institucional da PUCRS, Ir. Marcelo Bonhemberger, presidente da RIMES e representante de língua portuguesa pela Universidade.

O webinar Universidade, Identidade e Pós-Modernidade acontece de forma gratuita, pelo Zoom e contará com tradução simultânea para o espanhol e para o português. Interessados podem ingressar na webinar diretamente neste link (senha de acesso: 886829; ID: 981 0270 4538). 

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Alunos do PPGCom podem desenvolver assuntos sobre diferentes temas / Foto: Chris Montgomery/Unsplash

Em uma realidade de distanciamento social na qual inúmeras atividades até então realizadas presencialmente migram para o virtual, não há como negar o importante papel da tecnologia da informação e do audiovisual. Sejam nas relações sociais, culturais, políticas ou científicas, novos recursos e plataformas surgem para criar possibilidades de interação com o mundo. Não é novidade, mas está mais claro que não é preciso estar fisicamente perto para se comunicar. 

Desenvolver pesquisas sobre produtos tecnológicos capazes de auxiliar nas relações das pessoas com a sociedade é um dos caminhos possíveis para quem ingressa no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCom) da Escola de Comunicação, Artes e Desing – Famecos da PUCRS. Os alunos de mestrado e doutorado podem se envolver em estudos relacionados ao desenvolvimento de aplicativos, jogos, produtos criativos e outras áreas afins. “Outra perspectiva possível é refletir sobre as transformações nas práticas informativas, estéticas e culturais e sobre as mudanças nos relacionamentos nas organizações e no imaginário social”, destaca a coordenadora do Programa, professora Cristiane Freitas. 

Estrutura para inovar e impactar o universo da comunicação 

Ingressando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS, o aluno poderá se conectar com diferentes questões que envolvem a comunicação e a informação. Relações nas redes sociais, influência das tecnologias na mediação do mundo, importância da imagem na formação das pessoas e os impactos da informação na realidade social e nas organizações são apenas algumas delas. 

Quem se interessa por assuntos como audiovisual, entretenimento, jornalismo, publicidade, cultura e política encontra no PPGCom uma infraestrutura de alto nível para realizar uma pós-graduação. Os estudantes têm acesso a laboratórios equipados com tecnologia avançada para o desenvolvimento de pesquisas – incluindo espaços em parceria com o Tecna e o Tecnopuc – e salas de aula diversificadas. 

Corpo docente qualificado e possibilidades de internacionalização 

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Programa conta com laboratórios equipados com tecnologia avançada à disposição dos estudantes / Foto: Bruno Todeschini

Outro ponto a destacado por Cristiane é o corpo docente: 

“Contamos com professores qualificados, que atuam em redes de pesquisa nacionais e internacionais, participando ativamente dos principais fóruns científicos do País”. 

A coordenadora do curso ainda ressalta o fato de os alunos de mestrado e doutorado poderem ter experiências internacionais por meio do contato com pesquisadores estrangeiros renomados em seminários, grupos de pesquisas e acordos de dupla diplomação. 

O Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS tem sua área de concentração focada no estudo das práticas e culturas da comunicação e oferece duas linhas de pesquisa: Cultura e tecnologias das imagens e dos imaginários e Política e práticas profissionais na comunicação. Com nota 5 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o PPGCom está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado até o dia 30 de outubro. 

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Ciência que busca soluções para questões atuais 

Cristiane aponta que a Universidade tem acompanhado as demandas do presente, adaptando-se rapidamente ao ensino remoto. “Como a tecnologia e o audiovisual são parte do nosso fazer, a sala de aula é uma extensão da reflexão e do desenvolvimento de soluções para lidar com a pandemia e para planejar o futuro em transformação mediado pelas mídias”, aponta. 

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Grande quantidade de lives nos primeiros meses do ano despertou interesse para pesquisa / Foto: Adi Goldstein/Unsplash

Uma das pesquisas realizadas nesse sentido diz respeito às transformações estéticas no audiovisual durante e pandemia. Desenvolvido pelo professor Roberto Tietzmann, o estudo se relaciona com outros dois que já estavam em andamento, sendo um deles sobre o fenômeno recente das lives, que apareceram em grande número nos primeiros meses deste ano.  

