A conferência de encerramento do 10º Congresso Ibero-americano de Docência Universitária (CIDU) teve como protagonista o agraciado com o título de Doutor Honoris Causa, professor Miguel Zabalza, da Universidade Santiago de Compostela (Espanha). A apresentação, ocorrida em 1º de novembro, no Salão de Atos da PUCRS, teve como tema Coreografías didácticas y Engagement, na qual as universidades foram abordadas numa evolução, desde a fase de centros de ensino, passando pela etapa de contextos de aprendizagem até serem vistas como espaços de vida.
Zabalza centrou boa parte da sua fala na importância da qualidade de vida no ambiente acadêmico frente às constantes cobranças, tanto para discentes quanto para docentes. Relatou que o reitor da Universidade Politécnica de Madri questionou-se em um evento de dirigentes universitários se a instituição está realmente cumprindo seu papel e se está oferecendo aos alunos o que realmente eles precisam. “Sem qualidade de vida é difícil pedir desempenho às pessoas. O desempenho não pode ser obtido num contexto de desgaste e estresse”, refletiu.
O professor espanhol ressaltou que é necessário falar de felicidade na universidade, e que esse tema não deve estar restrito a programas de entretenimento na TV. “Precisamos superar esse tabu”, asseverou. Para exemplificar, citou documento da Unesco, de 2011, que aponta a felicidade como objetivo fundamental da vida humana. Também trouxe os casos da Universidade de Yale, nos EUA, com a disciplina Psicologia e Boa Vida, que lançada este ano foi a mais procurada da história da instituição, com 1.182 estudantes inscritos; mencionou as cadeiras similares na também norte-americana Universidade de Stanford, além da Universidade de Brasília. A respeito de Yale, lembrou que a nova oferta resultou de um levantamento em 2013 no qual metade da comunidade acadêmica buscou auxílio relacionado à saúde mental. Zabalza associa a felicidade ao engajamento estudantil, assunto que norteou o 10º CIDU. “O tema do engajamento deve ter uma leitura institucional. É preciso a universidade aprender a lidar e estabelecer novos vínculos”, analisou.
O criador do CIDU assinalou que nos EUA começam a despontar novos tipos de rankings, que em vez de medir desempenho acadêmico por prêmios Nobel, artigos científicos ou registro de patentes, valorizam a qualidade de vida no campus. “Esses rankings, nos quais os alunos dão sua opinião, não se parece em nada com os tradicionais”, disse Zabalza. Ao concluir a palestra, frisou que “o engajamento e a felicidade não são questões individuais. A instituição universitária tem que participar desse processo. Todos nós temos o compromisso de melhorar as condições que aí estão”.
Durante os dias 31 e 30 de outubro e 1º de novembro o 10º CIDU serviu de abrigo para debates sobre a qualidade da docência universitária, o envolvimento dos alunos com as instituições de ensino superior, o relacionamento entre professores, a importância da revisão de currículos estáticos e baseados unicamente na técnica, além de apontar para propostas de valorização da vida no ambiente acadêmico. Entre cada mesa e conferência houve apresentações culturais de música e dança (confira a galeria de imagens abaixo), resultado de parcerias com outras instituições.
No desfecho do evento, a professora Maria Inês Corte Vitória, presidente da Comissão Organizadora do 10º CIDU, avaliou que o encontro promoveu “três dias de profícua construção de conhecimento, relações interpessoais e intercâmbio de ideias”. Lembrou que “não são só os livros que nos fazem felizes, mas as relações estabelecidas a partir da interpretação deles”. Ela ainda saudou os congressistas que participaram dos simpósios e mesas redondas, além dos pesquisadores internacionais e representantes de 15 países, entre eles México, Peru, Chile, El Salvador, EUA e República Dominicana.
