Série de matérias vida pós-pandemia

Foto: Unsplash

Os efeitos da pandemia de Covid-19 na Educação serão o centro do debate entre pesquisadores de todo o Brasil, durante evento que acontece no Campus da PUCRS, nos dias 9 e 10 de março. O encontro é promovido pela Rede Recupera Brasil, consórcio que une dez programas de pós-graduação e oito universidades do País para conduzir pesquisas sobre essa temática.  

A PUCRS participa da iniciativa com o Programa de intervenção multiprofissional de redução de danos da pandemia para estudantes, pais e professores: evidências de mapeamento cognitivo, de saúde física e mental, e laboral, que será implementado pela Rede Recupera Brasil por meio de edital concedido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

O encontro acontece no Auditório 923, do Prédio 11, e conta com programação voltada para alunos do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS e demais alunos da graduação. Conforme o coordenador do projeto, professor Alexandre Anselmo Guilherme, a estimativa é que novos pesquisadores, doutorandos e mestrandos façam parte da Rede Recupera Brasil nos próximos anos, graças à disponibilização de bolsas do projeto.  

“A Capes foi muito feliz e visionária com os editais voltados para os efeitos da pandemia de Covid-19, criando redes de universidades brasileiras para o desenvolvimento de pesquisas voltadas para temáticas específicas”, pontua o professor. 

Sobre o programa 

O Programa de intervenção multiprofissional de redução de danos da pandemia para estudantes, pais e professores: evidências de mapeamento cognitivo, de saúde física e mental, e laboral iniciou em 2022 e tem vigência até 2026. A iniciativa é liderada pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUCRS e conta com a coordenação do professor Alexandre Anselmo Guilherme e com a participação dos docentes Wagner de Lara Machado, Manoela Ziebell de Oliveira, Ana Maria Pandolfo Feoli, Karen Priscila del Rio Szupszynski, assim como o pesquisador de pós-doutorado Nicolas de Oliveira Cardoso, e os doutorandos Juliana Markus e Felipe de Oliveira.   

Além da participação da PUCRS, a Rede Recupera Brasil engloba docentes e discentes das universidades Mackenzie, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Católica de Brasília (UCB), Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), Universidade FEEVALE e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).  

Serviço:   

O quê: Evento Rede Recupera Brasil   

Data: 9 e 10 de março 

Horário: das 10h às 12h, das 14h às 16 e das 16h30 às 18h 

Local: Auditório 923º andar, prédio 11.  

rotina de aulas, vida no campus

Hoje, dia 28 de julho, é o último prazo para as rematrículas da graduação. / Foto: Giordano Toldo

Você sabia que hoje é o último dia para realizar a sua rematrícula na PUCRS? Para contribuir com uma volta às aulas organizada e tranquila, reunimos cinco dicas para quem está voltando para o cotidiano das aulas no Campus.

1. Faça uma retrospectiva

O primeiro semestre de 2022 foi cheio de desafios. Pense sobre quais estratégias funcionaram melhor para você conseguir concluir suas tarefas e como aplicá-las novamente. Essa dinâmica também pode dar pistas de como aprimorar o que não funcionou muito bem. 

É importante lembrar da relação de esforço impacto: se algo precisou de muita dedicação e tempo para ser realizadocausou sofrimento e mal-estar não teve bons resultados, talvez precise ser repensado. Tanto o processo quanto o objetivo. 

A ideia é identificar as lições aprendidas para conseguir ter mais produtividade e manter a saúde e o bem-estar durante os próximos meses.

2. Planeje o seu semestre

Você já planejou as disciplinas que vai cursar? Quanto trabalho e estudo elas demandam? Já conversou com colegas de outros semestres ou com professores/as para saber mais sobre as cadeiras? Esse é um exercício que pode ajudar a organizar os estudos a agenda de forma a atender suas expectativas, além de auxiliar a obter bons resultados. 

Visualizar o que você quer fazer evita que algo “se perca no tempo”. Uma dica é adotar os planners em papel ou online.

3. Aproxime-se dos colegas

Há evidências científicas que mostram a relevância da socialização para a saúde e o bem-estar dos seres humanos. Por isso, procure estar em contato com a turma, criando laços e conexões com os colegas.

Trocar experiências sobre como vocês estão lidando com os desafios da graduação, mas principalmente sobre as conquistas nesse período, é um passo importante que traz a sensação de dever cumprido, mesmo com pequenas vitórias.

4. Recombine seus horários 

É importante reorganizar a rotina e os horários, considerando tempo de deslocamento, por exemplo. Você pode utilizar sua agenda para se planejar nesse sentido, além de incluir lembretes de tarefas pessoais que são importantes.

5. Busque flexibilidade

Siga cuidando da sua saúde mental, física e emocional, atentando aos pequenos sinais e lembrando que não há nada de errado em não se sentir bem sempreBusque flexibilidade no seu planejamento e na sua rotina. Assim, sempre que algo não sair como planejado, será fácil programar a rota. Se precisar de ajuda, busque os nossos serviços de acolhimento especializado, como o Núcleo de Apoio Psicossocial e o Centro de Apoio Discente.