O objetivo é investigar os resultados da pandemia nas manifestações culturais desse período. Segundo Tietzmann, passado o primeiro semestre de 2020, estamos vendo diversas temáticas e estéticas que refletem o isolamento e a tecnologia de realização audiovisual se afirmando como “a cara” deste momento: 

“Os retângulos que cercam o quadro de cada videochamada, a apresentação do espaço doméstico como um lugar de performance além da aparência pessoal e o isolamento de cada personagem em sua narrativa”. 

A pesquisa ainda contribui para a identificação de exemplos e informações que podem inspirar sobre como lidar com as questões e dificuldades de produção enfrentadas pelos alunos. “Assim, a pesquisa olha para o global e seus resultados colaboram com o local”, conclui o professor.  

Ao fim do estudo a ideia é que se tenha uma análise de como o isolamento se reflete no audiovisual, assim como um repertório de estratégias e soluções de como manter a produção ativa, levando em consideração o que é ou não viável fazer neste momento.

evento_PPGCom_FamecosPara celebrar os 25 anos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, a Jornada Comemorativa acontece no dia 31 de outubro. A atividade tem como tema Pesquisa e Internacionalização e contará com palestras que acontecerão no auditório da Famecos, no prédio 7 do Campus (Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre/RS), das 15h às 19h. O evento terá a presença de alunos, professores e pesquisadores que fazem parte da história do PPGCom. A programação é gratuita, aberta ao público e não necessita de inscrição prévia. Desde a fundação do curso de mestrado, em 1994, e de doutorado, em 1999, o PPGCom da Famecos já formou mais de 500 mestres e doutores.

Programação:

15h – Trajetórias da pesquisa: fundadora do PPGCom, professora Doris Haussen, professores Antonio Hohfeldt e Juremir Machado da Silva. Mediação do professor Eduardo Pellanda

17h – Internacionalização e conexões: professores Philippe Joron, Vincenzo Susca e Fabio La Rocca, da Universidade Paul Valéry, de Montpellier na França. Mediação do professor João Guilherme Barone

19h – Encerramento das atividades: conduzido pela decana da Famecos, professora Cristiane Mafacioli Carvalho, e pela atual Coordenadora do PPGCom, professora Cristiane Freitas Gutfreind

Sobre o PPGCom:

O Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS oferece formação nos níveis de mestrado, desde 1994, e de doutorado, a partir de 1999. Orientado por uma perspectiva de reflexão e pesquisa sobre as práticas e cultura da comunicação a partir dos imaginários, das tecnologias, dos poderes e das organizações busca preparar pesquisadores para a transdisciplinariedade no campo comunicacional através do estímulo à reflexão e à pesquisa, que permite um avanço conceitual dos estudos da área.

 

compós,famecos,ppgcom,encontro anualAssociação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), promovem do dia 11 a 14 de junho o 28° Encontro Anual, evento que atrai pesquisadores qualificados do país inteiro. Os convidados apresentarão as suas pesquisas em 20 grupos de trabalho, juntamente com todos os coordenadores de programas de Pós-Graduação em Comunicação do Brasil. O evento inicia nesta terça-feira, 11 de junho, às 19h, no Salão de Eventos Plaza São Rafael (Avenida Alberto Bins, 514 – Centro), em Porto Alegre. Os demais dias do encontro acontecem no Campus da PUCRS, no prédio 40 (Avenida Ipiranga, 6.681), a partir das 9h. Mais informações neste link.

Derrick de Kerckhove, Seminário Internacional da Comunicação,Famecos

Derrick de Kerckhove
Foto: Camila Cunha/PUCRS

Datacracia, big data e um governo de algoritmos onde há uma vigilância constante sobre o povo por meio de bancos de dados. Durante sua conferência no 14º Seminário Internacional de Comunicação (Seicom), realizado de 6 a 8 de novembro, na PUCRS, o sociólogo belga Derrick de Kerckhove falou sobre o big brother, a perda da autonomia e da privacidade, destacando que informações sobre nós estão disponíveis o tempo todo sem nem sequer sabermos. “A transparência cria condições de vigilância permanente e todos deveriam ter acesso legal e absoluto aos dados sobre nós, isso deveria estar numa constituição”, alertou. Nesse sentido, também destacou a importância de a transparência ocorrer nas duas vias, tanto do povo quanto dos governos.

