Estudo para compreender perfil do estudante da PUCRS ouviu mais de 1,4 alunosCom o objetivo de atender a constante necessidade de inovação e as possíveis mudanças que ocorrem no perfil e nas percepções de universitários dos cursos de graduação da Universidade, a Rede Marista realizou a pesquisa Quem é o estudante da PUCRS? A elaboração do estudo é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Identidade Institucional (PROIIN), com coordenação do Grupo de Pesquisa do Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista.

Para o pró-reitor de Identidade Institucional, Ir. Marcelo Bonhemberger, a pesquisa possui relevância em nível acadêmico e institucional, pois é um importante subsídio de apoio a todas as unidades acadêmicas e de gestão que possibilita a compreensão do estudante nas suas particularidades: “Aliado à formação humano-cristã e às exigências da atualidade, o relatório da pesquisa apresenta um conjunto de dados que vêm subsidiando estratégias e ações institucionais apoiadas no Plano de Desenvolvimento Institucional da Universidade”, destaca.

O relatório completo da pesquisa está disponível para download.

Percepções diante dos resultados

A pesquisa objetiva acompanhar longitudinalmente, em um período de cinco anos, as variações dos dados sociodemográficos, socioeconômicos, educacionais, culturais e comportamentais da população de graduação da PUCRS. O estudo foi desenvolvido por meio de metodologia mista, predominantemente quantitativa, com a questão final aberta acolhendo sugestões dos participantes. 1486 estudantes com idade a partir de 18 anos participaram da pesquisa.

Segundo o assessor do Observatórios Juventudes PUCRS/Rede Marista, Luiz Gustavo Tessaro, “vivemos um momento histórico extremamente fluído e cheio de incertezas, acentuadas pela pandemia da Covid-19. O caráter longitudinal da pesquisa, além de poder auxiliar a Universidade a compreender os impactos desse evento sanitário, parece adequado também como forma de acompanhar a dinamicidade das mudanças de nosso tempo”.

Confira alguns destaques da pesquisa

Das sugestões de melhorias dos serviços e qualificação do ensino, as respostas descritivas apontaram para seis categorias globais: pedagógicas, socioculturais, estruturais, econômicas, saúde e bem-estar e comunicação.

Alcance da pesquisa

No primeiro semestre de 2021, os dados do relatório vêm sendo compartilhados com diferentes instâncias acadêmicas, como colegiados da reitoria e pró-reitorias, decanos e coordenadores administrativos, professores e técnicos da PUCRS.

Para a coordenadora do Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista, Patrícia E. de Lima Teixeira, é interessante acentuar os espaços em que o relatório vem circulando e provocando reflexões e ações: “Destacamos o Foro sobre el Pacto Educativo Global, organizado pela Pontificia Universidad Javeriana de Bogotá; e o Seminário Interno de Avaliação da Iniciação Científica da PUCRS, no qual a pesquisa foi apresentada pelo estudante da Escola Politécnica Fredi Henrique Kunzler”.

O estudo demonstra o quanto o universitário pode se engajar como protagonista no contínuo processo de aperfeiçoamento dos espaços que ocupa. “Com essa divulgação queremos contribuir com a necessária difusão de estudos relacionados ao perfil de estudantes universitários, ampliando o conhecimento de seus contextos, percepções e cenários, para melhor problematizarmos e atuarmos em promoção e garantia de direitos ao acesso e permanência dos/as jovens no ensino superior”, avalia Patrícia.

Para o segundo semestre de 2021, está previsto um novo período de aplicação do questionário, o que proporcionará o acompanhamento e comparativo das respostas durante o período de pandemia.

Confira o relatório completo da pesquisa

Pesquisadores estão desenvolvendo atividades de atividades de P&D visando gerar resultados teórico-empíricos e implicações práticas no fortalecimento da resiliência e da cultura de segurança na indústria petrolífera brasileira / Foto: Pixabay

Todos os setores precisaram adaptar estratégias para sobreviver à pandemia da Covid-19. Os pesquisadores envolvidos com a segunda fase do projeto Integração de Fatores Humanos e Resiliência para o Fortalecimento da Cultura de Segurança na Indústria de Óleo e Gás (O&G) estão realizando atividades de P&D (pesquisa e desenvolvimento) visando gerar resultados teórico-empíricos e implicações práticas no fortalecimento da resiliência e da cultura de segurança na indústria petrolífera brasileira. Paralelamente, no âmbito de tais iniciativas, foi criado um núcleo de pesquisa na Universidade que utilizará o conhecimento acumulado sobre o assunto para auxiliar outros tipos de organizações e indústrias. 

O núcleo de pesquisa Human Factors and Resilience Research (HFACTORS), vinculado à Escola Politécnica, é formado por uma equipe interdisciplinar que busca desenvolver modelos e tecnologias para orientar programas de fatores humanos e tornar as instituições mais resilientes. As técnicas podem ser usadas em vários setores da economia, como a aviação e a saúde, por exemplo, e também podem contribuir com a gestão de cidades e estados, entre outros. 

Durante workshop realizado em abril, ocorreu o lançamento do website oficial do núcleo. Mais de 60 pessoas, entre pesquisadores da PUCRS e representantes da indústria de O&G que estavam reunidas para avaliar resultados e discutir sobre temas ligados ao projeto, puderam conhecer a página com informações sobre fatores humanos no mercado de óleo e gás e também em outras indústrias onde esses conhecimentos podem ser aplicados. O portal ainda contará com vídeos curtos, notícias e textos informativos a respeito de pesquisas, eventos e publicações da área.  

Fatores humanos e resiliência 

O termo “Fatores Humanos” geralmente é entendido como fatores que influenciam o comportamento no trabalho, afetando o desempenho, a segurança e a saúde do trabalhador. Entretanto, este é um conceito que vai muito além, pois inclui uma compreensão sistêmica da relação interativa entre pessoas, trabalho e artefatos. Trata-se de um campo de pesquisa interdisciplinar com importantes contribuições teóricas e práticas, com enfoque nos elementos sistêmicos que condicionam o desempenho humano em diversos contextos.  

