Disciplina Empreendedorismo Digita é ofertada pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, da Escola Politécnica. / Foto: Divulgação Tecnopuc

De que forma as pesquisas desenvolvidas nos programas de pós-graduação da PUCRS podem gerar mais impacto na sociedade?  Essa é a provocação central da disciplina Empreendedorismo Digital: Transformando Conhecimento em Desenvolvimento, ofertada pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (PPGCC), da Escola Politécnica, mas que pode ser cursada por estudantes de todos os programas de pós-graduação da Universidade.     

Luiz Gustavo Leao Fernandes, diretor de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ) explica que acompanhando tendências dos cenários nacional e internacional, os cursos de mestrado e doutorado da PUCRS vêm cada vez mais apresentando oportunidades formativas que aproximem a pesquisa acadêmica da inovação e do empreendedorismo.

“Iniciativas como a disciplina de Empreendedorismo Digital do PPGCC são belas oportunidades de aproximação de diferentes áreas do conhecimento e lançamento de projetos interdisciplinares de empreendedorismo. Juntam-se a esta disciplina outras iniciativas, como o lançamento, em 2023, da possibilidade de os alunos de pós-graduação obterem créditos por atividades de inovação e empreendedorismo durante seus cursos e o Programa Hangar, que oferece a oportunidade para estudantes da pós-graduação stricto sensu aprenderem a transformar suas pesquisas em negócios”, destaca. 

Realizada ao longo de duas semanas durante o mês de janeiro, na modalidade intensiva, a edição de 2024 reuniu mestrandos e doutorandos de quatro programas: Ciência da Computação, Direito, Engenharia e Tecnologia de Materiais e Psicologia. Ministrada pelos professores Jorge Audy e Rafael Prikladnicki, superintendente de inovação e desenvolvimento e assessor da superintendência de inovação e desenvolvimento do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), respectivamente, a disciplina contou, ainda, com convidados para abordar tópicos específicos.     

Milene Selbach Silveira, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação destaca que oferecer oportunidades de formação sobre inovação e empreendedorismo permite tanto estimular a criação de novos negócios, quanto fomentar atitudes inovadoras e empreendedoras no dia a dia de mestrandos/as e doutorandos/as.

“Além deste foco, que é o cerne da disciplina, as trocas possibilitadas entre estudantes de diferentes áreas do conhecimento são outro fator fundamental. Cada vez mais temos estudantes de outros cursos em nossas disciplinas, trazendo suas vivências sobre o assunto, o que tem proporcionado discussões riquíssimas em sala de aula e oportunidades de realização de trabalhos conjuntos incorporando estes diferentes saberes e perspectivas”, declara.   

Foto: Divulgação Tecnopuc

Longe de ser uma proposta isolada, a disciplina é exemplo das oportunidades que os estudantes da PUCRS têm de vivenciar uma trajetória de inovação e empreendedorismo na Universidade, bem como de transformar seu conhecimento em impacto social positivo. Dentro dessa perspectiva, estão o Track Startup, que integra as sete Escolas da Universidade, o Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo e Inovação da PUCRS (Idear) e o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) com o objetivo de fortalecer o ecossistema de inovação.

A iniciativa envolve disciplinas nos diferentes cursos; eventos – como a Maratona de Inovação e o Tecnopuc Experience; programas, como o Startup Garage; e atendimentos individualizados pelas equipes do IDEAR e do Tecnopuc Startups. Na pós-graduação, destaca-se o Programa Hangar – direcionado a apoiar estudantes na transformação de seus projetos de pesquisa em negócios.      

Sobre as aulas 

Organizada em oito encontros e com carga horária total de 30 horas-aula, a disciplina Empreendedorismo Digital oferece uma imersão no ecossistema de inovação da Universidade. Mesclando aulas teóricas e práticas, os alunos aprendem sobre inovação e conhecem recursos para explorar suas pesquisas sob a ótica do empreendedorismo e do impacto.   

Na aula com a equipe do Tecnopuc Startups, por exemplo, o grupo aprendeu a montar um Lean Canvas – ferramenta de gerenciamento estratégico adaptada do Business Model Canvas para a realidade de startups, e a fazer um pitch – modelo objetivo e rápido de apresentação de negócios, projetos e ideias. Além da abordagem desses assuntos, realizada por Vinícius Becker e Pedro Lunelli, do Tecnopuc Startups, os estudantes tiveram um bate-papo com representantes de duas startups que integram o Tecnopuc: Débora Engelmann, da Whispers, e Julia Couto, da NoHarmAI. Em comum, ambos os negócios foram originados de pesquisas realizadas na Pós-Graduação.   

Também houve uma visita pelo Tecnopuc, guiada por Daniel Laguna, líder de prospecção, na qual o grupo pode conhecer mais a estrutura do Parque, bem como os programas nele desenvolvidos e as empresas integrantes do ecossistema – de startups a corporates. Já no último encontro, os alunos apresentaram seus projetos de pesquisa em um pitch de até cinco minutos, preparado a partir do Lean Canvas por eles preenchido. Uma banca composta por Pedro Lunelli, Gabriele Jeffman e Jéssica Rodrigues, do Tecnopuc Startups, avaliou as apresentações e destacou as conexões que os estudantes conseguiram fazer entre suas pesquisas científicas e a adaptação delas como propostas para o mercado.   

