Ingressar na pesquisa é o sonho de muitos estudantes. Para isso, há diversas opções: na graduação, é possível ingressar na Iniciação Científica; após formado, os programas de pós-graduação são a principal opção. O trabalho de um pesquisador pode ser realizado em diferentes áreas e contextos e não precisa ficar restrito ao laboratório ou a pesquisas de campo. Na verdade, os cientistas precisam de um bom referencial teórico para que possam desenvolver tanto a argumentação como a parte prática das suas pesquisas. Além disso, é possível ser cientista em todas as áreas do conhecimento, pois há linhas de pesquisa muito diferenciadas.
Pensando nisso, o professor da Escola de Ciências de Saúde e da Vida e coordenador de Iniciação Científica da PUCRS, Júlio César Bicca-Marques, preparou algumas dicas para quem tem o sonho de realizar pesquisas:
A curiosidade de descobrir como o mundo funciona é essencial para qualquer cientista, esteja ele(a) interessado(a) em entender pequenos detalhes do nosso cotidiano ou os grandes enigmas do universo. Se você silenciou a sua curiosidade, reviva aquela criança que perguntava um “por quê” atrás do outro. Adicione muitos “como”, “quando”, “onde”, etc. e esse espírito questionador lhe permitirá fazer indagações científicas cada vez mais complexas. Manter a chama da curiosidade acesa lhe ajudará a entender por que a melhor ciência é aquela que dá algumas respostas e abre um leque mais amplo de novas perguntas e dúvidas.
O ditado “quanto mais sei, mais sei que nada sei” resume bem a vida de cientista. O físico brasileiro Marcelo Gleiser usa uma ilha como metáfora do nosso conhecimento e o perímetro de oceano à sua volta para representar o desconhecido. Quando nossa ilha do conhecimento é pequena, seu entorno é restrito e só conseguimos ter ciência de um pouquinho do que não sabemos. À medida que expandimos nossa ilha do conhecimento, seu perímetro também aumenta, fazendo-nos perceber como ainda temos muito a aprender. E, assim, podemos passar a vida inteira fazendo ciência, aprendendo e mantendo viva a nossa curiosidade.
Você se divertirá fazendo ciência se estiver encantado, apaixonado pela sua pesquisa. O encantamento pelo tema de sua investigação tornará o exercício (permanente) de revisão da literatura mais prazeroso. Essa afinidade também lhe ajudará a valorizar cada progresso e descoberta.
Seguir criteriosamente todas as etapas do método científico com seriedade e rigor requer determinação e persistência. A ansiedade, por outro lado, não combina com a pesquisa científica. É necessário ter paciência para desenvolver o estudo e para aguardar a época de colher os frutos do seu investimento. Alguns resultados podem ser obtidos em pouco tempo, enquanto outros podem exigir anos de dedicação.
Se você estiver encantado e vibrando com seus avanços, como falamos na dica anterior, isso não será tão difícil quanto pode parecer à primeira vista. Determinação e persistência também são características necessárias para que você vença os momentos de frustração com eventuais erros e resultados negativos. A identificação de problemas metodológicos, por exemplo, é um importante aprendizado. Também esteja ciente de que resultados negativos oriundos de investigações metodologicamente robustas e rigorosas também são muito valiosos.
A ciência avança porque não nos satisfazemos com o conhecimento que dispomos. Portanto, ser crítico para questionar os paradigmas vigentes é essencial para retroalimentar a sua curiosidade e auxiliar a pensar de forma alternativa. Cientistas com conhecimento profundo do seu tema de pesquisa, com senso crítico apurado e mente aberta têm maior probabilidade de promover avanços significativos de suas áreas de atuação.
Exercitar a autocrítica também é essencial na vida científica para que você não caia na armadilha de ter um apego irracional às suas hipóteses de pesquisa. Trate-as como elas são: explicações possíveis para o(s) fenômeno(s) de interesse que precisam ser testadas. Portanto, não tenha nenhum receio em descartar aquela hipótese em que você acreditava durante a elaboração do projeto de pesquisa e que não recebeu suporte de seus resultados. Um ditado que criei há quase duas décadas durante um seminário de graduação sintetiza bem como usar o espírito crítico nas suas atividades científicas: “seja crítico, muito crítico, mas comece por você mesmo.”