Já o conceito de resiliência está relacionado à capacidade de tomar medidas específicas, robustas e de transformação face a eventos inesperados e que apresentam potencial comprometedor para a sua sobrevivência. Nesse sentido, a resiliência se refere a capacidade de ajustar a maneira como as coisas são feitas. 

Mas qual a relação de resiliência e fatores humanos? Para o professor da Escola de Negócios Éder Heriqson, que integra o projeto, pensar nesses conceitos em uma atuação mútua pode ser vantajoso em diversos sentidos:  

“A resiliência em fatores humanos se orienta como uma abordagem sistêmica de estudo dos condicionantes da performance humana e das capacidades concretização de respostas frente aos enfrentamentos emergentes de residuais de incerteza e risco, promovendo habilidades não-técnicas tais como a tomada de decisão, a coordenação e a liderança para o gerenciamento de erros e ameaças”.  

Esta fala, além de explicar o elo entre os dois conceitos, mostra a importância de estudá-los e repensar sua atuação conjunta para desenvolver soluções em ambientes de trabalhos de risco. 

Em ação para melhorias 

O projeto, desenvolvido pela PUCRS em parceria com a indústria de O&G, é realizado por uma equipe interdisciplinar com mais de 40 pesquisadores. Na primeira fase do projeto, entre 2017 e 2019, os pesquisadores estiveram em unidades offshore voltadas às atividades de exploração e produção de petróleo e gás no litoral brasileiro, entrevistando trabalhadores e observando operações críticas para propor melhorias na área de segurança. A atual fase, entre 2019 e 2022, foi totalmente realinhada ao momento de enfrentamento à Covid-19, potencializando atividades online e ainda prevê trabalho de campo em plataformas offshore na mesma região. 

Todo o conhecimento acumulado servirá para outros projetos a serem realizados por parte do HFACTORS. A trajetória deste projeto tem contribuído para a formação de graduandos, mestrandos, doutorandos e pós-doutores em várias áreas do conhecimento.

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Foto: Bruno Todeschini

Com o início da pandemia do coronavírus, em março de 2020, diversas ações de combate à Covid-19 foram desenvolvidas pelas Escolas da PUCRS. Preocupados com a saúde física, mental e emocional da população, estudantes e professores atuaram tanto na linha de frente do tratamento da doença como nos bastidores – fomentando a geração de conhecimento, se opondo à desinformação e buscando formas de se fazer presente nesse momento tão difícil para todos 

O vice-reitor da PUCRS, Irmão Manuir Mentges, ressalta que, desde o começo do período pandêmico, a Universidade deu respostas aos problemas causados pela Covid-19, seja por meio de pesquisa aplicadaadaptações no modelo de ensino, participação nos testes da vacina Coronavac no Hospital São Lucas ou pela criação de projetos inéditos nas Escolas  

Sobre a relevância de a Universidade se relacionar com a cidade e comunidade em que está inseridaIr. Manuir destaca que PUCRS tem um importante compromisso com toda a sociedadeTudo aquilo que se ensina, que se pesquisa e que se inova, deve ir ao encontro da sociedade. Se por um lado temos diversos projetos que trazem as pessoas à Universidade, como a Clínica da Odontoo Centro Vila Fátima e o InsCer, também levamos a PUCRS para a comunidade por meio da participação em comitês estratégicos do Poder Público e participação no processo de vacinação da população. Essa relação não é apenas importante, ela é essencial para manter viva a missão para qual a Universidade é chamada a exercer nos tempos atuais”, complementa.  

Abaixo, você confere algumas ações lideradas pelas Escolas de Comunicação, Artes e Design – Famecos, de Humanidades, de Ciências da Saúde e da Vida e de Direito. Na próxima semana, traremos as iniciativas das Escolas de Medicina, de Negócios e Politécnica. Nessa série, já foram abordadas também as iniciativas dos laboratórios do Tecnopuc.

Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos 

jornalistas

Foto: Shutterstock

O compromisso do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos é levar informação sobre a Covid-19 à comunidade. É por isso que os estudantes do Editorial J, laboratório convergente do curso, criaram uma newsletter semanal, enviada todas as sextas-feiras por Whatsapp (para se inscrever e receber as atualizações, basta entrar no grupo)com as principais notícias da semana relacionadas ao coronavírus. Nesse ano, o principal enfoque da news são as atualizações em relação à vacinação. Além disso, os estudantes desenvolvem uma thread semanal no Twitter do J para compartilhar relatos de profissionais que estão atuando na linha de frente.  

Já no curso de Design os estudantes desenvolveram dois protótipos, sob orientação de seus professores, para auxiliar no cotidiano da população. O primeiro deles foi o projeto Mask Case, vencedor do Prêmio Bonancini de Design. Essa criação surgiu da identificação da dificuldade de armazenamento das máscaras de proteção individual no dia a dia, em atividades como comer em um restaurante, por exemplo.  

O resultado foi um compartimento de máscaras que permite guardá-las sem que elas sejam contaminadas. O Mask Case está em código aberto, ou seja, sem propriedade intelectual, permitindo que qualquer um possa produzi-lo, sendo necessária apenas uma impressora 3D para realizar sua confecçãoAlém disso, em parceria com o Tecnopuc, os estudantes desenvolveram um dispenser de álcool gel e medidor de temperatura.  

