Nos dias 26, 27 e 28 de abril, a PUCRS sedia o encontro final do projeto QualEnv Change the Climate: Assuring the Quality of Environmental Strategies in Latin-American Higher Education (Mudando o clima: Garantindo a qualidade das estratégias ambientais no Ensino Superior latino-americano). O evento é financiado pelo consórcio Erasmus+, formado por 14 instituições, sendo três universidades europeias e 11 latino-americanas. Para acessar a programação completa e fazer a inscrição, acesse o site oficial do evento neste link.   

O encontro acontece no Auditório do Prédio 50, com palestras em português, espanhol e inglês. O evento é gratuito e aberto ao público, com emissão de certificado de participação. Nas conferências, as universidades participantes apresentarão os resultados e percepções do projeto, que iniciou em janeiro de 2020. A ação envolveu iniciativas como o desenvolvimento de programas de gestão ambiental nas instituições latino-americanas.  

Para o diretor do Instituto do Meio Ambiente (IMA) e professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Nelson Fontoura, que está à frente da coordenação do projeto na PUCRS, esse encontro permitirá uma avaliação crítica dos avanços na gestão para a sustentabilidade das instituições da América Latina.  

“Além disso, permitirá a discussão sobre o caminho de cada instituição e as estratégias para a implementação de modelos de gestão com foco em sustentabilidade, de modo a contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da Agenda 2023 das Nações Unidas (ONU)”, completa.

SERVIÇO:

Frederico Rodrigues, GeoScientes, Instituto do Petróleo, Rio Amazonas

Pesquisador Luiz Frederico Rodrigues durante a Missão Tucuxi / Foto: Arquivo Pessoal

Um ecossistema que cobre dois terços da superfície da Terra e que gera a maior parte do oxigênio que respiramos. Comemorada desde 1992, o Dia Mundial dos Oceanos tem como tema central neste ano “Revitalização: Ação Coletiva para o Oceano”.

De acordo com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, mais de um terço dos estoques de peixes são capturados a níveis insustentáveis do ponto de vista biológico. O secretário-geral também destacou que uma proporção significativa dos recifes de corais já foi destruída, ampliando a urgência de ação coletiva para revitalizar os oceanos.

De acordo com o pesquisador da PUCRS e do  Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) Luiz Frederico Rodrigues, estudos apontam que as mudanças climáticas e o aquecimento global são efeitos da ação humana no meio ambiente. “Atualmente, tem-se discutido muito sobre a intensificação do aumento da temperatura média dos oceanos devido à ação do homem. Uma das linhas de pesquisa mais trabalhadas procura entender se o aquecimento oceânico é um produto direto do aquecimento global”, afirma o pesquisador.

Segundo ele, as pesquisas demonstram que o aquecimento global é consequência da emissão de gases estufas na atmosfera, os quais são provenientes da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e processos industriais. “O acúmulo desses gases na atmosfera impede que o calor da Terra se dissipe para o espaço, assim, os níveis globais da temperatura aumenta, inclusive dos oceanos”, explica.

Pioneirismo nos oceanos

Rodrigues foi um dos pesquisadores da Missão Tucuxi, uma parceria entre o IPR e a empresa SeaSeep, com o objetivo de amostrar e caracterizar as possíveis áreas contendo hidratos de gás ao norte do oceano brasileiro. Durante a missão, os pesquisadores desenvolveram um estudo pioneiro sobre origem da composição dos gases na Foz do Rio Amazonas. Os resultados do trabalho foram apresentados no artigo, Molecular and Isotopic Composition of Hydrate-Bound, Dissolved and Free Gases in the Amazon Deep-Sea Fan and Slope Sediments, Brazil, publicado na revista Geosciences, da Suíça.

Os hidratos são estruturas cristalinas compostas por gelo e gás e podem ser encontrados no subsolo marinho. Devido a sua grande concentração de gás metano, os hidratos são considerados uma alternativa energética no futuro (apesar de ser um recurso natural finito). Países como os Estados Unidos, Japão e Canadá já atuam em fases pilotos para produção dessa fonte de energia. No Brasil, o Projeto Conegas (que reúne três missões oceanográficas realizadas ao Sul do país e contou com a participação de pesquisadores da PUCRS e do IPR) e Missão Tucuxi foram pioneiras na descoberta e caracterização dos reservatórios de hidratos.

Para o pesquisador do IPR, o aquecimento oceânico pode contribuir para a desestabilização dos hidratos de gás e a liberação do metano na atmosfera. Além disso, Rodrigues aponta que o aquecimento global desencadeia uma série de efeitos de grande impacto, como o aumento do nível do mar, mudanças na salinidade, bem como prejuízos à biodiversidade devido a mudança de oxigenação. O pesquisador também destaca que, em relação ao clima, poderão ocorrer interferências nos padrões de ventos e chuvas, ou então, intensificação dos episódios de clima extremo, como os tufões. “Essas consequências podem atuar em conjunto, potencializando seus efeitos e afetando todo o planeta”, declara.

Para o pesquisador, ainda é necessário ampliarmos o entendimento sobre os oceanos para que a preservação se torne mais efetiva. “O oceano, apesar da evidente importância no complexo sistema de equilíbrio da Terra, é um dos elementos menos entendidos. Portanto, conhecer sua importância na dinâmica da vida seria um dos principais sentidos da conservação da vida na Terra”, conclui.