Desde 1999, na Universidade de Santiago de Compostela, os Congressos Ibero-americanos de Docência Universitária, promovidos pela AIDU, têm ocorrido em diferentes sedes e sobre diversos temas de interesse comum da docência universitária. O 10º CIDU foi organizado pela PUCRS com o apoio do Centro de Estudos em Educação Superior da PUCRS (CEES) e promovido pela Associação Ibero-americana de Docência Universitária (AIDU).
Nesta quarta-feira, dia 31 de outubro, o professor Miguel Ángel Zabalza Beraza recebeu da PUCRS o título de Doutor Honoris Causa, proposto pela Escola de Humanidades. O evento teve na mesa de honra o reitor Ir. Evilázio Teixeira; o vice-reitor, Jaderson Costa da Costa; o bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre, Dom Leomar Antônio Brustolin; o representante da Universidade de Santiago de Compostela, Antonio Lopez Diaz e a decana associada da Escola de Humanidades, Regina Kohlrausch. A honraria aconteceu durante o 10º Congresso Ibero-Americano de Docência Universitária (CIDU) no Salão de Atos e faz parte da programação dos 70 anos da Universidade. Zabalza é uma das autoridades mundiais no debate sobre a didática universitária.
Por delegação do conselho universitário da PUCRS, a professora Maria Inês Corte Vitória, da Escola de Humanidades, comentou que Zabalza foi responsável por construir tão bem as suas tarefas como cientista, professor, profissional do mundo da educação, da psicologia, da letras e da didática universitária. “As suas pesquisas têm uma extraordinária apreciação e reconhecimento em todo o mundo. Tem centenas de artigos de impacto e prestígio, bem como mais de 200 trabalhos científicos reconhecidos”, frisou.
Em seu discurso, Zabalza reforçou a alegria e a grande consciência de ser homenageado durante as celebrações dos 70 anos da Universidade. O professor mencionou o que absorveu nos últimos 30 anos que esteve mais presente no país, conhecendo histórias emocionantes e de superação. “Em primeiro lugar, aprendi experiências importantes de fé na educação, como crescimento pessoal. Os países europeus não vivem de maneira tão intensa a educação como aqui. Vi muitas pessoas que lutam por oportunidades. Outra aprendizagem que tive foi a descoberta do componente afetivo entre professores e estudantes”, enfatizou.
Para o reitor, é motivo de honra para a PUCRS ter Zabalza em sua galeria de Doctor Honoris Causa, bem como ser um membro e amigo da comunidade universitária. “A sua obra nos recorda que a universidade deve estar atenta para manter, ou ainda, recuperar a sua contribuição civilizatória desde a produção de conhecimento”, destaca.
A honraria, maior reconhecimento acadêmico a uma personalidade por suas contribuições à sociedade, é concedida ao pesquisador que reflete e propõe melhorias constantes ao exercício da docência. Professor de Didática e Organização Escolar da Universidade de Santiago de Compostela, em Galiza (Espanha), é doutor em Psicologia e bacharel em Pedagogia.
Zabalza é o principal investigador de mais de 25 projetos de pesquisa, nacionais e internacionais, quase todos coordenando o trabalho de grupos pertencentes a várias universidades espanholas.
O título de Doutor Honoris Causa é concedido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. Trata-se da distinção honorífica de maior reconhecimento acadêmico de uma universidade, outorgado a quem reconhecidamente reúne tantas virtudes.
Confira a galeria de fotos:
O envolvimento e o comprometimento social do estudante universitário têm início antes de seu ingresso na Academia, e se prolongam por sua vida profissional. Esse foi um dos tópicos ressaltados pelo professor Roberto Cabrera, pesquisador na Universidade de Maryland (EUA), durante a conferência de abertura do 10º Congresso Ibero-americano de Docência Universitária (CIDU), que está sendo realizado no Salão de Atos da PUCRS, até o dia 1º de novembro. Com o tema central O envolvimento estudantil na Educação Superior, o evento tem como objetivo promover um espaço internacional e interdisciplinar de intercâmbio de ideias e experiências sobre a universidade e a docência de qualidade. A iniciativa integra o calendário de celebração dos 70 anos da Universidade.
