Principal fator que incentiva a utilização de carros elétricos é a diminuição da poluição do ar / Foto: Pexels
No Brasil, os carros elétricos ainda têm um mercado pequeno, mas que cresce rapidamente com iniciativas de empresas e entidades de fomento à tecnologia. De acordo com dados da NeoCharge (2021), empresa que oferece soluções de recarga para veículos elétricos, atualmente existem mais de 65 mil carros deste tipo no País, sendo São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina, os estados com mais presença destes automóveis.
O professor da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos Eduardo Campos Pellanda é responsável por realizar diversas pesquisas sobre tecnologias que impactam a sociedade e foi o primeiro comprador de um veículo elétrico no Rio Grande do Sul. Atualmente, o docente se dedica a investigar as transformações decorrentes da transição deste importante setor.
O principal projeto que está sendo desenvolvido é em parceria com o Grupo IESA, referência no mercado automotivo no Rio Grande do Sul. A iniciativa propõe criar uma estação de carregamentos de carros elétricos com energia solar que terá sempre veículos das marcas que a empresa representa como demonstração da tecnologia, para que a comunidade acadêmica possa entender o funcionamento desta nova tecnologia. “As universidades têm um papel fundamental neste processo pesquisando soluções e capacitando pessoas para esta nova realidade”, pontua o pesquisador.
Além das produções individuais, Pellanda também atua com o PLUG: Future Mobily, hub que nasceu da ideia de agregar pesquisa e ensino da PUCRS a startups, empresas, governo e associações que estão trabalhando nestes desafios da nova mobilidade urbana. O grupo surgiu por iniciativa de professores das escolas Politécnica, de Negócios e da Famecos. Por isso, apresentam uma proposta de abordagem multidisciplinar do assunto.
Vamos produzir conteúdos relevantes com os estudantes do curso de Jornalismo e vamos agregar grupos de pesquisa que estão alinhados com o tema. Com esta convergência de forças, temos certeza de que seremos um espaço relevante nacionalmente e internacionalmente sobre mobilidade e tecnologia”, complementa.
A adesão dos carros elétricos, assim como bicicletas ou patinetes elétricos, pode transformar as cidades profundamente. De acordo com Pellanda, o principal fator que incentiva a mudança é a não poluição do ar:
“Cidades com ar mais puro não só ajudam globalmente no controle do aquecimento, mas também permitem uma menor incidência de doenças respiratórias na população. Além disso, carros, ônibus e caminhões elétricos podem fomentar o exercício ao ar livre e também o uso das bicicletas convencionais, já que a poluição é um dos fatores que impede as pessoas de pedalarem em vários centros urbanos”.
Outro benefício é em relação à poluição sonora. Com os veículos elétricos, as cidades ficariam com menos ruídos, permitindo uma melhor qualidade de vida e pessoas menos estressadas. Além disso, Pellanda também destaca que os prédios históricos sofreriam menos com a fuligem oriunda dos canos de descarga de veículos tradicionais.
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O Programa de Pós-Graduação (PPG) em Comunicação e o PPG em Educação têm uma colaboração por meio do grupo de pesquisa em Cinema, Audiovisual, Tecnologias e Processor Formativos, do qual a professora da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos Cristiane Freitas Gutfreind participa. Com a liderança do também professor da Famecos João Barone, o grupo propõe discussões que perpassam justamente a relação entre o cinema, a educação e o uso de filmes em sala de aula.
O grupo de pesquisa se dispõe a realizar a curadoria de filmes que possam auxiliar o ensino de diferentes disciplinas, como história, artes e literatura, mas também geografia, matemática e biologia. Os integrantes também realizam diversos workshops para professores de ensino fundamental e médio para capacitação qualificada de filmes em sala de aula e participam de cineclubes formativos.
A pesquisadora Cristiane explica que a imagem tem uma grande influência na formação da sociedade na contemporaneidade. O uso de filmes desperta nos alunos e alunas uma leitura do audiovisual, assim gerando uma capacidade crítica do olhar e possibilitando distinguir as diferenças entre as imagens e sons.
Com o apoio do Tecnopuc Tecna, foram oferecidas oficinas com professores da rede pública de Viamão, por exemplo. A atividade foi ministrada pelos doutorandos do grupo de pesquisa com supervisão dos professores responsáveis. Foi um dia com professores de ensino fundamental e médio de diversas escolas públicas de Viamão. De acordo com a professora Cristiane, o objetivo era capacitar esses educadores para o uso de audiovisual nas salas de aula, passando pela teoria, uso técnico das ferramentas de exibição e disponibilidade de onde encontra o material.
Outra atuação do grupo é o fomento à pesquisa, com participações em bancas, produção de artigos científicos e apresentação de trabalhos em eventos com interface entre cinema e educação. Dos estudos que estão sendo realizados, destacam-se a tese da doutoranda do PPG em Comunicação Juliana Costa e a tese de doutorado já defendida da egressa Gabriela Peruffo.
