Ler também pode auxiliar no combate a doenças e no desenvolvimento de habilidades como a escrita, a criatividade e o senso crítico

Uma pesquisa da Universidade de Sussex mostrou que ler ajuda a reduzir em até 68% os níveis de estresse. / Foto: Pexels

Quem nunca estipulou como meta ler mais? Uma atividade com múltiplas funções, ler pode ser uma forma de entretenimento, um meio de informação ou um caminho simples e acessível para adquirir conhecimento. Independente da motivação, o processo de leitura também é capaz de auxiliar no desenvolvimento de habilidades, contribuindo, inclusive, para a saúde mental. De acordo com o professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Augusto Buchweitz, ler pode atuar como um exercício que estimula o cérebro.   

O hábito de leitura tem relação comprovada com uma melhor qualidade de saúde mental. A leitura, por envolver imaginação, mentalização, antecipação e aprendizagem (sempre aprendemos, ao menos, palavras novas), funciona como um ‘exercício’ para o cérebro humano. Apesar de não ser um músculo, o nosso cérebro precisa ser estimulado, destaca o pesquisador.  

Outro fator que enfatiza a relação entre a leitura e a qualidade de saúde mental é ação da atividade na redução do estresse. A professora Aline Fay, coordenadora do curso de licenciatura em Letras com ênfase na Língua Inglesa, ressalta que pesquisas já demonstraram resultados positivos sobre essa contribuição.  

“Uma pesquisa realizada pela Universidade de Sussex mostrou que ler ajuda a reduzir em até 68% os níveis de estresse. Durante o estudo, os sujeitos analisados diminuíram a frequência cardíaca e aliviaram a tensão dos músculos”, salienta a professora. 

Ler protege a mente hoje e no futuro  

É importante entender que nem todos os gêneros literários agem da mesma forma no cérebro. / Foto: Pexels

Os benefícios da leitura não atuam no nosso cérebro apenas no presente. Estudos apontam que ler pode ser uma forma de proteger a mente contra o surgimento de doenças neurodegenerativas. Segundo a professora Aline, quando lemos melhoramos o funcionamento cerebral, o que ajuda a “atrasar” sintomas de doenças como demência e Alzheimer.  

A professora destaca que inúmeras pesquisas comprovam o aumento das conexões neurais durante a leitura. Um destes estudos, realizado pela Universidade Emory, descobriu que ler afeta nosso cérebro da mesma forma como se realmente tivéssemos vivenciado os eventos sobre os quais estamos lendo. Diante disso, a professora ainda aponta que, ao lermos, podemos aumentar nossa empatia, ou seja, a capacidade de compreender e se solidarizar emocionalmente com o outro. 

Mas nem todos os gêneros literários agem da mesma forma. O professor Augusto afirma que, de acordo com o conteúdo de cada história, outras regiões cerebrais são ativadas, resultando em comportamentos, emoções e experiências distintas.   

Durante a leitura de histórias de suspense, por exemplo, a ativação do cérebro tem relação direta com a experiência do leitor. Os leitores que relataram ter ficado mais envolvidos com a narrativa foram os mesmos que tiveram maior ativação de uma circuitaria do cérebro, que envolve tentar antecipar o que vai acontecer (inferências futuras) explica. 

Ele também frisa que especialistas no estudo da memória reforçam a importância do aprendizado constante e do hábito de leitura.  

“O ilustre professor Ivan Izquierdo [falecido em 2021], um dos maiores especialistas em memória do mundo, frequentemente ressaltava em suas entrevistas que profissões como a de professor e artista de teatro, entre outras, por envolverem a leitura e aprendizagem constante, são profissões que ajudam a ‘proteger’ o cérebro de quem as desempenha”, comenta o professor.  

Leia também: 5 livros para conhecer escritoras negras brasileiras

Para além das páginas lidas  

Além de ser uma atividade benéfica para o funcionamento e para a saúde da mente, a leitura participa do desenvolvimento de habilidades específicas. Para a professora Aline, ler é uma forma de ampliar competências. “A leitura favorece a melhora da escrita, expande o vocabulário, trabalha a criatividade e auxilia na formação do senso crítico (capacidade de reflexão sobre algo)”, afirma. Segundo ela, não há um tempo diário específico a ser dedicado à leitura para que as habilidades sejam desenvolvidas.   

“O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, por exemplo, diz ler um livro a cada duas semanas, já Bill Gates diz ler todos os dias durante uma hora. Tudo varia em função do tempo e disponibilidade de cada um. O importante é desenvolvermos o hábito da leitura diária e criar estratégias, tais como reservar um momento do dia somente para a leitura, selecionar livros/temas que achamos interessantes, ter sempre um livro na cabeceira e, acima de tudo, ter paciência e resiliência”, recomenda a professora.  

Para Augusto, a leitura pode estimular desde habilidades e conhecimentos mais fundamentais até aprendizagens que abrangem outros domínios, como o desenvolvimento de raciocínio e do pensamento científico. “Se pensarmos que aprendemos a ler e, por fim, podemos ler para aprender, o que estiver ao alcance da aprendizagem pela leitura está ao alcance do leitor”, conclui.  