O 10º CIDU foi aberto com a presença do reitor, Ir. Evilázio Teixeira, e do presidente da Associação Ibero-americana de Docência Universitária (AIDU) e professor da da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha), Miguel Zabalza. Teixeira mencionou que “a Educação é a construção contínua da pessoa humana, de seu saber e de suas aptidões, mas também de suas faculdades de julgamento e de ação. Por isso, as relações entre professores e estudantes são fundamentais em sua corresponsabilidade e engajamento”. Já o professor Zabalza, que nesta quarta-feira recebe o título de Doutor Honoris Causa, recordou as edições anteriores do CIDU e saudou a estreia do evento no Brasil, após ter passado por países como Chile, México, Peru e Argentina. “Teremos três dias, a partir de hoje, para relações entre as pessoas e muitos aprendizados”, sinalizou.
Durante sua apresentação, o professor Roberto Cabrera expôs resultados de publicações científicas e de pesquisas em desenvolvimento no EUA que buscam monitorar e compreender o grau de envolvimento dos universitários com ações de impacto social. Adepto do pensamento do pesquisador Alexander Astin, para o qual envolvimento estudantil refere-se à quantidade de energia física e psicológica que o estudante dedica à experiência acadêmica, o palestrante pontuou que a trabalhar elementos como responsabilidade com a sociedade e a educação cívica são recomendações importantes para que se tenha um egresso capaz de gerar impactos positivos à sociedade.
Um estudo do MIT, divulgado este ano, foi exposto durante a conferência. Nele, os pesquisadores identificaram que nas dez universidades consideradas líderes emergentes nos campos das engenharias, entre estas a PUC Chile, os programas de ensino enfatizam práticas didáticas que incentivem projetos com soluções para problemas reais na sociedade e meio ambiente.
Um estudo de 2014, liderado por Cabrera, demonstrou quatro tipos de universitários, como forma de ilustrar perfis por nível de engajamento: a águia, a abelha, o coala e a lontra. As abelhas, que representam 39%, têm um olhar voltado às ações solidárias, mas sem engajamento político. As águias, que correspondem a 30%, têm algo grau de comprometimento universitário, participando do maior número possível de iniciativas institucionais (ações sociais, preservação ambiental, empreendedorismo, movimento estudantil). Os coalas, por sua vez, com 24% dos perfis, evitam todo e qualquer tipo de envolvimento, mantendo um comportamento apático. Já as lontras, com 7%, preferem participar estritamente das ações conectadas aos seus interesses.
O envolvimento, analisou o pesquisador, tem elementos que vêm de antes da vida universitária. Fatores econômicos e a relação de familiares do estudante em temáticas sociais são temas que repercutem na vida acadêmica, no ponto de vista de Cabrera. No entanto, ele ressalva que nem todos os estudantes têm nível similar de comprometimento. As águias costumam ocupar os lugares de liderança, mas todos os perfis precisam ser observados. O desafio é identificar os talentos e criar programas que aproveitem as potencialidades de cada ingressante.
A conferência inaugural do 10º CIDU foi prestigiada, além do reitor Ir. Evilázio e do professor Miguel Zabalza, pelo vice-reitor Jaderson Costa da Costa, pelo professor José Felipe Trillo Alonso, representando o reitor da Universidade Santiago de Copostela – Antonio Lopez Diaz, pela pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Carla Bonan, pelo pró-reitor de Graduação e Educação Continuada, Ir. Manuir Mentges, pela decana associada da Escola de Humanidades, professora Regina Kohlrausch, e pela presidente do comitê organizador do 10º CIDU, professora Maria Inês Corte Vitória.