Portal de Matrículas: confira como utilizar 

Caso tenha dúvidas sobre a utilização do Portal, acesse os tutoriais da plataforma. 

ÚLTIMO DIA PARA REMATRÍCULA DA GRADUAÇÃO

impactos da pandemia na saúde, máscara, Covid-19

Projetos da PUCRS selecionados pela Capes avaliarão os impactos da pandemia na saúde física e mental / Foto: Igor Bandera

A PUCRS teve dois projetos selecionados no Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) – Impactos da Pandemia da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A iniciativa tem o objetivo de apoiar projetos voltados à formação de recursos humanos e ao desenvolvimento de pesquisa acadêmico-científica com foco em estudos sobre os impactos sociais, econômicos, culturais e históricos decorrentes da pandemia da Covid-19 nos diversos segmentos da população brasileira.

Dentre os projetos contemplados estão o Programa de intervenção multiprofissional de redução de danos da pandemia para estudantes, pais e professores: evidências de mapeamento cognitivo, de saúde física e mental, e laboral, coordenado pela pesquisadora e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Rochele Paz Fonseca, e Investigação de Potenciais Danos Neurológicos decorrentes da Infecção Grave pela COVID-19: Aspectos Funcionais, Estruturais, Moleculares e Epigenético, coordenado pelo pesquisador e diretor do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), Jaderson Costa da Costa.

Saúde física e mental durante a pandemia

O programa de intervenção multiprofissional conta com quatro pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, incluindo a pesquisadora Rochele Paz Fonseca que coordena o projeto. Além da PUCRS, participam outras sete instituições de Ensino Superior como a Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Feevale, Santa casa de São Paulo, Mackenzie, Universidade Católica de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal de Minas Gerais.

Ao longo do projeto serão conduzidos cinco estudos multicêntricos e interdisciplinares de formação de recursos humanos mediadores e multiplicadores, com dois eixos: avaliação para mapeamento e intervenção com avaliação pré e pós. A partir disso, sete produtos técnico-científicos serão desenvolvidos, com a participação de mais de 10 programas de pós-graduação de quatro macroregiões, com aproximadamente 30 pesquisadores, estudantes e egressos.

Os cinco estudos multicêntricos e interdisciplinares são:

Danos neurológicos e Covid-19

pós em medicina, neurologia, tomografia

Foto: Bruno Todeschini

Já a pesquisa coordenada pelo pesquisador da Escola de Medicina e diretor do Inscer, Jaderson Costa da Costa, tem como objetivo elucidar os casos de alterações neurológicas após a infecção por SARS-CoV-2, associando esses achados aos desfechos favoráveis e desfavoráveis, para então identificar alterações precoces de sequelas neurológicas decorrentes da infecção.

O pesquisador explica que a presença do SARS-CoV-2 tem sido descrita no cérebro de pacientes e animais experimentais, com predileção pelo tronco encefálico, assim como quimio e mecanorreceptores do centro cardiorrespiratório medular, participando em parte da falência respiratória dos pacientes graves. Assim, para ajudar na compreensão da fisiopatologia da infecção do SNC pelo SARS-CoV-2 em sua fase de apresentação tardia, a melhor metodologia será a avaliação estrutural e funcional do cérebro por meio de técnicas avançadas de ressonância magnética, marcadores séricos associados a danos neuronais utilizando ferramentas de sequenciamento de nova geração.

Com essas etapas será possível identificar marcadores de gravidade para entender a fisiopatologia da doença no contexto atual. Os achados multimodais serão utilizados para compreender o mecanismo subjacente ao processo infeccioso pulmonar e seus efeitos consequentes ao sistema nervoso e suas repercussões inflamatórias sistêmicas. De acordo com Costa, o estudo servirá de base para demais pesquisas com foco fisiopatológico na identificação de fatores de gravidade e indicação de alvos para diagnóstico precoce e acompanhamento terapêutico.

Novas contribuições para a sociedade

O diretor do InsCer explica que as possíveis correlações entre as alterações funcionais e estruturais em ressonância magnética relacionadas à gravidade da Covid-19 e os marcadores séricos identificados em vesículas extracelulares e em ácidos nucleicos circulantes, serão ferramentas utilizadas para compor uma aplicação médica contemporânea conhecida como medicina de precisão, gerando uma estrutura neurobiológica válida para classificar uma doença e propor novas intervenções.

De acordo com o docente, a antecipação de um diagnóstico através da identificação de marcadores, permite atender as necessidades de atenção específica a um dado paciente, prevendo inclusive a necessidade de intervenção ambulatorial, internação hospitalar direcionamento de fármacos através de plataforma de farmacogenética, preparando todo um sistema de absorção e tratamento para possíveis necessidades com base nos resultados desta inovadora ferramenta.

“Esse projeto possui importante papel na sedimentação das instituições envolvidas como centros de pesquisa de ponta na área de neurociências e doenças neurológicas. A continuidade desse trabalho mediada pela aprovação desta proposta, permitirá ofertar uma nova estratégia de direcionamento das condutas médicas e sociais para toda a população”, finaliza o professor.