“Criamos essa disciplina após uma provocação e um convite do então coordenador do PPGCC, professor Luiz Gustavo – atual diretor de pós-graduação na PROPESQ. Desde então, sempre nos surpreendemos com a repercussão e o interesse genuíno dos alunos em conectar cada vez mais sua pesquisa com o impacto que ela pode gerar na sociedade. O fato de a cada ano aumentar o número de alunos de diversos programas de pós-graduação da Universidade que se matriculam demonstra o quanto esse tema é importante e necessário. E isso só aumenta a nossa responsabilidade de continuar discutindo inovação, desenvolvimento e impacto na sociedade em todos os níveis de ensino na PUCRS”, avalia Prikladnicki.   

Foto: Giordano Toldo

A avaliação feita pelo grupo de estudantes ao final das aulas vai ao encontro da fala do professor Rafael.

“A disciplina foi extremamente importante para mim, principalmente porque estou no primeiro semestre, ainda definindo o que pesquisarei. Entrei com muitas dúvidas e saio dela com muitas outras perguntas, mas são perguntas muito mais assertivas, que vão me direcionar para o lugar que quero ir. Isso já me ajudou muito. Fora a questão de toda essa mentalidade, desse ecossistema de inovação que a gente vivencia ao longo dessas duas semanas. Isso realmente é enriquecedor e motiva muito para criar coisas novas”, avalia Neverson Santos, que está no início do mestrado em Ciência da Computação.     

Gabriel Hamester, bacharel e mestre em Direito pela PUCRS e doutorando do segundo ano de Direito, compartilha da opinião do colega e destaca a possibilidade que a disciplina deu para os alunos testarem seus problemas de pesquisa de forma aplicável e de se relacionar com estudantes de outras áreas para criar soluções com base em suas descobertas acadêmicas: “Essa disciplina me trouxe certeza daquilo que quero pesquisar e, principalmente, aplicar. E o próprio Parque me dá a oportunidades de construir essa trilha e buscar efetivar esse problema. No meu caso, é um problema que envolve a sociedade e eu preciso buscar parceiros em outras áreas que vão contribuir”, enfatiza.   

Para além da disciplina   

Oferecida desde 2020, a disciplina já teve diferentes formatos: vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação e aberta a todos os pós-graduandos da PUCRS, bem como adaptada para necessidades específicas dos programas das escolas de Negócios, Direito e Medicina. Seus resultados têm sido observados para além dos créditos e desempenhos acadêmicos.   

Júnior César Alves, CEO e founder da Aidron, fez a disciplina enquanto estava no Mestrado em Ciência da Computação. Ele conta que já tinha começado a empreender, mas que as aulas abriram uma série de visões sobre como estruturar o modelo de negócios. Hoje, a startup do Júnior é integrante do Tecnopuc e vinculada ao NAVI – Hub de AI e Ciência de Dados liderado pelo Tecnopuc e pela Wisidea Ventures: “O principal diferencial é o networking que o Tecnopuc proporciona. São iniciativas de fomento nas startups, transcendendo de apenas um local onde me reúno com outros empreendedores. Fora as seções de mentoria que estão sempre dispostos a fazer”, declara o empreendedor.  

FAÇA MESTRADO OU DOUTORADO NA PUCRS

Repositório institucional da Biblioteca Central Ir. José Otão abriga a pesquisa científica e acadêmica da Universidade/ Foto: Bruno Todeschini

Muito além do ensino, a pesquisa acadêmica e científica também é um dos pilares fundamentais de uma universidade. E tão importante quanto os resultados destas pesquisas é o armazenamento e a disponibilização deles para que o conhecimento produzido esteja a serviço dos mais diferentes desafios da sociedade. Para isso, a Universidade possui uma plataforma especialmente destinada a este fim: o Repositório Institucional da PUCRS. Clarissa Selbach, bibliotecária responsável pelo Setor de Tratamento da Informação da Biblioteca Central Ir. José Otão, explica que se trata de um ambiente de armazenamento digital de acesso aberto que abriga e organiza a produção acadêmica, científica e cultural gerada.  

“A ferramenta possui arquivos digitais de artigos, trabalhos em anais, livros, capítulos de livro, teses, dissertações e os documentos institucionais de cunho público produzidos e selecionados pela Administração Superior da PUCRS como, por exemplo, estatutos, anuários, relatórios, entre outros”, explica ela.

O que um material precisa para entrar no repositório? 