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dicas de livros, livro design thinking e desafios da liderançaMais do que uma forma de adquirir vocabulário, conhecimento e até mesmo melhorar habilidades de escrita, o hábito da leitura pode ser um grande aliado no seu desenvolvimento pessoal. Aprender mais sobre temas como carreira, gestão, liderança e autoconhecimento pode ser o primeiro passo para o autoaprimoramento. Os professores da PUCRS dão dicas de livros com essas temáticas para você colocar na sua lista de leituras para começar o próximo ano com o pé direito. Confira: 

1. Design Thinking, de Tim Brown

“O livro aborda a importância de se estabelecer uma cultura de inovação nas empresas, por meio de uma abordagem centrada no ser humano para a resolução de problemas complexos, também conhecida como design thinking. Dentre os todos os conceitos explorados pelo livro, destaca-se a reflexão sobre iteração, empatia, compreensão emocional, insights, flexibilidade, adaptabilidade, entre outros. E também convida o leitor a refletir sobre a importância de se trabalhar em equipes com pessoas interconectadas e interdisciplinares.” 

Indicação da professora Silvia Dapper, da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos).

dicas de livros, livros comece pelo porquê e positive leadership2. Desafio da Liderança, da Harvard Business Review

“A obra reúne artigos clássicos sobre temas relacionados ao desenvolvimento de carreiras e realização profissional. Por meio de textos acadêmicos curtos, são apresentadas as ideias de professores, as quais são principais referências no mundo corporativo, como Peter Drucker, Daniel Goleman (professor convidado na Pós-Graduação da PUCRS), John Kotter e Peter Senge. Os artigos abordam questões atualíssimas, como o encorajamento das pessoas, o trabalho em equipe, a tomada inteligente de riscos, o desenvolvimento de talentos. Considero um livro fundamental para a vida das pessoas, das empresas e da sociedade.” 

Indicação do professor Daniel Ustárroz, da Escola de Direito. 

3. Comece pelo Porquê, de Simon Sinek

“Esse livro explora a importância do propósito e da motivação na vida pessoal e nos negócios. Ele aborda que devemos entender o motivo por trás de nossas ações e decisões, visto que isso é fundamental para alcançar o sucesso. O livro tem exemplos convincentes de empresas e líderes que adotaram essa abordagem, traçando um caminho para descobrir um sentido mais profundo em nossas ações e, assim, conquistar resultados mais significativos e gratificantes. Por meio de insights perspicazes e orientações práticas, o livro desafia os leitores a questionar e redefinir suas próprias motivações, incentivando-os a embarcar em uma jornada de autodescoberta e crescimento pessoal.” 

Indicação do professor Filipe Albano, da Escola Politécnica. 

dicas de livros, livros mindset e em busca de sentido4. Liderança Positiva, de Kim Cameron

“Este livro explora o poder da liderança positiva e como ela pode impulsionar organizações e equipes. Cameron apresenta evidências científicas sobre os efeitos positivos da liderança, além de estratégias práticas para desenvolver habilidades de liderança empática, inspiradora e transformadora.” 

Indicação da professora Gabriela Teló, da Escola de Medicina. 

5. Mindset: A nova psicologia do sucesso, de Carol S. Dweck

“Considero este livro uma leitura importante para aqueles que desejam desenvolver uma mentalidade de crescimento para alcançar o sucesso em suas carreiras e vidas pessoais. A autora, uma renomada psicóloga, explora a diferença entre a mentalidade fixa e a mentalidade de crescimento. Ela mostra como acreditar no potencial de crescimento e aprender com os desafios pode levar a conquistas notáveis na carreira, gestão e liderança.” 

Indicação do professor Rafael Disconzi, da Escola de Negócios 

6. Em busca de sentido, de Viktor Frankl

“Qual a chave interpretativa do ser humano? O livro relata a experiência do autor de três anos em quatro campos de extermínio nazistas. Ele não aceita as perspectivas de seus mestres, Freud (vontade de prazer) e Adler (vontade de poder) para pensar o ser humano e propõe a vontade de sentido como chave, como o motor da vida humana e a verdade interior que sempre volta. Isto é, a teimosa vontade de que a vida faça sentido. Obra imprescindível para o autoconhecimento e o enfrentamento das dificuldades da vida.” 

Indicação do professor Luciano Marques, da Escola de Humanidades. 

Pesquisas mostram que o número de leitores no Brasil vem diminuindo / Foto: Igor Bandeira

A população brasileira está lendo menos. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo IBOPE, entre 2015 e 2019, o Brasil perdeu mais 4,6 milhões de leitores, o que significa uma queda de 56% para 52% no número de pessoas que leem no país. Fatores como gênero, idade, escolaridade e renda acabam influenciando a criação e o mantimento do hábito de não só ler como comprar livros e frequentar bibliotecas. O estudo mostrou que o número de leitores é maior nos anos escolares (5 e 17 anos), com incidência maior entre os 11 aos 13 anos, onde 81% das crianças se consideram leitoras. 

A leitura acaba sendo muitas vezes estimulada na escola e em casa por professores, pais e responsáveis. Para o professor do curso de Escrita Criativa da PUCRS Cristiano Baldi o espaço em que a criança está inserida faz toda a diferença nesse processo.  