Desde 1999, na Universidade de Santiago de Compostela, os Congressos Ibero-americanos de Docência Universitária, promovidos pela AIDU, têm ocorrido em diferentes sedes e sobre diversos temas de interesse comum da docência universitária. O 10º CIDU é organizado pela PUCRS com o apoio do Centro de Estudos em Educação Superior da PUCRS (CEES) e promovido pela Associação Ibero-americana de Docência Universitária (AIDU).
Uma das autoridades mundiais no debate sobre a didática universitária, o professor Miguel Ángel Zabalza Beraza recebe da PUCRS o título de Doutor Honoris Causa, proposto pela Escola de Humanidades. A cerimônia de entrega ocorre na quarta-feira, 31 de outubro, às 10h30min, ao longo do 10º Congresso Ibero-Americano de Docência Universitária (CIDU) e dentro da programação dos 70 anos da Universidade. O evento, no Salão de Atos da PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681 – Porto Alegre), é gratuito e aberto ao público.
A honraria, maior reconhecimento acadêmico a uma personalidade por suas contribuições à sociedade, é concedida ao pesquisador que reflete e propõe melhorias constantes ao exercício da docência. Professor de Didática e Organização Escolar da Universidade de Santiago de Compostela, em Galiza (Espanha), é doutor em Psicologia e bacharel em Pedagogia.
Zabalza é o principal investigador de mais de 25 projetos de pesquisa, nacionais e internacionais, quase todos coordenando o trabalho de grupos pertencentes a várias universidades espanholas. Ele concedeu entrevista à Revista PUCRS, na qual aborda a questão da pressão para a produção científica. O conteúdo pode ser acessado neste link da edição 188.
O título de Doutor Honoris Causa é concedido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. Trata-se da distinção honorífica de maior reconhecimento acadêmico de uma universidade, outorgado a quem reconhecidamente reúne tantas virtudes.
Nessa semana, a PUCRS será sede do 10º Congresso Ibero-americano de Docência Universitária (CIDU), com o tema O envolvimento estudantil na Educação Superior. O evento ocorre entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro e tem como objetivo promover um espaço internacional e interdisciplinar de intercâmbio de ideias e experiências sobre a universidade e a docência de qualidade, envolvendo estudantes da graduação, professores e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, que atuam em países da Comunidade Europeia e da América Latina. O 10º CIDU é organizado pela PUCRS com o apoio do Centro de Estudos em Educação Superior da PUCRS (CEES) e promovido pela Associação Ibero-americana de Docência Universitária (AIDU). As inscrições para ouvintes estão abertas neste link e podem ser realizadas até esta terça-feira, 30 de outubro, data de início do Congresso.
Junto à temática central do Congresso, serão abertos espaços para a apresentação de comunicações e o desenvolvimento de simpósios sobre diferentes linhas temáticas de interesse comum para a universidade e a docência universitária. As linhas temáticas terão 13 abordagens:
Ao longo da programação, grandes especialistas internacionais no campo de estudos sobre docência universitária irão ministrar conferências e palestras. Confira alguns dos nomes:
Uma das autoridades mundiais no debate sobre a didática universitária, o professor Miguel Ángel Zabalza Beraza recebe da PUCRS o título de Doutor Honoris Causa, proposto pela Escola de Humanidades. A cerimônia de entrega ocorre na quarta-feira, 31 de outubro, às 10h30min, ao longo do 10º CIDU e dentro da programação dos 70 anos da Universidade. O evento, no Salão de Atos da PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681 – Porto Alegre), é gratuito e aberto ao público.
A honraria, maior reconhecimento acadêmico a uma personalidade por suas contribuições à sociedade, é concedida ao pesquisador que reflete e propõe melhorias constantes ao exercício da docência. Professor de Didática e Organização Escolar da Universidade de Santiago de Compostela, em Galiza (Espanha), é doutor em Psicologia e bacharel em Pedagogia.