Para o ambiente escolar, Cristiane ressalta a importância de considerar diversos fatores no momento de decisão de qual filme irá se encaixar melhor na proposta. “É preciso dar atenção ao tempo que será exibida a imagem, qual é o equipamento disponível, a faixa etária dos estudantes, o tema de interesse para aula, então, não temos uma fórmula”, destaca a docente.
Filmes despertam nos estudantes uma leitura do audiovisual, uma capacidade crítica do olhar / Foto: Envato Elements
O cinema é responsável por nos apresentar histórias e narrativas audiovisuais que nos tocam e prendem em horas de entretenimento e emoção. Conhecidos como a sétima arte, os filmes e séries nos sensibilizam, encantam e nos fazem refletir. Porém, outro caráter importante da obra cinematográfica é ensinar.
A professora Cristiane Gutfreind pesquisa cinema, estética e política com uma interface com a educação, a partir de processos formativos. De acordo com a docente, os filmes são uma ferramenta que auxiliam o aprendizado de forma lúdica. “Com os filmes é possível fazer analogias e associações, possibilitando ao estudante desenvolver uma capacidade reflexiva e crítica”, complementa.
Quase metade da população mundial, cerca de 3,8 bilhões de pessoas, utiliza de alguma forma as mídias sociais. O dado é um dos resultados da pesquisa desenvolvida pelo professor Cláudio Sampaio, da Escola de Negócios, que analisa o engajamento do cliente nas redes sociais. Intitulado Customer engagement in social media: a framework and meta-analysis (Engajamento de clientes/consumidores nas mídias sociais: modelo e metanálise), o estudo conduzido pelo docente, em parceria com outros pesquisadores, foi publicado recentemente no Journal of The Academy of Marketing Science, um dos principais periódicos mundiais de marketing, e na Keller Center for Research da Baylor University, fonte confiável de pesquisa acadêmica na área.
A pesquisa aponta que a importância do envolvimento do cliente por meio da mídia social disparou nos últimos anos. Médias e grandes empresas do mundo todo investem cerca de 11% de seus orçamentos de marketing visando especificamente plataformas de mídia social como Twitter, Instagram, Facebook, Pinterest e LinkedIn.
O professor Cláudio Sampaio explica que esses investimentos não são realizados apenas com o objetivo de aumentar as compras imediatas, mas também para criar confiança, compromisso e para construir relacionamentos positivos de longo prazo com seus clientes
Os estudos realizados até então encontraram evidências inconclusivas para sugerir que o engajamento do cliente equivale a um aumento positivo no desempenho da empresa. Assim, as empresas têm cada vez mais dificuldade em medir o retorno financeiro desse marketing de mídia social voltado para a criação de um envolvimento significativo com o cliente.
A pesquisa Customer engagement in social media: a framework and meta-analysis foi idealizada com o objetivo de sintetizar as múltiplas perspectivas da literatura de engajamento do cliente nas mídias sociais. O artigo apresenta uma análise empírica abrangente dos motivadores e consequências do engajamento do cliente, sugerindo sob quais condições esse engajamento nas mídias sociais é mais ou menos eficaz.
Os resultados do projeto revelam que o engajamento do cliente nas mídias sociais é impulsionado pela satisfação, emoções positivas e confiança, mas não pelo comprometimento. A satisfação é um indicador mais forte do engajamento do cliente em alta (vs. baixa) conveniência, B2B (vs. B2C) e Twitter (vs. Facebook e Blogs).
Sampaio explica os resultados sobre as principais plataformas de mídia disponíveis. Por exemplo, com a pesquisa, o Twitter é indicado como a plataforma de mídia mais provável para melhorar o engajamento do cliente por meio da satisfação e emoções positivas. A rede oferece um mecanismo rápido e eficaz de comunicação via mídia social, devido ao seu limite padrão de contagem de palavras.
Já o Facebook, por outro lado, está atualmente sofrendo um declínio de 50% no envolvimento do cliente como resultado de feeds de notícias informativas e da falta de confiança do usuário. No caso do Instagram, são escassos os dados disponíveis para estabelecer relações claras de engajamento do cliente, já que a plataforma ainda é relativamente nova.
Com o estudo, notou-se que o engajamento do cliente também tem um valor substancial para as empresas, impactando diretamente o desempenho da marca, a intenção comportamental e o boca-a-boca. Assim, o consumo ligado a afetividades, sentimentos e simbologias (hedônico) rende um engajamento quase três vezes mais forte do cliente para os efeitos do desempenho da empresa do que aquele consumo voltado a certo objetivo (utilitário).
Porém, como ressalta o professor, ao contrário da sabedoria gerencial convencional, o boca-a-boca não melhora o desempenho da empresa nem media os efeitos do engajamento do cliente no desempenho da empresa.
“As descobertas desta pesquisa ajudam a resolver inconsistências em trabalhos anteriores, testando se o envolvimento do cliente é motivado por satisfação, emoções positivas, confiança e comprometimento”, complementa Sampaio.