O volume de conteúdo armazenado no repositório não é pouco: atualmente, a plataforma possui mais de 60 livros em texto completo, dez mil teses e dissertações defendidas nos Programas de Pós-Graduação (PPGs) da PUCRS, 500 capítulos de livros, nove mil artigos de periódicos e 3.500 trabalhos publicados em eventos. No entanto, há alguns requisitos necessários para que um material seja incluído no repositório: 

Qual a importância de um repositório institucional? 

O repositório é uma possibilidade de garantir a preservação da memória da produção acadêmica e científica da Universidade em formato digital, por tempo indeterminado. Além disso, é um ambiente seguro e controlado, independentemente de término de vínculo do autor com a instituição ou extinção da área de atuação. O software do repositório garante a estabilidade dos trabalhos, tornando a citação a ele tão confiável quanto um jornal acadêmico.  

Clarissa destaca que o repositório é fundamental para uma instituição como a PUCRS, em termos de visibilidade e acessibilidade, pois os trabalhos são disponibilizados de forma on-line e com acesso aberto, permitindo que sejam facilmente encontrados por meio de ferramentas de busca e bases de dados (no Google Scholar, por exemplo), contribuindo para a utilização destas informações pela comunidade

“Nossa ideia é fomentar esta ferramenta para que os professores e pesquisadores disponibilizem seus trabalhos em acesso aberto para que possamos incluir no Repositório. Quanto mais trabalhos publicados nele, melhor também a posição da PUCRS em rankings universitários. São diversos benefícios para a pesquisa acadêmica e a comunidade científica no geral”, pontua Clarissa.

Leia mais 

Para entender melhor o perfil da comunidade universitária da PUCRS, a Pró-Reitoria de Identidade Institucional (PROIIN) sob coordenação do Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista realizou pelo terceiro ano consecutivo a pesquisa “Quem é o Estudante da PUCRS?”. O estudo, que é realizado desde 2020 na Universidade, contou com a participação de estudantes maiores de 18 anos da graduação presencial. 

A pesquisa acompanhou os cenários de alunos e alunas de graduação presencial em meio às decorrências da pandemia e da ressocialização. Além de servir como uma forma de entender melhor as suas particularidades, a pesquisa se tornou mais um canal para que este público apresente suas sugestões para qualificação das estruturas de ensino, aprendizagem, trabalhabilidade, pesquisa, formação continuada e experiências no Ensino Superior. O objetivo central do estudo é acompanhar longitudinalmente, em um período de cinco anos, as variações dos dados sociodemográficos, socioeconômicos, educacionais, culturais e comportamentais da população de graduação da Universidade.  

O relatório deste ano, com dados coletados em 2022, apresenta os detalhamentos da pesquisa, alguns dados gerais da população de estudantes de graduação e os achados quantitativos e qualitativos coletados no terceiro ano de estudo. O documento destaca também análises comparativas com os anos anteriores e aponta insights gerados do estudo global. O documento completo está disponível neste link. 

Os resultados vêm subsidiando estruturas de gestão estratégica e iniciativas das unidades acadêmicas, possibilitando a compreensão das percepções do corpo discente nas suas particularidades e necessidades. 

Foto: Giordano Toldo

Veja alguns destaques da pesquisa: 

Aprendizados e pontos de melhoria  

Além de respostas quantitativas, ou seja, aquelas que focam em números, a pesquisa também busca entender os pontos qualitativos da Universidade. Entre os que merecem mais atenção e são destacados no estudo estão: 

Participe da nova edição da pesquisa 

Estudantes de graduação maiores de 18 anos e com matrícula ativa na Universidade podem responder a quarta edição da pesquisa “Quem é o/a Estudante da PUCRS” até o dia 29 de outubro.  

Clique e responda a pesquisa

Luisa Fernanda Habigzang, professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida/ Foto: Arquivo pessoal

O Grupo de Pesquisa Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUCRS vem desenvolvendo tecnologias sociais com objetivo de qualificar a atuação de profissionais que atuam com populações em situação de vulnerabilidade social. Crianças, adolescentes, mulheres, pessoas idosas e população LGBTQIAP+ que experienciaram violência familiar e comunitária são o principal público-alvo. 

Segundo a professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Luisa Fernanda Habigzang, as tecnologias sociais podem ser definidas como as técnicas e metodologias de transformação social através de processos de inclusão, melhoria da qualidade de vida das pessoas e garantia de direitos, propondo a solução de um problema social. Alguns exemplos de tecnologias sociais podem envolver programas sistêmicos de qualificação de profissionais, intervenções para geração de trabalho e renda, equipamentos de baixo custo para resolução de problema social, intervenções para prevenção de saúde, entre outros.  

Dessa maneira, no processo de desenvolvimento e avaliação das tecnologias sociais para capacitação já existentes, o grupo vem atuando em parceria com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Secretaria da Educação e com o Comitê Interinstitucional de Enfrentamento à Violência contra Mulher do Rio Grande do Sul. Assim, está presente em diferentes frentes, entre elas:  

Com isso, professores, enfermeiros, epidemiologistas, sanitaristas, psicólogos e assistentes sociais já foram capacitados pelas iniciativas do grupo de pesquisa, conectando o espaço acadêmico ao social.  

