Uma discussão iniciada em 2017, quando os eSports começaram a ser tratados pelo Comitê Olímpico Internacional, no contexto dos jogos regionais da Ásia (equivalentes aos Jogos Pan-Americanos), ganhou espaço na PUCRS nesta semana, no inédito evento eSports em Debate: Potencial Olímpico e Desafios. Organizado pelo curso de Educação Física da Escola de Ciências da Saúde, como aula inaugural, a iniciativa reuniu especialistas em estudos olímpicos, filosofia, jogos eletrônicos e comunicação social. A atividade, realizada em 29 de abril, no auditório do prédio 81, contou com a presença do professor e pesquisador Lamartine Pereira da Costa, que no mesmo dia recebeu o título de Doutor Honoris Causa.
Uma série de temas é levantada quanto o assunto dos eSports vem à tona, pois os entendimentos são distintos. Há quem defenda sua categorização como esporte quando há a prática por atletas de alto desempenho, diferenciando-os, por exemplo, dos amadores jogos eletrônicos, entretenimento comum a milhares de jovens e adultos. Daniel Cossi, presidente da Confederação Brasileira de eSports, é um dos defensores desse ponto de vista. Já para Ricardo Vela, filósofo e coordenador da Escola de Esporte, os jogos olímpicos foram criados para promover um ideal, o olimpismo, algo que vai além da competição.
De acordo com o professor Nelson Todt, coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO) da Escola de Ciências da Saúde, entre os requisitos para que os eSportes se tornem uma modalidade olímpica está a representação em vários países, contemplando todos os continentes. Ele comenta que uma ala de autores da antropologia e da educação física não aceita os eSportes como modalidade olímpica, por não envolver questões como condicionamento físico e a filosofia do esporte com ato de integração entre os povos. No entanto, pesquisadores chineses trazem argumentos que levam em conta a ação das sinapses.
Na opinião de Todt, “se fosse criado algo mais segmentado, poderia ser tratado como os jogos paralímpicos, que caminham ao lado dos jogos olímpicos, e não são necessariamente uma modalidade olímpica. É preciso que os eSportes se alinhem aos princípios filosóficos do olimpismo”, destaca. Ele, porém, ressalva que este é um posicionamento entre outros que ampliam o conteúdo acadêmico sobre este segmento por meio do projeto eSports nos Jogos Olímpicos: uma perspectiva a partir de protagonistas nos games e especialistas no movimento olímpico, sediado na PUCRS. Além de Nelson Todt e Alessandra Scarton, pelo GPEO, participam como pesquisadores convidados André Pase, da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos e Luis Henrique Rolim. Também integram o grupo os estudantes Guilherme Berlitz (Educação Física), Lucas Baptista (Escrita Criativa) e William de Oliveira (diplomado em Educação Física).
Com aproximadamente 150 participantes, além de professores e estudantes da PUCRS, o evento recebeu uma comitiva do curso de Educação Física da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), que se dedica ao estudo dos esportes olímpicos.
Referência internacional em Ciências do Desporto, o professor Lamartine Pereira da Costa recebeu, na manhã desta segunda-feira, 29 de abril, o inédito título de Doutor Honoris Causa. A cerimônia, ocorrida no auditório do prédio 9 do Campus, reuniu estudantes, professores, lideranças acadêmicas. Proposta pela Escola de Ciências da Saúde, a distinção celebra 60 anos de uma carreira marcada por inovação, pioneirismo e contribuições ao esporte e à formação de profissionais. O currículo do homenageado inclui, entre outros feitos, o protagonismo na Ciência do Treinamento Esportivo nos anos 1960, que contribuiu para a conquista da Seleção Brasileira do tricampeonato na Copa do Mundo de Futebol no México, em 1970, sendo o responsável pelo planejamento do treinamento em altitude. Na PUCRS, é inspirador de inciativas como o Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO), liderado por Nelson Todt.
