Confira dicas para cuidar da sua saúde mental. / Foto: Pexels
Cuidar do bem-estar mental é tão crucial quanto cuidar da saúde física. A iniciativa do Janeiro Branco, concebida pelo psicólogo Leonardo Abrahão em 2013 e transformada em lei em 2023, busca conscientizar a sociedade sobre a importância da saúde mental. Em 2024, a campanha “Saúde Mental enquanto é tempo” propõe uma reflexão profunda sobre a necessidade de dedicar atenção a si e ao todo, com respeito e carinho.
No Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 86% da população sofre de algum tipo de transtorno mental, como fobias, depressão, transtornos de ansiedade e personalidade, entre outros. O país também conta o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população brasileira sofre com a doença.
Para enfatizar importância da conscientização sobre o tema, a professora Rita Petrarca, do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, preparou sugestões de como começar o ano cuidando bem da mente e do emocional. Confira as dicas de como cuidar das emoções, comportamentos e da qualidade das suas relações afetivas:
No meio das obrigações diárias, é essencial fazer uma pausa para respirar. Descanse e reserve um tempo do seu dia para desfrutar de algo que lhe dê prazer: assistir a uma série, dar um passeio, ler um livro interessante, dançar. O importante é que a atividade seja agradável.
Tente manter uma organização na realização das tarefas de aula e trabalho, equilibrando as responsabilidades com as atividades de lazer e descanso. Utilizar plataformas de organização e métodos de gestão do tempo podem te ajudar.
Praticar atividades físicas ajuda na liberação de substâncias no organismo que causam as sensações de bem-estar, conforto e melhoram o humor, além de fazer bem à saúde. Lembre-se de dormir bem para descansar o corpo e a mente, além de se hidratar e manter uma alimentação equilibrada. Antes de dormir, evite usar o celular e aparelhos eletrônicos para ter uma noite mais tranquila.
Busque estar próximo das pessoas que você ama e te fazem bem, como família, amigos e amigas, mesmo que virtualmente. Os bons relacionamentos são fundamentais para a saúde mental e ajudam a fazer com que a vida tenha sentido.
Preste atenção em você. Se estiver com dificuldades em lidar com as suas emoções, com a realidade desse momento ou com frustrações, procure uma ajuda profissional. Existem diferentes alternativas de profissionais e serviços de psicologia que podem lhe auxiliar a lidar com os momentos difíceis da vida. Lembre-se que é importante falar sobre saúde mental de janeiro a janeiro. Ninguém precisar estar só.
Alguns serviços que oferecem ajuda são o Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo telefone 188 ou no chat do site, e o Núcleo de Apoio Psicossocial do Centro de Apoio Discente da PUCRS, para a comunidade acadêmica. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3320-3703 ou no e-mail [email protected].
GRADUAÇÃO PRESENCIAL
Muitas vezes a sociedade impõe normas as quais fazem parecer que é proibido sofrer, ter dificuldades e inseguranças, sentir ansiedade ou ser diferente – quando, na verdade, somos todos igualmente diferentes. Apesar dos preconceitos em torno do tema, identificar o momento de pedir apoio é essencial para se desenvolver integralmente e ter saúde em diferentes aspectos da vida. Se você entende a importância de respeitar o seu tempo, sua forma de aprender e o momento de compartilhar dúvidas, sentimentos e emoções, os serviços do Centro de Apoio Discente da PUCRS podem te ajudar.
Simone Martins, coordenadora do Centro de Apoio Discente, explica que o espaço é constituído pelo Núcleo de Apoio Psicossocial, o Núcleo de Apoio à Educação Inclusiva e o Núcleo de Apoio à Aprendizagem. Os Núcleos são formados por profissionais especializados que articulam conhecimentos e saberes específicos de cada área e as integram. Segundo a professora, isso é possível a partir do momento que a comunidade acadêmica se reconhece como inclusiva, plural e criativa.
“São serviços que, por excelência, atuam na dimensão do cuidado com a vida e incidem diretamente na permanência, aprendizagem e participação nas diferentes atividades do Campus – sobretudo, nos propósitos dos alunos ao acessarem a Universidade a fim de contribuírem para a transformação da sociedade”, ressalta.
O Núcleo de Apoio Psicossocial integra a rede de atendimento aos estudantes e é um serviço de acolhimento e escuta qualificada no que se refere à prevenção, intervenção e mediação nas questões de saúde mental e aspectos de vulnerabilidade socioeconômica. Esses aspectos estão relacionados com o cuidado humano e impactam os processos de ensino e aprendizagem.
