O Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela Organização das Nações Unidas em 1975. Sua origem remonta ao início do século 20, e a data hoje simboliza a luta das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens no que diz respeito à desigualdade salarial, além do combate ao machismo e à violência.
Sabemos o quanto essa luta pelo protagonismo feminino na sociedade ainda precisa ganhar força em diversas esferas e uma delas é a educação. Para a Pró-Reitora de Graduação e Educação Continuada da PUCRS, Adriana Kampff, a educação deve ser trabalhada como um dos fatores que vai motivar as meninas, adolescentes e mulheres a seguirem buscando seus espaços de protagonismo na sociedade.
“A educação transforma realidades individuais, mas, sobretudo, transforma sociedades. O mundo ainda é marcado por grandes desigualdades de gênero, restringindo, em muitas culturas, as possibilidades de desenvolvimento e atuação feminina. Felizmente, no Brasil, a educação tem criado espaços igualitários de desenvolvimento e, progressivamente, barreiras culturais antiquadas e sem razão de ser têm sido derrubadas. Hoje, nos cursos de graduação, predominam as pessoas do sexo feminino”, destaca.
Nessa mesma linha, o Papa Francisco traz a temática como um dos pontos de atenção do Pacto Educativo Global: favorecer a plena participação das meninas e adolescentes na formação integral. A partir de tantas realidades de discriminação, violência contra a mulher e falta de oportunidades, o Papa reforçou em sua mensagem enviada para o Fórum das Mulheres, em 2021, em Milão, o quanto a educação pode ser o fio condutor que irá oportunizar uma sociedade em que as mulheres possam se desenvolver plenamente. Segundo a mensagem do pontífice, as meninas e jovens de todos os países devem receber uma formação de qualidade: “de modo que possam desenvolver o próprio potencial e os próprios talentos e fazer a sua parte para o progresso de sociedades coesas”, afirmou.
Enquanto maristas, também acreditamos que a educação é uma forma de oportunizar um futuro mais digno e justo para as mulheres. Somos uma instituição que gera oportunidades para as meninas, jovens e mulheres que estão em nossos espaços.
No ensino básico, a Rede Marista tem 49,36% de estudantes e educandas matriculadas em nossos Colégios e Unidades Sociais. Na PUCRS, o número de mulheres na graduação era de 48,9% no segundo semestre de 2021. Ampliando o olhar para o quadro de colaboradoras em nível de Brasil Marista, composto por mais duas unidades administrativas além da nossa, há 63,1% de mulheres empregadas em nossa missão, totalizando mais de 17 mil postos de trabalho.
No cenário da educação superior e do mercado de trabalho, ainda é preciso romper a barreira de termos mais mulheres graduadas, porém nem sempre são elas que conquistam as vagas de emprego. É o que destaca o relatório Education at Glance de 2019, que aponta como pistas delineadas para explicar essas disparidades as áreas do conhecimento escolhidas e respectivas empregabilidades e rendas diferentes, a progressão de carreira, os tipos de contratos estabelecidos e os impactos da vida familiar na ascensão profissional.
“Na medida em que as mulheres têm maior escolarização, se tornam mais independentes, planejam suas carreiras e suas famílias”, comenta Adriana Kampff. “Em espaços que eram antes predominantemente ocupados por homens, como a pesquisa, a gestão e a política, o número de mulheres cresce a cada dia. Ainda há espaço para crescimento em muitas áreas de atuação, o que, na minha opinião, é só uma questão de tempo”, afirma.
Na área de pesquisa, a presença feminina teve um avanço nos últimos anos nas mais variadas áreas do conhecimento. Mesmo assim, os dados mundiais apresentados pela Unesco, em 2020, apontam que apenas 30% dos cientistas são mulheres.
Para a coordenadora do Centro de Pesquisa e Investigação Clínica do Instituto do Cérebro (InsCer), Magda Lahorgue Nunes, esse cenário continua sendo um reflexo do período em que as mulheres só tinham espaço de trabalho e formação em outras áreas distintas do ramo científico.
“A ciência é uma área que necessita de uma dedicação muito grande, em tempo integral: pesquisar, procurar recursos, orientar alunos, dar aula, publicar. A questão da dupla jornada a que as mulheres ainda são expostas como cuidar da casa, dos filhos, são barreiras que impedem a dedicação exclusiva”, avalia.
