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A nanotecnologia explora estruturas extremamente pequenas, na escala dos nanômetros, equivalentes a um bilionésimo de metro. / Foto: Unsplash

Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexey Ekimov, cientistas de universidades americanas, ganharam o Prêmio Nobel de Química neste ano por sua notável contribuição para a descoberta e síntese dos pontos quânticos, minúsculas partículas que estão transformando a nanotecnologia. Trazendo para uma realidade mais próxima, esses pequenos componentes têm uso na área de eletrônica, como TVs e lâmpadas LED, na computação, e na Medicina avançada, como em cirurgias de remoção de tecidos tumorais.   

Para o professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais da Escola Politécnica e também coordenador do Centro Interdisciplinar de Nanociência e Micro-Nanotecnologia (NanoPUCRS), Ricardo Papaleo, esse prêmio representa um grande reconhecimento para a área, já que a descoberta desses pesquisadores está baseada na percepção de que quando os pontos quânticos são reduzidos a uma escala nanométrica, as suas propriedades mudam.  

“Em princípio, as propriedades dos materiais não dependem de seu tamanho, mas na escala nano, esses efeitos são misturados com os processos quânticos e as matérias começam a depender de sua escala”, explica o docente sobre a descoberta premiada.  

A nanotecnologia explora estruturas extremamente pequenas, na escala dos nanômetros, equivalentes a um bilionésimo de metro. Por exemplo, um fio de cabelo humano tem cerca de 80.000 a 100.000 nanômetros de largura – ou seja, a nanotecnologia trabalha com coisas muito menores do que é possível enxergar a olho nu. 

Neste minúsculo mundo, os materiais têm propriedades únicas. Com isso, pesquisadores vem criando tecnologias nessa escala para revolucionar a sociedade, podendo fabricar remédios mais precisos, dispositivos eletrônicos menores e mais potentes, e até mesmo aprimorar cosméticos e tecidos. Segundo Papaleo, essa tecnologia já se faz presente há muitos anos em nosso cotidiano.  

“A nanotecnologia é superampla. Na área da ciência, está dentro do mercado. Nos celulares tem muita nanotecnologia. Os pontos quânticos já são usados na indústria, nos monitores de televisão, são usados também em sensores. Podem ser usados até mesmo na produção e também conservação de alimentos”, destaca.  

NanoPUCRS: Pesquisa e inovação em nanotecnologia 

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Para o professor da PUCRS Ricardo Palapeo, o prêmio representa um grande reconhecimento para a área. / Foto: Unsplash

Na Universidade, o NanoPUCRS estuda projetos interdisciplinares, fomentando o desenvolvimento de processos e dispositivos inovadores relacionados às propriedades da matéria em nanoescala. No centro, uma das pesquisas desenvolvidas explora as nanopartículas como sensibilizadores no tratamento oncológico, realçando os efeitos dos tratamentos radioterápicos, fazendo com que o paciente seja tratado com doses menores de radiação.  

Este projeto surge da parceria entre a Escola de Ciências da Saúde e da Vida e do Hospital Sâo Lucas com o centro de estudos. O projeto já vem sendo desenvolvido nos últimos cinco anos e envolve a cooperação transcontinental através do Projeto Institucional de Internacionalização (PUCRS-PrInt) com a University of Groningen, uma das universidades holandesas de maior prestígio na Europa. Além disso, o centro fica localizado dentro do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), o que possibilita maior interface com as necessidades do mercado.  

“Temos uma interação com o Tecnopuc, fazemos projetos em conjunto com as empresas. Temos uma spin-off, a CleanNano, que está encubada dentro do parque. A proposta é de produzir enriquecimento de pós, fazendo com que seja incorporado outras substâncias, gerando polímeros magnéticos e catalisadores especiais”, destaca o professor.  

Para o futuro, as expectativas são de conseguir atingir mais pessoas através do impacto positivo e social da pesquisa. “Vamos estimular os projetos vinculados a saúde. Temos uma infraestrutura ótima na PUCRS que incentiva esse desenvolvimento, como o Instituto do Cérebro. Também pretendemos crescer mais na área de nanotecnologia ambiental. Gostaria de estarmos mais próximo da nossa sociedade e os seus problemas”, elenca Papaleo.   

Ingresse no Mestrado e Doutorado em 2024  

Estão abertas as inscrições para os 20 Programas de Pós-Graduação ao nível de mestrado e doutorado, entre eles o PPG em Engenharia e Tecnologia de Materiais. Os diferentes cursos possibilitam que você se torne referência na sua área de interesse, amplie suas oportunidades e transborde suas descobertas para a sociedade. As inscrições podem ser realizadas até o dia 1º de dezembro.   

 Leia também: Últimos dias: inscreva-se no mestrado e doutorado na PUCRS

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A nanotecnologia garante camadas de proteção antivirais e antimicrobianas às máscaras./Foto: Lucas Villela

A rotina intensa de um hospital pede proteção extra para os/as funcionários/as, principalmente em um contexto de pandemia. Para contribuir com a segurança sanitária do Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS, a Nanowear, startup que integra o ecossistema do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), realizou a doação de mil máscaras com nanotecnologia aos colaboradores.  