“O investimento em tecnologias sociais é um importante caminho para a articulação e desenvolvimento científico e social, contribuindo com a missão da Universidade de desenvolver pesquisas e tecnologias comprometidas com excelência e transformação social”, comenta Habigzang.  

Para que esses desenvolvimentos tecnológicos tenham eficiência social, a professora destaca que é fundamental compreender as demandas sociais através de relatórios governamentais e não-governamentais, políticas públicas existentes e legislações vigentes. Além disso, é importante a escuta de gestores e profissionais que atuam no enfrentamento do problema, acompanhados de pesquisas científicas, bem como a participação do público-alvo e a definição clara de indicadores que avaliem a efetividade do impacto.  

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mestrado e doutorado

Foto: Giordano Toldo

A volta às aulas se aproxima e, com ela, um novo semestre cheio de possibilidades e oportunidades de se aprimorar acadêmica e profissionalmente. A PUCRS possui diversas opções para ajudar você nesse objetivo: internacionalização, empreendedorismo, pesquisa e muito mais. Confira algumas delas: 

Programa Hangar 

O programa é voltado aos doutorandos da PUCRS que tenham interesse em transformar suas pesquisas em negócios, com palestras, workshops, atividades práticas e mentorias. O programa aborda conteúdos como Ecossistema de Inovação, Propriedade Intelectual, Acesso a Capital e Modelo de Negócios. As inscrições podem ser feitas até o dia 8 de agosto. Você pode conferir mais informações aqui. 

Mobilidade acadêmica 

Hora de planejar seus estudos no exterior! Para quem sonha em estudar em outro país, essa é a dica: o Programa de Mobilidade Acadêmica está com inscrições abertas, com 30 opções de universidades em 16 países. O programa permite que você estude em uma instituição conveniada com a PUCRS por até dois semestres – aprendendo um novo idioma, conhecendo de perto uma cultura diferente e aprimorando conhecimentos da sua área. Curtiu? As inscrições vão até o dia 3 e 15 de agosto. 

Mulheres na Ciência 

Estão abertas as inscrições para o I Simpósio Brasil-Reino Unido sobre Mulheres na Ciência. O evento faz parte do projeto Women in Science, financiado pelo British Council, que busca promover a participação feminina nas áreas STEM. Promovido pelas sete universidades envolvidas no projeto (entre elas a PUCRS), o evento ocorre entre os dias 25 e 27 de setembro no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Saiba mais sobre o simpósio aqui. 

24º Salão de Iniciação Científica 

O 24º Salão de Iniciação Científica da PUCRS, um dos principais eventos de socialização das atividades de pesquisa, também está recebendo inscrições. O evento é um espaço de socialização das atividades de pesquisa envolvendo estudantes da graduação e professores/pesquisadores de diferentes universidades e instituições de pesquisa. A Iniciação Científica busca proporcionar o intercâmbio de conhecimentos e a aprendizagem de métodos de pesquisa. Mais informações você confere aqui. 

XIX Simpósio de Geriatria e Gerontologia 

Focado em atualizar professores e alunos interessados pela área da gerontologia, o XIX Simpósio de Geriatria e Gerontologia acontece nos dias 29 e 30 de setembro, no Teatro do prédio 40 – além do pré-evento que acontece no dia 28. O simpósio debaterá temas como envelhecimento ativo, prevenção e tratamento de doenças geriátricas e qualidade de via na terceira idade. As inscrições podem ser feitas até o dia 28 de setembro aqui.  

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Em 2018, Gelson Weschenfelder foi um dos vencedores do 29º Prêmio de Jovem Cientista da CNPq. / Foto: Giordano Toldo

Os super-heróis de histórias em quadrinhos (HQs) historicamente são representativos para a sociedade. Ao longo dos anos, personagens como Batman, Mulher Maravilha e Hulk capturaram a imaginação das pessoas e se tornaram ícones da cultura pop em todo o mundo. Presentes em filmes, séries, brinquedos e livros, suas narrativas transcendem fronteiras geográficas e barreiras linguísticas, unindo fãs de todas as idades e origens.  

Conforme explica o pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação PUCRS, Gelson Weschenfelder, as HQs tornaram-se referência na formação de opiniões, pois de maneira acessível e perspicaz colocam em debate as questões fundamentais das relações sociais e os valores morais com os quais todas as pessoas se defrontam no dia a dia. O pesquisador cita personagens como o Homem-Aranha como exemplo para abordar questões como responsabilidade, ética e os desafios de conciliar uma vida pessoal com o dever de proteger os inocentes, afinal “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”.  

Desde sua graduação em Filosofia, Weschenfelder – que nas redes sociais se identifica como “Filósofo dos Quadrinhos –, notou o potencial pedagógico das histórias em quadrinhos, dedicando então sua trajetória acadêmica de mais de 20 anos em pesquisar e aplicar os super-heróis das histórias em quadrinhos como recursos para a promoção de resiliência para crianças e adolescentes em situação de risco. Reconhecido com o 29º Prêmio de Jovem Cientista da CNPq, o pesquisador desenvolve projetos com Super-heróis em sala de aula, onde procura aproximar os jovens estudantes das questões filosóficas e de autores clássicos da filosofia como Aristótoles, Spinoza e Kant.  