Teccine PUCRS realiza a produção de oito filmes em 2020

Filme: Eclipse / Foto: Divulgação

Durante o isolamento, o entretenimento ganhou um papel importante na vida de todos. Nesse sentido, o curso de Produção Audiovisual conseguiu, apesar das restrições, entregar oito filmes à comunidade em 2020. Nesse semestre, mais oito devem ser produzidos sendo que, destes, já foram iniciadas as gravações de dois. As produções são realizadas no TECNA 

O curso de Relações Públicas, por sua vez, abordou com frequência o tema comunicação na pandemia: foram realizadas lives sobre o assunto por meio da plataforma Zoom, contando com convidados e audiência de todo o Brasil. Além disso, em janeiro de 2021 houve uma oficina de verão sobre Atendimento ao Cliente: crise e gestão em tempos de pandemia. Ainda em 2020/2, os estudantes do  semestre do curso criaram projetos voltados para organizações e empresas, orientando sobre posicionamentos de comunicação e relacionamento com seus públicos neste período de pandemia.  

Os estudantes de Publicidade e Propaganda que fazem parte do Laboratório de Pesquisa coordenado pelos professores Claudia Trindade e Ilton Teitelbaum, puderam participar de uma pesquisa qualitativa sobre as questões de mobilidade ligadas ao presente a ao futuro da Pandemia da Covid-19, desenvolvida para o Projeto Vida Urgente, da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. Já nas disciplinas do curso, em Planejamento de Mídia foi realizada, em parceria com a agência Moove, uma campanha de valorização dos médicos e profissionais da saúde em meio à pandemia a ser utilizada pelo Cremers. 

Escola de Humanidades 

Populações indígenas e aldeias contra o coronavírus - No Dia do Índio, povos lidam com fontes de renda comprometidas e desafios ambientais históricos

Foto: Unsplash

O Ir. Édison Hüttner, professor do curso de História da Escola de Humanidades da PUCRS, organizou um grupo de voluntariado para auxiliar aldeias indígenas do Ceará. Participam da ação docentes e discentes do programa de Pós-Graduação em História. Por meio do projeto, foram ajudadas comunidades das etnias potiguara, gavião, tabajara e tubiba tapuya. ação visa orientar a utilização de um equipamento de luz ultravioleta (UV-C INFO) pelos profissionais de saúde indígena para a esterilização de superfícies. O aparelho foi desenvolvido pela Hüttechempresa de tecnologia de combate a pandemia de Covid-19, sediada no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), e será doado ao órgão responsável. A ação pretende:  

Escola de Ciências da Saúde e da Vida  

Estudantes vacinaram mais de mil pacientes em uma semana e seguem atuando na imunização

Estudantes atuando na imunização / Foto: Divulgação

Estudantes dos cursos de Enfermagem e de Farmácia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida fazem parte da equipe que atua na linha de frente no combate ao coronavírus. São eles que estão realizando a vacinação dos grupos prioritários e em uma das primeiras semanas de vacinação chegaram a imunizar mais de mil pessoasAlém disso, eles atuam nos cuidados hospitalares dos pacientes internados por Covid-19 no Hospital São Lucas da PUCRS 

Já o curso de Psicologia da Escola, por meio do Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP), criou um programa de acolhimento na pandemia, disponibilizando atendimento online e gratuito. Coordenado pelas professoras Renata Dipp e Fernanda Moraeso SAPP realiza em média cerca de 15 mil atendimentos presenciais por ano, no entanto, devido à situação de crise sanitária, em 2020 o serviço teve uma pausa para adaptações entre os meses de março a agosto, retornando com capacidade de 25% em função dos protocolos sanitários. 

Em setembro, após liberação do Conselho Federal de Psicologia, os atendimentos realizados pelos estagiários puderam ser adaptados à modalidade online e em março foi iniciado o programa de acolhimento. As inscrições para a primeira edição iniciaram no dia 19/3 e foram encerradas em 72 horas, após o alcance de 500 inscritos que esgotaram a capacidade de atendimento dessa edição 

Por fim, diversas cartilhas de conscientização sobre os mais variados temas foram desenvolvidas pela Escola: o SAPP produziu orientações sobre saúde mental e a vida a dois na pandemiasaúde mental na pandemia e violência doméstica (visando orientar profissionais a identificarem sinais de abuso sexual em crianças e adolescentes), além de sugerir cuidados para a comunidade acadêmica 

Há, ainda, a força-tarefa PsiCOVIDaque surgiu com a missão de contribuir para o bem-estar das pessoas com conhecimento científico durante a pandemia. O grupo publicou mais uma série de cartilhas de assuntos como enfrentamento do estresse durante a pandemiaatividades físicas para realizar durante a pandemia e combate à Covid-19 para idosos. 

Dezoito estudantes do curso de Fisioterapia da PUCRS realizam estágio junto à equipe de Fisioterapia do HSL na recuperação de pacientes com diferentes patologias, como a Covid-19 / Foto: Lucas Vilella/HSLPUCRS/Divulgação

Todas as cartilhas podem ser conferidas na página sobre o coronavírus no portal da PUCRS e na página do SAPP. 

O curso de Fisioterapia, em parceria com o Serviço de Fisioterapia do Hospital São Lucas, está auxiliando na recuperação de pacientes internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com sequelas da Covid-19. Para isso, estão utilizando tecnologias como realidade virtual, ou Virtual Reality (VR), além de eletroestimulação muscular e treinamento muscular ventilatório. Dessa forma, é possível realizar a retomada da força física, do controle e da coordenação motora além de aspectos lúdicos. 