Leia também: Mestrado e doutorado: ingresse na melhor pós-graduação do Brasil em 2022

PUCRS segue orientando uso de máscara no Campus

Foto: Igor Bandera

Após o Decreto 21.422, publicado em edição extra Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa) nesta sexta-feira, 18/3, a Universidade destaca que seguirá as orientações do poder público, flexibilizando o uso de máscara em espaços fechados e ao ar livre.

A PUCRS segue incentivando o uso da máscara e exigindo o cumprimento dos demais protocolos para estudantes, professores/as, técnicos/as e públicos que circulam pelo Campus como medida de autocuidado.

Está mantida, pelo Decreto, a obrigatoriedade do uso de máscara em transporte coletivo e nos estabelecimentos de saúde, como hospitais, postos e clínicas. Desta forma, salientamos que é essencial a manutenção do uso da máscara nos espaços da Universidade que prestam atendimento de saúde ao público e nos veículos da PUCRS que transportam a comunidade universitária.

Cada um de nós desempenha um importante papel e o autocuidado é fundamental na prevenção e contenção de novos casos. A PUCRS está comprometida em promover um ambiente acolhedor e seguro e solicita o apoio de todos/as para que o impacto – das mudanças que estão ocorrendo neste momento da pandemia – nas relações tenham como princípio e prioridade o respeito, o diálogo, a gentileza e a empatia como primeira resposta a qualquer situação.

Leia também: Por que é importante se vacinar?

Relembre as orientações para uma convivência segura

Comunidade universitária tem descontos para teste de Covid-19

Estudantes e colaboradores/as da PUCRS contam com descontos exclusivos para realização de teste para a Covid-19. O benefício é válido para testagens no Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) e na Farmácia Universitária Panvel. Para receber o desconto é necessário apresentar documento de identificação com foto, CPF e comprovar o vínculo com a Universidade. Alunos e alunas podem realizar a comprovação apresentando a carteirinha de estudante ou aplicativo da PUCRS. Colaboradores/as podem utilizar o crachá funcional. Saiba mais.

Relacionamento na pandemia mudou

Durante a pandemia, os jovens costumam realizar encontros na sua casa ou na do parceiro/Foto: Pexels

Navegar entre diferentes fotos e descrições, arrastar perfis para o lado, encontrar pessoas que frequentam espaços próximos, utilizar filtro de localização… Essas são apenas algumas das opções para quem decide dar uma chance aos aplicativos de relacionamento. As ferramentas, que já não eram novidade e chegaram a milhões de downloads nos últimos anos, tiveram um crescimento ainda maior durante a pandemia da Covid-19. 

Para entender o que jovens de Porto Alegre de 18 a 25 anos pensam sobre as formas e possibilidades de se relacionar nesse período, estudantes da disciplina de Projeto de Pesquisa de Mercado em Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos elaboraram um estudo que trouxe insights e descobertas interessantes. 

“A ideia era entender como estava a percepção dessas pessoas sobre a pandemia e de que forma o comportamento delas mudou nesse período, e nossos resultados foram muito interessantes”, comenta Phillip Peitz, um dos realizadores da pesquisa, que complementa: “Foi legal perceber, por exemplo, que mulheres e jovens mais velhos, entre 22 e 25 anos, demonstraram uma maturidade maior em relação aos relacionamentos”.  

O que mudou? 

Jovens que antes costumavam ir para bares, festas e restaurantes precisaram buscar alternativas para manter suas vidas sociais ativas durante a pandemia. Não é de se impressionar que os aplicativos de relacionamento tiveram um crescimento grande durante esse período. Tinder, uma das plataformas mais conhecidas, teve o maior número de interações da sua história no final de março de 2020. 

A maioria dos entrevistados para a pesquisa se manteve em isolamento total, saindo apenas para compromissos importantes, pelo menos nos seis primeiros meses da pandemia. Nesse período, os únicos que estiveram em contato com alguém foram os comprometidos, os quais viram seus parceiros. Entretanto, o relacionamento na pandemia seguiu um padrão diferente do habitual: eles revelaram ou passar bem mais tempo juntos ou reduzir consideravelmente as visitas.  

Jovens mudam rotina

Como alternativa aos locais que costumavam ir, jovens estão realizando reuniões na casa de amigos/Foto: Pexels

Mas por que usar um aplicativo de relacionamento? Para a maioria dos participantes, a resposta é a carência e o desejo de solucionar a falta de conversas com pessoas devido ao isolamento social.   

Quando começaram a flexibilizar a quarentena, como alternativa aos locais que costumaram frequentar, os jovens passaram a ir a postos de gasolina e realizar reuniões na casa de amigos, em sua maioria com as pessoas mais próximas, o que significou romper o contato com parte do círculo de amizades.  

Para os comprometidos, ter um relacionamento na pandemia significou um maior companheirismo e parceria, enquanto poucas pessoas identificaram um aumento nos conflitos e brigas no período. A maior parte das pessoas manteve seu status de relacionamento atual. 

O romantismo acabou? 

Comunicação, confiança, compreensão, sinceridade e abertura para conversas. Essas foram as características mais apontadas sobre o que os participantes desejam em um relacionamento sério. No entanto, romantismo, cobranças e “ficar o tempo todo grudado” já não são desejados nessas relações.  