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“Mais do que diversão, as histórias desses super-heróis introduzem e abordam de forma vívida importantes questões enfrentadas no cotidiano de pessoas comuns. São temas ligados à superação de adversidades, construção de identidade pessoal, elementos de ética, moral, justiça, enfrentamento de medos, de situações de violência, entre outros”, destaca o pesquisador. 

Questões éticas e de moralidade  

Criados há mais de 80 anos, os super-heróis das histórias em quadrinhos vêm, desde o seu surgimento, conquistando fãs de todas as idades. De acordo com Weschenfelder, o gênero de superaventura nasceu em 1938 no lançamento da revista Action Comics, que trouxe a história do Super-Homem, criado pelos adolescentes Joe Schuster e Jerry Siegel. Logo depois surgiu Batman, a Mulher Maravilha e Capitão América. Desta forma, a partir daí esses super-heróis começaram a ocupar um espaço cada vez maior desde o início deste século.  

Foi durante sua graduação em Filosofia que Gelson Weschenfelder percebeu o potencial que as histórias em quadrinhos têm de serem pedagógicas. / Foto: Pexels

Para introduzir as questões éticas e morais em sala de aula, o pós-doutorando questiona seus alunos a partir da pergunta “O que o herói faria?”, a partir da metodologia intitulada Pré-Capa, Pré-Máscara, em que aborda as ações que fizeram de fato aquele personagem ser reconhecido como um verdadeiro herói. O pesquisador explica que 97% dos heróis passaram por adversidades na vida, tornando-se exemplos claros de resiliência e superação com suas histórias de vida para jovens e adultos se inspirarem contra as dificuldades no seu dia a dia.  

A partir de suas pesquisas, Gelson propõe oficinas e intervenções didáticas em escolas de Canoas em parceria com a Secretaria da Educação, apresentando heróis da atualidade, da mitologia e da cultura pop em sala de aula, desafiando os alunos a criarem suas próprias histórias em quadrinhos a partir de suas realidades. Como personagens principais em suas histórias, os jovens desenvolvem a criatividade para criar os desenhos e a capacidade de refletir sobre a situação em que estão inseridos.  

“As histórias dos super-heróis estimulam as crianças e adolescentes a encarar seus medos e enfrentar desafios. Mais do que exemplos de força e coragem, estes personagens são modelos morais. Há uma necessidade de uma educação moral para os jovens, pois muitas vezes crianças e adolescentes buscam apoio emocionais e psicológicos enquanto vivem sob circunstâncias adversas”, finaliza o pesquisador. 

Sobre o pós-doutorando e sua atuação na PUCRS 

Fã de história em quadrinhos desde sua infância, Gelson Weschenfelder possui hoje uma coleção de 8 mil quadrinhos catalogados em sua gibioteca (biblioteca de quadrinhos). Realizou seu mestrado e doutorado abordando aspectos educativos das histórias em quadrinhos de super-heróis e sua importância na formação da consciência moral, na perspectiva da ética aristotélica das virtudes. 

Supervisionado atualmente pelo professor e pesquisador da Escola de Humanidades Alexandre Anselmo Guilherme, o pós-doutorando amplia suas pesquisas no tema sobre as histórias em quadrinhos de superaventura como recursos para competências socioemocionais uma proposta de formação docente. Autor dos livros Filosofando com os Super-Heróis (Editora Mediação), Homens de Aço? Os Super-Heróis como tutores de resiliência (Appris Editora), Aristóteles e os super-heróis (EducaPop) e Vamos Usar quadrinhos em Sala de Aula? Os super-heróis invadem a escola (editora Fi). 

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A decana da Escola Politécnica, Sandra Mara Oliveira Einloft, recebeu o título da Universidade Toulouse. A Universidade Francesa têm histórico de cooperação em pesquisa com a PUCRS. / Foto: Divulgação

A professora e pesquisadora Sandra Mara Oliveira Einloft, da Escola Politécnica da PUCRS, recebeu, nesta segunda-feira (26), o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Paul Sabatier-Toulouse III, na França. A docente, que também é a decana da escola, conta como se sente honrada com o reconhecimento do seu trabalho e com o fato de seus esforços estarem sendo valorizados e apreciados por instituições de renome.  

Saber que meu nome foi proposto pelos pesquisadores que eu colaboro na Universidade Paul Sabatier-Toulouse III (UPS) e ter passado por pareceristas da minha área de atuação que avaliaram a relevância e impacto do meu trabalho é muito gratificante”, celebra. 