Escola de Direito 

O programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais realizou uma série de conteúdos em vídeo para fornecer orientações sobre o Direito e a pandemia. As produções estão disponíveis para acesso e alguns temas abordados foram:  

Além disso, a Escola de Direito realizou a publicação de alguns livros como o Ciências Criminais e Covid-19, do professor Nereu Giacomolli e o Direito de Família no Pós-Pandemia: repercussões jurídicas no “novo normal”, desenvolvido pelo grupo de estudos Temas Atuais de Direito das Família, coordenado pelo professor Daniel Ustarroz. Para o lançamento do último, foi realizado um congresso virtual, composto por uma série de palestras, as quais ficaram salva para acesso posterior no canal do professor Daniel no YouTube 

 

Leia também: Laboratórios do Tecnopuc apoiam soluções de enfrentamento a Covid-19 

 

 

 

 

 

Desigualdade nas Metrópoles, coeficiente de Gini

Evolução da média do coeficiente de Gini no conjunto das regiões metropolitanas do Brasil / Fonte: Boletim – Desigualdade nas Metrópoles

O ano de 2020 consolidou o maior nível de desigualdade nas metrópoles brasileiras desde 2012, em relação à disparidade de rendimentos do trabalho. Este é o resultado apontado pela terceira edição do Boletim – Desigualdade nas Metrópoles, desenvolvido pela PUCRS, pelo Observatório das Metrópoles e pelo Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). O levantamento utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Segundo o estudo, para os 40% mais pobres das regiões metropolitanas brasileiras o rendimento médio do trabalho teve queda de 34,2% no comparativo entre o quarto trimestre de 2019 e de 2020. Em termos absolutos, a renda desse estrato diminuiu de R$ 237,18 para R$ 155,95. Para os 10% mais ricos, a queda de rendimentos foi de 6,9%. Como resultado, os mais ricos passaram a ganhar, em média, 39 vezes mais do que os mais pobres. Essa é a maior vantagem do topo em relação à base já verificada em toda a série histórica.  

A região metropolitana de Porto Alegre teve o pior resultado entre as metrópoles do Sul do País, com os mais ricos passando a ganhar, em média, 38,4 vezes mais do que os mais pobres. No quarto trimestre de 2020 a média móvel do coeficiente de Gini, um importante indicador de desigualdade, na metrópole gaúcha atingiu o nível de 0,625 na escala que varia de zero a um, sendo a maior média registrada desde 2012, e num patamar bem acima das demais regiões metropolitanas da região Sul. 

coeficiente de Gini mede o grau de distribuição de rendimentos entre os indivíduos de uma população, sendo o valor zero representativo de uma situação de completa igualdade, em que todos teriam a mesma renda; e o valor um a situação de completa desigualdade, em que uma só pessoa deteria toda a renda.  O estudo ainda destaca que a média móvel do indicador nas regiões metropolitanas do Brasil atingiu o nível de 0,631, sendo o pior índice da série histórica. 

Perda de renda e retrocesso 

André Salata, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS e um dos coordenadores do estudo, ressalta que a renda do trabalho da população mais pobre no final do ano passado permanecia muito abaixo do patamar encontrado antes da pandemia provocada pela Covid-19 e que a interrupção do auxílio emergencial pelo Governo Federal ampliou o quadro de pobreza.  

Desigualdade nas Metrópoles“Durante o segundo semestre de 2020, o auxílio emergencial conseguiu compensar grande parte das perdas, evitando que 23 milhões de pessoas caíssem na pobreza nas metrópoles, como verificamos no segundo boletim. Porém, o corte dos pagamentos freou a recuperação de renda e ampliou um quadro trágico de aumento da pobreza e da extrema pobreza. Sem dúvida, a interrupção do auxílio foi equivocada e não levou em consideração dados como esse que trazemos aqui”. 

De acordo com Marcelo Ribeiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisador do Observatório das Metrópoles e um dos coordenadores do estudo, o retrocesso no nível de remuneração média do trabalho no Brasil foi de praticamente oito anos. “No final de 2020 houve um patamar próximo ao verificado no primeiro trimestre de 2012, quando começou a série história da PNADc. Ou seja, estamos em níveis próximos daqueles apresentados há oito anos. Esse retrocesso é decorrente da crise econômica existente no País há alguns anos e que foi aprofundada durante a pandemia. As consequências, porém, recaem principalmente sobre a população mais pobre, que além de ter baixa remuneração, é também a que mais perde”, comenta. 

Mais pobres sofrem impacto na educação 

O estudo também traz evidências de que as desigualdades têm impacto não apenas no nível de consumo e conforto das famílias no momento, como também nas oportunidades futuras de vida de crianças e jovens. Seus efeitos, portanto, são duradouros, e atingem as próximas gerações. Como indicador desses efeitos, os pesquisadores levantaram dados relativos à escolarização das crianças e jovens nos diferentes estratos de renda de nossas regiões metropolitanas. 

Os dados mostram que entre os mais pobres no Brasil, 8,8% das crianças e jovens com idade correspondente ao Ensino Fundamental, e 26,9% dos jovens com idade correspondente ao Ensino Médio, tinham escolaridade abaixo da esperada, indicando atraso escolar. No estrato dos 10% mais ricos, esses valores eram de apenas 2,7% e 4,4%, respectivamente. 

“Como a desigualdade de renda aumentou substancialmente ao longo da pandemia, com perdas muito grandes para os estratos mais baixos, haverá consequências para o sucesso escolar de crianças e jovens provenientes das famílias mais pobres num futuro muito próximo, em termos de atraso, evasão e ingresso nos níveis mais altos de ensino”, destaca Salata. 

Desigualdade nas Metrópoles

Porcentagem de jovens entre 18 e 24 anos que ingressam no Ensino Superior, por estrato de rendimento / Fonte: Boletim – Desigualdade nas Metrópoles

Com relação ao atraso escolar entre os mais pobres, novamente Porto Alegre detém o pior resultado entre as metrópoles do Sul. Os dados mostram que, nesse estrato, 15,5% das crianças e jovens no Ensino Fundamental e 38,69% dos jovens no Ensino Médio tinham escolaridade abaixo da esperada. Entre os mais ricos, porém, esses valores eram de apenas 1,23% e 1,44%, respectivamente.   

Acesso a oportunidades também é desigual 

De acordo com os dados da pesquisa, apenas 16,8% dos jovens entre 18 e 24 anos que fazem parte do estrato mais pobre do País haviam ingressado no Ensino Superior na média dos últimos quatro trimestres. Entre os mais ricos, esse valor era de 66,4%. 