“Eu não acho que seja tão importante romantismo toda hora. Se eu sei que uma pessoa gosta de mim, não vejo um porquê para que ela faça toda hora uma declaração excessiva. Não é algo que eu cobro e vejo que, no geral, é algo que incomoda muita gente”, comenta Eduarda, uma das entrevistadas para a pesquisa.  

Há, no entanto, uma diferença entre gerações no que diz respeito ao que buscam em um parceiro. Enquanto o público mais jovem, de 18 a 21 anos deseja alguém parceiro, confiável e engraçado, os mais maduros querem estar mais em boa companhia do que dar risadas ao lado do companheiro. 

O encontro ideal, também conhecido pelo nome em inglês, date, deve ter diversão e conversas agradáveis, trazer segurança e conforto, além de possibilitar que os jovens sejam eles mesmos. Também foi possível observar uma mudança nos locais escolhidos para essas ocasiões: 90% dos jovens que afirmaram ter participado de um encontro durante a pandemia afirmam que realizaram dates em suas casas ou na casa do parceiro.  

Os aplicativos como alternativa para o relacionamento na pandemia 

Relacionamento na pandemia

Foto: Pexels

Dos 400 respondentes da parte quantitativa da pesquisa, 71% afirmaram já ter usado algum aplicativo de relacionamento, a maior parte (98%) optou pelo Tinder. Durante a pandemia, praticamente metade do público ou manteve ou aumentou o uso desses recursos. Os principais motivos para ingressar nas plataformas são conhecer gente nova, passar o tempo, e inflar o ego ou aumentar a autoestima. Embora beijar na boca apareça em quarto lugar nas respostas gerais, é um dos três principais impulsionadores para homens utilizarem esse tipo de ferramenta.  

Os principais critérios na escolha de um eventual parceiro em aplicativos de relacionamento são a aparência, os interesses em comum e as fotosNas entrevistas em profundidade foi possível perceber que biografias criativas ou que sejam capazes de expressar como essa pessoa é e pelo que ela se interessa são os preferidos pelos usuários. Apesar dos jovens terem se tornados mais seletivos durante a pandemia, apenas as mulheres esperam ampliar a seletividade na escolha de parceiros no pós-pandemia.  

Mas o que leva alguém a usar um aplicativo de relacionamento? O conforto para conhecer pessoas novas e a facilidade para conversar foram as principais vantagens apontadas pelos usuários, enquanto não ter certeza se as pessoas expõem suas vidas reaisdeixar o papo morrer e, principalmente entre as mulheres, o medo de quem está por trás dos aplicativos foram os principais receios entre os jovens.  

Entendendo comportamentos na pandemia 

O estudo foi elaborado pelos/as estudantes Bruna Maciel, Gabriel Teixeira, Julia de Bortoli, Maria Eduarda Diehl e Phillip Peitz, da disciplina de Projeto de Pesquisa de Mercado em Publicidade e Propaganda, ao longo do primeiro semestre de 2021 e com orientação do professor Ilton Teitelbaun. 

“Essa pesquisa foi importante pois fez com que saíssemos da nossa bolha, muitos dos resultados nos surpreenderam. Algo interessante é que, nesse semestre, 2021/2, temos um projeto prático e pudemos pegar como cliente uma empresa relacionada à temática da pesquisa. Os resultados também serão entregues ao aplicativo Happn, já que uma das especialistas entrevistadas era analista de Marketing da empresa”, comenta. 

Em sua etapa qualitativa, contou com sete entrevistas em profundidade, sendo três delas com especialistas e quatro com jovens de 18 a 25 anos, também foram formados dois grupos focais com oito jovens na mesma faixa etária dos entrevistados. Depois, na fase quantitativa, foram 400 respostas válidas em uma coleta feita por meio de questionário online, sendo a maioria homens e mulheres cisgêneros e heterossexuais, todos moradores de Porto Alegre ou da Região Metropolitana. 

Challenges do TikTok

Coreografias são um dos principais conteúdos produzidos no TikTok/Foto: Pexels

Que o TikTok é a rede social da pandemia todo mundo sabe, mas até quando essa onda pode durar? Qual o segredo por trás do sucesso da rede? O que o público espera da plataforma? Essas são algumas das perguntas que os estudantes do curso de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS, orientados pelo professor Ilton Teitelbaum, buscaram responder com a pesquisa O Crescimento do TikTok e o Impacto da Pandemia nos Usuários de Redes Sociais. 

Antes de mais nada, é importante entender o que é o TikTok e de onde ele surgiu. Trata-se de uma rede social para o compartilhamento de vídeos curtos, com até três minutos de duração, na qual os usuários contam com diferentes ferramentas de edição e podem incluir filtros, legendas, trilhas sonoras, gifs e efeitos de forma prática e intuitiva.  

Seu conteúdo é baseado em tendências e os usuários realizam challenges (desafios), dublagens, imitações e coreografias. Isso instiga a participação de outras pessoas e atrai, principalmente, o público jovem. Além disso, sua aba explorar possui um apelo para a viralização de conteúdo, fator determinante para o crescimento e o sucesso do TikTok. Foi essa característica que levou a jovem Sofia Müller, que, hoje, possui cerca de 50 mil seguidores na rede social, a produzir conteúdo para o aplicativo. 