Sobre o IPR

O Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR), criado em 2014, tem por objetivo fomentar, dar visibilidade e proporcionar um crescimento sustentado das ações da universidade em pesquisa, desenvolvimento e inovação na área de petróleo e recursos naturais. Constitui uma iniciativa conjunta da Petrobras e da PUCRS e representa a consolidação e ampliação do Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Carbono (Cepac), inaugurado em 2007. Saiba mais clicando aqui.

Foto: Roald Paaps/Pexels

Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas diz que precisamos “tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos”. O objetivo global acordado por 193 países reforça a urgência do debate e a importância da difusão de conhecimento sobre o assunto. Consciente sobre a importância do tema, a Universidad Católica de Trujillo, no Peru, lançou o curso online gratuito Cambio climático y sus consecuencias a la luz de Laudato Sí. 

O programa teórico e prático tem como objetivo a prevenção, adaptação e mitigação das mudanças climáticas em resposta à necessidade de cuidar do planeta com responsabilidade social. Transmite conhecimentos básicos e fundamentais sobre aquecimento global, práticas sustentáveis e consequências das mudanças climáticas à luz do Laudato Sí, carta circular do Papa Francisco no qual faz um apelo à mudança e à unificação global das ações para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas, gerando consciência e mudando atitudes. 

Diretor do IMA faz parte do programa 

Representantes de oito países integram o programa. Entre eles está o diretor do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS (IMA) e professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Nelson Ferreira Fontoura, que irá ministrar a aula sobre aquecimento global. A participação no programa acontece por meio da relação entre o Escritório de Cooperação Internacional da Universidade e a instituição peruana. 

A atividade é gratuita, tem duração de 16 semanas e é assíncrona. O programa completo pode ser acessado no site do curso e para participar é preciso se inscrever. 

Movimento Católico Global pelo Clima 

O curso Cambio climático y sus consecuencias a la luz de Laudato Sí faz parte do Movimento Católico Mundial pelo Clima, criado em 2015, que se baseia na carta encíclica Laudato Sí: Sobre o Cuidado da Casa Comum, escrita pelo Papa Francisco sobre a urgência em medidas para cuidados com a Terra.

poluição

A expansão da produção industrial gera um grande aumento de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera / Foto: Pixabay

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, as mudanças climáticas antropogênicas, ou seja, aquelas causadas pelo homem, estão associadas ao aumento da emissão de gases de efeito estufa por queima de combustíveis fósseis (dos automóveis, das indústrias, usinas termoelétricas), queimadas, desmatamento, decomposição de lixo etc.

Existem fortes indícios de que o clima está de fato mudando. As décadas de 1990 e 2000 foram as mais quentes dos últimos 1.000 anos. As projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que nos próximos 100 anos poderá haver um aumento da temperatura média global entre 1,8°C e 4,0°C, e um aumento do nível médio do mar entre 0,18 m e 0,59 m, o que pode afetar significativamente as atividades humanas e os ecossistemas terrestres.

Depois de participar do projeto Students 4 Change, no qual foi discutida a necessidade da implantação de laboratórios de inovação social, a PUCRS passa a integrar o projeto Climate Labs: Strengthening applied research and innovation capacities in Latin-America through co-creation labs for mitigation and adaptation to Climate Change, agraciado pelo Programa Erasmus+. O projeto busca, em última análise, construir áreas fortes e conectadas de inovação e pesquisa aplicada nas universidades, impactando nas capacidades e estratégias gerais dos países parceiros para mitigar e adaptar-se às mudanças climáticas.

Na PUCRS, os docentes envolvidos no projeto são Lucas Bonacina Roldan (coordenador), Edimara Mezzomo Luciano, Gustavo Dalmarco (Escola de Negócios) e Nelson Ferreira Fontoura (Instituto do Meio Ambiente da PUCRS). Ao todo, são 14 instituições envolvidas no projeto, representando o Brasil, Colômbia, Espanha, Itália, França e México.

Início dos trabalhos

No começo de março, uma reunião de trabalho realizada na Universidad de Caldas, na cidade de Manizales, na Colômbia, marcou o início dos trabalhos. Lucas Roldan conta que o objetivo do encontro foi conhecer os parceiros do projeto, alinhar expectativas, modelar inicialmente os laboratórios de inovação social com foco em mudanças climáticas de cada universidade e compartilhar conhecimento.

Os próximos passos envolvem um mapeamento de capacidades das universidades parceiras e a identificação de desafios relacionados às mudanças climáticas a serem abordados por cada laboratório. Logo após, será realizada uma capacitação para todos, com o objetivo de compartilhar melhores práticas (programa de incubação online) e, assim, cada universidade implementará o seu laboratório.

“Após a implementação dos laboratórios, serão realizados projetos-piloto com o objetivo de gerar impacto social positivo onde esses serão realizados. É importante salientar que todas as etapas do projeto serão desenvolvidas em conjunto com os parceiros e a troca de conhecimentos estará sempre presente”, conta Lucas.

Trocas internacionais

O projeto proporciona que a PUCRS compartilhe experiência relacionadas à inovação social e às mudanças climáticas, além de ser uma ótima oportunidade para a Universidade poder fazer ainda mais pela sua comunidade, já que uma premissa do projeto é facilitar a resolução de problemas sociais a partir da pesquisa.

Em um período de três anos, o projeto espera treinar acadêmicos, estudantes e funcionários da América Latina, que formarão equipes líderes de mudança. Esses grupos projetarão e implementarão laboratórios de acordo com as necessidades, pontos fortes, desafios e características das instituições e territórios a que servem.