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Segundo a literatura, o estilo parental ideal é o autoritativo, que monitora, dá regras, mas ao mesmo tempo é afetivo. Foto: kaicho20/pixabay.com

Investigar a relação entre o comportamento dos pais e o uso de drogas por parte dos filhos foi o objetivo da professora Irani Argimon e da doutoranda Fernanda Cerutti do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Humanidades da PUCRS. As pesquisadoras identificaram, durante o mestrado de Fernanda, que 81,7% dos adolescentes gaúchos já experimentaram álcool. O estudo avaliou também o efeito das atitudes familiares no uso de outras substâncias como maconha e tabaco. Dos 487 participantes da pesquisa, 44,3% tinham entre 15 e 16 anos, a maioria estava frequentando o Ensino Médio e 85,4% estudavam em escola pública. Os resultados da dissertação estão no artigo A implicação das atitudes parentais no uso de drogas na adolescência, disponível no link. A pesquisa integra o Grupo de Pesquisa Avaliação e Intervenção no Ciclo Vital, coordenado por Irani.

As pesquisadoras ressaltam que o comportamento dos pais pode representar uma proteção ou um risco ao adolescente. Um dado do estudo revelou que os parentes mais afetivos têm filhos com mais chance de se tornarem dependentes da substância. De acordo com Fernanda, uma permissividade maior pode ter sido interpretada pelo adolescente como um excesso de afeto, mas geralmente essa abertura não está acompanhada de um monitoramento adequado, o que pode resultar no envolvimento problemático do filho com as bebidas alcoólicas.

O objetivo de Fernanda no doutorado é propor uma intervenção nessa relação, para melhorá-la. “Vemos muitas intervenções voltadas apenas para os adolescentes que estão envolvidos com drogas e a proposta da nossa pesquisa é incluir os pais ou responsáveis”, explica Fernanda. O trabalho tem como base a adaptação e aplicação de uma intervenção breve desenvolvida nos Estados Unidos, que é composta por quatro sessões, duas com a previsão da participação dos pais. “O que encontramos na literatura atual sobre o tema é que a participação dos pais no tratamento dos filhos auxilia para mantê-los motivados para a mudança de comportamento em relação ao uso de drogas”. Assim, a intervenção busca orientar e treinar os pais a encontrarem uma maneira de se comunicar com o filho, para que ambos os lados possam falar e escutar. “Queremos ajudar os pais a monitorarem os filhos adolescentes de uma forma adequada, sem serem rígidos ou permissivos”, ressaltam as pesquisadoras. Nesse sentido complementam que, segundo a literatura, o estilo parental ideal é o autoritativo, que monitora, dá regras, mas ao mesmo tempo é afetivo.

A orientadora Irani alerta: “Pai e mãe têm que ser pai e mãe. Serem próximos, mas não se tornarem amiguinhos dos filhos, porque eles precisam de limites e de pessoas que na hora do perigo sabem que podem contar”. A professora esclarece que, desde que nasce até mais ou menos 24 anos, o cérebro do indivíduo está em maturação e por isso ainda vulnerável para avaliar as situações e tomar decisões. “Ele precisa de acolhimento, de alguém que o ajude e o oriente para que saiba dizer não às drogas”, salienta.