“O TikTok oferece chance para pessoas desconhecidas viralizarem. Eu consegui fazer a minha marca de roupas crescer através da rede”, comenta.  

Aplicativo atingiu mais de dois bilhões de downloads no começo da pandemia 

Em 2017, o TikTok, ainda bem diferente do que conhecemos hoje em dia, comprou o aplicativo Musical.ly e a união de ambos é a rede social que conhecemos hoje em dia. O início da pandemia, em 2020, foi um momento marcante na história da rede, pois foi quando ultrapassou dois bilhões de downloads nas lojas de aplicativos. De acordo com levantamento realizado pela Global/WebIndex, já existem cerca de sete milhões de usuários cadastrados no Brasil, que gastam cerca de uma hora por dia no aplicativo.  

Uma das características é a monetização de seus usuários através de rubis, o dinheiro virtual do aplicativo. Os usuários podem recebê-los de sua audiência, durante lives, ou através de tarefas ou indicação de pessoas para que baixem a plataforma 

Por trás do sucesso do TikTok: o que as pessoas pensam sobre o aplicativo?  

Para o influenciador digital Lucas Ruschel, que ingressou no app no período da crise sanitária de Covid-19, o que mais chamou atenção foi o aumento repentino no número de usuários. Com mais de 150 mil seguidores, ele acredita que a pandemia tenha sido o fator decisivo para esse crescimento. Sua hipótese conta com o apoio da psicóloga Mariah Paranhos. Segundo ela, “sempre tem um aplicativo do momento que talvez venha até de uma necessidade da sociedade propriamente”. Para Mariah, a necessidade suprida pelo TikTok é a falta de contato humano durante a pandemia, período em que se popularizou no Brasil. 

Outro número que aumentou durante a pandemia foi o de pacientes de Mariah, que revela que a questão do TikTok sempre acaba se tornando pauta entre os adolescentes. No entanto, ela alerta que as redes sociais são potenciais vícios e que é importante saber de forma clara qual é o seu objetivo com o aplicativo para utilizá-lo sem preocupações.  

O potencial de viralização é outro perigo da rede ao pensar em saúde mental, pois, como apontado pela psicóloga, uma pessoa que é beneficiada pelo algoritmo em algum momento pode, rapidamente, cair no esquecimento. Isso pode gerar frustrações dependendo da personalidade e da forma com que esse indivíduo lida com as redes sociais.  

Veio para ficar?  

Challenge de maquiagem

Os “challenges” convidam usuários a participar da brincadeira/Foto: Pexels

A professora da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos Gabriela Kurtz acredita que sim, o TikTok continuará. Mas, de acordo com ela, pode ser que a rede deixe de ser a “febre” que é atualmente. Isso porque um dos fatores que contribuem para manter as pessoas engajadas na plataforma é o tédio, que tende a se tornar menos frequente à medida que as coisas voltem à normalidade.  

A opinião dos usuários do TikTok sobre sua durabilidade varia muito. Lucas acredita que dificilmente ele deixe de existir, mas que, de fato, há chances de que os números caiam. Já Sofia crê que é uma rede momentânea e, portanto, tem prazo de validade.  

Esse aspecto chamou a atenção dos integrantes do grupo que realizou a pesquisa, incluindo o estudante Rodrigo Ruschel, que afirmou ter sido surpreendente perceber quantas pessoas consideram essa uma rede social momentânea e afirmaram não ter pretensão de utilizá-la após a pandemia.  

O caso dos jovens de Porto Alegre 

Como parte da pesquisa, jovens de 18 a 24 anos de Porto Alegre e região foram convidados a responder um questionário sobre o uso de redes sociais na pandemia. Ao todo, foram obtidas 223 respostas, sendo 63,2% de mulheres, 37,2% de homens e 0,4% de pessoas que se identificaram como outros. A partir das respostas, foi possível ver, em dados, como é o comportamento dessa faixa da população nas redes.  

Enquanto mais da metade dos jovens não alteraram seu consumo de rádio e jornal durante a pandemia, quando se fala em televisão e redes sociais a situação é diferente: aproximadamente quatro a cada dez aumentaram pouco o consumo de televisão e mais de 60% o de redes sociais.  

Dentre as redes favoritas desse público, ocupam o topo do ranking, respectivamente, o Instagram, o WhatsApp e, é claro, o TikTok. Praticamente metade dos jovens afirmou utilizar redes sociais de duas a quatro horas por dia. 

Quando se fala em destaques da pandemia o resultado já é o esperado: Instagram e TikTok foram os aplicativos que mais chamaram atenção no período, além disso, foram apontados como os que fornecem a melhor visibilidade para influenciadores e para usuários comuns, o maior poder de viralização para vídeos e o maior potencial de destaque para o pós-pandemia.  

Período da noite é o favorito dos usuários 

TikTok

Foto: Pexels

Embora a maioria do público utilize o TikTok, quase 40% afirmaram ainda não serem usuários da plataforma. Entre os motivos apresentados para isso, destacam-se a negação de ter mais uma rede social em sua vida, a falta de identificação com o público do aplicativo e o medo de se tornar um usuário excessivamente ativo. No entanto, foi, também, apontado o que faria com que esses jovens ingressassem à rede, sendo os principais atrativos a disponibilidade de conteúdos mais diversificados e a criação de grupos e/ou comunidades dentro do aplicativo.  