Para Ribeiro, podemos estar jogando fora os ganhos que estávamos acumulando como sociedade referente às oportunidades de crianças e jovens, principalmente daqueles inseridos em famílias mais pobres. O pesquisador salienta que desde 2012 estava sendo observada redução da taxa de atraso escolar, além do maior ingresso de jovens no Ensino Superior. “Com a redução da renda familiar per capita decorrente da crise econômica e do agravamento da pandemia, essas crianças e jovens podem ser levados a abondar a escola ou a universidade e terem que trabalhar para ajudar na composição da renda familiar. Isto é, as consequências do que estamos vivendo não se restringem apenas ao momento atual, mas se referem também ao futuro das crianças e jovens”. 

Pesquisa com repercussão nacional 

Os resultados da terceira edição do Boletim – Desigualdade nas Metrópoles foram publicados pelos jornais Folha de S. Paulo e Zero Hora. A pesquisa também foi tema de uma reportagem veiculada no Jornal do Almoço, da RBS TV. 

Sobre o estudo 

A pesquisa tem como objetivo produzir um conjunto de informações relevantes acerca das desigualdades de rendimentos no interior das regiões metropolitanas do País. A publicação tem o intuito de colaborar para um debate público mais bem informado a respeito da grave situação das metrópoles brasileiras no que concerne às desigualdades sociais.    

O levantamento utiliza microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), do IBGE, em especial de sua divulgação trimestral. Ao todo são analisadas 20 regiões metropolitanas: Manaus, Belém, Macapá, Grande São Luís, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracaju, Salvador, Belo Horizonte, Grande Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Vale do Rio Cuiabá e Goiânia; além do Distrito Federal e da Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina. 

Confira o relatório completo da terceira edição do Boletim- Desigualdade nas Metrópoles. 

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Foto: Shutterstock

Dificuldades para dormir têm afetado boa parte da população durante a pandemia provocada pela Covid-19. Entre os adultos, 70% tiveram alterações para iniciar ou manter o sono. Esse é o resultado apontado pela primeira etapa da pesquisa Como está o seu sono nessa quarentena?, realizada pelo Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer). 

O estudo destacou que nos adultos as alterações no sono estão principalmente relacionadas às mudanças na rotina dos filhos e preocupações emocionais como ansiedade e medo. Os dados apontaram alterações no sono de 58,6% das crianças de 0 a 3 anos, 27,7% das crianças de 4 a 12 anos e 56,6% dos adolescentes. De acordo com a pesquisa, pais que têm filhos nessas faixas etárias tiveram aumento nas chances de desenvolverem problemas no sono. 

“Comparando com dados anteriores, durante a pandemia os problemas para dormir duplicaram entre adultos e adolescentes. Nas crianças de 0 a 3 anos, as dificuldades triplicaram”, afirma a coordenadora da pesquisa e vice-diretora do InsCer, Magda Lahorgue Nunes. 

Insônia pode ser consequência da quebra da rotina  

Em relação à dificuldade para dormir, Magda destaca que as mudanças na rotina podem ser um dos causadores. “Queixas de insônia estão sendo muito frequentes durante a quarentena. Isso certamente é decorrente de quebras nas rotinas, da falta de necessidade de cumprir horários, além do relaxamento nos aspectos de higiene do sono, como variações no horário de dormir e de acordar e o uso excessivo de telas”, afirma.  

Para manter a saúde do sono, apesar de todas as mudanças e das preocupações causadas pela pandemia, é importante tentar seguir uma rotina. “Ter um horário para dormir e acordar, evitar o uso de telas pelo menos 30 minutos antes de dormir, não fazer uso excessivo de álcool, optar por refeições leves à noite e evitar bebidas com cafeína podem ajudar”, sugere Magda. 

Ampliação da pesquisa sobre alterações no sono

A primeira etapa do estudo teve dados coletados entre abril e junho de 2020. Com a extensão do contexto de pandemia, foi adicionada uma segunda etapa do estudo para entender o comportamento do sono da população após mais de um ano de quarentena. 

A segunda etapa da pesquisa está aberta a todos, independente da participação na primeira fase. Para participar basta responder um questionário online, disponível até o dia 30 de junho. Nesta segunda fase, foram adicionadas questões referentes à depressão e à violência doméstica.

Dia Mundial da Educação: quem cuida de quem ensina?

Na pandemia, o trabalho de professoras e professores tem sido essencial para a continuidade do ensino / Foto: Katerina Holmes/Pexels

A pandemia impactou a vida de pessoas no mundo todo, cobrou reações imediatas das autoridades e exigiu da população força e resiliência. A área da educação também precisou se reestruturar e uma nova dinâmica de ensino ganhou espaço, expondo fragilidades e enfatizando desigualdades sociais. Durante este longo período de distanciamento social em que vivemos, já se somam 13 meses de aulas remotas, além de uma série de aprendizados e desafios enfrentados por professores e professoras, principalmente da educação básica. 

No Dia Mundial da Educação, celebrado neste 28 de abril, o contexto de dificuldade reforça a importância de ações que ampliem os investimentos em educação, valorizem os profissionais da área e democratizem o acesso aos ensinos básico, técnico e superior.  

Com o intuito de contribuir com essas reflexões, o estudo Impactos da Pandemia na Pessoa Docente, desenvolvido na Escola de Humanidades da PUCRS e coordenado pela professora Bettina Steren, junto com o seu grupo de pesquisa PROMOT (Processos Motivacionais em Contextos Educativos), identificou nuances da experiência pessoal e profissional dos professores e professoras durante esse período de crise. O grupo faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS, um dos melhores do País, com nota 6 segundo a Capes, e referência internacional. 

A pesquisa ouviu mais de 200 participantes de dezenas de municípios do Rio Grande do Sul e de localidades de fora do Estado e do País, que responderam a um questionário online com 25 perguntas, em maio de 2020. O número mais expressivo de participantes é de docentes de escolas públicas (74,8%), que atuam no Ensino Fundamental (40%) e com mais de 15 anos de docência (36,6%). Eles também representam a maioria (93,6%) das instituições que adotaram o ensino remoto emergencial. 