A ciência depende de uma comunicação eficiente. Dependemos de trabalhos científicos bem escritos e com ideias claras para podermos entender qual é a fronteira do pensamento do nosso tema de pesquisa para propormos novas perguntas. O mesmo vale se você estiver assistindo a uma palestra ou aula. O(A) apresentador(a) precisa expressar bem o conhecimento para que você possa acompanhar o raciocínio.
Uma comunicação clara e adaptada a cada público-alvo também é essencial para promovermos a popularização do conhecimento científico e, assim, vencermos os perigos do obscurantismo e do negacionismo em nossas sociedades. Como a ciência não conhece fronteiras, sua linguagem é internacional. Portanto, invista no(s) idioma(s) mais importante(s) na sua área de atuação.
Dica bônus: currículo Lattes
A elaboração de um currículo Lattes é essencial para qualquer pesquisador. Diferente do tradicional curriculum vitae, entregue a possíveis contratadores por quem está procurando um emprego, o Lattes é um currículo para a área acadêmica. No currículo Lattes é registrada a trajetória acadêmica de professores/pesquisadores e estudantes brasileiros ou estrangeiros que atuam no Brasil, por isso é considerado fundamental para quem tem interesse em ingressar e crescer na área. No entanto, o preenchimento do currículo pode gerar dúvidas. Por isso, o PUCRS Carreiras trouxe também algumas dicas:
Você também pode se inscrever na oficina de Currículo Lattes do PUCRS Carreiras que acontece no dia 19/4.
Leia também: Currículo Lattes: passo a passo para aprender a utilizar a plataforma
Dê o primeiro passo para sua carreira de pesquisa
Se você deseja se envolver com pesquisa científica, mas não se identificou com as habilidades descritas acima, não tem problema. Todas elas podem ser cultivadas e desenvolvidas. Para começar, que tal se inscrever nas Oficinas de Iniciação Científica? As atividades são gratuitas, abertas ao público e acontecem ao longo do ano.
A nova temporada da série Pratique em Casa, do Ateliê PUCRS Cultura, estreia nesta sexta-feira, 12 de março, pelo IGTV do Instagram @pucrscultura. O primeiro vídeo aborda Customização utilitária: costura e autonomia, com a participação da estilista Luísa Santos, que ensina a transformar uma calça usada em um short sob medida.
O objetivo da oficina é mostrar a costura a partir de pontos básicos e dicas de medições e cortes, incentivando a autonomia na reinvenção e no ajuste de peças. A proposta também inclui uma reflexão sobre a manutenção de roupas, passo importante para quem se propõe a repensar hábitos de consumo.
Luísa Santos é designer de produto e estilista. Desenvolve projetos em moda, estamparia, upcycling e criações têxteis para artistas. Além disso, ministra oficinas de criação para diversos públicos e é integrante do Vinco estúdio, em Porto Alegre.
O projeto Ateliê PUCRS Cultura busca proporcionar experiências por meio de práticas artísticas. Desde o seu início, em 2019, oferece cursos e oficinas de diversas atividades artísticas para alunos/as e comunidade em geral.
Durante o período de isolamento, foi desenvolvida uma versão digital do projeto, com a publicação de vídeos curtos com propostas de práticas para pessoas explorarem o corpo e a criatividade em casa.
Confira essas e outras oficinas sobre tie dye, acrobacia de sala, sensibilização do violão para crianças (parte 1 e parte 2), colagem analógica e muito mais no @pucrscultura.
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A mais antiga oficina de Criação Literária do País está completando 35 anos em 2020, em funcionamento ininterrupto desde a sua fundação. As aulas são ministradas por Luiz Antonio de Assis Brasil e Silva, escritor e professor da Escola de Humanidades da PUCRS, carinhosamente conhecido como Assis Brasil.
Pela primeira vez a oficina acontecerá em formato totalmente online, mas com a mesma qualidade e metodologia envolvente da principal referência em Escrita Criativa no Brasil. As inscrições vão até 4 de janeiro de 2021, confira o edital aqui. O gênero literário estudado será, como em outros anos, a narrativa de ficção, excluindo os demais, como poesia, drama e crônica, por exemplo.
“Minhas aulas seguem com normalidade e, penso eu, com proveito para os alunos e alunas. Inclusive para discentes da oficina, que se adaptaram perfeitamente. E como gosto de desafios, sinto-me em casa – literal e metaforicamente – para dar as aulas”, conta Assis Brasil sobre a sua adaptação às aulas online.