“Honoris Causa” significa “por causa da honra” em latim – a expressão nomeia o título concedido a profissionais que possuem grande relevância e importância em sua área de atuação. A concessão do Honoris Causa requer a aprovação de muitas pessoas e instituições. No caso da professora Sandra, a aprovação veio do conselho científico da Universidade Toulouse e do Ministério das Relações Exteriores francês. 

Além de ser uma grande emoção, a pesquisadora também recebe o título com um grande senso de responsabilidade: 

“Implica em manter o compromisso de continuar trabalhando em prol da excelência acadêmica e do avanço do conhecimento científico da área de mudanças climáticas, mais especificamente no desenvolvimento de soluções tecnológicas para capturar o dióxido de carbono emitido em processos industriais, que é a área que atuo e colaboro com a UPS.” 

PUCRS e UPS tem histórico de cooperação em pesquisa  

A decana recebe o título de Doutora Honoris Causa com alegria. / Foto: Giordano Toldo

A PUCRS possui parcerias de pesquisa científica com diversas instituições internacionais ao redor do mundo – sendo uma delas a UPS. Sandra colabora com a universidade francesa desde 2011, e a parceria já formou três doutores em regime de dupla titulação, além de um novo doutorando iniciando neste ano, com previsão de passar um ano na França em 2025. “Já publicamos 15 artigos científicos em parceria, e em 2014 atuei como professora convidada na UPS. Nestes anos tivemos diversas missões de pesquisadores brasileiros visitando a UPS e de colegas franceses visitando a nossa universidade”, conta. 

Mulheres cada vez mais presentes na ciência 

Sandra é graduada em Química pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e possui mestrado e doutorado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Também possui pós-doutorado pela Universidade Pièrre et Marie Curie-Paris VI. Na PUCRS, foi Diretora da Faculdade de Química entre 2004 e 2017, sendo atualmente professora titular e decana da Escola Politécnica. Como pesquisadora, seu trabalho se concentra principalmente na área de mudanças climáticas, com foco em captura e transformação de CO2.  

Sendo uma mulher em posição de autoridade dentro de ramos predominantemente masculinos, como engenharia e tecnologia, a docente diz que ganhar o título de Doutora Honoris Causa por seu trabalho nessas áreas demonstra que as barreiras de gênero estão sendo gradualmente superadas, e que as mulheres estão ocupando cada vez mais espaços de liderança e influência nesses campos. 

“Essa representatividade é fundamental para inspirar outras mulheres e mostrar que elas também podem seguir carreiras nessas áreas, encorajando-as a buscar seus objetivos profissionais, independentemente de estereótipos de gênero. Além disso, ao ocupar essa posição, tenho a oportunidade de promover a diversidade, a equidade de gênero e a inclusão, trabalhando para criar um ambiente mais equitativo e acolhedor para todos os estudantes e profissionais da área”, pontua.

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Foto: Divulgação

Conectar pesquisas acadêmicas e o ecossistema de empreendedorismo da PUCRS, gerando projetos inovadores e transformando ideias em negócios. Esse é o objetivo do Programa Hangar, realizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e pelo Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc).

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até o dia 8 de agosto, neste link. Serão selecionadas até 10 propostas para participarem do Hangar. Ao final do Programa, os projetos serão avaliados por uma equipe interdisciplinar, composta por professores, profissionais do mercado e membros do Tecnopuc. O regulamento completo do Hangar pode ser conferido aqui.

A iniciativa visa despertar o olhar empreendedor de doutorandos dos Programas de Pós-Graduação da PUCRS, oportunizando o contato com palestras e workshops com outros pesquisadores e profissionais de mercado, networking com empreendedores e atividades práticas e mentorias com acompanhamento individual para cada projeto. As atividades acontecem entre os meses de agosto e outubro de 2023. Doutores, mestres e mestrandos vinculados à PUCRS, assim como outros membros, poderão participar das atividades do Programa, desde que façam parte da equipe do projeto submetido pelos/as doutorandos/as.

Conexão entre ciência e sociedade

Para o Diretor de Pós-Graduação da PUCRS, Luiz Gustavo Leão Fernandes, a geração de negócios a partir das pesquisas acadêmicas é uma tendência mundial e estar preparado para entender e atuar em ecossistemas de inovação e empreendedorismo amplia o leque de oportunidades de carreira, preparando para contribuir na transferência de conhecimento para a sociedade.

“O sistema de pós-graduação Stricto Sensu da PUCRS consolidou uma posição de liderança entre os melhores do país conforme o resultado da última avaliação quadrienal da CAPES. Aos estudantes dos nossos Programas é oportunizada uma formação abrangente com destaque para a produção científica de qualidade, a internacionalização, o impacto social e a inovação e empreendedorismo. O Programa Hangar parte para sua segunda edição como uma das nossas iniciativas mais sólidas e destacadas na implantação de uma cultura de inovação e empreendedorismo no nosso ecossistema de pós-graduação e pesquisa. Essa iniciativa abre novas possibilidades de atuação profissional para nossos alunos e egressos, aproximando-os do mercado e consolidando nossa missão de formação de indivíduos com capacidade para geração de impacto positivo na sociedade.”, destaca Fernandes.