Superando barreiras que não são físicas 

Dificuldade no uso de tecnologias, adaptação curricular, comunicação, sobrecarga de trabalho e realidade socioeconômica dos estudantes foram os desafios profissionais mais citados pelos participantes. Quando questionados sobre os desafios pessoais, os pontos que mais impactaram a atuação dos docentes foram a expectativa de atender às necessidades tanto dos estudantes e dos pais como das coordenações, e a dificuldade de cativar as turmas sem a possibilidade de contato físico proporcionado em sala de aula.  

De acordo com a pesquisadora, apesar dos obstáculos, os docentes seguem ativos buscando formas de minimizar os impactos negativos da pandemia no futuro dos estudantes – especialmente daqueles que possuem menos recursos:

“Há professores e professoras, juntamente com estudantes, buscando incansavelmente formas de manter o ensino e os processos de aprendizagem em ação. Na visão de docentes de escolas públicas e privadas, segundo dados da pesquisa, a experiência destes dois anos tem contribuído em certa medida para o desenvolvimento da autonomia dos estudantes, assim como a valorização da escola e autoconhecimento emocional”

Perspectiva de superação e aprendizado também é apontada na pesquisa 

Um ano de conquistas e reconhecimentos para a PUCRS - Universidade ganhou prêmios e se destacou em diferentes áreas

O papel da Universidade é transformar o futuro ao lado da comunidade por meio do ensino / Foto: Bruno Todeschini

Além das dificuldades, os professores da educação básica também citaram os aprendizados desse período de docência remota. Dentre os aspectos profissionais, estão o acesso a novas tecnologias e metodologias de ensino, o aprimoramento do planejamento docente e o desenvolvimento profissional. Na perspectiva pessoal, empatia, autoconhecimento, planejamento e resiliência foram os aprendizados mais citados.  

Para o pós-pandemia, Bettina ressalta que as pesquisas sobre bem-estar e mal-estar docente apontam para a necessidade de valorização profissional, representada por melhores condições de trabalho, sejam elas referentes à infraestrutura das escolas, programas de formação docente continuada, aumento salarial, ações governamentais, respeito à trajetória e escuta de cada professor e professora:

“Os estudos indicam, também, a necessidade de institucionalização de redes de apoio nas comunidades escolares em parcerias com universidades e profissionais de diferentes áreas, como apoio psicológico, rodas de conversas e metodologias ativas na resolução de problemas e construção do conhecimento.    

Dia Mundial da Educação para além do ensino superior 

Para o professor e decano da Escola de Humanidades, Draiton Gonzaga, o Dia Mundial da Educação reforça que o presente e o futuro do País passam, necessariamente, pelas mãos de docentes que contribuem para a formação de cidadãos e cidadãs. Profissionais e cidadãos do futuro dependem de educação de qualidade para dar continuidade à sua trajetória no ensino superior nas mais diversas áreas e construir o amanhã, inclusive, como professores e professoras.  

E é a base para esse futuro que é moldada coletivamente no hoje, afirma Ana Soster, decana associada da Escola de Humanidades. “A Universidade exerce um papel fundamental na formação das pessoas que sonham em ensinar. É na interação com o ensino básico e com a comunidade que fortalecemos a função social da docência e contribuímos para as mudanças. No ambiente acadêmico, aprendendo a ensinar, é que compreendemos o quanto esse processo é permanente e contínuo”, destaca. 

Letycia escreveu o livro após conviver, durante o mestrado, com pacientes internados por Covid-19.
Foto: acervo pessoal

Como conscientizar pessoas além dos números? Esse foi um dos questionamentos que levaram a mestranda em Biologia Celular e Molecular pela PUCRS, Leticya Simone Melo dos Santos, a compilar relatos de sua experiência ao lado dos pacientes internados com coronavírus no livro Covid-19: O que os olhos não veem.

A pesquisadora estuda sobre o coronavírus, tentando caracterizar as células do sistema imunológico dos infectados e testando um protocolo de tratamento com óxido nítrico, um gás que já é utilizado para tratar alguns problemas pulmonares e que o Food and Drug Administration (FDA – órgão semelhante à Anvisa dos Estados Unidos) também liberou seu uso emergencial durante a pandemia. Apesar de não estar na linha de frente do combate à pandemia, os três meses de convivência com os pacientes em internação serviram de inspiração para criar o livro.

Inicialmente, a estudante escreveu seus relatos em forma de diário, para desabafar. Como ela conta, sempre gostou de escrever, mas nunca tinha achado algo que a tocasse ao ponto de querer compartilhar com outras pessoas. A pandemia foi o que motivou esse compartilhamento: ela gostaria de fazer com que quem não vivencia a pandemia de perto diariamente – como profissionais da saúde e pesquisadores – conhecessem melhor essa realidade.

A mestranda também escreve para que familiares dos pacientes, que não podem acompanhá-los de perto, se sintam consolados: “Se eles pudessem ler, pensei que poderiam ver que os profissionais de saúde, na sua maioria, se importam e fazem o máximo que podem para cuidar e auxiliar no que for preciso. Senti que esse era também o meu papel no hospital, além da pesquisa”, conta Leticya.

O livro Covid-19: O que os olhos não veem está disponível para venda na versão e-book pela Amazon e, em breve, será possível adquirir o exemplar físico pelo mesmo site.

Quando olho no espelho: a influência da pandemia no mercado de beleza

Foto: Pavel Danilyuk/Pexels

Pele hidratada, mais uma conferida no cabelo ou na maquiagem e pantufa nos pés: assim se inicia a rotina de muitas pessoas que precisaram se adaptar à pandemia da Covid-19. Mesmo com a instabilidade econômica e o distanciamento social, o mercado de beleza teve crescimento e ganhou ainda mais espaço no carrinho de compras de jovens. Isso é o que mostra a pesquisa Mercado de beleza durante a pandemia, realizada por estudantes da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS – Famecos. 