A pesquisa foi publicada no Keller Center Research Report (KCRR), periódico que apresenta as principais publicações acadêmicas do mundo nas áreas de marketing, vendas, gestão, tecnologia e ética. O KCRR é desenvolvido pela Keller Center for Research da Baylor University, dos Estados Unidos, considerada uma fonte confiável de pesquisa acadêmica de ponta posicionada para que as empresas utilizem conteúdo acadêmico relevante e imparcial da revista para informar e aprimorar suas práticas de negócios, em especial para o setor imobiliário. Está ligado a Hankamer School of Business que possui diferentes programas bem classificados entre as universidades americanas de negócio, combinando aprendizagem em sala de aula, experiência prática no mundo real, uma base sólida em valores éticos e uma visão global.
A pesquisa ainda recebeu o prêmio de Melhor Artigo em Marketing Publicado em Periódicos Internacionais no IX Encontro de Marketing (EMA 2021) promovido pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad). Apesar de a publicação ser recente, o artigo já possui mais de 50 citações de acordo com o Google Scholar.
Nesta segunda-feira, 29 de novembro, foi divulgada a oitava edição do Índice de Desenvolvimento Estadual – Rio Grande do Sul (iRS). O estudo, realizado em parceria entre a PUCRS e o jornal Zero Hora, avalia a qualidade de vida nos Estados a partir das dimensões padrão de vida, educação e segurança e longevidade. O levantamento desta edição utiliza dados de 2019, os mais recentes disponíveis para todas as variáveis.
Coordenador da pesquisa, o professor da Escola de Negócios da PUCRS Ely José de Mattos destaca que o estudo possui como objetivo contribuir com o debate sobre o desenvolvimento humano no Estado. “Mais do que o resultado em si, o debate multidimensional sobre desenvolvimento é fundamental. E o iRS também cumpre o papel de aproximar a Universidade da comunidade, uma vez que produzimos conhecimento que é amplamente compartilhado”, afirma Mattos.
O iRS varia de zero a um, nos mesmos moldes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Quanto mais próximo de um, melhor o desempenho de cada região. Após dois anos consecutivos na sexta colocação, o Rio Grande do Sul retomou a quinta posição no indicador geral, subindo de 0,652, em 2018, para 0,661 em 2019. Já a média nacional passou de 0,617 para 0,625.
A dimensão de Educação foi a única em que o Estado subiu posições nos rankings específicos do iRS. Nesse indicador, o Rio Grande do Sul saltou de 0,585, em 2018, para 0,611 em 2019. Com a melhora, o Estado passou da 16ª para a 12ª posição.
Nessa dimensão, as variáveis adotadas analisam o desempenho dos estudantes nas séries iniciais, o grau de distorção entre a idade ideal e a efetiva do Ensino Médio e a taxa de matrícula nessa etapa.
Saiba mais sobre a análise desta dimensão.
Apesar de manter a quinta colocação no ranking da dimensão de padrão de vida do iRS, o Estado teve queda no indicador. O recuo foi de 0,629, em 2018, para 0,603 em 2019. A retração da renda média da população, que teve queda pelo segundo ano consecutivo, segue sendo a variável que mais impacta no padrão de vida. Já os índices de ocupação e de desigualdade se mantiveram praticamente estáveis, com uma pequena retração.
Saiba mais sobre a análise desta dimensão.
Prevista para 2022, a próxima edição do estudo será a primeira com dados coletados durante a pandemia. De acordo com as projeções, os indicadores de padrão de vida e Educação devem ser os mais afetados pelos efeitos da crise sanitária.
“Esta edição do iRS se refere ao ano de 2019 – que é o período mais recente para as variáveis que utilizamos no cálculo. Então, estamos falando do período pré-pandemia. No ano que vem, quando lançarmos a edição referente ao ano 2020, aí sim teremos uma fotografia da situação dos estados brasileiros face às consequências da pandemia”, comenta Mattos.
O professor também ressalta que ainda é difícil projetar como os indicadores do Estado se sairão no contexto da pandemia. “Como o fenômeno atingiu todos os Estados – ainda que com alguma heterogeneidade – precisaremos avaliar como os governos estaduais, através das suas medidas, foram efetivos em amenizar os efeitos da pandemia sobre a sua população. Sabemos que, de modo generalizado, as dimensões padrão de vida e educação foram fortemente atingidas. Precisaremos analisar, portanto, o desempenho relativo entre as unidades da federação”.
Confira os dados completos da 8ª edição do iRS.
Um projeto de pesquisa realizado pelo Laboratório de Avaliação e Pesquisa em Atividade Física (Lapafi) da Universidade, em parceria com a UFRGS, visa investigar os efeitos do exercício chamado caminhada nórdica em pacientes que possuem Parkinson. Coordenado pelo professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS Rafael Baptista, o grupo utiliza os resultados obtidos em discussões acerca da reabilitação desse público, utilizando como base os parâmetros de marcha e energia mecânica na execução do exercício físico.