Para isso, foi constituída uma equipe multidisciplinar de profissionais da Psicologia, Serviço Social e Psiquiatria. Esses profissionais atuam principalmente na prevenção da saúde mental e questões que envolvem a condição humana por meio de:
Os estudantes podem procurar o Núcleo de Apoio Psicossocial para atendimentos relacionados a:
O Núcleo de Apoio à Educação Inclusiva é o espaço onde são elaboradas e executadas as ações que promovem o acesso e a permanência de estudantes com transtornos de aprendizagem (dislexia, TDAH, entre outros); deficiência(s); Transtorno do Espectro Autista (TEA); Altas Habilidades/Superdotação e outras necessidades educacionais especiais ao longo da formação. O serviço disponibiliza acessibilidade arquitetônica, de comunicação, pedagógica e na confecção e adaptação de materiais acessíveis.
Quando estava nos ensinos fundamental e médio, Renato Brum já percebia que precisava de uma abordagem diferente para realizar algumas tarefas escolares. Formado em Engenharia do Controle e Automação pela PUCRS, ele, que é diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista, relembra que, entre as dificuldades da época da escola, estavam a necessidade de ter mais tempo para fazer provas e o maior esforço para se concentrar.
O Colégio Marista Rosário, onde estudou, foi o lugar no qual encontrou uma primeira ajuda. Ao ingressar na graduação, na PUCRS, recebeu apoio, criou laços e se sentiu ainda mais acolhido:
“Eu não ia lá só para fazer as atividades, eu me sentia bem sabendo que tinha gente em quem confiava ao redor e que poderia tirar dúvidas. A equipe e os professores eram legais, e hoje eu ainda tenho contato com alguns deles.”
Assim como o apoio de colegas e professores/as, a participação da família também ajuda no processo de formação. No caso de Renato, isso aconteceu do início ao fim da graduação:
“O acompanhamento do Núcleo de Apoio à Educação Inclusiva foi fundamental para o desenvolvimento do Renato dentro da PUCRS. A engenharia é um mundo fechado, e sem essa ajuda seria difícil de ele entrar neste ambiente devido às dificuldades dele na comunicação com as pessoas. Essa intermediação fez toda a diferença”, explica sua mãe, Flávia Borba.
Para o pai, Ruy Brum, “através desta equipe, nós, os pais, pudemos entender melhor os momentos que Renato passava e, assim, auxiliá-lo ao longo dos anos. Uma universidade é uma porta de entrada para o mundo real. E na realidade todos temos medos e questões diferentes”.
Segundo Renato, o respeito às diferenças é muito importante. Afinal, “são elas que nos fazem grandes e incríveis”. Ele acrescenta que incluir é importante para a formação de uma geração de profissionais mais diversa, e não ter um olhar voltado para essas questões “significa perder potenciais de pessoas que, mesmo parecendo ‘menores’ às vezes, estão em outros ângulos, podendo mudar o mundo”.
Para isso, o Núcleo dispõe de profissionais e recursos especializados, como o acompanhamento em diversas situações do cotidiano, além de orientação para a equipe de coordenação e docente sobre o processo de inclusão desses alunos e alunas no ensino superior.
Se você precisa de ajuda em alguma disciplina ou para aprender temas específicos, o Núcleo de Apoio à Aprendizagem conta com uma equipe pronta para te auxiliar. Participam do serviço estudantes, professores de diferentes cursos de graduação e bolsistas de Iniciação Científica. Ou seja, além de contribuir com os seus estudos, a equipe também entende o que você está passando, pois estão ou já estiveram no seu lugar como estudante.
João Martins, por exemplo, foi monitor do Núcleo na área de Estatística. Mesmo sendo aluno do curso de Psicologia, ele aceitou o desafio de ministrar oficinas e encontros de reforço para diferentes áreas. Durante os três semestres que atuou no serviço, João pode ajudar colegas do seu curso e de outros, como Administração, Relações Públicas, Farmácia, Economia, Ciências Contábeis e Engenharias.
“Me senti feliz em ajudar colegas a superarem dúvidas e dificuldades, principalmente nas disciplinas com as maiores taxas de reprovação e evasão. Isso me agregou tanto como futuro psicólogo quanto como pessoa, justamente pelo trabalho de empatia, que é algo que precisamos cada vez mais”, acrescenta.