Conhecida como uma pequena solução para grandes problemas, a nanotecnologia consiste em comprimir, controlar e utilizar as propriedades da matéria em nanoescala. Desenvolvidas em 2021, a produção das máscaras contou com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em programa de combate à Covid-19.  

Os itens são fabricados com material 100% algodão e a nanotecnologia garante camadas de proteção antivirais e antimicrobianas sem interferir nas características do tecido. As máscaras ainda possuem propriedade de hidrorrepelência, ou seja, não molham nem sujam com facilidade. É importante lembrar que elas não substituem os EPIs, mas são uma excelente alternativa para o dia a dia.

Diana Jardim, coordenadora de inovação do HSL e do BioHub PUCRS, destaca que a Nanowear realiza diversas ações de responsabilidade social, inclusive oferecendo jalecos hospitalares a preços similares à roupa sem a tecnologia, levando todos os benefícios a muito mais pessoas. “É com muito orgulho que contamos com esse empreendimento no nosso ecossistema de saúde, Universidade, laboratórios, hospitais e empresas parceiras”

Atuação próxima e responsável 

Além da doação das máscaras, a Nanowear está planejando um teste com a área de controle de infecções hospitalares e com os laboratórios da Universidade para comprovar que mesmo as bactérias mais resistentes são repelidas pela nanotecnologia.  

 “No propósito de levar nanotecnologia de forma acessível para as pessoas, a Nanowear tem trabalhado no pilar social e desenvolvendo ações constantes que possam levar os produtos com nanotecnologia para as pessoas”, explica Andrè Flôrès, chefe de inovação da Nanowar.  

A startup já atua com nanotecnologia no segmento de alimentos e calçadista. Atualmente, produz todo tipo de enxoval hospitalar e consegue oferecer em torno de 30% de economia com redução no consumo de água, insumos e energia. Além disso, a tecnologia ajuda na diminuição da contaminação por bactérias e vírus, reduzindo desgastes, sujeiras e danos nos tecidos.  

Leia também: Covid-19: o impacto das medidas de prevenção na transmissão de infecções respiratórias

NanoPUCRS - logo policromático (286x140)Centro Interdisciplinar de Nanociência e Micro-nanotecnologia (NanoPUCRS) passa a integrar o Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNANO), rede direcionada à pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em nanociências e nanotecnologia, sob responsabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A conquista é resultado de um projeto submetido em 2019 com coordenação do professor Ricardo Papaléo, coordenador do NanoPUCRS, que mobiliza estruturas e pesquisadores de diferentes áreas da PUCRS, desde os setores de ciências exatas e tecnologia, até as áreas da medicina, biologia e farmácia. A Universidade integra a categoria Parceiros Estratégicos, fase válida por 4 anos. 

A rede nacional visa promover e auxiliar o desenvolvimento da área de nanotecnologia no Brasil. A ênfase atual do MCTIC no SisNANO é o desenvolvimento de parcerias com o setor produtivo brasileiro para o desenvolvimento de novos produtos. A rede está sob responsabilidade da Coordenação-Geral de Desenvolvimento e Inovação em Tecnologias Convergentes e Habilitadoras (CGTC), da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC), do MCTIC. 

Reconhecimento nacional 

Para o coordenador Ricardo Papaléo, integrar o SisNano é motivo de celebração. “A PUCRS aparece pela primeira vez reconhecida como um dos atores estratégicos em nanociência e nanotecnologia no país. Entrar no SisNano é um marco que demonstra a consolidação dessa área na Universidade” comenta o pesquisador. 

Ainda de acordo com Papaléo, o MCTIC lançará editais específicos de financiamento apenas para os membros da rede. Isso significa maiores chances de ampliar a obtenção de recursos para projetos de PD&I na área.  

A partir da integração, o NanoPUCRS deseja consolidar sua posição estratégica nacional na área de nanociências e nanotecnologia, com ênfase em projetos de inovação e parcerias com o setor produtivo.

“Planejamos ações variadas, tais como projetos de nanomedicina, nanotoxicologia, nanotecnologia aplicada a energias limpas e utilização do CO2,  uso de nanopartículas para nutrição e proteção de plantas de interesse agrícola e processos de nanoestruturação de materiais para o setor industrial”.

Sobre o NanoPUCRS 

O NanoPUCRS está localizado no Prédio 96A do Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc). O centro de pesquisa interdisciplinar, congrega pesquisadores de diferentes áreas e unidades acadêmicas da Universidade e está vinculado à Escola Politécnica. 