“Aqui fala minha experiência de pai mais do que qualquer outra coisa: o ponto decisivo é o ambiente e o exemplo. Ter livros, ler livros, fazer atividades que envolvam livros. Eu, por exemplo, gosto de pedras e cogumelos. Magicamente, meu filho gosta de pedras e cogumelos, sem que eu jamais tenha forçado qualquer coisa.” 

O hábito, se não construído constantemente, pode acabar se perdendo na vida adulta: a pesquisa mostra que o número de pessoas leitoras no país começa diminuir depois dos 18 anos. Cristiano considera que a manutenção do hábito só acontece se ele for atrelado a boas experiências. 

Não vejo o que se possa fazer com um adolescente, além de manter um ambiente em que a leitura seja um hábito – e que seja fácil e mais ou menos livre. Por outro lado, ler demanda algum tempo minimamente ininterrupto, além de concentração, ativos que estão mais raros na vida contemporânea do que costumavam ser.”  

Para escrever, é preciso ler  

35 anos da Oficina de Criação Literária: inscreva-se para a turma de 2021

Leitura e estudo são essenciais para se tornar um bom escritor/ Foto: Pexels

Quando a leitura se torna algo prazeroso é comum que surja também uma vontade de escrever sua própria história. Intimidante para algumas pessoas, o ato de escrever acaba sendo o sonho para outras. Mas o que é necessário para colocar a ideia no papel e efetivamente escrever? Parece simples, mas não é. Para o professor, existem três pontos que toda pessoa que pretende seguir por esse caminho precisa entender.

1. Leia muito

A primeira recomendação é ler. A leitura nos coloca em contato direto com a instância mais material da composição literária: a língua. A partir da leitura, vamos compreendendo o potencial expressivo da linguagem e a dinâmica oculta do nosso idioma – seus ritmos e sua lógica.

2. Estude 

É preciso estudar a literatura, é claro, porque sempre escrevemos dentro de uma tradição. Mas estudar também técnica literária, como fazemos no curso de Escrita Criativa da PUCRS. Existe uma visão, felizmente bastante anacrônica hoje em dia, segundo a qual para escrever bastaria talento. Isso que chamamos talento, ainda que de forma pouco precisa, é sem dúvida importante. Mas provavelmente o caminho mais seguro para expressar esse talento seja o estudo da técnica.    

3. E não menos importante: escreva

Para escrever é preciso escrever. Ler e estudar escrita é importante, mas só a experiência de escrever cria uma consciência dos limites da linguagem, de sua capacidade, sempre insuficiente, de cobrir a realidade e a vida, de figurá-las, de discuti-las. Imagine a argila ou a pedra-sabão. Se você estudasse escultura, poderia conhecer a tradição artística desses materiais; poderia dominar, teoricamente, seus limites térmicos e físicos, sua resistência; saberia com que instrumentos trabalhar cada material. Mas é apenas ao manusear a argila ou a pedra-sabão que você entende de fato seus limites e pode até mesmo, se for um grande artista, distender um pouquinho esses limites. 

Como se colocar no mercado 

Como transformar o hábito da leitura em uma profissão

Mercado literário aquecido é promissor para graduados em Escrita Criativa/ Foto: Giordano Toldo

O mercado do livro se encontra em constante movimento e crescimento. O faturamento das editoras brasileiras em 2022 teve um crescimento de 8,3%, com as vendas aumentando quase 3% em relação ao ano de 2021. A indústria do livro não é feita apenas de escritores, existe uma enorme cadeia de produção que conta com editoras, distribuidoras, livrarias físicas e virtuais, gráfica, diagramadores, ilustradores entre outros.  

Leia também: Hábito de leitura estimula o cérebro e promove benefícios para a saúde mental

Hoje, o/a profissional que deseja ingressar nessa indústria percebe que existem muitas portas se abrindo nesse meio. Para Cristiano, o mercado editorial, pelo menos no que diz respeito a literatura, costumava ser bem fechado e existem muitas produtoras pequenas e médias com bons padrões de produção. Por ser um mercado em constante mudança, existem demandas que exigem profissionais cada vez mais qualificados.  

“Temos uma demanda por revisão, arte, diagramação, preparação de originais, entre várias outras funções – e boa parte delas pode ser exercida por quem sai do nosso curso de graduação. Além disso, para quem estuda Escrita Criativa na PUCRS, há possibilidades fora da cadeia produtiva do livro, em alguns mercados que estão em franca ascensão, como o de games e o do audiovisual.”  

O curso de Escrita Criativa é um dos pioneiros no Brasil sendo o primeiro tecnólogo de graduação criado na área. Nele, alunos e alunas têm acesso a um ensino que contempla escrita literária, editoração com conteúdo e revisão de texto, planejamento de eventos culturais além de oficinas literárias.

Conheça o curso de Escrita Criativa da PUCRS

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O desenvolvimento pessoal está ligado ao autoconhecimento, bem-estar, autorrealização e relações sociais / Foto: Unsplash

O desenvolvimento pessoal está relacionado à construção do conhecimento e de habilidades. Uma atividade constante, a área engloba questões como autoconhecimento, bem-estar, autorrealização e relações sociais.