Gostou desse conteúdo e acha que os serviços dos Núcleos de Apoio da PUCRS podem te ajudar? Para tirar dúvidas e receber mais informações, visite o Centro de Apoio Discente. Os serviços do Centro de Apoio estão disponíveis a todos os alunos da Graduação e Pós-Graduação, nos turnos manhã, tarde e noite, de segunda a sexta-feira. Podem ser acessados presencialmente, no prédio 15 (Living 360°), 3º andar, sala 302; pelo telefone 051-3353-6036; pelo e-mail [email protected] e/ou Instagram: @apoiodiscentepucrs.
O próximo encontro promovido pelo Núcleo de Apoio Psicossocial da PUCRS abordará O fenômeno do suicidio no universo acadêmico, como forma de promover a conscientização sobre o tema e a preservação da vida. O evento virtual acontece no dia 10 de setembro, das 17h às 19h, pelo Zoom. Inscreva-se aqui.
“O comportamento suicida é um fenômeno vivenciado pela humanidade que retrata o sofrimento da condição humana frente aos desafios que vivenciamos. A finitude da vida e as condições que levam muitos jovens para esta decisão precisa ser discutida no âmbito do cuidado e da preservação da vida”, destaca o professor Francisco Kern, coordenador do Núcleo.
O debate mediado por Kern contará com a presença de Carla Vilwwock, psicóloga do Núcleo de Apoio Psicossocial da PUCRS; e Rafael Moreno de Araujo, psiquiatra e professor da Univates. Durante o evento também será lançado o Guia de Cuidados da Rede Marista, sobre Saúde mental de adolescentes e jovens em contextos educativos: relações de cuidado humano.
Na contramão da tendência mundial, no Brasil, a taxa de suicídio aumentou 7% segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2010 e 2016. “Uma pessoa ainda morre a cada 40 segundos por suicídio”, diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS no portal oficial da organização.
O problema é uma preocupação de diversos países. “O suicídio foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, estando atrás apenas dos acidentes de trânsito. Entre adolescentes de 15 a 19 anos, o suicídio foi a segunda principal causa de morte entre meninas (após condições maternas) e a terceira principal causa de morte entre meninos (após acidentes de trânsito e violência interpessoal)”, afirma o relatório.
Na reorganização dos fluxos de acolhimento aos estudantes no Núcleo de Apoio Psicossocial já a partir de março deste ano, o atendimento passou a ser na modalidade online, com credibilidade e confiança. Os nossos estudantes continuaram buscando apoio e acolhimento no cuidado para com a vida em todos os sentidos. Sem dúvida, os impactos foram muitos na reconfiguração da vida acadêmica e com todas as possibilidades projetadas para continuidade da mesma. Mesmo que novas rotinas foram construídas e outras mantidas, não saímos imunes desta pandemia. Precisamos ter consciência de seus impactos para construirmos nosso posicionamento e fortalecimento humano social frente aos desafios que se colocam.
Alguns destes impactos puderem ser percebidos no acolhimento remoto aos estudantes após as medidas de isolamento social principalmente nos dois primeiros meses (abril e maio). As demandas apresentadas, num primeiro momento, se caracterizaram por estarem associadas, principalmente, a dificuldades para acompanhar as aulas e realizar as atividades online, dificuldade de organização temporal, quadros de ansiedade e de depressão; bem como, dificuldades familiares em função do convívio diário. Tudo era novo, sem precedentes e requeria habilidade na construção de hábitos, costumes e competências. Consequentemente, a exigência em novas modalidades de trabalhos, comunicação entre os integrantes das disciplinas foram se destacando no início deste novo período. O sentimento prevalente da frustração, foi evidenciado quando dos sucessivos adiamentos do término da quarentena, outros, pelo sentimento de rebaixamento de produção acadêmica e dificuldades pertinentes ao final de semestre que se assemelham quando em período presencial.
Neste período de acolhimento e apoio realizado na modalidade remota, algumas pessoas atendidas demonstraram dificuldades emocionais prévias ao período de pandemia que foram potencializadas pelo distanciamento social e pelo impedimento de seguir as rotinas previamente definidas. Para alguns, este período intensificou sofrimento o que demandou o encaminhamento a rede social de apoio. Outros ainda, de acordo com as suas necessidades buscaram ajuda com a intenção de encaminhamento para psicoterapia, a pedido de outros profissionais ou por perceber neste momento de maior reclusão a necessidade de investir no tratamento pessoal para resolver problemas antigos que foram reavivados. Realizou-se ainda orientação a familiares que buscavam suporte para ajudar seus filhos.