Durante o laudatio – discurso dedicado ao homenageado – o professor Todt enfatizou a experiência profissional, as orientações aos alunos e o impacto das realizações científicas que embasaram o reconhecimento entregue a Da Costa, graduado em Educação Física e Ciências Navais, doutor em Filosofia e livre docente em Gestão do Esporte. No final dos anos 1960, editou e foi co-autor de A moderna ciência do treinamento desportivo, obra coletiva que marcou a medicina do esporte e tornou-se referência a ciência do esporte no Brasil. Atuou voluntariamente no primeiro museu do esporte brasileiro e foi autor do primeiro artigo de um brasileiro em língua inglesa veiculado na revista Sport International, em 1967.
No campo da Educação Superior, em 1979, integrou o grupo de docentes a formar o primeiro curso de mestrado em Educação Física da América Latina, na Universidade de São Paulo. No Brasil, atuou com professor colaborador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, na Universidade Gama Filho, Universidade Católica de Petrópolis e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Lecionou, também, em cinco universidades como professor visitante no exterior. Da Costa é considerado precursor do tema Gestão do Esporte, no Brasil e em Portugal. No campo da tecnologia, a campanha Esporte para Todos, originalmente proposta pela União Europeia e pela Unesco, teve no Brasil a liderança do professor. Em 1999, a Unesco e o Comitê Olímpico Internacional encomendaram a Lamartine da Costa um levantamento nos cinco continentes sobre o estado da arte daquela atividade esportiva renovadora.
“Procuramos destacar não apenas o lado profissional, mas o lado humano/humanista de Lamartine da Costa, o que remete a Pierre de Coubertin, renovador dos Jogos Olímpicos, e a sua célebre da frase: ‘ver longe, falar francamente, agir com firmeza’. Nela, é possível supor que nem Lamartine poderia prever como sua visão para os temas da Educação Física e do esporte se tornariam tão significativos para essa área do conhecimento”, reconheceu Todt.
O homenageado agradeceu à PUCRS e à sua esposa, momento em que, emocionado, embargou a voz. Destacou a importância das parcerias no Brasil e no exterior para a consecução de projetos de ponta no campo das ciências do esporte. Fez questão de reforçar o momento que vive, de inversão de papéis com alunos e parceiros, no qual após ser orientador e impulsionar carreiras, vê-se como seguidor de seus orientados. Considera a situação criativa e produtiva. Citou Ana Miragaia (Universidade Estácio de Sá), Nelson Todt (PUCRS), Laércio Pereira (Universidade de Pernambuco). “Hoje, me vejo seguidor deles pela alta relevância e autonomia de suas realizações. Convoco esses exemplos como moldura para a inversão de papéis que ora está ocorrendo com ex-alunos ou novos parceiros, atualmente dedicados a projetos tecnológicos como o Museu Nacional do Esporte, BigData e aplicativo de esportes, entre outros”. Citou o filme Morangos Silvestres, de Ingmar Bergman, ao falar do relacionamento com jovens e a sensação de realização profissional e pessoal. Finalizou enfatizando a necessidade de flexibilidade e empreendedorismo nas relações, fazendo valer sua formação, também, como doutor em Filosofia.
O desfecho, com as palavras do Reitor Ir. Evilázio Teixeira, fortaleceu que Da Costa é inspiração para gerações de profissionais da Educação Física, pela abrangência interacional de seu trabalho e legado em obras e outras realizações, “elevando-o à categoria de grandes mestres pelo grande discipulado”. Lembrou do esporte como uma linguagem a ser dominada, e que ensina a desenvolver um espirito de ordem, em busca da verdade e da beleza, algo predito pelos gregos. Finalizou citando Bertold Brecht: “Há homens que lutam um dia e são bons. Há homens que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Há, porém, aqueles que lutam uma vida inteira. Esses, são imprescindíveis. O senhor é um desses homens, professor Lamartine”, finalizou.
O título de Doutor Honoris Causa é concedido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. Trata-se da distinção honorífica de maior reconhecimento acadêmico de uma universidade, outorgado a quem reconhecidamente reúne tantas virtudes.