Caminhos com foco na inovação

O Hangar é dividido em quatro trilhas com conteúdos e atividades que contribuem para a exploração de oportunidades de mercado a partir da pesquisa dos participantes do Programa. A intenção das trilhas é que o/a pesquisador/a possa conhecer as possibilidades empreendedoras e aplicá-las nas pesquisas.

“Há mais de duas décadas o Tecnopuc atua na integração da comunidade acadêmica com o mercado para o desenvolvimento de soluções inovadoras. A primeira edição do Hangar reuniu pesquisadores de 15 PPGs da PUCRS que, ao longo de 3 meses, exploraram oportunidades de levar a mercado suas pesquisas, por meio de negócios ou produtos inovadores. É com entusiasmo que vivenciamos essa integração cada vez mais ativa, reforçando o propósito de promover a transformação do conhecimento em desenvolvimento através do apoio a geração de spin-offs da pesquisa”, explica a Gestora de Operações e Empreendedorismo do Tecnopuc, Flávia Fiorin.

Sobre as trilhas

Data Etapas
15/08 – terça-feira Encontro de kick-off

Painel: Ecossistemas de Inovação, dados de ciência e inovação no Brasil

22/08 – terça-feira Relacionamento entre ciência e mercado

Modelos de inovação: problemas ciência x indústria

29/08 – terça-feira Propriedade Intelectual, transferência de tecnologia

Modelos societários para spin-offs acadêmicas

05/09 – terça-feira Foco no problema/usuário e modelagem canvas
12/09 – terça-feira Case de sucesso
19/09 – terça-feira  Análise de mercado
26/09 – terça-feira TRL – Nível de maturidade tecnológica
05/10 – quinta-feira Investimento em startups – Tecnopuc Experience
10/10 – terça-feira Estrutura do modelo de negócio de pesquisa e oficina pitch
25/10 – quarta-feira   Banca de pitches: Encerramento –Ecossistema de inovação PUCRS e oportunidades no Tecnopuc

 

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Nova espécie peruana surgiu do encontro entre animais do arquipélago de Galápagos e do extremo-sul latino-americano. / Foto: Juan Carlos Jeri

Estudando o genoma de lobos-marinhos da América do Sul, um grupo internacional com integrantes do Peru, Equador, Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Nova Zelândia, Alemanha e também do Brasil, liderado por pesquisadores da PUCRS, descobriu que novas espécies de mamíferos, mesmo de grande porte, podem surgir de modo quase instantâneo através do cruzamento entre indivíduos de espécies diferentes.

O surgimento de novas espécies animais é chamado de especiação. O mecanismo mais conhecido para que isso aconteça é quando populações de uma espécie se separam, geralmente por meio de uma barreira física, como um rio, e, isoladas, progressivamente, acumulam diferenças suficientes que ao fim impedem o cruzamento entre elas.

No continente sul-americano habitam duas espécies de lobos-marinhos. A mais comum, chamada de lobo-marinho-sul-americano, é encontrada apenas nas regiões frias. No Brasil, por exemplo, só no litoral do Rio Grande do Sul. A outra espécie só ocorre nas ilhas Galápagos, situadas na região tropical, na linha do equador. No início do século, a comunidade científica reconheceu a existência de uma população diferente de lobos-marinhos, na costa central do Peru e norte do Chile.

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Os cientistas não sabiam a origem dos lobos-marinhos-peruanos, quando o grupo de pesquisa Genômica Evolutiva e da Conservação da PUCRS apresentou evidências inéditas sobre o surgimento destes animais em um estudo publicado na revista internacional Science Advances. De acordo com o coordenador dos estudos e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, Sandro Luis Bonatto, a população do Peru é uma nova espécie que surgiu pela hibridação entre os lobos-marinhos de Galápagos e os lobos-marinhos-sul-americanos.

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Em artigo publicado na Science Advances, cientistas estimaram que os animais habitam a costa peruana há pelo menos 400 mil anos.

“Com esta pesquisa conseguimos apresentar a primeira evidência usando informações genômicas de que mamíferos de grande porte podem surgir quase instantaneamente por hibridação em um processo chamado de especiação híbrida”, destaca.

Os resultados iniciais da pesquisa mostraram que os lobos-marinhos do Peru apresentava características genéticas curiosas: metade do seu genoma veio do lobo-marinho-de-Galápagos e a outra metade do lobo-marinho-sul-americano. A partir disso, os estudos foram aprofundados com sequenciamento dos genomas de mais indivíduos, evidenciando que o lobo-marinho do Peru é uma espécie antes desconhecida pela ciência, e de origem híbrida.

A pesquisa foi parte do projeto de doutorado de Fernando Lopes no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS, com orientação do professor Sandro Bonatto e participação de outros alunos e pesquisadores de vários países, em especial do Peru e do Equador. Para Fernando, a hibridação ocorre quando indivíduos de diferentes espécies se cruzam, produzindo descendentes mistos que são conhecidos como híbridos.