Publicado no Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, uma das mais importantes revistas científicas da área, o projeto consagrou a parceria entre os dois grupos de pesquisa envolvidos. Apesar de já terem sido encontrados alguns resultados, Baptista conta que ainda serão feitas pesquisas futuras para avaliar as respostas antes e depois das intervenções de exercícios, em especial no público idoso. Além disso, deve ser realizada uma análise para compreender os pontos fortes e fracos da corrida nórdica para pessoas com doença de Parkinson.
A caminhada nórdica é um tipo de intervenção de exercício que usa um modelo de bastões especificamente projetado e conta com a contribuição dos membros superiores do corpo. Com isso, a técnica auxilia o deslocamento do corpo ao se movimentar para a frente, gerando duas ações de propulsão adicionais ao ciclo da marcha.
Os efeitos da caminhada nórdica na doença de Parkinson já foram objeto de estudo de outros grupos de pesquisa, os quais sugerem que ela pode ser benéfica em vários aspectos. Uma vez que eleva a velocidade máxima da caminhada, proporciona uma simetria entre os lados afetados e não afetados pela doença e induz o paciente a ter menos variação no comprimento da passada ao realizar o exercício de caminhada, aumentando a amplitude de movimento do joelho e do quadril. Segundo Baptista, essas mudanças possuem um impacto coletivo na melhoria da capacidade funcional dos pacientes e na redução dos sintomas motores da doença.
Os testes de caminhada conduzidos pelo professor Baptista foram realizados com 11 pessoas que possuíam, em média, 65 anos, e eram portadoras de doença de Parkinson idiopática, medidas na escala Hoehn e Yahr com pontuação entre 1 e 1,5. Além disso, fizeram parte do estudo outros nove participantes saudáveis com 70 anos em média. Todos os participantes eram experientes em caminhada nórdica e os exercícios foram realizados com velocidade de 1,8Km/h e 4,7Km/h, utilizando oito plataformas de força 3D em uma passarela no Lapafi.
Com os resultados foi possível notar que pessoas com doença de Parkinson demonstram alguns ajustes específicos de marcha que são diferentes daqueles observados no público saudável, devido às restrições causadas pelos sintomas da doença. Baptista ressalta que o estudo contribui para o corpo de evidências que sugerem que ajustes mecânicos específicos ocorrem em indivíduos com doença de Parkinson:
“Pudemos apresentar mais evidências sobre o assunto, além de proporcionar evidências científicas para médicos, fisioterapeutas e profissionais de Educação Física no que tange à prescrição de exercícios físicos e reabilitação para os pacientes com esta doença. Por fim, tudo isso auxilia a abrir perspectivas para novos estudos que possam trazer mais avanços no conhecimento e gerar novas formas de intervenção e tratamento”, avalia o professor.
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que mede a inflação oficial do País, atingiu 1,25%, no mês de outubro, o maior número desde 2002. Com isso, o IPCA atingiu 10,67% nos últimos 12 meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Coordenador do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Economia do Desenvolvimento, o professor Augusto Mussi Alvim explica que a política econômica brasileira no século 21 sempre esteve marcada por uma orientação pelo controle da inflação através das metas definidas pelo Banco Central.
“De uma maneira geral, independentemente da legenda partidária no governo federal brasileiro, a política de metas de inflação tem sido fundamental para seu controle. Em 2021, a meta é de 3,75% e a expectativa para inflação supera os dois dígitos, o que contribui para que boa parte dos agentes já apostem em maiores reajustes de preços. Se consideramos desde o plano Real, o IPCA somente superou os dois dígitos em 1995, com 22,41% a.a.; em 2002, com 10% a.a.; e em 2015, com 10,67% a.a.”, destaca.
Analisando inicialmente cenário global, a pandemia da Covid-19 contribuiu para mudanças significativas e estruturais em diversas instâncias, como na organização das cadeias de valor globais e regionais, na organização do mercado e do espaço de trabalho, na forma de fazer negócios e no consumo e investimentos na maior parte dos países do mundo. Essas alterações têm desencadeado oscilações generalizadas nos preços, que no curto e médio prazo se apresentam como um desalinhamento entre o poder de compra e os preços dos produtos.
No Brasil, uma série de fatores contribuem para o aumento da inflação. De acordo com a professora do PPG em Economia do Desenvolvimento, Izete Pengo Bagolin, alguns exemplos são os aumentos nas taxas de juros e nos preços dos combustíveis – que afetam tanto os gastos das famílias quanto os custos de produção de diversos produtos. Além disso, há um aspecto que ainda é herança do histórico inflacionário pré-regime de metas de inflação que reajusta diversos preços com base na inflação.
