As pessoas que morreram sem causa definida e não traumática no Hospital São Lucas poderão receber a avaliação de um radiologista, que irá realizar intervenção guiada por imagem. O Serviço de Imagem para Verificação de Óbitos (Sivo) é o segundo do País – o primeiro pertence à Universidade de São Paulo.
Na Europa, há disseminação da técnica. Na Áustria, por exemplo, só se faz necropsia com o uso de imagens. O procedimento tem como grande vantagem a rapidez do diagnóstico, evitando expor a família a uma espera mais demorada, explica o coordenador do serviço, radiologista e professor da Escola de Medicina Bruno Hochhegger. Diferentemente de uma biópsia comum, que exige a abertura do crânio e da coluna, também prevê menos intervenção no corpo.
Atualmente, são atendidos só os casos do São Lucas. O médico aciona o Sivo quando não sabe a causa da morte do paciente. São utilizadas ecografia, tomografia e ressonância magnética. Quando possível, a equipe se desloca até o paciente, munida de equipamentos portáteis. Os resultados ficam prontos entre duas e três horas após o falecimento. A família não arca com os custos.
O interesse é ter um diagnóstico final desses pacientes. Alguns casos incluídos tinham doenças não suspeitadas na história clínica, comenta Hochhegger. Está sendo realizado um banco de dados para inspirar futuras pesquisas, demonstrar a eficácia do método e utilizar as informações durante aulas da Escola de Medicina. Até agora, em torno de dez pacientes passaram pelo procedimento. As principais causas de morte foram tuberculose e doenças infecciosas e granulomatosas (imunodeficiência ligada a infecções graves).
O Hospital São Lucas fornece parte da infraestrutura para o Sivo, incluindo o Centro de Diagnóstico por Imagem, e a Escola participa com professores orientadores e residentes de Radiologia, fazendo com que o serviço funcione 24 horas, sete dias por semana.