Entre os jovens que já utilizam a plataforma, quase todos afirmaram ter realizado o download como forma de distração (94,3%) e uma parcela significativa para pesquisa de referências (21,4%). A rede também mostrou ser mais utilizada durante a noite e com uma participação maior das mulheres do que dos homens, sendo a maior parte deles usuários que apenas visualizam os conteúdos (58,8%) e o menor percentual o que visualiza, posta e interage (apenas 9,2%). 

Eles sugerem, ainda, que, para o sucesso do TikTok ser ainda maior, falta interação entre os usuários, suporte aos criadores de conteúdo e alterações no layout da plataforma. Para eles, a rede social perfeita é formada pela característica “good vibes” do Instagram, pela privacidade encontrada no WhatsApp e pela descompressão apresentada pelo Tiktok.  

Mapeando tendências de comportamento  

O estudo O Crescimento do TikTok e o Impacto da Pandemia nos Usuários de Redes Sociais foi elaborado pelos/as estudantes André Barcellos, Caroline Hennicka, Felipe Paes, Julia Prado, Pedro Tassoni, Rafael Domingues, Rodrigo Ruschel, Thaísa Zilli Batista, Uillian Vargas e Vinicius Mourão, da disciplina de Projeto de Pesquisa de Mercado em Publicidade e Propaganda, ao longo do primeiro semestre de 2021.  

“Essa disciplina foi uma das que mais contribuíram para o nosso aprendizado, pois precisamos gerenciar uma equipe, dividir tarefas, trabalhar com prazos e, além disso, elaborar uma pesquisa completa, com início meio e fim, comparando etapas qualitativas e quantitativas”, relembra Rodrigo.  

Em sua etapa qualitativa, a pesquisa contou com 12 entrevistas em profundidade, sendo oito delas com jovens de 18 a 24 anos da região de Porto Alegre, duas com influenciadores digitais do TikTok (Lucas Ruschel e Sofia Müller), uma com uma psicóloga (Mariah Paranhos) e outra com uma comunicadora social (Gabriela Kurtz). Depois, na fase quantitativa, foram 223 respostas válidas em uma coleta feita por meio de questionário online.  

Mobilidade urbana e pandemia

Estudo tem objetivo de analisar como o período de isolamento social influenciou na mobilidade urbana./Foto: Blue Bird/Pexels

Entender os impactos da pandemia de covid-19 na mobilidade urbana é o objetivo da pesquisa Mobilidade e Pandemia, lançada em julho e desenvolvida pelo Núcleo de Tendências e Pesquisa, da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, em parceria com a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga (Vida Urgente). Podem participar do levantamento pessoas com idade entre 16 e 34 anos, que residem em Porto Alegre ou na Região Metropolitana, até o dia 18 de setembro. 

O estudo busca analisar como o período de isolamento social influenciou na forma como as pessoas se relacionam com a cidade, pelo viés da mobilidade. Segundo Ilton Teiltelbaum, coordenador da pesquisa, o objetivo do projeto é fazer um comparativo. “Boa parte do questionário se dedica a entender como as pessoas enxergam a mobilidade antes, durante a pandemia e como se espera que passe a ser após esse período. Estamos coletando percepções individuais para gerar insights coletivos”. 

Para ele, a grande contribuição do estudo para a comunidade porto-alegrense e da região é a possibilidade de identificar as diferentes destes dois momentos, já trazendo uma perspectiva do que é visto como “cenário ideal” pelas pessoas.  

“A partir das respostas poderemos entender se o caminho futuro deve ter mais viadutos ou mais ciclovias; se nesse mundo híbrido que se aproxima as pessoas desejam ver a cidade a pé, de bicicleta e de patinete ou querem que os investimentos sigam sendo feitos nos automóveis? Com esses insights poderemos desenhar uma cidade mais interessante em termos de mobilidade daqui para a frente”, pontua.  

Quero participar da pesquisa

Vida pós-pandemiaO contexto vivido desde março de 2020 está se transformando gradualmente. Com o avanço da vacinação mundial e a retomada de algumas atividades, algumas reflexões sobre o que esperar do futuro se tornam mais presentes. Como será a vida pós-Covid-19? O que é esse “novo normal”? Quais reflexos ainda estarão presentes no dia a dia das pessoas? A série Vida pós-pandemia traz reflexões e opiniões de pesquisadores da Universidade em diferentes áreas sobre o assunto. Abaixo, você confere um olhar sobre comunicação, negócios e tecnologias. 

Comunicação e tecnologias em alta 

Durante a pandemia, a tecnologia se tornou ainda mais fundamental nas relações sociais, de trabalho e de consumo. Para o professor da Escola de Comunicação, Artes e Design Eduardo Pellanda, o momento histórico em que vivemos oportunizou a observação da sociedade em uma condição de mudança brusca. 

“Aprendemos como as pessoas são adaptáveis a novas situações e como muda a relação com a tecnologia nestes momentos. O resultado desta experiência será uma sociedade mais madura digitalmente, mas com carência de contato humano. A convergência disto vai ser o novo ambiente híbrido que vamos começar a observar com todos os detalhes no futuro”, comenta. 