Para auxiliar quem deseja praticar o desenvolvimento pessoal por meio da leitura, a professora Loraine Muller, docente da Escola de Negócios da PUCRS, sugere cinco livros. Confira:

1. Em Busca de Sentido, de Viktor Frankl

Compreender o seu propósito faz parte da jornada para que você possa encontrar suas “intenções nesta vida, entender e descobrir qual o seu legado”. Viktor Emil Frankl (1905 – 1997), reconhecido como um dos maiores psiquiatras da história, foi o criador do método terapêutico baseado na busca pelo sentido da vida. No livro, o fundador da logoterapia demonstra sua própria experiência em buscar o sentido da vida num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Apresenta também, numa segunda parte, os conceitos básicos da logoterapia. Vale cada página!

2. Business Model You: o Modelo de Negócios Pessoal, de Tim Clark

Refletiu sobre o seu propósito e quer validá-lo? Vale ler e preencher o seu canvas pessoal, uma ferramenta quase mágica para organizar os pensamentos sobre você. Em uma pegada mais contemporânea, o livro auxilia no entendimento de como você agrega valor e reforçar o seu propósito. Há também uma versão “empresarial”, o Business Model, extremamente útil para o desenvolvimento do seu negócio.

3. Como tomar a vida nas próprias mãos, de GudrunBurkhard

Esse é um livro fantástico para o desenvolvimento pessoal. Escrito pela médica antroposófica alemã Gudrun Burkhard, é uma obra profunda e excelente, com um embasamento teórico-prático.

4. Biografias da ativista Malala Yousafzai e de Michelle Obama

As biografias, principalmente as autorizadas, são leituras que nos conectam a diferentes realidades e nos “contam” como pessoas reais vivem, aprendem e inovam. Entre biografias incríveis está a da ativista Malala Yousafzai, Eu sou Malala: A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã, escrita pela ativista e pela jornalista Christina Lamb. Outra biografia que também vale a leitura é o livro Minha História, em que a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama conta sua trajetória. Ambas as obras demonstram como foco pessoal, valores sólidos, famílias unidas e apoio parental fazem diferença na construção de quem seremos.

5. Comunicação não-violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais, de Marshall Rosenberg

Esse é um livro para quem gosta de clássicos. Apresenta o conceito e os fundamentos da comunicação não-violenta. Se você quiser se aprofundar no tema, o livro Vivendo a Comunicação não-violenta, também de Marsahall Rosenberg, traz exemplos e exercícios para transformar nossas falas em verdadeiras pontes de conexão entre as pessoas.

Sobre a professora

Loraine Muller é docente da Escola de Negócios da PUCRS e coordenadora do MBA em Gestão de Equipe e Liderança. É mestre em Administração com formação internacional em Coaching Executivo Organizacional Base Ontológica. Possui formação em Coaching Executivo & Mentoring para Liderança. Atuou em organizações como Grupo Gerdau, SEBRAE e junto à ONU.

Professor Altair Martins / Foto: Davi Boaventura

Professor Altair Martins / Foto: Davi Boaventura

Uma atividade de lazer que pode ser realizada a qualquer hora, independentemente do lugar e da previsão do tempo, é a leitura. Seja na praia, no campo ou mesmo na cidade, as férias podem ser uma boa oportunidade para colocar a leitura em dia, descobrir histórias e se envolver com personagens.

O escritor e professor Altair Martins, da Escola de Humanidades da PUCRS, dá sugestões de leitura para esse período, em que muitas pessoas aproveitam para tirar alguns dias de descanso. Confira:

2020_01_09-dicas_livros_a_escrita1. A escrita, de Vilém Flusser (São Paulo: Annablume, 2010)

“Trata-se de uma obra ensaística que põe em discussão o ato da escrita (como atividade física e mental), mostrando como a criação de um código comum a uma comunidade não só desencadeou a conquista da História como também permitiu que cada ser humano pudesse narrar a sua. Para nós da Escrita Criativa, é um livro indispensável.”

2020_01_09-dicas_livros_os_cadernos_da_solidao2. Os cadernos de solidão de Mario Lavale, de Arthur Telló (Porto Alegre: Zouk, 2019)

“Eis um livro de contos dos mais surpreendentes, mostrando como a arte da narrativa curta mantém-se inventiva ao flertar, nas fronteiras entre o lúdico e o poético, com as questões humanas mais imprescindíveis.”

2020_01_09-dicas_livros_lobo_de_oculos3. Lobo de óculos: trilogia onírica, de Carina Corá (Porto Alegre: Edipucrs, 2018)

“Peça de teatro que, além de genialmente escrita, põe em discussão o lugar do estrangeiro (e, por que não?, do diferente) e a renovação dos mitos mais caros ao Ocidente, como o destino de Édipo.”

2020_01_09-dicas_livros_dessa_cor4. Dessa cor, de Fernanda Bastos (Porto Alegre: Figura de Linguagem, 2019)

“Os poemas dessa autora que esbanja inteligência propõem dar voz e fazer escutar, entre outros temas, o que seria essa poesia “afrocentrada” que infla de significados a mulher negra brasileira.”

2020_01_09-dicas_livros_os_donos_do_inverno5. Os donos do inverno (Porto Alegre: Não editora, 2019)

“Sem ser indelicado, gostaria de indicar, por último, esse meu romance, que conta a trajetória de dois irmãos, Elias e Fernando. De táxi, eles levam os ossos do irmão mais velho, o jóquei C. Martins, para uma corrida de cavalos em Buenos Aires.”