Ao citar McLuhan, de quem foi discípulo e tradutor oficial, Kerckhove lembrou que a vigilância universal traz um dilema entre privacidade e a tecnologia, com repercussão instantânea sobre a vida das pessoas. A maioria gera e compartilha informações digitais diariamente. Nesse sentido, a individualidade dá espaço à comunidade. “Quanto mais eles sabem sobre nós, menos nós existimos”, disse parafraseando McLuhan. “Dominamos o espaço físico, o espaço mental é trabalhado por educadores, mas do espaço digital ainda conhecemos pouco”, complementou. Na sua passagem pela PUCRS, Kerckhove concedeu uma entrevista na qual falou sobre redes sociais, datacracia e psicotecnologia, entre outros temas.

Entrevista

Facebook, Instagram, YouTube, WhatsApp, Twitter, blogs… todos esses canais são uma forma de psicotecnologia e mudaram a forma como nos comunicamos?

Sim, mudaram. Cada um deles tem uma configuração diferente, propósitos e características. O Twitter é imediato, com uma boa seleção de para quem a mensagem é direcionada. O Facebook é uma forma diferente de psicotecnologia, é mais elaborado, multimídia e baseado em uma construção comunitária. Ele cria a possibilidade de dividir emoções, imagens sugestões, ideias. Todas as redes sociais, chamadas de web 2.0, têm a capacidade de encorajar as emoções a circularem. A internet é um sistema límbico, responsável pelas emoções e comportamentos sociais. No momento em que as pessoas se conectam, o vínculo mais forte será emocional e não racional. É por essa razão que Trump está indo tão bem no Twitter, muitos o amam, ele é realmente um “Twitter boy”.

Derrick de Kerckhove, Seminário Internacional da Comunicação,Famecos

Derrick de Kerckhove dirigiu por mais de 20 anos do Programa McLuhan em Cultura e Tecnologia, na Universidade de Toronto
Foto: Camila Cunha/PUCRS

Quais são os próximos passos da Comunicação nesta era digital e globalizada e que, talvez McLuhan não tenha previsto?

Não há muito que ele não previu (risos). Imediatamente podemos prever o crescimento da Inteligência Artificial (I.A.) como mediadora da nossa comunicação. Primeiro para pesquisa, mas eu também consigo imaginar uma I.A. que sabe como escrever uma carta de amor para alguém com quem você quer romper, por exemplo. O que a I.A. sugere que você diga? Ela poderia formular algo sabendo muito bem quem é a outra pessoa, quem é você e qual o seu estilo?

Então no futuro nós não teremos mais que pensar?

Infelizmente é o que está acontecendo. Por isso você tem sorte de estar em uma Universidade, porque é o lugar onde você ainda é instigado a pensar por você mesmo. Mas muitas pessoas não vão mais precisar disso. As máquinas absorveram muito do nosso cognitivo, por isso chamamos de psicotecnologias, que lidam com o psicológico, que modificam a epistemologia, a forma como você aprende as coisas, como sabe das coisas, como se relaciona.

Houve uma mudança de comportamento e de valores?

Uma grande mudança de comportamento, e McLuhan explicou que as pessoas eram engolidas pela televisão. Quando você muda da TV para a internet, algo diferente ocorre. De repente, você pode responder. A internet é uma via de mão dupla, então suas responsabilidades mudam. Porque você pode responder, você se torna responsável. A internet engoliu todas as outras mídias e se tornou o seu telefone no seu bolso, no qual você passa muito tempo. Isso é definitivamente uma psicotecnologia, pois contém a sua memória. Você lembra o telefone dos seus amigos? É claro que não. Tudo que é importante para você, mas não tem tempo de ver agora, você salva para depois e, na maioria das vezes, você não vai olhar, mas se sente melhor por ter salvo. A internet mudou nossa atitude com relação à informação e a qualquer tipo de conteúdo.