Agora, as pesquisas da área da comunicação estão voltadas para entender como podemos mapear o que foi mais eficiente e quais são as carências das comunicações entre as pessoas nesse cenário. “Esse momento único vai nos ajudar a desenhar o mundo pós-pandemia e mudar relações de trabalho e sociabilização. Novas funções, profissões e oportunidades estão emergindo desta experiência. Devemos ter um boom de inovações a partir disso”, afirma o professor.  

Ainda de acordo com Eduardo, a pandemia ajudou a selar algumas tendências na área da comunicação, como a consolidação de plataformas de streaming, podcasts, lives e conteúdos on demand. “Algumas destas já observamos há anos, mas momentos como este servem como gatilho para que mais pessoas passem a utilizá-las”. Este momento encorajou mais pessoas a testarem novas formas de realizar as suas atividades do cotidiano, como passar a utilizar bancos digitais e ter aulas online. O professor acredita também que a comunicação teve mudanças positivas, impulsionando a valorização da experiência do usuário em todos os processos de criação.  

Na pandemia, o jornalismo teve o papel fundamental de informar a sociedade sobre questões de interesse público e orientações sanitárias, sendo um dos serviços essenciais neste período. “Observamos um alto nível de assinaturas digitais subindo, não só de grandes publicações, como também de produtos digitais de jornais do interior”, comenta Eduardo.  

Os impactos nos negócios   

Para Augusto Alvim, o coordenador do Programa de Pós-graduação em Economia da Escola de Negócios, a pandemia reforçou os impactos negativos de anos anteriores, especialmente da crise de 2008, da crise migratória de 2014 na economia mundial e, mais recentemente, do Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia). 

Com a escassez de produtos importados, os países incentivaram a produção local e também impuseram mais barreiras comerciais. Esta foi uma forma reduzir a dependência de fornecedores internacionais e que também causou a reorganização das cadeias globais, com menos cooperação internacional em alguns casos. O cenário contribuiu positivamente para o crescimento da venda direta e online, com a maior familiaridade da população com novas tecnologias de informação, incentivando o consumo local. 

Por outro lado, “este protecionismo comercial afeta negativamente o crescimento econômico e o fluxo comercial. Cada vez mais é importante promover ações colaborativas para a retomada da atividade econômica e o aumento do comércio”, afirma. Sobre quanto tempo levaremos para uma recuperação pós-pandemia na área econômica, o professor afirma que ainda é cedo para fazer qualquer previsão.  

“Esse é um cenário inédito na economia mundial que ainda está em andamento e de difícil previsão das consequências em termos de impactos sobre a sociedade. Por certo, temos que a pandemia contribuiu para aumentar os efeitos negativos sobre as classes mais pobres e uma maior desigualdade de renda entre países”, completa. 

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Relatório desigualdade nas metrópoles

Queda na renda per capita média do trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre foi de R$ 258, em 2020, para R$ 152 em 2021/Foto: Gordon Shukwit/Flickr

A quarta edição do Boletim – Desigualdade nas Metrópoles levanta dados extremamente preocupantes acerca dos efeitos que a pandemia da Covid-19 provocou, ao longo de um ano, no que diz respeito à renda e sua distribuição entre os moradores da região metropolitana de Porto Alegre. O estudo é fruto de uma parceria entre a PUCRS, o Observatório das Metrópoles e a RedODSAL. Os dados utilizados são provenientes das PNADs Contínuas, produzidas IBGE.

De acordo com os dados levantados pelo estudo, o percentual de pessoas vivendo em domicílios com renda per capita do trabalho menor que ¼ do salário mínimo, na região metropolitana de Porto Alegre, era de 17% no início da série histórica (2012). Já no primeiro trimestre de 2020 chegava a 20%. E apenas um ano depois, no 1º trimestre de 2021, alcançou o patamar de 28%. Em termos absolutos, isso significa que em apenas um ano o número de pessoas nessa situação passou de 899.092 para 1.182.172. Ou seja, mais de 280 mil pessoas caíram abaixo desse patamar de renda durante a pandemia na metrópole gaúcha.

Segundo Andre Salata, professor da PUCRS e um dos coordenadores do estudo, os números que trazemos expressam o que qualquer morador da grande Porto Alegre percebeu ao longo do último ano, com o aumento sensível do número de pedintes, desempregados, vendedores ambulantes e pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade. “Em um cenário de diminuição acentuada da renda média, e de uma piora substantiva na sua distribuição, os resultados não poderiam ser diferentes, fazendo milhares de famílias caírem para estratos de rendimentos mais baixos”, ressalta.

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Os dados mostram que no primeiro trimestre de 2021 a média móvel do coeficiente de Gini na Região Metropolitana de Porto Alegre, que mede a desigualdade de rendimentos do trabalho (quanto mais alto o valor, maior a desigualdade) atingiu seu maior valor na série histórica, iniciada em 2012, chegando a 0,631. Isso significa que o nível de desigualdade da renda do trabalho foi o mais elevado em todo o período observado. Um ano atrás, no primeiro trimestre de 2020, antes de sermos atingidos pela crise da Covid-19, essa média do Gini era de 0,601. Nas regiões metropolitanas de Curitiba e Florianópolis a desigualdade também aumentou, chegando a 0,585 e 0,593, respectivamente.