Sobre o professor

Altair Martins atua como professor nos cursos de Letras e Escrita Criativa. Como escritor, publicou, entre outros, A parede no escuro, Prêmio São Paulo de Literatura.

Os cursos de Escrita Criativa e Letras

Os apaixonados por literatura – seja para ler ou para ler e escrever – encontram na PUCRS alternativas para explorar esse universo.

Como principal polo de Escrita Criativa em ambiente acadêmico no Brasil, a Universidade capacita alunos do curso a escrever diferentes tipos de narrativas. O diplomado ainda pode atuar como escritor, editor, revisor de texto, agente, redator ou roteirista, em diversos gêneros e linguagens, em um mercado de trabalho que está crescendo.

O curso de Licenciatura em Letras da PUCRS é classificado com cinco estrelas no Guia de Estudantes Abril. Quem conclui o curso está habilitado a ser professor, tendo como principal campo de atuação o ensino de língua e literatura em escolas de nível básico e médio, em escolas de idiomas e em instituições de ensino similares. Além disso, o profissional pode atuar em empresas ligadas à área de comunicação e em editoras.

Ficou interessado em um dos cursos? Os dois estão com inscrições abertas para o próximo semestre. Saiba mais sobre como ingressar em Escrita Criativa ou em Letras.

 

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Foto: Bruno Todeschini

Considerada a mais avançada na América Latina em termos tecnológicos, a Biblioteca Central Ir. José Otão completa, em 2018, 40 anos desde a sua fundação, e 10 anos desde a sua grande reforma. Além do ambiente moderno e acolhedor, foi adotado e aprimorado, ao longo desses anos, um inovador e eficiente sistema de gerenciamento e consulta. O público acadêmico pode usufruir de empréstimos e acessar, de forma gratuita, mais de 1, 5 milhão de itens de informação pelo sistema de descoberta Omnis, que inclui livros, teses, dissertações e publicações do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), entre outros. A bibliotecária Débora Kraemer de Araujo, coordenadora do local, destaca a evolução da informação e conhecimento. “Há 20 anos, não se imaginava acessar um livro online. Hoje saímos da Biblioteca e, com o celular ou o tablete, é possível acessar as publicações. Esse benefício é fantástico!”, ressalta a gestora.

Item de destaque na avaliação Capes dos programas de Pós-Graduação da Universidade, a Biblioteca, que recebe em média mais de 30 mil pessoas por mês, funciona de segunda a sexta-feira, das 7h35min às 22h50min, e aos sábado, das 7h35min às 17h30min. O seu acervo, composto também por materiais multimídia, está dividido em quatro grandes áreas: Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas, localizadas no 2º andar, e Ciência e Tecnologia e Linguagens e Artes, localizadas no 3º andar. O acervo relacionado ao curso de Medicina está localizado na Biblioteca da Escola de Medicina, no 3º andar do Hospital São Lucas da PUCRS, e funciona de segunda a sexta-feira, das 7h35min às 20h.

Serviços

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Foto: Gilson Oliveira

A Biblioteca Central Irmão José Otão atende à comunidade universitária – estudantes de Graduação e Pós-Graduação, alunos de extensão, professores e pesquisadores, técnicos administrativos -, assim como funcionários do Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc), PUCRS Alumni (diplomados) e à comunidade em geral. Cada categoria é abrangida com uma gama diferente de serviços gratuitos nos setores de ensino, pesquisa e extensão, cobrindo todas as áreas do conhecimento e contribuindo para a formação técnica, científica e pessoal. Além do acervo de itens de informação, a Biblioteca ainda oferece acesso gratuito à internet, notebooks e computadores e treinamentos, entre outros serviços.

Treinamentos e capacitações

Para orientar a comunidade sobre o uso dos serviços da Biblioteca, regularmente são oferecidos treinamentos presenciais, programados ou sob demanda, através do Programa de Capacitação de Usuários (PCU).  Também são oferecidos treinamentos on-line pelos fornecedores de bases de dados, livros eletrônicos e periódicos. Os cursos abrangem desde as normas e regulamento da Biblioteca Central até a normalização de trabalhos acadêmicos e pesquisas no Portal de Periódicos da Capes e plataforma de e-books.

A estudante de mestrado em Ciências Criminais e diplomada em Direito pela Escola de  , Maria Alice Severo, conta que realizou alguns pequenos cursos para qualificar a sua busca por conteúdo. “É tanto material que as vezes a gente fica perdido, e quer achar algo mais específico. As pessoas que trabalham ali são muito bem capacitadas e te ensinam os detalhes para a pesquisa ficar mais refinada”, comenta a mestranda. Os treinamentos sob demanda devem ser solicitados pelos professores através de formulário existente neste link, através do e-mail [email protected] ou pelos telefones (51) 3320.3586 ou (51) 3320-3696.

Acervo

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Foto: Camila Cunha

O acervo é composto por diversos itens e informação. Além das quatro grandes áreas de conhecimento, há também os acervos especiais, literatura de lazer, literatura infantil, livros falados, normas técnicas e o acervo de Obras Raras, com mais de 5 mil títulos do século 17 ao 19.