A PUCRS entrega o título de Doutor Honoris Causa ao professor Lamartine Pereira da Costa, um dos grandes nomes da Educação Física nacional, nesta segunda-feira (29 de abril), às 10h30min, no auditório do prédio 9. Graduado em Educação Física e Ciências Navais, tem doutorado em Filosofia e livre docência em Gestão do Esporte. Foi protagonista na Ciência do Treinamento Esportivo nos anos 1960, contribuindo para a conquista da Seleção Brasileira do tricampeonato na Copa do Mundo de Futebol no México em 1970, sendo o responsável pelo planejamento do treinamento em altitude. O professor da Escola de Ciências da Saúde Nelson Todt destaca a capacidade de inserção internacional de Lamartine da Costa e seu pioneiro reconhecimento no exterior. “A culminância desse trabalho em conjunto com especialistas estrangeiros antecipou e estimulou a criação dos laboratórios de fisiologia do exercício no Brasil nos anos 1970.”
Todt revela que os atos de reinvenção da Educação Física, do esporte e do lazer, promovidos pelo professor e associados nas décadas de 1960 e 1970, assumiram um sentido de linha de pesquisa de modo similar ao modelo então adotado e até hoje em vigor pelo Conselho Nacional de Pesquisas – CNPq. “Trouxeram um significado de continuidade, característico do fazer científico tradicional e posteriormente fator de busca dos cursos e programas de pós-graduação em Ciências do Esporte e de Educação Física surgidos a partir da década de 1980 no País”, informa.
A campanha Esporte para Todos, originalmente proposta pela União Europeia e pela Unesco, teve no Brasil a liderança do professor. “Tratava-se na oportunidade, nos anos 1980, de reduzir o sentido seletivo do esporte de alta competição em favor de versões mais acessíveis de práticas de atividades físicas por qualquer pessoa”, afirma Todt. Em 1999, a Unesco e o Comitê Olímpico Internacional encomendaram a Lamartine da Costa um levantamento nos cinco continentes sobre o estado da arte daquela atividade esportiva renovadora.
Nos anos 1990 e nas primeiras décadas de 2000, o professor trabalhou a temática de Estudos Olímpicos, de natureza multidisciplinar, com foco no esporte.
Professor colaborador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Lamartine da Costa também atuou na Universidade Gama Filho, Universidade Católica de Petrópolis, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e Universidade de São Paulo. Membro do Conselho de Pesquisas do Comitê Olímpico Internacional em Lausanne (Suíça), de 2001 a 2008, e do World Anti-Doping Agency (Wada)-Montreal, de 2000 a 2008, também presidiu a Academia Olímpica Brasileira/COB, de 1991 a 1998.
A proposição do nome partiu do curso de Educação Física, da Escola de Ciências da Saúde. Coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS e membro correspondente da América do Sul do Comitê Internacional Pierre de Coubertin, Todt fará a leitura do texto em homenagem a Lamartine da Costa. Em 2011, o curso de Educação Física propôs o título de Honoris Causa ao professor Eduardo De Rose.
Será o primeiro reconhecimento desse tipo que Lamartine da Costa receberá. Todt comenta que por muito tempo ele foi avesso a homenagens como essa. “Mais recentemente mudou de opinião, pois entende que seus méritos são frutos de iniciativas colaborativas e, dessa forma, ele se sente compartilhando todas as honras. Ele também menciona: ‘Sem citação do passado o presente acadêmico não se impõe!’”, explica.
O evento eSports em Debate: Potencial Olímpico e Desafios irá tratar da possibilidade de os esportes eletrônicos integrarem o maior encontro mundial de atletas. A atividade, gratuita e aberta ao público, no dia 29 de abril, a partir das 20h30min, no auditório do prédio 81 (Avenida Ipiranga, 6.690 – 5º andar). Será a aula inaugural do curso de Educação Física da Escola de Ciências da Saúde. Com medição de Jeremias Wernek, apresentador do SBT e repórter do UOL, terá como debatedores os professores André Pase, da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, e Nelson Todt, coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO) da Escola de Ciências da Saúde; de Ricardo Vela, coordenador da Escola de Esporte; e de Daniel Cossi, presidente da Confederação Brasileira de e-Sports.
Os eSports (esportes eletrônicos) têm mostrado grande crescimento, tornando-se populares entre adolescentes e jovens adultos. De acordo com o professor Todt, “hoje em dia é comum que partidas de League of Legends (LOL) encham estádios e sejam assistidas por milhões de espectadores simultaneamente. Segundo uma agência global de marketing especializada na modalidade, a Newzoo, o mercado de eSports deve crescer quase 15% em 2019, com público global de mais de 450 milhões de pessoas. O Brasil é um grande exemplo, uma potência nessa modalidade há anos e que vem atingindo resultados expressivos em torneios pelo mundo”, analisa.