As pessoas colocam suas atividades diárias nas redes sociais e se alimentam do que os outros estão fazendo. Estamos vivendo o Show de Truman?

Sim, até um certo ponto e estamos cientes disso. Fazemos selfies apenas para provar que estamos lá. Você viu Black Mirror? O episódio Queda Livre, no qual as pessoas se dão notas. Ele coloca o dedo na ferida. Isso muda totalmente nosso comportamento e nossos valores e isso é muito estúpido. Levamos séculos para definir Mona Lisa, a mais misteriosa expressão, e agora temos os emoticons. Tudo bem termos todas essas ferramentas, mas pagamos um preço por isso. Nossa finesse emocional está em jogo. Quando eu era criança, nossa identidade era cultivada pelo que líamos. Esse não é mais o caso, as pessoas não absorvem mais nada, pois têm acesso a tudo externamente, então por que se incomodar?

O que é datacracia?

Datacracia é um exagero e uma provocação. Não está realmente acontecendo, mas mostra tendências de acontecer. Muitas evidências mostram que, eventualmente, os algoritmos vão decidir tudo. Os países asiáticos estão mais interessados no comportamento coletivo que no privado. Eles preferem controlar o comportamento privado e administrar o coletivo. A Ásia está mais preparada para aceitar regras gerais, mesmo que imponham um sacrifício individual. Nós do mundo ocidental somos mais individualistas.

Derrick de Kerckhove, Seminário Internacional da Comunicação,Famecos

Kerckhove: “As máquinas absorveram muito do nosso cognitivo, por isso chamamos de psicotecnlogias”
Foto: Camila Cunha/PUCRS

Seremos mais resistentes?

Muito mais resistentes, mas isso não quer dizer que resistiremos. Tentaremos por mais tempo, mas eventualmente, os algoritmos que usamos para administrar nossas vidas e a sociedade serão mais fortes que nós. Eles já são mais fortes, são como o diabo porque não sabemos que estão lá.

Então todas as nações seguirão esse rumo?

Tudo depende se conseguiremos superar o terrorismo, que é um grande incentivo para reforçar vigilância, segurança e controle. Os governos estão instalando sistemas em locais onde podem vigiar a todos. Parece que iremos na direção do sistema asiático, como em Singapura, Coreia do Norte e China. A China decidiu fazer a Queda Livre (referência ao Black Mirror) para todos os seus 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. E porque esses países têm mais sucesso que nós, maior riqueza, modernidade e tecnologias, nós teremos inveja e vamos querer fazer também. Acho que no mundo todo estaremos cada vez mais sob vigilância e controle. A segurança será a desculpa para isso. Seremos menos autônomos enquanto nossas máquinas serão mais. Agora temos robôs que parecem humanos, que têm autonomia, que têm poder de decisão, que podem ser consertar, que podem inovar, tudo com o propósito de nos servir.

Isso é perigoso?

Terrivelmente perigoso. Eu não estou feliz com isso, mas não quero ser alarmista. Claro que muitos empregos serão tomados pelo sistema, mas o sistema também criará novos empregos. Não queremos ignorar o problema, mas não podemos exagerar dizendo que é o fim da economia. É uma das grandes mutações da economia e temos que nos adaptar. Pinóquio, A.I., Matrix, Avatar, Quero ser John Malkovich, Show de Trumman, Tron, todos esses filmes falam sobre como vencer a máquina e no que estamos nos tornando.

Realidade aumentada, memória aumentada, inteligência aumentada. Chegaremos ao dia em que não haverá fronteiras entre homem e máquina?

Já está acontecendo. Nós aumentamos tudo, sensibilidade, design, imaginação, mas é importante lembrar que tudo que aumentamos, removemos de nós mesmos, se torna externo. Isso não é totalmente ruim. Nossa memória não contém todos os detalhes que podemos encontrar nos nossos celulares. O fato é que não temos mais autonomia.