 Empréstimos e digitalizações

A Biblioteca oferece o serviço de empréstimo para uso domiciliar para a comunidade universitária, PUCRS Alumni – mediante cadastro e taxa semestral – e alunos de outras instituições, através do Empréstimo Entre Bibliotecas. A retirada de volumes as e devoluções podem ser realizadas nos equipamentos de autoatendimento ou no Balcão de Empréstimo do andar térreo da Biblioteca Central e na Biblioteca da Escola de Medicina. É possível também, para a comunidade da PUCRS, solicitar empréstimos de materiais de outras instituições, assim como a obtenção de cópias de documentos de outros estabelecimentos do Brasil e do exterior, por meio dos serviços de Comutação Bibliográfica dos quais a PUCRS participa. Além disso, é oferecido para a toda a comunidade que frequenta a Biblioteca o serviço de scanners de autoatendimento para digitalização de imagens e textos para fins acadêmicos.

Apesar do crescente uso de materiais digitalizados para leitura, alguns cursos demonstram mais interesse pelas versões físicas, como é o caso do Direito. “Sou uma pessoa muito clássica, gosto de papel, e a maioria das pessoas do Direito também, então se eu puder, vou sempre optar por um livro físico”, explica Maria Alice. A mestranda ressalta também a possibilidade de solicitar a compra de livros físicos que não constam no acervo. ” Às vezes é extremamente rápido, é questão de uma semana, dez dias. Então isso é maravilhoso para nós, do Direito, porque fazemos a maior parte da pesquisa em bibliografia, e em determinadas sitauções precisamos de uma versão mais atualizada ou uma muito antiga”, afirma.

Espaços diversificados

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Foto: Bruno Todeschini

A Biblioteca dispõe de diferentes espaços, como as áreas do acervo e de leituraEspaço Cultural, lounge com dicas de leitura, espaço de pesquisa e produçãosalas de estudode vídeode treinamento e para pessoas com deficiência visual, sendo diversos deles abertos a qualquer pessoa da comunidade. A estudante de Engenharia Civil Gabriela Zorzo explica que, apesar das várias mesas para estudo disponíveis no saguão do prédio 30, prefere a tranquilidade das salas de estudo localizadas no 3º e 8º andares do prédio 16. “Na Biblioteca as salas são silenciosas, o que facilita muito a concentração, principalmente quando tu tens que fazer muitos cálculos”, ela explica.  Além disso, enquanto estuda nesses espaços, a aluna aproveita a possibilidade de consultar bibliografias extras e materiais de apoio com mais facilidade, sem precisar retirá-los.

Setor de Apoio à Avaliação, Pesquisa e Publicação

Em junho, a Biblioteca Central inaugurou mais um espaço com novos serviços para a comunidade acadêmica. O Setor de Apoio à Avaliação, Pesquisa e Publicação, localizado no 2º pavimento do prédio 16, tem por objetivo atender a necessidade de orientações para o desenvolvimento, a publicação e a visibilidade dos resultados de pesquisas realizadas por alunos, professores e pesquisadores da Universidade. Com essa finalidade, são oferecidos serviços com a capacitação do uso de ferramentas bibliométricas, orientações sobre onde e como publicar em revistas ou livros e o apoio no uso de métricas adotadas na produção, disseminação e uso da informação científica, entre outros.

 Acessibilidade

A estrutura da Biblioteca Central é adaptada e acessível às pessoas com necessidades especiais, incluindo equipamentos e softwares para pessoas com deficiência visual. Também está à disposição da comunidade acadêmica e externa uma sala exclusiva para atendimento de pessoas com deficiência visual, localizada no 2º pavimento. No local, existem diversos recursos de tecnologia assistiva como equipamentos, softwares de leitura de tela e conversão de texto para áudio falado, além do acervo de livros falados.

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Foto: Bruno Todeschini

Tutoriais

No canal da PUCRS no Youtube foram criadas duas playlists produzidas pela Biblioteca. A primeira, intitulada Biblioteca Central Irmão José Otão, traz vídeos rápidos e explicativos sobre como utilizar os diversos serviços oferecidos. A segunda playlist, Biblioteca Central – Normas técnicas de documentação,  esclarece questões sobre referências, citações e apresentação de trabalhos acadêmicos nos padrões ABNT, Vancouver e APA.

Bibliotecários

A Biblioteca possui 17 bibliotecários capacitados para auxiliar a comunidade no uso dos vários serviços ofertados, como pesquisas de livros, consultas de base de dados, documentação, normas, entre outras necessidades dos usuários.  A mestranda em Ciências Criminais Maria Alice Severo, conta que, apesar de frequentar o local há oito anos, às vezes tem alguma dificuldade de encontrar os livros nas estantes e precisa da ajuda dos bibliotecários. “Pedimos ajuda para as pessoas que estão ali no andar e elas são super receptivas. Isso é muito bom. Gosto bastante de todo o atendimento da Biblioteca, tanto de retorno dos livros quanto de ajuda para a pesquisa”, afirma.