O principal efeito da inflação está no poder de compra imediato das pessoas, afetando o planejamento e a capacidade de investimento da população. “Além de conseguir comprar menos no supermercado, as pessoas pagarão mais juros em prestações, terão mais dificuldade de pagar dívidas, enfrentarão maiores reajustes de mensalidades das escolas e diversos outros problemas”, explica a professora Izete.
Este impacto é ainda mais intenso nas classes mais pobres da sociedade, que dependem da renda para necessidades básicas, como explica o professor Augusto. Ele pontua que a elevação dos preços também contribui para o aumento da desigualdade social brasileira, intensificada neste tempo de pandemia.
“Como não foram realizadas mudanças estruturais no País como, por exemplo, a reforma tributária e fortes investimentos em educação, para alcançar níveis de excelência no ensino básico e médio público, nos momentos de crise (pandemia) o País tende a voltar a mostrar alguns problemas antigos, como elevado custo de produção, elevada desigualdade social e inflação”, observa.
As medidas para evitar a inflação no País a curto prazo são restritas e nada fáceis no atual contexto, em função das causas estarem ligadas a fatores externos ou legais, como explicam os especialistas da Escola de Negócios. A professora Izete Bagolin acredita que a situação no próximo ano não deve se alterar de forma muito significativa em relação ao cenário de 2021.
“Apesar da melhoria do quadro sanitário do País, o próximo ano será difícil em função do ambiente político e incertezas eleitorais. Possivelmente, uma retomada mais consistente, com investimentos de longo prazo, atração de investimento estrangeiro e crescimento econômico mais expressivo só serão possíveis ocorrer quando o ambiente institucional interno melhorar”, sugere.
Já o professor Augusto Alvim pondera as grandes lições que a pandemia trouxe para a população brasileira. “Independentemente das ações do setor público, a sociedade do nosso País mostrou a capacidade de se organizar e cooperar em momentos de extrema dificuldade. E, em tempos de estagflação, torna-se ainda mais importante relembrar como é importante criar novas formas de trabalho, de negócios e de ações colaborativas. Por isso, acredito que 2022 seja um ano de readaptação e de busca por novas oportunidades de negócios e trabalhos, com mudanças positivas para o povo brasileiro”, anseia.
No Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento da Escola de Negócios da PUCRS, o assunto é tema de diversas pesquisas. A tese de doutorado de Marívia de Aguiar Nunes, com orientação do professor Augusto Mussi Alvim, abordou a política monetária brasileira no período pós-metas de inflação, realizando uma avaliação da regra de Taylor, uma estimação da taxa de juros real neutra e uma análise dos impactos do crédito direcionado.
Já a tese de doutorado de Eduardo Rodrigues Sanguinet analisou a geografia da integração nas cadeias globais de valor e as oportunidades de desenvolvimento na América Latina, contou com orientação do professor Augusto Mussi Alvim e do professor Miguel Atienza, da Universidade Católica do Norte, do Chile.
Sanguinet, orientado pelos professores Miguel Atienza, Augusto Mussi Alvim e também Adelar Fochezatto, ainda publicou um estudo neste ano no qual foram realizadas simulações hipotéticas das decisões da política de mitigação da Covid-19 para compreender os impactos regionais na integração nas cadeias de abastecimento, considerando as cadeias de valor nacionais e globais.
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O doutor pelo programa de Pós-Graduação em História da PUCRS, Waldemar Dalenogare Neto, foi o vencedor do Prêmio Fulbright-Capes de Tese, com a pesquisa Os Estados Unidos e a Operação Condor, realizada sob orientação do professor Helder Gordim da Silveira. Para concorrer à honraria, o departamento de cada Universidade seleciona seus melhores trabalhos e os submete ao prêmio. Os vencedores a nível nacional, como Waldemar, recebem uma bolsa de pós-doutorado nos EUA.
Para Helder, orientador da tese, essa premiação é importante por representar o reconhecimento nacional e internacional da qualidade e da relevância dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos na Pós-Graduação da PUCRS.
A Operação Condor foi uma campanha promovida pelos Estados Unidos que esteve intimamente relacionada com as ditaduras militares do Cone Sul, como a brasileira, a chilena e a argentina, promovendo ações de terrorismo de Estado. Embora seja um tema já conhecido, a tese de Waldemar possui um ineditismo:
“Por muitos anos esses arquivos que utilizei (da CIA, do Departamento de Estado e das embaixadas) ficaram fechados para acesso e eu consegui essa liberação, através de um processo que iniciei já na minha pesquisa de mestrado. Foi um planejamento a longo prazo”, afirma o pesquisador.
A ideia de Waldemar é realizar um comparativo entre as gestões de diferentes presidentes dos Estados Unidos: os conservadores Richard Nixon e Gerald Ford, que tiveram Henry Kissinger como secretário de Estado, e o governo do democrata Jimmy Carter, que apresentou uma pauta voltada aos Direitos Humanos.
