O ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, esteve na PUCRS nesta quinta-feira, 4 de julho. A visita é parte de um itinerário por três dos principais parques tecnológicos do País: Tecnopuc, Porto Digital (Recife) e o Parque Tecnológico da UFRJ (Rio de Janeiro). As viagens integram a etapa de criação do plano de inovação do Governo Federal. Em sua primeira passagem pela Universidade, Pontes esteve acompanhado do ministro da Cidadania, Osmar Terra, e foi recepcionado pelo reitor Ir. Evilázio Teixeira juntamente com o vice-reitor Jaderson Costa da Costa e os pró-reitores de Graduação e Educação Continuada, Ir. Manuir Metges, e de Pesquisa e Pós-Graduação, Carla Bonan. Além de conhecer a estrutura do Tecnopuc, o Ministro do MCTIC também visitou o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer).
No salão nobre da Reitoria, os ministros conversaram com os gestores sobre planos da instituição e do Governo à luz dos temas educação e inovação. “Estamos empenhados em tornar a PUCRS uma Universidade global. A estrutura que temos hoje e o nível das nossas pesquisas é o que sonhamos para todas as universidades brasileiras. Sabemos que os senhores são grandes incentivadores da ciência e, nesse sentido, nossas ações estão muito alinhadas com os ministérios”, destacou o reitor, que agradeceu a Terra o apoio às iniciativas da instituição e do InsCer.
Durante o encontro, o ministro Marcos Pontes compartilhou metas para o Brasil no cenário internacional. “Acredito no poder de transformação da educação. Sou um exemplo disso. Vim de uma realidade onde meu pai era faxineiro. O incentivo à pesquisa e à ciência precisam estar presentes desde o colégio até a graduação. Atualmente, estamos na 13ª posição em produção acadêmica no mundo, mas apenas na 64ª em inovação. Nos próximos anos, queremos estar entre os 20 melhores”, afirmou. Para Costa da Costa, esse é um dos diferenciais da PUCRS. “Em tudo o que realizamos, especialmente no InsCer e no Tecnopuc, damos foco aos resultados. Nossas pesquisas representam entregas e soluções efetivas para a sociedade”.
Pontes e Terra também visitaram o Instituto do Cérebro e o Parque Tecnológico. Na companhia do vice-reitor e diretor do InsCer, conheceram o Centro de Produção de Radiofármacos, ligado à medicina nuclear onde está instalado o Cíclotron, um acelerador de partículas responsável por produzir reações nucleares. Curioso, Pontes fez vários apontamentos e perguntas sobre o equipamento e a produção de radiofármacos para a responsável pelo CPR, Louise Hartmann, e o físico João Alfredo Borges. O grupo também conversou sobre pesquisas com células-tronco, inteligência artificial e outras desenvolvidas no InsCer relacionadas ao aprendizado infantil.
No Tecnopuc, foram recebidos pelo superintendente de inovação e desenvolvimento Jorge Audy e pelo diretor Rafael Prikladnicki para uma visita guiada pelas empresas e outros espaços do ecossistema. Os ministros assistiram a apresentações do grupo Pedra Circular sobre prevenção de desastres naturais e reconstrução de áreas abaladas, como Brumadinho. Ainda, estiveram presentes na sede da HP e da HPE, empresa de eletrônicos. Segundo Pontes, a operação de um ambiente tão complexo e a conexão com os estudantes impressionam. “É bom que os jovens participem e visualizem todas essas possibilidades futuras. Estamos construindo um plano de inovação muito amplo, que irá abraçar diversos campos. Esperamos que os resultados sejam tão positivos quanto estes”, completou.
O estudo Alvos de proteção à mulher usuária, realizado desde 2010 pelo grupo interdisciplinar de Neurociência Cognitiva do Desenvolvimento (DCNL), da Escola de Medicina da PUCRS, mostra dados coletados com 1.344 usuários de droga, no Rio Grande do Sul. Destes, 546 eram mulheres consumidoras de crack. Elas apresentaram uma taxa de HIV de 20%, percentual consideravelmente mais alto que a média da população geral, que é de 0,8%. Os resultados foram apresentados, no início de junho, pelo professor do curso de Medicina e pesquisador do Instituto do Cérebro do RS, Rodrigo Grassi-Oliveira, que foi convidado a participar do Seminário Intersetorial de Políticas Sobre Drogas, no Ministério da Cidadania, em Brasília.
Conforme Grassi-Oliveira, “a rede precisa levar em consideração que a doença da dependência química é mais grave nas mulheres porque, de acordo com o estudo, elas consomem mais pedras por dia, sofrem mais na desintoxicação, geralmente são vítimas de abusos sexuais e carecem de estratégias de planejamento familiar e serviços específicos”, destacou.
Cada uma das mulheres tem de dois a três filhos, e essas crianças que se desenvolvem nesse contexto vulnerável também são alvo da preocupação dos pesquisadores. “Com as crianças se desenvolvendo nesse contexto, estimamos que eles sofram maus tratos, como negligência na primeira infância. Para evitar que eles virem os próximos usuários, é preciso focar em prevenção”, enfatizou.
Ao fim do painel, o secretário de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania, Quirino Cordeiro Júnior, que estava mediando o painel, ressaltou o nível elevado do debate ao unir pesquisas com práticas clínicas – importante para a implementação de políticas públicas. “Quanto mais dados, melhor para entendermos as necessidades, para fortalecer o trabalho e para a busca por alternativas concretas para enfrentar essas questões e melhorar os cuidados e os tratamentos”, concluiu.
O Seminário Intersetorial de Prevenção, Conscientização e Combate às Drogas contou com a participação do secretário executivo adjunto do Ministério da Saúde e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Erno Harzheim, gestor geral da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas, Pablo Kurlander. O evento foi realizado em parceria com os ministérios da Justiça e Segurança Pública, Defesa, Infraestrutura, Educação, Saúde e Mulher, Família e Direitos Humanos.