Visitas guiadas

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Foto: Bruno Todeschini

As visitas guiadas, disponíveis para todos os interessados, têm como objetivo apresentar a estrutura física e os serviços oferecidos pela Biblioteca Central, orientando os visitantes sobre seu funcionamento. Em seu primeiro semestre, Maria Alice comenta, um dos professores organizou uma visita guiada para os alunos conhecerem a estrutura do espaço. “Foi disponibilizado um tour para nós com uma das responsáveis da Biblioteca para mostrar onde ficavam as estantes com os livros do Direito, com funcionam o empréstimo dos livros, reservas, como utilizar o sistema de busca.  Aquilo foi essencial para que a minha utilização fosse frequente”, afirma a estudante de Ciências Criminais.

As solicitações de agendamento podem ser feitas pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (51) 3320.3586 ou (51) 3320-3696.

Jornada NeuropsicologiaA 2ª Jornada Gaúcha de Neuropsicologia ocorre dias 22 e 23 de março, no teatro do prédio 40. O evento vai discutir a formação do neuropsicólogo brasileiro e as pesquisas atuais na área. Comemora os dez anos do Grupo Neuropsicologia Clínica e Experimental (GNCE), do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS. A abertura, no dia 22, às 13h20min, será com o professor Maximiliano Wilson, da Universidade Laval (Canadá), que falará sobre Neuropsicologia da leitura: por que é tão importante ler?. A debatedora será a professora Lilian Hubner, da Escola de Humanidades da PUCRS.

A jornada é voltada a estudantes e profissionais de Psicologia, Fonoaudiologia, Medicina, Educação, Educação Física, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Psicopedagogia. Terá conferências sobre leitura e dislexia, com o professor Augusto Buchweitz, do Instituto do Cérebro, falando sobre o projeto Acerta, e tarefas de avaliação neuropsicológica e as contribuições do GNCE e o papel da interdisciplinaridade, com a professora Rochele Paz Fonseca, da Escola de Ciências da Saúde.

O evento inclui mesas-redondas abordando neuropsicologia do envelhecimento, neuropsicologia da aprendizagem, matemática e funções executivas, teste do desempenho escolar, avaliação clínica e avaliação neuropsicológica. Haverá ainda minicursos sobre avaliação neuropsicológica de bebês e crianças pré-escolares, oficina de laudos neuropsicológicos e como estimular funções executivas.

 

Maximiliano Wilson

Fotos: Camila Cunha

A PUCRS recebeu na última semana o psicólogo Maximiliano Wilson, professor da Faculdade de Medicina da Université Laval, em Quebec, no Canadá, e pesquisador do CERVO Brain Research Center, na mesma instituição. Sua principal área de pesquisa é a relação, durante o envelhecimento, entre as habilidades de leitura e o conhecimento que as pessoas têm dos conceitos e objetos do mundo que as rodeia. Chamado de memória semântica, este conhecimento se refere aos significados, compreensão e a todas as formas baseadas em conceitos. Para alunos de Letras e Psicologia, da Escola de Humanidades, ministrou o curso Como desenvolver uma tarefa em Psicolinguística e Psicologia Cognitiva? Desde o desenho experimental até a análise estatística. Acompanhe, a seguir, a entrevista em que Maximiliano Wilson explica que envelhecer nem sempre é sinônimo de prejuízo cognitivo.

O envelhecimento pode afetar de forma prejudicial a leitura e a linguagem?

As pessoas têm a ideia de que, com o envelhecimento, a cognição piora sistematicamente. No entanto, vários estudos experimentais mostram que a memória e a leitura semântica são duas habilidades cognitivas que melhoram com o passar do tempo. O interessante é que a melhora nessas habilidades cognitivas também implica mudanças na rede cerebral que suporta a leitura e a semântica. Em outras palavras, nosso cérebro é plástico e é constantemente reorganizado de acordo com a experiência das pessoas com seu ambiente e isso também é verdadeiro durante o envelhecimento para certas habilidades cognitivas, como a leitura e a semântica. Então, durante o envelhecimento chamado “normal” – em oposição ao patológico – a leitura e a semântica melhoram.

O que ocorre no envelhecimento patológico?

Essas mesmas habilidades cognitivas podem piorar. Na doença neurodegenerativa de Alzheimer, por exemplo, as pessoas podem desenvolver dificuldade em ler certo tipo de palavras irregulares, ou seja, que não respeitam as regras de uma língua. Em português, táxi é irregular porque a pronúncia do “x” não segue a regra, como em abacaxi. Assim, um paciente de Alzheimer com dificuldades de leitura leria táxi como lê abacaxi. Essas dificuldades de leitura são chamadas de dislexia superficial. Pessoas com afasia progressiva primária também tendem à dislexia superficial. Eles têm uma alteração progressiva da memória semântica. Nossos estudos de neuroimagem mostram que as áreas cerebrais que se atrofiam no início desta doença são as mesmas envolvidas na leitura e na semântica. Isso destaca a estreita relação entre leitura e conhecimento do mundo ou semântica.

Qual a importância da leitura para idosos saudáveis?