Sobre Derrick de Kerckhove

Derrick de Kerckhove foi diretor por mais de 20 anos do Programa McLuhan em Cultura e Tecnologia, na Universidade de Toronto, onde foi professor emérito no Departamento de Francês. Leciona na Faculdade de Sociologia da Universidade Federico II, em Nápoles, Itália, e é pesquisador convidado na Biblioteca do Congresso Nacional em Washington, EUA. Diretor científico da revista de cultura digital Media Duemila, com sede em Roma, é autor de diversos livros editados em mais de dez idiomas, incluindo inglês, italiano, francês, espanhol, português e brasileiro, esloveno, polonês, chinês, japonês e coreano.

14º Seminário Internacional da Comunicação

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14º Seicom reuniu 600 partipantes
Foto: Nicolas Chidem/Famecos/PUCRS

O 14º Seminário Internacional da Comunicação (Seicom) foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação (PPGCom), da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS. “O Seicom completou 20 anos e evidencia o caráter de internacionalização do PPGCom, com professores da Famecos que fortaleceram o evento pelas suas relações com universidades no exterior”, afirma a professora Juliana Tonin, membro da Comissão Coordenadora desta edição do Seminário, que teve cerca de 500 trabalhos apresentados e 600 participantes. Durante o evento, os organizadores promoveram uma homenagem à trajetória acadêmica professora Doris Fagundes Haussen, fundadora Programa de Pós-Graduação de Famecos, e que se aposentou em agosto de 2017.

Inédito GT de Iniciação Científica

O Seicom foi criado em 1997 como um seminário de conferências e ganhou maior impacto ao longo dos anos com a criação dos Grupos Temáticos (GTs). Em 2017, houve a estreia do GT de Iniciação Científica, no qual várias instituições se inscreveram. O novo espaço de exposição de trabalhos foi valorizado por não ser avaliativo, incentivando os debates de jovens pesquisadores. Pela primeira vez participaram alunos do Ensino Médio como bolsistas de Iniciação Científica Júnior, ligados ao programa de Pré-Graduação da PUCRS (PreGrad). As alunas Anna Ortega, do Colégio Marista Rosário, e Gabriela Oliveira, do Colégio Santa Inês, foram as primeiras a viver essa experiência, orientadas pela professora Juliana Tonin.

“O Seminário proporcionou profícuas trocas intelectuais e interessantes reflexões sobre a área da Comunicação entre alunos e professores de várias partes do país, além dos convidados da França, Itália, Canadá e Suécia, estreitando, assim, a pesquisa em conjunto entre a PUCRS e a Universidade de Montpellier III, e abrindo a possibilidade de novos acordos nacionais e internacionais”, analisa a coordenadora do PPGCom, professora Cristiane Freitas Gutfreind.

 

Palestra PPGCOM, Denilson LopesNo dia 26 de outubro, às 16h30min, o Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCom) da Famecos promove a palestra Imagens e Afetos sem Fronteiras, ministrada pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Denilson Lopes. O assunto abordado norteou a pesquisa mais recente de Lopes, que explorou as relações entre imagens e o afeto. Após a discussão, o professor lançará o livro Afetos, Relações e Encontros com Filmes Brasileiros Contemporâneos, resultante de seus estudos na área.

O evento é organizado pela professora Cristiane Freitas, coordenadora do PPGCom, com o objetivo de estimular reflexões em torno de temas contemporâneos. Abertas ao público e gratuitas, as atividades ocorrem no auditório do prédio 7 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre) e podem ser validadas como horas complementares. Não é necessário realizar inscrição prévia.

Sobre o palestrante

Denilson Lopes

Foto: Reprodução

Com bacharelado em Jornalismo, mestrado em Literatura e PhD em Sociologia, todos pela Universidade de Brasília, Denilson Lopes é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele tem experiência na área da comunicação e trabalha com cinema contemporâneo, estudo de gênero, crítica cultural e arte contemporânea, estudos culturais e literatura comparativa. É autor de No Coração do Mundo: Paisagens Transculturais (Rio de Janeiro: Rocco, 2012), A Delicadeza: Estética, Experiência e Paisagens (Brasília, EdUnB, 2007), O Homem que Amava Rapazes e Outros Ensaios (Rio de Janeiro, Aeroplano, 2002) e Nós os Mortos: Melancolia e Neo-Barroco (Rio de Janeiro, 7Letras, 1999).