“Os consumidores passaram a fazer compras mais conscientes, com marcas que dialogam com os seus valores e são ativas nas mídias sociais. Além disso, as pessoas continuaram consumindo por compreender a importância do autocuidado para a produtividade do dia a dia”, explica Vitória Petry, estudante do 8º semestre do curso de Publicidade e Propaganda que liderou a pesquisa. 

Investindo na autoestima  

Em todas as etapas do estudo a maioria dos/as participantes respondeu que considera produtos estéticos como um investimento que vai além de um mero capricho. Para o público analisado, entre 16 e 30 anos, as questões estéticas, de saúde mental e autocuidado se sobressaem. Para 83% das pessoas entrevistadas, as aquisições não são consideradas um gasto, como relatou na pesquisa Thaísa Zilli, estudante de Publicidade e Propaganda: 

“Estou fazendo um curso de autoconhecimento e investindo em mim em todos os sentidos, inclusive em estética”. 

As médias de frequência de compra e de valor gasto se mantiveram em comparação a antes da pandemia e também obtiveram aumentos significativos para alguns públicos. A maioria segue consumindo pelo menos uma vez por mês. Ou seja, as pessoas controlam os gastos, mas não deixam de se cuidar. 

Quando olho no espelho: a influência da pandemia no mercado de beleza

Pesquisa Mercado de Beleza na pandemia / Imagem: Reprodução

Apesar disso, o número de compras mensais caiu 12% e a quantidade de pessoas que passaram a comprar menos de uma vez por mês aumentou 16%. Já o ticket médio (valor médio de vendas no período) se manteve de R$ 50 a R$ 150. 

O professor e publicitário Ilton Teitelbaum, supervisor da pesquisa, conta que o ato de comprar também é um mecanismo de recompensa.Os consumos por autoindulgência (para compensar sentimentos negativos) e de vingança (comprar itens de desejo, em vez de produtos essenciais, para suprir o período de contenção de gastos) se concretizaram durante a pandemia”, destaca. 

Mesmo com o desafio, o docente conta que as empresas ainda têm muitas oportunidades: “apesar da queda no poder aquisitivo, as marcas precisarão se adaptar aos aspectos emocionais que envolvem o processo de compra e buscar caminhos que lhes permitam seguir presentes na vida das pessoas”. 

Jovens influenciáveis, mas com responsabilidade social 

Entre as tendências, está a de seguir digital influencers. Nas entrevistas, 82% relataram que eram altamente suscetíveis a seguir recomendações feitas por microinfluenciadores. O público mais jovem, de 16 a 18 anos, é o que se mostra mais inclinado a manter os mesmos hábitos e com mais disposição para gastar mais. 

É uma geração conhecida por ser crítica, exigente, dinâmica e que muda de opinião toda hora. Segundo o estudo, essas são algumas das principais implicações mercadológicas: 

“As empresas que souberem se comunicar com transparência, sustentabilidade e diversidade cultural tendem a se destacar entre os jovens”. 

Outra reivindicação, que não é de hoje, é a por marcas mais coerentes. O público quer que as empresas se preocupem com o meio ambiente, tragam visibilidade para homens e mulheres na indústria de cosméticos, estejam atentas aos problemas sociais, tenham mais diversidade de pessoas nas campanhas e sejam empáticas com temas sensíveis, como a pandemia. 

Comprar com facilidade e agilidade 

Mesmo que muitas pessoas ainda prefiram comprar nos sites das lojas, essa é uma escolha menos frequente entre jovens, segundo dois levantamentos citados na pesquisa. A Technavio, empresa de relatórios de pesquisa de mercado, afirma que o social commerce (ou compras a partir de redes sociais) deve aumentar cerca de 34% até o final de 2021. 

Já a agência Accenture prevê que esse canal deve ser um dos mais importantes para a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010). “Dos entrevistados, 69% disseram que gostariam de comprar diretamente por meio das mídias sociais e 44% usam redes como Facebook, Instagram e Twitter para encontrar informações sobre produtos”, destaca a empresa. 

Brasil é o 4º maior mercado de beleza do mundo 

Segundo o provedor de pesquisa de mercado Euromonitor International, o Brasil é o maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo. O País movimenta pelo menos U$$ 30 bilhões, ficando atrás apenas do Japão, da China e dos Estados Unidos. 

A supervisora de vendas de um dos maiores conglomerados de beleza do Brasil, conta no estudo que as vendas não foram impactadas pela pandemia, com exceção das lojas das cidades do interior dos estados: vendemos até mais do que no ano passado”. 

Tecnologia e concorrência internacional 

Quando olho no espelho: a influência da pandemia no mercado de beleza

Foto: Pexels

Contudo, as marcas internacionais ainda são vistas como melhores e mais consumidas. Mesmo com o alto valor de produtos do exterior, eles não deixam de estar entre os mais vendidos. A pesquisa destaca que para mostrar os seus diferenciais, é importante que as empresas nacionais invistam em tecnologias como realidade virtual, inteligência artificial e outros recursos que melhorem a experiência dos usuários. 

Nem online nem offline: a vida no all-line 

Durante a pandemia, as vendas online alavancaram 300% para algumas lojas. Mesmo assim, consumidores/as relatam sentir falta da experiência física, enquanto outros/as dizem ter receio de voltar a experimentar algo que já foi usado, por medo de contaminações. 

Depois da pandemia o comportamento all-line, hábito de consumir tanto pelos meios digitais quanto presencialmente, ganhou força. Sobre a preferência, as pessoas alegam que consomem: 

A psicóloga Susana Gib explica no estudo que o público deve comprar cada vez mais em casa: “a pandemia fortaleceu a compra pelo meio digital. É claro que as pessoas ainda sentem falta de olhar o produto, tocar, comparar. Mas a tendência é essa. 

Mapeando tendências de comportamento 

O estudo foi elaborado pelos/as estudantes Eduarda Friedrich, Larisse Alves, Tamires Fetter, Victoria Bossle e Vitória Petry, da disciplina de Projeto de Pesquisa de Mercado em Publicidade e Propaganda, de agosto a novembro de 2020. 