A nova abordagem, que será discutida no evento, mostra que por um lado, há uma resistência de parte dos especialistas ligados aos esportes tradicionais contra a entrada dos eSports nos Jogos Olímpicos. “Apesar disso, o Comitê Olímpico Internacional, em 2017, vislumbrou a possibilidade da inserção dos jogos digitais como modalidade olímpica. Entretanto, ressalvas foram feitas quanto ao processo de seleção dos jogos, principalmente a respeito do conteúdo violento e a falta de uma confederação centralizada”, destaca Todt. Todos esses elementos estarão em debate na próxima segunda-feira.
Os e-sports (jogos eletrônicos) podem ser considerados esporte? Deveriam integrar o programa dos Jogos Olímpicos? O evento E-Sports em Debate: Potencial Olímpico e Desafios vai tratar dessas questões no dia 29 de abril, às 20h30, no auditório do prédio 81. Será a aula inaugural do curso de Educação Física da Escola de Ciências da Saúde, aberta ao público.
Participam os professores André Pase, da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos; Nelson Todt, coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da Escola de Ciências da Saúde; Ricardo Vela, coordenador da Escola de Esporte; e Daniel Cossi, presidente da Confederação Brasileira de E-Sports. Jeremias Wernek, apresentador do SBT e repórter do UOL, será o mediador.
Neste ano, o Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS começou estudo sobre o tema. O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, declarou recentemente que os e-sports não terão espaço nos Jogos Olímpicos enquanto propagarem violência ou qualquer tipo de discriminação. Todt avalia que essa questão levantada por ele remete à ideia de que o movimento olímpico, criado pelo francês Pierre de Coubertin, pensava no desenvolvimento da juventude através do esporte e do movimento. “Há ainda uma preocupação com o possível desinteresse da juventude em relação ao esporte em decorrência da crescente adesão aos jogos eletrônicos”, acrescenta o professor.
A PUCRS entrega o título de Doutor Honoris Causa ao professor Lamartine Pereira da Costa, um dos grandes nomes da Educação Física nacional, no dia 29 de abril, às 10h30, no auditório do prédio 9. Graduado em Educação Física e Ciências Navais, tem doutorado em Filosofia e livre docência em Gestão do Esporte. Foi protagonista na Ciência do Treinamento Esportivo nos anos 1960, contribuindo para a conquista da Seleção Brasileira do tricampeonato na Copa do Mundo de Futebol no México em 1970, sendo o responsável pelo planejamento do treinamento em altitude. O professor da Escola de Ciências da Saúde Nelson Todt destaca a capacidade de inserção internacional de Lamartine da Costa e seu pioneiro reconhecimento no exterior. “A culminância desse trabalho em conjunto com especialistas estrangeiros antecipou e estimulou a criação dos laboratórios de fisiologia do exercício no Brasil nos anos 1970.”
Todt revela que os atos de reinvenção da Educação Física, do esporte e do lazer, promovidos pelo professor e associados nas décadas de 1960 e 1970, assumiram um sentido de linha de pesquisa de modo similar ao modelo então adotado e até hoje em vigor pelo Conselho Nacional de Pesquisas – CNPq. “Trouxeram um significado de continuidade, característico do fazer científico tradicional e posteriormente fator de busca dos cursos e programas de pós-graduação em Ciências do Esporte e de Educação Física surgidos a partir da década de 1980 no País”, informa.
A campanha Esporte para Todos, originalmente proposta pela União Europeia e pela Unesco, teve no Brasil a liderança do professor. “Tratava-se na oportunidade, nos anos 1980, de reduzir o sentido seletivo do esporte de alta competição em favor de versões mais acessíveis de práticas de atividades físicas por qualquer pessoa”, afirma Todt. Em 1999, a Unesco e o Comitê Olímpico Internacional encomendaram a Lamartine da Costa um levantamento nos cinco continentes sobre o estado da arte daquela atividade esportiva renovadora.
Nos anos 1990 e nas primeiras décadas de 2000, o professor trabalhou a temática de Estudos Olímpicos, de natureza multidisciplinar, com foco no esporte.