Existem duas maneiras de ler as palavras. Uma é transformar letras em sons e depois acessar o significado (ou semântica) dessas palavras para entender o que está sendo lido. A outra maneira de ler é processar toda a palavra e ativar a semântica e sua pronúncia. Esta segunda é muito mais eficaz do que a primeira e se desenvolve com a experiência. Quanto mais uma pessoa lê, quanto mais conhece as palavras, seu significado e pronúncia, ela se torna um leitor melhor. Nossos estudos mostram que as pessoas mais velhas leem melhor do que os jovens e usam uma estratégia de palavras inteiras para ler todas as palavras, enquanto os adultos jovens só a usam para ler as palavras mais frequentes ou com pronúncia irregular (como táxi). Esta mudança, que torna os leitores mais velhos mais eficazes do que os jovens, tem correlação no cérebro: as estruturas cerebrais ativadas durante o conhecimento semântico são ativadas nos idosos para todos os tipos de palavras.

Maximiliano Wilson“Quanto mais uma pessoa lê, quanto mais conhece as palavras, seu significado e pronúncia, ela se torna um leitor melhor. Nossos estudos mostram que as pessoas mais velhas leem melhor do que os jovens e usam uma estratégia de palavras inteiras para ler todas as palavras.”

O hábito de ler pode prevenir problemas de linguagem e de memória?

Estudos em envelhecimento normal e patológico mostram que os hábitos de leitura aumentam a capacidade cerebral conhecida como reserva cognitiva. Quanto maior a reserva cognitiva, mais tempo demorará para manifestar as dificuldades cognitivas do envelhecimento. Assim, quanto mais uma pessoa lê, mais ela exerce essa habilidade e se torna um leitor melhor. Isto, mais o prazer da leitura, poderiam funcionar como uma espécie de estimulação cognitiva que mantém o cérebro ativo e estimula os idosos, aumentando a sua reserva cognitiva para fazer frente às mudanças associadas ao envelhecimento.

A leitura pode ser um recurso terapêutico para idosos com Alzheimer? Beneficia a memória?

A leitura e a semântica, um dos tipos de memória, estão intimamente ligadas e ambas melhoram durante o envelhecimento normal. Doenças como Alzheimer e afasia progressiva primária afetam a leitura e a semântica. Existem recursos de reabilitação, utilizados na fonoaudiologia, que permitem melhorar essas habilidades, embora de forma limitada e temporariamente. Atualmente, estuda-se o efeito combinado de terapia da fala, com a aplicação de técnicas de estimulação do cérebro, tais como a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) ou a estimulação transcraniana magnética (TMS em Inglês). Embora ainda seja cedo para assegurar, a administração conjunta de terapia fonoaudiológica e estimulação cerebral é uma possibilidade promissora de retardar (ou mesmo melhorar) a progressão das dificuldades de pacientes com envelhecimento patológico.

Diálogos Criativos 2017No mês da criança e do professor, o Laboratório de Criatividade do Tecnopuc (CriaLab), o Instituto do Cérebro da PUCRS (InsCer) e a Plataforma de Leitura Elefante Letrado propõem um debate gratuito entre educadores sobre a Aprendizagem da Leitura em Tempos de Aceleração da Realidade. O evento, denominado Diálogos Criativos, ocorre no dia 18 de outubro, às 9h, com o objetivo de provocar os participantes a saírem da zona de conforto. Para o coordenador do CriaLab, Luís Humberto de Mello Villwock, a atividade propõe uma mudança no formato das palestras informativas. “A ideia é estimular o público a dialogar. A educação merece um debate com teor inovador”, afirma.

O evento terá duração de uma hora e será dividido em três etapas: apresentação do tema, discussão em grupos sobre perguntas e desafios propostos pelos palestrantes e debate. As atividades serão realizadas no CriaLab, prédio 97A do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). Para participar, basta se inscrever neste link. As vagas são limitadas. O ministrante será o professor, pesquisador e coordenador de Relações Internacionais e Interinstitucionais do InsCer, Augusto Buchweitz, com a participação da mestra em Gestão Educacional e CEO do Elefante Letrado, Mônica Timm de Carvalho.

Conforme os palestrantes, a leitura não é uma aprendizagem natural, e é preciso falar mais sobre esse processo com quem está na linha de frente da alfabetização. “O ato e o prazer de ler, quando se trata de leitura autônoma, parte de algum tipo de instrução”, observa Mônica. Nesse contexto, o papel dos professores vai além da leitura simples para os alunos, necessitando de técnicas e preparo.

Buchweitz observa que, diferente da fala, a leitura não acontece naturalmente. Isto se reflete em como o processo dessa aprendizagem depende de alterações no funcionamento do cérebro, consequentes ao ensino sistemático e ao estímulo antes mesmo do período escolar. “Aprender a ler modifica e amplia as estruturas cerebrais, sendo fundamental para o desenvolvimento da cognição”, complementa.

Campanha do Agasalho 2016Nesta quarta-feira, 25 de maio, quem depositar suas doações para a Campanha do Agasalho na caixa coletora no container do Largo da Solidariedade, em frente ao prédio 15 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre), receberá um livro da Edipucrs. Já no dia 30 de maio, no mesmo local, ocorrerá um espaço de literatura e chimarrão. As duas atividades ocorrem das 9h30min às 20h. A Universidade recebe doações para a Campanha do Agasalho até o dia 31 de maio. Caixas coletoras estão disponíveis para doações de cobertores, roupas de inverno, calçados e alimentos não perecíveis. Os pontos de coleta são as secretarias das unidades acadêmicas, guichês de estacionamentos e registros de ponto de funcionários.