“Em animais como os mamíferos, na maior parte das vezes estes indivíduos não são ou são pouco férteis e não há maiores consequências. Mais raramente pode haver à transferência de material genético entre as espécies, mas nunca tinha sido documentado em mamíferos que a hibridação pudesse dar origem a uma nova espécie”, explica.

lobos-marinhos

Espécie com origem híbrida inédita para mamíferos está vulnerável às mudanças climáticas. / Foto: Juan Carlos Jeri

O professor Bonatto explica que o cruzamento aconteceu há aproximadamente 400 mil anos. “Este fato ocorreu quando indivíduos do lobo-marinho-sul-americano e de Galápagos devem ter migrado para a mesma região da costa do Peru, talvez em um momento de clima extremo. Uma possível causa da migração de alguns animais de Galápagos para o continente na época pode ter sido um El Niño mais intenso”, explica. Outra descoberta inesperada do estudo é a existência de uma pequena colônia isolada de lobos-marinhos de Galápagos na costa norte do Peru, inclusive com um indivíduo miscigenado entre as espécies de Galápagos e a do Peru. Para os pesquisadores, isso já pode ser uma consequência das mudanças climáticas recentes.

 

“O prolongamento do aquecimento global nas próximas décadas pode ter consequências muito graves para a ecologia de toda a região e podendo aumentar o perigo de extinção desta nova espécie, com a continuidade ou até aumento da migração de lobos-marinhos de Galápagos para o continente”, finaliza.

Além dos pesquisadores Sandro Bonatto e Fernando Lopes, os coautores deste estudo incluem Yago Beaux e Amanda Kessler, da PUCRS, Larissa Oliveira, da Unisinos, e pesquisadores do Peru, Equador, Argentina, Uruguai, Chile, EUA, Nova Zelândia e Alemanha.

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Foto: Rodnae Productions/Pexels

Com o título Herdeiras – Narrativas Biográficas de Três Gerações de Mulheres Negras em Três Regiões de Economia Escravista, o projeto do professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS Hermílio Santos foi selecionado para participar do Programa Cátedra Tübingen da Universidade de Tübingen na Alemanha. A pesquisa busca entender três períodos escravistas da história do Brasil: o ciclo do açúcar em Pernambuco, o do ouro e do diamante em Minas Gerais, e do Charque no Rio Grande do Sul.  

Para realizar a pesquisa, Hermílio utiliza como único método a análise reconstrutiva de narrativas biográficas de três gerações de mulheres negras de uma mesma família que residem em regiões marcadas pela exploração da mão-de-obra escravizada. Como sociólogo, tem interesse em compreender a sociedade brasileira contemporânea, mas para isso o professor acredita que é preciso olhar para a história para compreender o presente e poder enfrentar o futuro. 

“A gente não pode, tendo essa experiência de mais de 300 anos de escravidão, eu diria até que a gente não vai a lugar nenhum se a gente não compreender como esse fenômeno da experiência escravocrata de toda a sociedade brasileira, de norte a sul, chega aos nossos dias. Sobretudo para a população negra, em especial para as mulheres negras que são o tema da minha pesquisa.” 

A pesquisa ainda está no início, porém o professor já conseguiu observar que a escravidão brasileira é muito mais complexa do que aparenta, e por isso vai exigir um minucioso estudo sociológico sobre o assunto.  

“As entrevistas com essas famílias vão revelar como a herança escravista está presente e como está ausente. O que eu tenho visto até agora é que o tema da escravidão em algumas famílias não é sequer mencionado de uma geração para outra. Algumas mencionam os seus preconceitos, mas até agora na pesquisa raramente vejo essa menção”. 

Intercambio acadêmico com a Alemanha 

Hermílio Santos

Foto: Bruno Todeschini

Com parceria da CAPES e da Universidade de Tübingen, o objetivo do Programa Cátedra Tübingen é realizar um intercâmbio acadêmico entre universidades e centros de pesquisa brasileiros e alemães. A Universidade de Tübingen mantém um Centro de Estudos Latino-Americano e Brasileiro, e o professor Hermílio ressalta que a Alemanha possui grande interesse no Brasil, logo levar a pesquisa ao país faz todo o sentido.  

“E a gente não pode esquecer que a Alemanha, por ser um país com atuação Global, com as suas empresas, governo e organizações civis atuando globalmente. E eles também têm uma presença forte na sociedade brasileira, então eles prezam muito conhecer a sociedade nas quais atuam, que é o caso da sociedade brasileira” 

O professor ministrar um seminário e palestras sobre o tema na Alemanha, e com o intercâmbio entre as universidades, Hermílio espera que os estudantes se interessem pela temática e venham ao Brasil e à PUCRS. “Quero que venham e vejam a PUCRS como uma universidade onde eles poderão fazer parte dos seus estudos de mestrado ou doutorado, por exemplo. Então a minha estratégia é despertar o interesse para poderem vir fazer parte dos seus estudos”, finaliza.