Professor colaborador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Lamartine da Costa também atuou na Universidade Gama Filho, Universidade Católica de Petrópolis, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e Universidade de São Paulo. Membro do Conselho de Pesquisas do Comitê Olímpico Internacional em Lausanne (Suíça), de 2001 a 2008, e do World Anti-Doping Agency (Wada)-Montreal, de 2000 a 2008, também presidiu a Academia Olímpica Brasileira/COB, de 1991 a 1998.
A proposição do nome partiu do curso de Educação Física, da Escola de Ciências da Saúde. Coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS e membro correspondente da América do Sul do Comitê Internacional Pierre de Coubertin, Todt fará a leitura do texto em homenagem a Lamartine da Costa. Em 2011, o curso de Educação Física propôs o título de Honoris Causa ao professor Eduardo De Rose.
Será o primeiro reconhecimento desse tipo que Lamartine da Costa receberá. Todt comenta que por muito tempo ele foi avesso a homenagens como essa. “Mais recentemente mudou de opinião, pois entende que seus méritos são frutos de iniciativas colaborativas e, dessa forma, ele se sente compartilhando todas as honras. Ele também menciona: ‘Sem citação do passado o presente acadêmico não se impõe!’”, explica.
As ameaças para a realização dos Jogos Olímpicos nos próximos 20 anos pela óptica dos espectadores foram observadas por estudo realizado no evento, no Rio de Janeiro, pelo Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS e o grupo Olympia da Universidade Técnica de Kaiserslautern, da Alemanha. A primeira análise da pesquisa alcançou mais de 500 pessoas dentre os 8,5 mil espectadores da final feminina do Pentatlo Moderno, no dia 19 de agosto, e sinalizou que as principais preocupações estão relacionadas ao doping (72%), à corrupção (66%), ao terrorismo (59%) e ao nacionalismo exacerbado (23%).
Em relação à corrupção, há diferenças entre as percepções dos participantes, pois 67% teme a corrupção no país sede dos Jogos, enquanto 56% pensa nos casos do exterior. Para o grupo, esse resultado já era esperado devido às situações expostas no Brasil pouco antes do evento. Quanto aos impactos ao meio ambiente, tema representado na cerimônia de abertura, de acordo as opções existentes, os questionários revelam que 39% dos espectadores locais estão preocupados com o tema. O índice é superior quando comparado aos visitantes do país, que somam 18%.
A violência e a criminalidade no país sede também foram vistas como pontos preocupantes, principalmente para os brasileiros – 37% assinalou essa alternativa. Já para os espectadores estrangeiros essa opção foi mencionada por apenas 9% das pessoas. Em relação ao nacionalismo exacerbado e ao aumento da comercialização, 31% dos brasileiros identificaram estas opções como as principais ameaças para os Jogos Olímpicos futuramente e os estrangeiros 15% e 27%, respectivamente.
A pesquisa também procurou identificar o que poderia influenciar no não comparecimento aos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio. A maioria dos participantes, 52%, não destacou nenhuma razão para a ausência no evento. Por outro lado, 48% mencionou o terrorismo como uma possível motivação. Desse número, dois terços foram brasileiros e o restante foi estrangeiro. Apesar das discussões sem precedentes antes dos Jogos Rio 2016 acerca de doping, apenas 15% citou esse aspecto como uma razão para a rejeição.
O professor Nelson Todt liderou o grupo da PUCRS durante o estudo no Rio de Janeiro e o professor Norbert Müller esteve à frente pela Universidade de Kaiserslautern. Para eles, os primeiros resultados mostraram o interesse dos espectadores no resgate dos valores olímpicos. A pesquisa tem a chancela da União Internacional de Pentatlo Moderno desde os Jogos Olímpicos de Sydney de 2000.
Os maiores especialistas do mundo em estudos olímpicos estarão reunidos na PUCRS, nos dias 2 e 3 de agosto, para o Colóquio Internacional dos Centros de Estudos Olímpicos. Organizado pelo Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da Universidade, o evento reunirá 40 pesquisadores de 15 países e do Comitê Olímpico Internacional (Suíça), que apresentarão seus estudos na área. O foco principal do colóquio é o diálogo e a criação de redes entre centros e pesquisadores.