2017_06_26-seminario_internacional_comunicacao_famecos_2017(907x600)Estão abertas, até a próxima segunda-feira, dia 14 de agosto, as inscrições de trabalhos para o 14º Seminário Internacional de Comunicação (Seicom), promovido pelo Programa de Pós-Graduação (PPGCom) da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS, que em 2017 tem como tema Mídias em transformação: intermídia, transmídia e crossmídia.  O evento ocorre entre 6 e 8 de novembro, e trará nomes como Lars Elleström, referência em pesquisa na área de intermedialidade, da Linnaeus University (Suécia), e o sociólogo Derrick de Kerckhove, que dirigiu o Programa McLuhan em Cultura e Tecnologia da University of Toronto (Canadá), além de conferencistas da Itália, França e Brasil.

Entre os diferenciais dessa edição, está o aceite de resumos expandidos dos trabalhos submetidos ao evento antes da inscrição. Com isso, os interessados poderão fazer a inscrição após terem confirmadas suas apresentações no Seicom. Outra facilidade é a aplicação de valores mais baixos para inscritos por categoria (estudantes e professores ouvintes; estudantes e professores com apresentação em grupos temáticos; e público externo – somente para as palestras) até o dia 31 de agosto. Ainda entre as novidades está a criação dos grupos de trabalho (GTs) Intermidialidade: textos, artes e mídias e Iniciação Científica, este último como incentivo à formação de novos pesquisadores. O prazo final para inscrições de ouvintes se estende até 31 de outubro.

Diálogo com linguagens

De acordo com o coordenador do PPGCom, Antonio Hohlfeldt, a proposta para essa edição do Seicom é promover um diálogo com diferentes linguagens. “Buscamos uma composição interdisciplinar, e resolvemos ampliar os contatos com as áreas de Letras, de Arquitetura e de Design, com as mais variadas linguagens possíveis, o que é a reflexão que estamos propondo, por ser um tema bastante atual, oportuno e produtivo”, ressaltou o professor.

Lançamento de livro

Uma das atrações do Seicom será o lançamento de um livro compilando artigos inéditos de Lars Elleström, nas versões impressa e eletrônica, editado pela EdiPUCRS. A versão eletrônica será disponibilizada gratuitamente.

Mais informações sobre o regulamento, a programação e os conferencistas do 14º Seicom podem ser obtidas neste link.

Joao Jose Curvello, Famecos, PPGCom, Comunicação Organizacional, UnB, Pensamento Sistêmico, Gecor, Grupo de Estudos em Comunicação Organizacional

Foto: Arquivo Pessoal

O professor e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), João José A. Curvello, será a principal atração do debate Pensamento Sistêmico e Comunicação Organizacional, organizado pelo Grupo de Estudos em Comunicação Organizacional (Gecor) do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCom) da Famecos. Coordenador da pós-graduação em Comunicação da UnB, Curvello é um dos estudiosos mais respeitados no Brasil sobre a Teoria dos Sistemas, de Niklas Luhmann. O evento é aberto ao público, com inscrições gratuitas, e ocorre no dia 11 de agosto, no auditório da Famecos, no prédio 7 do Campus.

A programação da atividade está dividida em três momentos. No turno da manhã, o professor Curvello participa de reunião aberta com o Gecor. À tarde, ele faz uma palestra, que será seguida de um painel de discussão com a assessora de Comunicação e Marketing da PUCRS, Lidiane Amorim, e da professora da Pós-Graduação em Comunicação Corporativa da ESPM-Sul, Rosângela Florczak. Os inscritos poderão optar por participar do evento completo ou nos momentos de sua preferência. Detalhes sobre a programação e o currículo dos convidados estão disponíveis neste link.