Zabalza é o principal investigador de mais de 25 projetos de pesquisa, nacionais e internacionais, quase todos coordenando o trabalho de grupos pertencentes a várias universidades espanholas. Seus livros e artigos estão entre os mais citados em áreas como Educação Superior e Psicologia, especialmente no debate sobre a necessidade de equilíbrio entre produção científica e atualização profissional, diversidade, competências docentes e os reflexos dos rankings internacionais na atuação acadêmica.
Desde 1999, na Universidade de Santiago de Compostela, os Congressos Ibero-americanos de Docência Universitária, promovidos pela AIDU, têm ocorrido em diferentes sedes e sobre diversos temas de interesse comum da docência universitária.
O Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018 para Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc teve nesta quinta-feira, 10 de maio, seu encerramento. O painel intitulado Propostas para a Educação Superior no marco dos 100 anos da reforma universitária de Córdoba foi apresentado pelos professores Maria Inês Côrte Vitória, gestora de avaliação da Assessoria de Planejamento e Avaliação (Asplan), e Alexandre Anselmo Guilherme, da Escola de Humanidades, com mediação da professora Adriana Kampff, diretora de Graduação. Ocorrida no 6º andar da Biblioteca Central Ir. José Otão, a atividade contou com a presença do reitor, Ir. Evilázio Teixeira, e do professor da Universidade Santiago de Compostela, Miguel Zabalza, que preside a Associação Ibero-americana de Docência Universitária e, no próximo mês de outubro, será contemplado com o título de Doutor Honoris Causa pela PUCRS.
No primeiro momento do evento, a professora Maria Inês apresentou uma síntese retrospectiva dos 100 anos de reforma universitária de Córdoba. O objetivo foi expor elementos que contribuíssem na elaboração de propostas e reflexões, valorizando o legado de educadores, cientistas e investigadores dedicados ao tema. Na reconstrução histórica, a docente destacou as “ideias-força” do reformismo universitário de 1918, sintetizadas em duas dimensões, Programática e Utópica. A primeira, trazia o princípio de participação estudantil, em paridade com a docente, nas decisões das universidades, bem como e autonomia dessas instituições como forma de soberania. Também incluía o aprofundamento da democratização, com uma reforma pedagógica, tendo o estudante no centro das iniciativas. Já na dimensão utópica, o desejo dos estudantes de mudar a sociedade ficou latente na valorização do latino-americanismo e anti-imperialismo, juvenilismo e velha geração. Na avaliação da docente, a dimensão Programática acabou sendo a mais presente ao longo do tempo.
Seguindo uma linha do tempo, Maria Inês apresentou os ideais que movimentaram os anos 1960 e 1970, as contradições entre expectativas e realidade de mudança frente aos EUA e Europa, e recordou autores como Darcy Ribeiro, no Brasil, e Risieri Frondizi, na Argentina, que refletiram sobre o legado reformista. Graficamente, a professora ilustrou com fotos das revoltas universitárias de 1968, na França e no Brasil, a forma de expressão dos estudantes naquele contexto.
Nas décadas de 1980 e 1990, com as novas problemáticas, categorias e atores no cenário latino-americano, houve a recuperação do debate sobre a universidade num formato diferente das décadas anteriores. Crises política e econômica, transição democrática, globalização e diminuição da força do ambiente acadêmico como espaço laboral concentraram as discussões nas Cres, alinhadas com órgãos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento. A Cres de Havana (Cuba), em 1996, trouxe novas perspectivas e mostrou desigualdades e carências da Educação Superior, a aumento dos estabelecimentos privados e do ensino a distância, bem como os desafios do novo contexto mundial.
Nos anos 1990, novos marcos legais, fundos de financiamento e o estreitamento da relação entre as Instituições de Ensino Superior o mercado produtivo mostraram um novo ambiente, também mais exigente à academia. Na primeira década do século 21, houve o esgotamento do modelo neoliberal e o neo-intervencionismo estatal, mais pessoas ingressaram no Ensino Superior e, também, ocorreu a ampliação do movimento de internacionalização e de regionalização, voltando o olhar do continente para o continente. Também foram citadas as restrições financeiras e a ampliação de mecanismos de avaliação. No manifesto da Cres de 2008, em Cartagena das Índias (Colômbia), destacaram-se tópicos como a Educação Superior como direito humano e bem público social, além do debate universidade, democratização e inclusão educativa. Tratou-se, ainda, da revisão de políticas de ciência e tecnologia latino-americanas.