A palestra de abertura será com o professor Lamartine da Costa, referência mundial na área de estudos olímpicos, membro do conselho consultivo da Russian International Olympic University, pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professor da University of East London. Para Nelson Todt, um dos organizadores do evento, o colóquio consolida a posição da PUCRS neste campo de pesquisa em âmbito mundial e prospecta a possibilidade de novas parcerias institucionais. “Haverá uma aproximação com os outros centros que desejam pesquisar os impactos e legados dos Jogos do Rio 2016. Também deveremos estabelecer uma relação mais próxima com a Universdade de Tsukuba (Japão), que trabalha nas questões educacionais para os Jogos Olímpicos de 2020”, afirma. Entre os participantes estão Hisashi Sanada, pesquisador responsável pelos estudos relacionados aos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio; Silvia Dalotto, do comitê organizador dos Jogos Olímpicos da Juventude, que será realizado em 2018 em Buenos Aires; além de Maria Bogner e Nuria Puig, do Centro de Estudos Olímpicos do Comitê Olímpico Internacional, na Suíça. Informações adicionais sobre o evento podem ser obtidas no site eventos.pucrs.br/oscs2016.
Também em agosto, integrantes do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS vão desenvolver um estudo em parceria com a Universidade de Kaiserslautern (Alemanha). O grupo viaja para o Rio de Janeiro no dia 13 com o objetivo de identificar como o público vê a organização do evento e suas percepções sobre as novas formas que a modalidade ganha. O impacto da olimpíada cultural no público também será avaliado.
O professor Nelson Todt, da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da PUCRS, participou do revezamento da Tocha Olímpica Rio 2016 em Porto Alegre nesta quinta-feira, 7 de julho. Ele percorreu um trecho de 200 metros, com início na avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, entre os números 1190 e 2662, no bairro Praia de Belas.
O nefrologista Moacir Traesel e o urologista Jorge Antônio Pastro Noronha, chefe do Serviço de Urologia do Hospital São Lucas da PUCRS, também participarão do revezamento da tocha olímpica em sua passagem pelo Estado. Traesel carregará o símbolo dos jogos em Porto Alegre, no dia 7 de julho, e Noronha em Novo Hamburgo, no dia 8 de julho.
Confira abaixo o perfil de Todt, publicado pela Revista PUCRS número 180.
O esporte sempre esteve presente na vida de Nelson Todt. Foi muito importante para a autoestima e o ajudou a identificar características próprias que o fizeram ser professor, como iniciativa, liderança e o poder de agregar e mobilizar pessoas. Todt cresceu jogando bola na Redenção, em Porto Alegre, já que “tinha o privilégio de morar em frente ao parque”. Na companhia do pai treinava chute com os dois pés no pátio de casa. Depois do futebol, identificou-se com o basquete, jogou em âmbito escolar e universitário, foi técnico e montou até a própria escolinha, a Bola Viva. Hoje, Todt é professor da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da PUCRS (Fefid), criador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS, presidente do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, membro do Comitê Internacional e teve a honra de carregar a tocha olímpica por 200 metros em Porto Alegre nesta quinta-feira, 7 de julho.
O primeiro contato com o tema olimpíadas foi enquanto professor do extinto Colégio Cruzeiro do Sul. “Eu não gostava só dos jogos, mas também de fazer a cerimônia de abertura, com coreografia e chegada da tocha”, lembra. A viagem para a Grécia, em 1999, como participante de uma sessão para jovens da academia olímpica internacional, trouxe ainda mais simbolismo para as atividades extraclasse na escola. “Queria cada vez mais que os jogos tivessem um sentido, não focar apenas na disputa. Isso começou a moldar meus discursos como professor universitário”, avalia. Na época fazia mestrado em Ciências do Movimento Humano e suas pesquisas remetiam ao esporte que educa, forma, sociabiliza e inclui.
Em 2007, Todt recebeu uma bolsa do Centro de Estudos Olímpicos para passar um mês na Suíça e foi convidado pela fundadora do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, criado no ano anterior, a visitá-la na Alemanha. “Ela e o marido me pediram para assumir o comitê. Recebi todo o apoio necessário da PUCRS e trouxe sua sede de João Pessoa para a nossa Universidade. Isso ajudou a impulsionar as pesquisas do grupo de Estudos Olímpicos, criado em 2002. Hoje conto com dois bolsistas de iniciação cientifica”, relata.