O pesquisador acredita que sua pesquisa poderá auxiliar nos debates historiográficos na Argentina, no Chile e no Brasil, em especial em relação aos crimes cometidos durante as ditaduras e sobre o papel dos Estados Unidos nesses regimes: “Por muitos anos, a administração dos presidentes Nixon e Ford, em especial o secretário Kissinger, afirmaram nunca ter cometido crime algum nesses países. A partir dessas primeiras descobertas, e existe material para mais pesquisas, outros acadêmicos poderão ser motivados a estudar esse assunto”.
“É um avanço significativo no conhecimento sobre um tema de enorme importância científica e social para todo o continente americano e para o Ocidente”, complementa o orientador, professor Helder.
Waldemar realizou toda a sua trajetória acadêmica na PUCRS: a graduação, em que obteve láurea acadêmica, o mestrado e o doutorado, ambos obtidos com louvor. “Eu sempre tive apoio da Universidade em todos os meus projetos. Fiz várias viagens para os Estados Unidos durante minha pós-graduação e sempre contei com o apoio da equipe da pós-graduação para conseguir realizá-las. Só tenho coisas boas a falar sobre a instituição que me possibilitou um grande crescimento profissional”, comenta.
O Projeto Institucional de Internacionalização da PUCRS é voltado para estudantes da Pós-Graduação que desejam realizar seus estudos no exterior. Ele possui três temas prioritários que contam com a participação de professores de diferentes áreas do conhecimento: Saúde no Desenvolvimento Humano, Mundo em Movimento: Indivíduos e Sociedade e Tecnologia e Biodiversidade: Sustentabilidade, Energia e Meio Ambiente. Com ele, é possível ter uma experiência internacional, ampliando ainda mais os conhecimentos envolvidos em uma pesquisa.
Se você se interessa por História e, assim como o Waldemar, deseja realizar mestrado e/ou doutorado na área, as inscrições para o programa de Pós-Graduação em História vão até o dia 12 de novembro!
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A pesquisa biográfica Memórias individuais e coletivas da escravidão e do comércio de escravos: uma comparação contrastiva de diferentes comunidades, gerações e agrupamentos em Gana e no Brasil, desenvolvida, no Brasil, pelo professor Hermílio Santos e pelas estudantes Raphaela Pereira Dellazeri e Giorgia Moreira, será financiada pela Deutsche Forschungsgemeinschaft (DFG), a principal agência alemã de fomento à pesquisa.
O estudo é realizado utilizando métodos das sociologias do conhecimento e da figuração para reconstruir as interrelações entre diferentes práticas de memória, a individual e a coletiva. O objetivo é comparar a memória sobre a escravidão em diferentes regiões, gerações e agrupamentos em Gana e no Brasil. Para isso, serão realizadas entrevistas familiares (se possível, com várias gerações de uma mesma família), discussões em grupo e entrevistas temáticas ou etnográficas com visitantes e guias em espaços de memória. O projeto, que será realizado entre 2022 e 2025, conta com uma equipe de pesquisadores de diferentes países:
No Brasil e em Gana, as memórias sobre a escravidão estão presentes tanto a nível individual quanto coletivo, com muitas pessoas conhecedoras do fato de que seus ancestrais foram escravizadores ou escravizados. No entanto, dentro de cada país, as atitudes em relação a essa história são muito diferentes e, por vezes, controversas. Contrastando essas narrativas, é possível examinar de perto essas diferenças e mostrar como elas se devem a diferentes trajetórias históricas e configurações sociais em mudança.
Como recorte geográfico, são estudadas as cidades ganesas de Elmina e Cape Coast, de onde partiam os navios negreiros, e duas regiões do norte do país, onde pessoas foram capturadas e vendidas no mercado de escravos. Já no Brasil, o trabalho focará na região litorânea de Salvador, na Bahia, em que a maioria dos atuais habitantes são descendentes de ex-escravizados, e na região de Pelotas, onde a população descende, em sua maioria, de europeus.
O projeto aprovado para o financiamento da DFG teve origem em uma parceria entre o professor Hermílio (PUCRS) e a professora Gabriele (Universität Göttingen) em uma iniciativa de internacionalização do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, com financiamento da Fapergs que tem como objetivo a difusão na sociologia brasileira da abordagem reconstrutiva de pesquisa biográfica. Fazem parte dessa iniciativa, além do projeto que receberá o financiamento alemão, a pesquisa Herdeiras: Narrativas Biográficas de Três Gerações de Mulheres Pretas e a produção da série Herdeiras.
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A PUCRS participa de diversos programas de internacionalização em cooperação com universidades alemãs. Inclusive, em parceria com a UFRGS, é sede do Centro de Estudos Europeus e Alemães. Em relação à Universität Göttingen, o acordo de cooperação é mantido desde 2014. Desde esse ano, a PUCRS tem recebido anualmente estudantes de pós-graduação em Ciências Sociais e encaminhado doutorandos para participar de atividades de treinamento no método de narrativas biográficas. Além disso, estudantes da graduação também tiveram a oportunidade de realizar mobilidade acadêmica com financiamento da Universidade alemã.