Em sua etapa qualitativa, contou com um grupo focal com seis mulheres e oito entrevistas em profundidade com homens e mulheres. Depois, na fase quantitativa, foram 204 respostas válidas a uma coleta feita por meio de questionário online. 

Se você quer criar e investigar novas narrativas, conheça as graduações em Comunicação da PUCRS e comece a estudar ainda em 2021. 

Curtiu este conteúdo? Confira também os impactos da pandemia na moda e as novas formas de consumir conteúdo que ganham espaço durante o período. 

Programa de atividades remotas de pesquisa recebe inscrições

Foto: Unsplash

Estudantes internacionais agora têm a oportunidade de integrar atividades remotas de pesquisa na PUCRS. O programa que já recebeu 29 estudantes de nove países presencialmente para atividades em laboratórios, centros e grupos de pesquisa agora foi adaptado para oferecer uma experiência de pesquisa sem que o estudante precise deixar seu país de origem.  

A iniciativa é coordenada pelo Escritório de Cooperação Internacional da PUCRS e atualmente conta com 13 oportunidades nas mais variadas áreas do conhecimento. Confira a relação de vagas. 

Para participar, o estudante deverá ser maior de 18 anos, regularmente matriculado em uma universidade parceira da PUCRS no exterior em graduação ou pós-graduação e cumprir os requisitos específicos do projeto escolhido, que consta na relação de vagas. 

Inscrições podem ser feitas até junho 

O programa tem duração mínima de um mês e o estudante poderá combinar o formato de participação e a rotina no projeto com seu coordenador. As atividades acadêmicas são de caráter voluntário e os estudantes receberão um certificado de participação ao fim do programa. 

As inscrições vão até o dia 26 de junho de 2021 e as atividades estão previstas para acontecer ainda neste ano. Dúvidas e mais informações sobre as oportunidades podem ser direcionadas para o e-mail mobilidade.in@pucrs.br.

Projeto Herdeiras: as consequências da exploração dos povos negros e indígenas

Mulheres indígenas brasileiras lutam contra a violência / Foto: ONU Brasil

Quem são e como vivem as mulheres brasileiras descendentes de povos historicamente explorados? A partir de narrativas biográficas, os projetos Herdeiras Negras e Herdeiras Indígenas contarão as histórias de três gerações de mulheres negras de regiões com economia originalmente escravagista e de mulheres indígenas de diferentes etnias após o contato com outras civilizações não-indígenas. 

Os estudos são liderados pelo professor Hermílio Santos, coordenador do Grupo de Pesquisa em Narrativas Biográficas do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS (PPGCS). Ambos foram contemplados pelo edital de financiamento da Fapergs/BPA-PUCRS e o estudo da herança da escravidão concorre a um edital da DFG, instituição alemã de fomento à pesquisa. 

O professor Steve William Tonah, do Departamento de Sociologia da University of Ghana, na África, abordará o panorama global, como a riqueza das culturas das nações africanas e a captura forçada de pessoas negras no período anterior à abolição. 

Uma das principais referências internacionais no desenvolvimento da análise reconstrutiva de narrativas biográficas também participará do estudo: a professora Gabriele Rosenthal, da Universität Göttingen, na Alemanha. 

Questões sociais e étnico-raciais de impacto global 

3º Seminário Juventudes Negras e Políticas Públicas 2017

Seminário Juventudes / Foto: Camila Cunha

O projeto Herdeiras Negras investigará a memória da escravidão e da economia canavieira, em Olinda (PE); da exploração de diamantes, em Diamantina (MG); e de charque, em Pelotas (RS). Queremos mostrar o ponto de vista dessas mulheres que experienciam as consequências do longo período de escravidão que aconteceu nessas regiões entre os séculos 14 e 19”, explica o pesquisador. 

Já o projeto Herdeiras Indígenas acompanhará mulheres das etnias Kaigangue e Xokleng e Bóe-Bororo (no Rio Grande do Sul, com contato iniciado há mais de 100 anos), Panará e Enawenê-nawê (com 40 anos de contato) e Yawalapiti e Kamayurá (em torno de 80 anos de contato), todas do estado de Mato Grosso. O objetivo do estudo é entender como mulheres de diferentes etnias interpretam e vivenciam o contato com a cultura não-indígena. 

Promovendo o acesso ao conteúdo científico 

Projeto Herdeiras: as consequências da exploração dos povos negros e indígenas

Foto: Reprodução

Os resultados das pesquisas, que ainda estão em desenvolvimento, serão transformados em uma série documental de acesso livre. A produção contará com a parceria de curadoras como Watatakalu Yawalapiti, uma das lideranças do movimento de mulheres indígenas no Xingu, em Mato Grosso. 

Estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado do PPGCS, em sua maioria bolsistas, criaram duas páginas online com materiais próprios e curadoria de conteúdos audiovisuais e bibliográficos sobre os temas dos projetos. Confira: Herdeiras Indígenas e Herdeiras Negras. 

O grupo também recebe participantes de outras cidades e países, como o Padre Talis Pagot, doutorando da Pontificia Università Gregoriana, em Roma. 

Os povos indígenas contam suas histórias 

No dia 17 de junho, o professor Hermílio mediará o evento Povos indígenas por eles mesmos, com representantes de sete etnias indígenas. O bate-papo é uma oportunidade para que o grupo compartilhe experiências para além da visão acadêmica, propondo reflexões sobre os distintos contextos e experiências indígenas no País. 

O Dia da Pessoa Indígena 

Popularmente conhecido como o Dia do Índio, o dia 19 de abril marca a data do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, que aconteceu em 1940, no México. O encontro teve o propósito de discutir pautas a respeito da situação dos povos indígenas nas Américas e reuniu diversas lideranças do movimento. 

Leita também: Estudo analisa impacto do contato com outras civilizações na população indígena