O convite para integrar o conselho do Comitê Internacional Pierre de Coubertin veio em 2014, depois do estágio de pós-doutorado na Espanha e de contato com o seu presidente em diferentes eventos. “Desde que voltei para o Brasil, consegui encaminhar o fechamento de três convênios internacionais para a PUCRS, um com a Espanha e dois com a Alemanha, envolvendo pesquisa e mobilidade”, celebra o professor, que tinha como objetivo colocar a Fefid no mapa do mundo. “No início de agosto vamos sediar o colóquio internacional dos centros de estudos olímpicos e os melhores da área virão para cá. Somos reconhecidos como espaço de referência”, complementa.
Para Todt, a questão olímpica tem cultura própria na Europa, mas no Brasil o esporte vive muito da “monocultura do futebol”. Como a abordagem de outros esportes não tem muito espaço, decidiu criar o Grupo de Estudos Olímpicos. “O tema encontrou espaço aqui e caminha ao lado da construção da oportunidade de o Brasil organizar os jogos. Contribuiu para popularizar essa área de conhecimento”, afirma.
Clique aqui e leia a matéria completa na edição nº 180 da Revista PUCRS
Neste momento, falar sobre os Jogos Olímpicos do Rio 2016 é muito difícil, especialmente pelos inúmeros problemas que, de forma recorrente, atrapalham a preparação brasileira para este desafio internacional, como o alto grau de corrupção do sistema político nacional e a decorrente burocracia para aprovação, encaminhamento e desenvolvimento dos projetos propostos.
Muitos pensam que, com a realização desse evento, muitos problemas do País seriam evitados e outros acabariam… doce ilusão. Até porque seria muita pretensão jogar tal responsabilidade sobre um único evento.
Entre encantamentos, expectativas positivas e dados não muito animadores, neste momento não quero entrar no mérito sobre se os jogos são bons ou ruins, quero apenas me ater ao fato de que são grandiosos.
Um evento como este merece pelo menos maior atenção, compreensão e respeito pelo seu alcance.
Apenas na Era Moderna, os jogos já duram mais de um século… ao considerarmos também os festivais pan-helênicos em Olímpia chegamos a um total de 13 séculos! Por um outro olhar, chama a atenção a audiência da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos em Londres (2012), que chegou a 3 bilhões de pessoas, ou seja quase 43% da população mundial.
Desde sua (re) criação no final do século 19, tendo Pierre de Coubertin como figura mais representativa, até os dias de hoje, o mundo Olímpico encontra-se em constante contradição. É muito cômodo criticar (até porque há motivos para isso), o difícil para muitos tem sido pensar em como tirar um bom proveito de um fenômeno inigualável como este.
É importante ressaltar que o Movimento Olímpico tem sua filosofia apoiada não apenas em uma excelente programação de atividades esportivas, mas, sobretudo na utilização do esporte como um fator de aprimoramento do homem e de sua cultura.
Esta é uma extraordinária oportunidade de mostrar que os brasileiros podem ser muito mais do que um povo simpático e alegre. É possível (e necessário) transformar a indignação de boa parcela do povo brasileiro em ações de mudança e construção… mais do que nunca precisamos de “Ordem e Progresso” para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida daqueles que sofrem com a indiferença, desigualdade e falta de perspectivas.
Muitos se questionam sobre o legado que os Jogos deixarão para o País… penso que legado não se recebe, mas se constrói! Assim, é preciso reafirmar a ideia de que ao utilizar o esporte como instrumento de educação, é possível causar efeitos positivos na vida de muita gente.
Esta afirmativa me deixa esperançoso nesta época em que o esporte no Brasil está em evidência. Esperançoso no sentido de que muitos poderão aproveitar o momento máximo da chamada “Década do esporte no Brasil” para educar, formar pessoas melhores e felizes. Formar cidadãos pelo esporte não apenas para o sentido de sociedade, mas para um sentido de humanidade!
Saudações Olímpicas!
* Este artigo expressa a opinião pessoal do seu autor.