O professor Alexandre Anselmo, em sua intervenção, contextualizou as demandas e proposições do ano de 1918, manifestadas pelos estudantes na Conferência de Córdoba, avaliando que muitos dos aspectos se mantém atuais, como a importância da qualidade na relação docente-discente como forma de permanência do aluno; a coerência entre ensino e aplicação do saber; e a assistência social aos universitários, bem como autonomia das instituições.
O docente da Escola de Humanidades criou uma síntese com propostas a partir da fala dos onze painelistas nos seis encontros anteriores do Ciclo Preparatório, conforme segue:
1º Eixo – Desafios da Educação Superior
– Compromisso com a qualidade do Ensino Superior, combinando a missão institucional com as necessidades demandadas pela sociedade.
– Articulação da Educação Superior com a Educação Básica.
2º eixo – Desafios sociais
– Enfatizar o compromisso com a questão social, colocando o conhecimento a serviço da comunidade.
– Promover conhecimentos, visando resolver problemas relacionados ao desenvolvimento humano como a equidade nas dimensões social, econômica e científica e cultural.
3º eixo – Diversidade cultural e multicultural
– Desenvolver projetos educativos para incluir e aceitar as diferenças e a diversidade.
– Desenvolver projetos educativos visando educar para o mundo globalizado e preparar para interagir com a América Latina.
4º eixo – Tecnologia e Inovação
– Visar à integração universidade – sociedade – empresa.
– Desenvolver projetos educativos para a nova sociedade na nova economia.
5º eixo – Desenvolvimento Sustentável
– Desenvolver programas educativos voltados à sustentabilidade ambiental para professores, estudantes de graduação e de pós-graduação.
– Desenvolver projetos de pesquisa com foco no desenvolvimento sustentável com impacto local e regional (e global).
6º eixo – Internacionalização
– Enfatizar a importância da Internacionalização em Casa (IaH) e da Internacionalização do Currículo (IoC), visando a uma internacionalização completa da Universidade.
– Desenvolver projetos e conhecimentos conectados ao cidadão global, preparando-o para a nova sociedade e economia.
Ao final das apresentações, o professor Miguel Zabalza foi convidado a fazer uma manifestação. Em sua fala, lamentou a redução do ambiente universitário como espaço de pensar, educar e investigar, enquadrando-se na lógica dos governos, que muitas vezes desvalorizam os pesquisadores e suas biografias. “Um investigador, hoje, somente é visto a partir dos conceitos que lhe são atribuídos pelas agências de fomento, independentemente de suas contribuições acadêmicas”, criticou. Em seu país de origem, a Espanha, disse que há um “stand by” emocional, no qual a universidade não é vista como um ambiente de alegria e entusiasmo, não sendo mais possível desfrutar o ato de ser professor. “Um dos trabalhos que temos pela frente é o de recuperar a alegria e a emoção dos professores. A universidade precisa retomar sua importância para a sociedade”, enfatizou Zabalza, repercutindo o sentimento de quem tem uma atuação voltada à formação de professores.
No desfecho das atividades, o Ir. Evilázio Teixeira pontuou que “o Cres é um posicionamento relevante do continente latino-americano frente ao cenário internacional que se apresenta”. Ainda complementou que existem aproximações importantes das IES locais com a Europa e os EUA, mas é preciso ampliar o relacionamento com os países da região (América Latina). Por fim, disse que “precisamos retomar os conceitos fundantes de uma universidade, como comunidade e espaço de seres aprendentes”.