DNA

Imagem: PublicDomainPictures/pixabay.com

Nesta quinta-feira, 25 de agosto, ocorre a aula inaugural do Mestrado Profissional em Biotecnologia Farmacêutica. O tema será Nanotecnologia Farmacêutica: de Onde Viemos, Onde Estamos e Para Onde Vamos. A ministrante é Sílvia Guterres, professora da Universidade federal do Rio grande do Sul e diretora do Centro de Nanociência e Nanotecnologia da mesma Universidade. A atividade ocorre das 17h30min às 19h no auditório do prédio 40 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). O evento é aberto ao público, tem entrada franca e não é necessário realizar inscrição. Outras informações pelo telefone (51) 3320-3512.

Convênio PUCRS, Feevale e FK Biotec

Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

A PUCRS, a universidade Feevale e a FK Biotec, empresa instalada no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), formalizaram nesta quinta-feira, 2 de junho, parceria para aprofundar pesquisas sobre o mosquito Aedes Aegypti e os diferentes tipos de vírus que podem ser transmitidos por ele. Estiveram presentes os reitores da PUCRS e da Universidade Feevale, Joaquim Clotet e Inajara Vargas Ramos, respectivamente; a pró-reitora de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da Universidade, Carla Bonan; o diretor do Grupo FK Biotec e professor da PUCRS, Fernando Kreutz; e o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado, Renato de Oliveira.

“Este é o resultado da sinergia entre duas grandes universidades e a empresa FK, trabalhando para o bem-estar e pela saúde da população”, ressaltou Clotet. Inajara apontou que as universidades têm o papel de buscar soluções e respostas às demandas da sociedade. “Essa é uma grande oportunidade para trazer as respostas que a população espera em termos de saúde pública”.

Em março, a FK Biotec, que também tem unidade no Feevale TechPark, já havia anunciado parceria com o Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs), com a Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico (BahiaFarma), e com o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) para o desenvolvimento de um teste rápido para diagnóstico do Zika vírus, Dengue e Chikungunya. Recentemente, a empresa também lançou o Biovech, primeiro larvicida biológico contra o mosquito transmissor dos vírus Zika, Dengue e Chikungunya, já disponível para os consumidores.

 

Com a palavra, os especialistas:

 

Fernando Kreutz, diretor da FK Biotec e professor da PUCRS

“O mundo vive um problema que teve seu epicentro no Brasil: o ZiKa Vírus. Além dos impactos imediatos da doença, não sabemos ainda que outras repercussões teremos sobre gerações pela frente. Nosso desafio é transformar a ciência em inovação, em produto e em soluções para a sociedade. E temos um país carente de soluções. Somente quando transformarmos ciência em produto, é que ajudaremos a combater problemas graves como este. A exemplo de outros países, temos que nos transformar em protagonistas, criando produtos que ajudem realmente a nossa sociedade, agregando tecnologia aos nossos processos.”

 

Carla Bonan, pró-reitora de pesquisa, inovação e desenvolvimento da PUCRS

“Estamos vivendo quase uma epidemia de casos de dengue e de zika, com impacto significativo na nossa saúde pública. Fomentar a pesquisa científica e tecnológica, envolvendo empresas em busca dessas questões, expressam o papel das Universidades no século 21. Além disso, a possibilidade de desenvolver parcerias com essa características é fundamental para a formação dos nossos estudantes, que passam a ter essa visão inovadora.”

 

Renato de Oliveira, secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

“Além dos avanços possíveis com essa parceria, temos que destacar hoje a figura do empreendedor, representada por Kreutz. Figura rara entre nós. O cientista empreendedor sabe enfrentar descrenças e situações que certamente fariam com que muitos pesquisadores puros desistissem de escrever, ou que fariam empreendedores sem lastro na ciência mudarem de ramo. Significa uma conquista de visão no meio acadêmico que temos que fomentar. Essa é a sociedade que funciona e a qual o Estado brasileiro vai ter que se adaptar, superando as instituições políticas. Também é muito significativo que esteja sendo celebrado no âmbito de duas universidades realmente tecnológicas, que funcionam como uma guarda avançada da ciência e da tecnologia no ambiente da inovação. Isso é o que nos falta no Brasil. Formatos de articulações institucionais, transformando ciência em produto, não são incentivadas pelos instrumentos que regulam a nossa vida acadêmica. Espero que a crise que vivemos nos estimule também a revisar a relação entre a universidade e o ambiente produtivo.”

 

Ana Lígia Bender, diretora da Faculdade de Farmácia da PUCRS

“A união das diferentes competências é um passo importante para transformação dessa realidade. Certamente, no contexto, o grupo formado terá condições não somente de ação propositiva no que se refere a sistemas  diagnósticos das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes, mas também em outros processos envolvidos na questão. A PUCRS, no período de 2013 a 2015, depositou 12 patentes relacionadas a questões diagnósticas e terapêuticas. Com infraestrutura  e pesquisadores  reconhecidos internacionalmente, podemos colaborar em todos os objetos constitutivos do Consórcio, em especial  no desenvolvimento e validação de  testes de base imunotecnológica (produção de antígenos recombinantes, anticorpos mono e policlonais para uso em imunoensaios) e desenvolvimento de repelentes.”