Os pesquisadores do projeto agraciado com o financiamento da DFG também fazem parte dessa história. Hermílio já foi pesquisador visitante na instituição no exterior e Gabriele já esteve presente na PUCRS proferindo paletras, seminários e como professora visitante junto ao PPGCS. Ela já publicou duas obras pela Edipucrs, ambas com apresentação e revisão técnica da tradução realizadas por Hermílio.
Saiba mais sobre internacionalização no site da PUCRS Internacional.
Teve início nessa segunda-feira, dia 4 de outubro, a 22ª edição do Salão de Iniciação Científica da PUCRS. Neste ano, 686 estudantes participarão da semana de socialização de atividades de pesquisa que segue até a próxima sexta-feira, dia 8. A cerimônia de abertura foi conduzida pelo coordenador de Iniciação Científica Júlio César Bicca-Marques e contou com a palestra Avaliando percepção em faces: Uma abordagem computacional, apresentada pela professora da Escola Politécnica Soraia Raupp Musse.
O encontro contou com a participação do vice-reitor Ir. Manuir Mentges; do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Carlos Eduardo Lobo e Silva; da coordenadora de Programas Acadêmicos do CNPq, Lucimar Batista de Almeida; e do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS (Fapergs), Odir Dellagostin.
Em sua fala de acolhimento, o vice-reitor da PUCRS reforçou a importância da iniciação científica como caminho para a inovação e o empreendedorismo, levando ao desenvolvimento do estudante enquanto pesquisador. Mentges afirmou ainda que a partir da vivência, o aluno tem a oportunidade de atuar na geração de soluções para problemas concretos da sociedade.
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Carlos Eduardo Lobo e Silva agradeceu o apoio da Fapergs e do CNPq no desenvolvimento dos futuros cientistas e reforçou a relevância do evento para o Rio Grande do Sul como oportunidade de compartilhamento de conhecimento e momento de formação para a geração futura de cientistas. Além disso, apresentou o Programa G+1, nova iniciativa da Universidade para que o aluno possa viver a experiência do mestrado durante a graduação. Por meio da novidade, o estudante poderá concluir o mestrado com apenas mais um ano de estudo após o término da graduação. Para isso, ele precisa ter cursado, pelo menos, 50% dos créditos do seu curso de graduação e cumprir com os requisitos previstos no edital de seleção do Programa de Pós-Graduação de seu interesse.
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Na palestra de abertura, a professora Soraia Raupp Musse apresentou algumas pesquisas conduzidas no Laboratório de Visualização de Humanos Virtuais (VHLab). Soraia destacou a presença de bolsistas de Iniciação Científica que integram os projetos de pesquisa do grupo.
O VHLab se interessa por problemas de simulação e de percepção de humanos virtuais. “Se por um lado queremos simular a fim de criar cenários que não existem, por outro lado queremos entender como essas imagens são percebidas e compreendidas por nós”, explica a pesquisadora. Indo do reconhecimento facial ao reconhecimento de emoções, os projetos desenvolvidos buscam relacionar os estilos faciais com características emocionais e como isso tem sido trabalhado na área da computação gráfica.
O encontro é voltado a bolsistas de Iniciação Científica e seus orientadores, vinculados a instituições de ensino de todo o Brasil. O evento busca proporcionar o intercâmbio de conhecimentos e dos resultados das pesquisas desenvolvidas pelos bolsistas de Iniciação Científica em projetos orientados por pesquisadores. Além de promover a divulgação da pesquisa no âmbito da graduação da Universidade e da comunidade científica e acadêmica em geral, e incentivar a participação dos alunos de graduação em programas de Iniciação Científica.
Na sexta-feira, dia 8 de outubro, às 18h30min, acontece a cerimônia de encerramento com a palestra Quais deveriam ser os conselhos de Cajal para jovens pesquisadorxs em 2021?, conduzida pelo professor da Escola de Medicina Rodrigo Grassi de Oliveira. Neste encontro também serão divulgados os destaques do evento deste ano. Saiba mais no site do evento.
Que mulher nunca quis ter o corpo dos sonhos? A pressão estética afeta mulheres desde a infância, fazendo com que passem a viver relações complexas com seus próprios corpos. As redes sociais estampam a vida perfeita: imagens editadas semelham a vida real e é cada vez mais difícil ver pessoas sem filtros. De que forma isso impacta na percepção do gênero feminino sobre si mesma? Tentando encontrar essas respostas, estudantes do curso de Publicidade e Propaganda elaboraram a pesquisa Mídias Sociais e a Relação das Mulheres com a sua Aparência.
Se anteriormente o ideal de corpo era de modelos que estampavam as capas de revista, hoje em dia os influenciadores das redes sociais ocupam esse papel. “Recebo pacientes que chegam com fotos de si mesmos com filtro e falam ‘eu quero ficar com a boca assim’. Em muitos casos, são bocas impossíveis de serem feitas”, comenta a cirurgiã plástica Renata Vidal, em entrevista à revista Elle.