O Ciclo Preparatório PUCRS ao Cres configurou-se num espaço de reflexão na comunidade acadêmica, entre novembro de 2017 e maio de 2018, abordando os temas centrais da Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc de 2018. O evento será realizado na Cidade de Córdoba, Argentina, em junho de 2018, a partir do qual serão levadas contribuições à Conferência Mundial de Educação Superior, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), prevista para 2019, em Paris (França). A comissão organizadora do Cres, agora, irá elaborar uma carta manifesto com as contribuições e reflexões da PUCRS sobre a Educação Superior.
Nesta quinta-feira, 10 de maio, a Reitoria recebeu a visita do presidente da Associação Ibero-americana de Docência Universitária (AIDU), Miguel Angel Zabalza Beraza. O professor da Universidade de Santiago de Compostela (USC), referência mundial em currículo e formação de professores, esteve no Campus para conhecer as iniciativas do movimento 360º. Zabalza possui mais de 20 anos de relação com a PUCRS, e também veio a Porto Alegre devido à participação em grupos de pesquisa da Universidade e em outras ações ligadas à Educação Superior.
Pela manhã, o fundador do Congresso Ibero-americano de Docência Universitária (CIDU) esteve no Gabinete da Reitoria, com as presenças do reitor Ir. Evilázio Teixeira, do vice-reitor, Jaderson Costa da Costa, do pró-reitor de Graduação e Educação Continuada, Ir. Manuir José Mentges, e da professora Maria Inês Corte Vitoria, que atua na Escola de Humanidades e preside o 10º CIDU. O evento, promovido bienalmente, está completando 20 anos e será realizado pela primeira vez no Brasil, tendo a PUCRS como sede. Para Zabalza, o CIDU contribuiu ao longo de suas edições principalmente na construção de uma perspectiva pedagógica do trabalho que se faz nas universidades, ensinando ao corpo docente que também faz parte do seu trabalho saber motivar os estudantes, desenvolver boas avaliações e bons planejamentos.
Em outubro, durante o evento, Miguel Zabalza será homenageado com o título de Doutor Honoris Causa, como reconhecimento aos trabalhos realizados com grupos de pesquisa da PUCRS e sua contribuição para a formação de professores. Ir. Manuir José Mentges destaca a importância da atuação de Zabalza para o movimento PUCRS 360º, o qual tem como base para a transformação um olhar atento sobre o currículo e preparação dos docentes. “O mais importante em uma Universidade que chega a 70 anos, como a PUCRS, são as pessoas. Nós só chegamos aqui porque tivemos ao longo desses anos muito investimento em formação de pessoas, especialmente professores e técnicos”, afirma o pró-reitor.
Zabalza também assistiu ao último encontro do Ciclo Preparatório PUCRS 2017-2018, que busca preparar a comunidade acadêmica da Universidade para o Terceira Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres) – Unesco Iesalc, que será realizada em Córdoba (Argentina), em junho.
A PUCRS concederá o título de Doutor Honoris Causa ao professor da Universidade de Santiago de Compostela (USC), na Espanha, Miguel Ángel Zabalza Beraza. A comunicação oficial foi realizada recentemente, e a cerimônia ocorrerá em 2018, no Campus da PUCRS. A concessão do título é um reconhecimento aos trabalhos e publicações do docente na área de Educação, contribuindo para a formação de profissionais da área no Brasil. Zabalza mantém colaboração com grupos de pesquisa da PUCRS.
O homenageado é doutor em Psicologia e Pedagogia, foi professor da Universidade Complutense de Madrid, da Universidade Nacional de Educação à Distância, da Universidade de Comillas. Desde 1979 atua na Universidade de Santiago, na qual foi decano da Faculdade de Ciências da Educação e dirigiu o Departamento de Didática e Organização Escolar e o Instituto de Ciências da Educação.
O título de Doutor Honoris Causa é concedido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. Trata-se da distinção honorífica de maior reconhecimento acadêmico de uma universidade, outorgado a quem reconhecidamente reúne tantas virtudes.