Já no final do semestre de 2020.1, surgiram queixas de ansiedade, estresse e irritabilidade, pela falta de perspectiva em retomar a rotina anterior, o trabalho e o ensino presencial e o contato com colegas; e por outro lado o reconhecimento da importância da continuidade do ensino remoto garantindo todos os cuidados possíveis.
O apoio e acolhimento tornou-se fundamental para que o estudante pudesse construir uma consciência desta nova realidade e de posicionar-se frente a ela. Desta forma, um dos principais impactos positivos foi a manutenção da continuidade da vida acadêmica e a busca constante de estratégias na superação das dificuldades.
Historicamente, a angústia provocada por doenças contagiosas, por experiências diretas e indiretas, com os riscos de contaminação, desencadeiam situações de vulnerabilidade que provocam muito medo em todos os sentidos. A angústia provocada pela pandemia do covid-19 tem suas particularidades. O inimigo invisível que antes estava longe, hoje pode estar na porta da entrada de casa; o que antes era o inimigo invisível, hoje se materializa nas pessoas mais próximas; o outro passa a ser a ameaça; a finitude da vida que era compreendida como possível e certa, relacionada ao covid, se apresenta da forma mais cruel possível.
Quando iniciávamos o semestre letivo em março, não imaginávamos que seriamos condicionados a situação de isolamento social para preservarmos a nossa saúde, bem como, a de outras pessoas que convivem conosco. Dar continuidade ao ano letivo em 2020.2, no contexto da pandemia na modalidade on line, é uma decisão responsável e contextualizada da Universidade com base nas orientações das autoridades da saúde.
Iniciamos o segundo semestre de 2020 ainda sob os impactos de uma pandemia, que sem precedentes, literalmente nos obrigou a retornarmos para nossos habitats no primeiro semestre. O vírus chamado de Covid-19, apresentou-se como um poderoso inimigo invisível que aos poucos foi se aproximando e de certa forma, tomando conta de nossas vidas, ditando regramentos, protocolos e novos comportamentos.
Um dos maiores aprendizados que podemos construir neste período, é o reconhecimento de que somos capazes de nos reinventarmos ou nos recriarmos frente aos desafios pedagógicos que são colocados. A descoberta de novas formas e modalidades de aprendizado nos coloca em condições de que se faz necessária uma organização diária para que os aprendizados obtenham seus impactos necessários na vida de estudantes e professores. Neste sentido, propusemos aqui algumas contribuições para que os estudantes possam se organizar com maior tranquilidade em relação aos seus estudos no período em que estiver em casa:
Os cuidados com a vida são necessários e isso precisa ser repetido sempre. Os impactos da pandemia em nossas relações são inevitáveis e cabe a nós o posicionamento de como possamos nos reconstruir frente a tudo isto. Por mais que a pandemia nos convocou para voltarmos para casa, é também a oportunidade de construirmos um aconchego conosco mesmo, com os nossos familiares, repensarmos as nossas atitudes e nossos projetos daqui em diante. A que nos projetamos? Quais são os nossos projetos de vida pessoal e profissional? Os nossos projetos continuam inspirando histórias de vida? As nossas histórias de vida continuam inspirando novas atitudes e novos projetos?
A atitude de nos reconstruirmos no contexto da pandemia pode ser decisiva na construção do amanhã e de todos os cuidados necessários com a vida. O agora é simplesmente o momento mais importante que está previsto e nele somos capazes de construir os melhores projetos de vida que podem mudar a nossa história. A concretude da vida acadêmica pode se constituir no mais importante projeto da nossa vida, porque nele nos enxergamos, atuamos, nos projetamos e nos tornamos sujeitos de uma construção impregnada de sentidos e significados.
Neste período de isolamento social e de ensino remoto, o Núcleo de Apoio Psicossocial está apoiando estudantes e professores com orientações sobre os cuidados com a saúde mental e seus impactos nos processos de ensino e aprendizagem. O acolhimento está sendo feito por profissionais da Psicologia com apoio da equipe multidisciplinar.
Os contatos podem ser feitos pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (51) 98300-3778 e (51) 98334-6418 .Você pode enviar o seu nome e sobrenome, matrícula e telefone pelo e-mail ou WhatsApp, ou se preferir, pode ligar diretamente para os números de telefones informados. O atendimento é das 9h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sexta-feira.
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