A leitura é o principal meio para adquirir competência literária, assim como atividades práticas de exercício criativo. A distância, nesse sentido, não é um empecilho. “As trocas entre estudantes acontecem em quantidade e qualidade, iguais às das aulas presenciais. Mas concordo que o contato humano é coisa preciosa, que logo teremos de reinventar, com paciência e humildade. Humildade, não: sabedoria”, destaca.
Leia também: Era uma vez, um Assis Brasil e a Escrita Criativa
A graduação, disciplinas eletivas, cursos de extensão, mestrado e doutorado em Escrita Criativa da PUCRS simplesmente não existiriam se a oficina não tivesse surgido há 35 anos. “Foi uma semente para tudo que veio depois: não só as carreiras de sucesso de estudantes, mas como inspiração para o que egressos fizeram depois. E aí eu me incluo, pois fui aluno da oficina lá em 2006”, recorda Bernardo Bueno, professor, coordenador e co-fundador do curso.
Após o período de inscrições, as seleções serão divulgadas nos canais oficinais da Escola de Humanidades, em 22 de janeiro e as aulas começam no dia 11 de março, sempre às quintas-feiras, das 14h às 17h. As atividades são divididas em dois semestres letivos, com 15 encontros cada.
A oficina visa receber pessoas que revelem intimidade com a literatura. Como forma de desenvolver competência essenciais para quem escreve ficção, são realizados certos jogos, na intenção de mostrar ao aluno e aluna de que são capazes de criar.
Ao final das aulas é publicada uma antologia que reúne os contos elaborados. São, evidentemente, contos iniciais – mas alguns perfeitos e acabados – e assim devem ser entendidos. Até agosto de 2019 foram publicadas 47 antologias.
No dia 25 de outubro, o professor da Escola de Ciências Júlio César Bicca-Marques ministra a oficina de Iniciação Científica Como seguir a receita: agradecimentos e bibliografia. O objetivo da atividade é orientar os alunos no planejamento, produção e execução de apresentações orais e de pôsteres. A atividade tem duração de uma hora e ocorre às 12h45, no auditório do prédio 9 do Campus (Av. Ipiranga, 6.681 – Porto Alegre). Não é necessário realizar inscrições prévias. Mais informações pelo telefone (51) 3353-7719 ou pelo e-mail [email protected]
A ideia de promover as oficinas partiu do professor Bicca-Marques, que, ao assistir a bancas, percebia a deficiência de aspectos técnicos nos trabalhos e resumos. As atividades vêm sendo promovidas mensalmente e contam com larga adesão dos estudantes. “São cerca de 150 alunos participando em cada edição. O foco é qualificar, e fazemos isso através de uma conversa”, explica o professor.
O público principal do evento são alunos de graduação, mas as oficinas são abertas ao público. “Também participam pessoas do mestrado, doutorado e até mesmo de pós-doutorado. Sempre é possível melhorar”, afirma Bicca-Marques, que já abordou, em edições anteriores, os temas ética, título, palavras-chave, resumo, introdução, bibliografia e métodos.
Mais uma oficina está prevista para acontecer até o final do ano. Confira a programação:
22 de novembro – Relatos de estudantes: fortalezas, fraquezas e desafios em ser estudante de Iniciação Científica
No dia 23 de agosto, o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) promove a terceira edição do Tecnopuc Experience. O evento, que marca os 15 anos do Tecnopuc, convida empresas instaladas no Parque, organizações e startups da comunidade em geral para proporem atividades relacionadas à empreendedorismo e inovação, como workshops, debates, oficinas, entre outras ações. As inscrições de projetos para integrarem a programação do evento estão abertas até o dia 20 de julho, e as propostas devem ser enviada através deste formulário.
As ideias passarão por uma curadoria que irá avaliar a viabilidade de implementação e a diversidade das iniciativas e do público ao qual a ideia se destina. O retorno sobre a possibilidade de realização das propostas será dado até o dia 27 de julho, por e-mail ou telefone. A realização dos projetos é sem custo para os organizadores e ministrantes, assim como para os participantes.
Debater as imagens como fonte visual e discutir sobre as diversas possibilidades de pesquisas oferecidas por elas é o objetivo da oficina História e Imagem: Teoria e Metodologia. A atividade, promovida pelo Programa de Pós-Graduação em História da Escola de Humanidades da PUCRS, ocorre nos dias 3, 4, 10 e 11 de novembro. As aulas acontecem das 9h às 12h, e das 14h às 17h30min, na sala 323 do prédio 3 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). As inscrições devem ser realizadas no local. A oficina é gratuita, aberta ao público e vale como horas complementares.