Boletim desigualdade nas metrópoles

Efeitos sociais da pandemia não mostram sinais de arrefecimento no primeiro trimestre, motivo pelo qual a manutenção do auxílio emergencial é imprescindível/Foto: Pixabay

Segundo Salata, o aumento das desigualdades na grande Porto Alegre já vinha ocorrendo desde 2015. Ou seja, já partimos de um patamar extremamente elevado.

“No último ano, no entanto, há um enorme salto nessa desigualdade, fruto de um contexto onde quase todos perdem, mas os mais pobres perdem relativamente muito mais. O resultado é que, na metrópole gaúcha, enquanto no início de 2020 os 10% do topo da distribuição de renda ganhavam, em média, 27 vezes mais do que os 40% da base da distribuição de renda em nossas metrópoles, agora eles ganham 42 vezes mais. Portanto, hoje a metrópole de Porto Alegre é muito mais desigual do que era no primeiro trimestre de 2020, antes da pandemia”, destaca o pesquisador.

A pesquisa mostra ainda que entre os 40% mais pobres, na região metropolitana de Porto Alegre, o rendimento per capita do trabalho caiu 41% entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021. Para os 50% de renda intermediária a queda foi de 9%. E para o estrato de renda dos 10% do topo da distribuição a queda foi de 10%. Portanto, apesar de ter ocorrido redução de rendimento em todos os estratos de renda, a queda foi muito mais pronunciada para os mais pobres, cuja renda per capita média do trabalho passou de R$258 para R$152 entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021.

Segundo os pesquisadores, os dados ainda mostram que os efeitos sociais da pandemia em nossas metrópoles não mostram sinais de arrefecimento no primeiro trimestre de 2021. “O auxílio emergencial continuará cumprindo um papel fundamental por mais alguns meses, até que se façam sentir os efeitos do avanço da vacinação e de um eventual aquecimento do mercado de trabalho, que deveria ser induzido pelo governo”, afirma Salata.

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O distanciamento social ocasionado pela pandemia de Covid-19 reduziu o círculo de relações diárias da maioria da população. Para as pessoas idosas, grupo de risco para a contaminação pelo coronavírus, esse contato se tornou ainda menos frequente devido às dificuldades de acesso aos programas e redes sociais que permitem a interação online. Para incentivar o contato afetivo durante a pandemia, o Fórum Gaúcho do Ensino Superior sobre Envelhecimento Humano lançou a campanha Declare seu amor ao idoso. A ação teve início em junho, mês de combate à violência contra pessoas idosas. 

O objetivo da campanha é reconhecer a importância do idoso na comunidade e nas famílias, visto que boa parte dos atos de violência acontecem dentro do próprio lar. A ação visa sensibilizar as famílias a expressar o amor ao idoso por meio de palavras e atos. A campanha convida familiares e amigos a realizarem ligações e enviarem mensagens para idosos, mantendo um contato mais frequente e próximo. As declarações também podem ser compartilhadas nas redes sociais, marcando o perfil do Fórum no Facebook. 

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Durante a pandemia, com o isolamento social, muitas famílias ficaram distantes de seus familiares idosos e os amigos não puderam se encontrar, isso acabou agravando os problemas de depressão que já são mais comuns nessa etapa da vida. O isolamento e a falta de contato, de atenção e de carinho acabam por agravar todos os sintomas de sofrimento psíquico”, destaca Rafael Baptista, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, representante de comunicação do Fórum. 

Para a professora Silvia Areosa, psicóloga e integrante do Fórum, manter as relações, principalmente para os idosos, é fundamental. “Todos nós precisamos de carinho e afeto, como seres humanos somos seres sociais, dependentes do olhar do outro para nos significar. Quando estamos na fase da vida chamada de velhice e já não temos mais tantos contatos diários, pois estamos aposentados e nosso círculo de relações diminuiu, é muito importante que possamos seguir recebendo atenção de familiares e amigos”.   

A professora Patrícia Chagas, coordenadora do Fórum, destaca que a intenção é que o contato afetivo se mantenha além da campanha. “Por que não pensar em se estender por todos os dias? Afinal, carinho e amor devem fazer parte sempre do nosso dia e estar sempre presente nas nossas famílias”. 

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Sobre o Fórum 

O Fórum Gaúcho do Ensino Superior sobre Envelhecimento Humano reúne representantes de 14 instituições e possui entre os objetivos articular ações de ensino, pesquisa, extensão e inovação para qualificar as atividades destinadas ao envelhecimento humano no Ensino Superior. O Fórum também se caracteriza como uma instância consultiva para a formulação, controle e avaliação de políticas públicas destinadas à pessoa idosa. 

Além da PUCRS, participam do Fórum a Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal do Rio Grande, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade de Cruz Alta, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Universidade de Caxias do Sul, Universidade Católica de Pelotas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Pampa, Universidade de Santa Cruz do Sul, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Universidade do Vale do Taquari e Universidade de Passo Fundo.