“Antes, as formas de comunicação eram muito mais tranquilas. Era uma revista, a televisão… Eram itens que faziam parte do entretenimento das pessoas, mas existia um certo afastamento, você sabia que eram celebridades. Era algo inalcançável. Hoje em dia, com acesso facilitado para a comunicação em rede, a gente percebe que a Natália, de Porto Alegre, se compara com a Kylie Jenner, que tem idade semelhante, mesmo que as realidades sejam muito diferentes, e começa a querer ser como ela”, explica Natália Manquevick, uma das responsáveis pelo estudo.
O grupo percebeu que o Instagram é a rede social mais utilizada pelas mulheres que participaram do estudo e três pontos induzem a busca por procedimentos estéticos:
Embora as mulheres sigam celebridades que falam abertamente sobre os procedimentos realizados por elas, são pessoas do seu próprio ciclo social que têm a maior influência sobre as decisões. Nesse caso, pessoas famosas servem como inspiração e conhecidos que já ocuparam o posto de pacientes atuam como “especialistas por experiência”.
Tainá, de 34 anos, mesmo sem cirurgia, já pensou em fazer uma rinoplastia. Sua insatisfação com o nariz surgiu ainda durante a infância:
“Minha mãe brincava de apertar o meu nariz, ela vinha ‘deixa eu apertar para afinar ele’, eu achava engraçadinho, porque era criança. Hoje em dia, percebo que desde lá já era uma negação ao aspecto da pele, da genética, das nossas origens”, conta.
Acredita-se que as insatisfações das mulheres com a aparência e o corpo são mais expressivas pela influência e o impacto de vivências passadas na infância e na adolescência. Nessa fase, em que a pessoa ainda está desenvolvendo sua personalidade, críticas e apontamentos feitos pela família têm impactos permanentes na autoestima.
As mídias sociais são responsáveis por expandir essas inseguranças e ampliar essa pressão estética, pois os filtros possibilitam corrigir aspectos físicos que causam incômodo e, a partir da satisfação com a imagem alterada, a possibilidade de corrigir verdadeiramente essas imperfeições se torna mais real.
GRADUAÇÃO PRESENCIAL
Tanto na fase qualitativa quanto na quantitativa da pesquisa participaram mulheres de 18 a 34 anos divididas em dois grupos geracionais: as mais novas, entre 18 e 24 anos, e as mais velhas, entre 25 e 34. Algumas diferenças entre ambas as faixas etárias ficaram em evidência, como:
Alguns aspectos, no entanto, se mostraram um consenso entre a maioria das entrevistadas ou respondentes da etapa quantitativa, independentemente da idade:
Com a pandemia, as pessoas passaram a se enxergar mais pelas telas, intermediadas por filtros, o que impactou muito na percepção das mulheres sobre si mesmas. Pesquisadores dos EUA já identificaram o que foi denominado dismorfia do Zoom, ou seja, uma ansiedade sobre a aparência individual causada pelas chamadas de vídeo.
Além disso, a possibilidade de trabalhar de casa durante o pós-operatório foi um dos impulsionadores para que mulheres realizassem intervenções cirúrgicas para modificar o rosto ou o corpo.
A maior parte das respondentes da etapa quantitativa da pesquisa acredita que esse mercado se expandirá no futuro, com um aumento na busca e na realização desses procedimentos. No entanto, apesar da pressão estética ser sentida pela maioria delas, a minoria das participantes do estudo realizou algum procedimento, embora as mais novas tenham pretensão de fazê-lo. A falta de desejo não é o principal agente desmotivador para essas intervenções, mas, sim, os altos valores das cirurgias e o medo de erros médicos e dos riscos.
O estudo Mídias Sociais e a Relação das Mulheres com a sua Aparência foi elaborado no primeiro semestre de 2021 dentro na disciplina de Projeto de Pesquisa de Mercado em Publicidade e Propaganda, sob orientação do professor Ilton Teitelbaum, pelas estudantes Ana Aguiar, Gabriela Machado, Maria Bitencourt e Natália Manquevick.
Para Natália, foi importante realizar essa pesquisa para compreender que o público não é homogêneo e que cada pessoa possui sua individualidade. Ainda, complementa que um dos motivos para a escolha do tema foi que as pesquisadoras não desejavam ser coniventes com a pressão estética, tornando importante compreender de que forma ela ocorre e quais são suas consequências na sociedade.
Após um mapeamento inicial da problemática, as estudantes realizaram a etapa qualitativa da pesquisa, que contou com entrevistas em profundidade com jovens de 18 a 34 anos com e sem procedimentos estéticos, a psicóloga Susana Gib, a cirurgiã plástica Gabrielle Adames e a “especialista por experiência” Jeane Pereira. Por fim, a etapa quantitativa teve 253 mulheres respondentes, moradoras de Porto Alegre e Região Metropolitana e pertencentes à faixa etária analisada.
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