Segundo ela, a presença feminina no ambiente de pesquisa traz diversidade de olhares para a academia, e os benefícios são imensuráveis. Quando reflete sobre os desafios, mais do que as questões de equidade de oportunidades para as mulheres, nesse espaço, a falta de incentivos para a realização de estudos é o que mais preocupa: “precisamos de editais, de bolsas e de auxílio para poder colocar as nossas ideias de pesquisa em práticas e transformar isso em resultados para o bem da população em geral, não só em saúde, mas em todas as áreas que abrangem as ciências”, avalia.
Como uma forma de incentivar o protagonismo feminino na ciência, a PUCRS desenvolve diferentes atividades, conheça algumas delas neste link. Entre esses projetos, está o Programa Mulheres na Computação, uma parceria entre a Universidade e a empresa Poatek.
Com o projeto, as estudantes recebem uma bolsa de estágio nos grupos de pesquisa e orientação de professores do PPG em Ciência da Computação. Atualmente, cinco meninas participam do programa e têm acesso à área de pesquisa, trabalham com estudantes de mestrado e doutorado e participam de publicações, desenvolvimentos avançados e inovadores.
Para Jenniffer Bittencourt, de 24 anos, participar do programa é uma oportunidade de realizar seus sonhos e inspirar outras meninas. “Quando fiquei sabendo do projeto, achei a ideia super incrível, primeiro por ser uma bolsa 100% gratuita, segundo por ser apenas para mulheres. As pessoas têm em mente que a área da tecnologia é feita apenas por homens. Quando comecei a participar das etapas e vi o tanto de mulheres inscritas fiquei muito feliz!”, relata.
O desejo da estudante é que oportunidades como essa se multipliquem e que outras mulheres também se empoderem por meio do conhecimento.
“Pretendo sempre ser uma inspiração para as novas gurias que estão entrando e queria dizer para todas que têm esse sonho que a área de exatas não é uma área para homens ou feita por homens, é uma área na qual nós somos cada vez mais protagonistas, nós também conseguimos e vamos além, levamos outras mulheres conosco”, avalia Jenniffer.
Nossas estudantes e educandas sonham com uma sociedade que valorize as juventudes em sua integralidade e abram oportunidades para que meninas e meninos sejam protagonistas do seu futuro.
Na pesquisa Vamos falar sobre Ensino Médio?, as estudantes reforçam como se sentem vivendo a sua juventude em nosso contexto social. “Às vezes, as pessoas acham que, por sermos jovens adolescentes, a gente é menos gente que as pessoas adultas. Tem também aquela visão de que temos que aproveitar agora porque no futuro não vai dar. Mas, sabe, a gente tem que ter uma ideia de que vai dar e que, se tudo der certo, você vai poder aproveitar durante a vida inteira”, avalia uma das participantes da pesquisa.
Para elas, a convivência com as educadoras é uma forma de inspiração para traçar os seus próprios projetos de vida. “Tem alguns professores que eu vejo como imagem, como eu quero ser, como a professora de biologia. Eu quero ser essa mulher quando crescer”, avalia.
O mesmo sentimento é reforçado pelas famílias quando pensam em formas de contribuir para a formação integral das meninas. “Precisamos oferecer um ambiente seguro, acolhedor, em que elas tenham exemplos de mulheres reais e, acima de tudo, saibam que ser mulher não é um fator limitante de suas potencialidades”, avalia Karina Agra, mãe de estudante marista.
Sendo a educação a nossa principal missão, a celebração do Dia Internacional da Mulher também está ancorada em ações que ofereçam formação e qualificação para elas.
No dia 8, às 11h, o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS promove o Tecnopuc Talks com o tema Ciência&Negócios: existe um segredo para trilhar este caminho?
No bate-papo, quatro painelistas irão dialogar sobre suas trajetórias como cientistas e empreendedoras com a mediação da Pró-Reitora de Graduação e Educação Continuada da PUCRS, Adriana Kampff. O evento será híbrido: online, com transmissão ao vivo no Youtube da PUCRS, e presencial, com número restrito de participantes. Saiba mais no link de inscrição.