Ao longo da semana dedicada a São Marcelino Champagnat, celebrada até 7 de junho, duas ações integram a programação em homenagem ao legado do criador do Instituto Marista, há 200 anos. A primeira, com o tema Sinal de Luz, convidou a todos estudantes, docentes e técnicos administrativos a responderem à pergunta Quem é luz na sua vida?, por meio deste link. Todas as homenagens estão no site diadechampagnat.com.br. A outra ação é uma série de matérias especiais abordando os valores maristas e como eles estão presentes no cotidiano da PUCRS, do Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc), do Hospital São Lucas e do Instituto do Cérebro do RS.
A Simplicidade significa a adoção de um estilo de vida simples em nível pessoal e institucional. Os Irmãos maristas e os leigos que contribuem com a missão buscam ser autênticos e humildes, reconhecendo nossas potencialidades e limitações. Tratam a todos com respeito, suscitando o que há de melhor em seus corações.
Irmão Jacob Kuhn tem mais de 70 anos de caminhada marista dedicada à disseminação do conhecimento em diversas áreas. Foi prefeito universitário, iniciou o serviço de vigilância na PUCRS, criou a numeração dos prédios, projetou a construção do prédio 20 e deu origem ao então Museu de Ciências, hoje Museu de Ciências e Tecnologia. Atuou por 20 anos na Amazônia, onde estimulou o plantio de hortaliças no Campus Avançado Alto Solimões. Também trabalhou como missionário em Atalaia do Norte e Ji-Paraná. Todas essas iniciativas deixam claro o valor marista que reconhece a importância do outro para o desenvolvimento da Instituição.
Para conhecer um pouco dessa forma de viver e enxergar o mundo, é possível acessar os minidocumentários do projeto Memórias Maristas: histórias de amor e vida, que resgata e valorizar a história de Irmãos e leigos que, com o seu dia a dia, ajudaram a construir a Rede Marista. A iniciativa destaca pessoas que se dedicam a uma causa e mantêm vivo o sonho de Champagnat.
Filho do meio entre dez irmãos, Luiz Carlos Susin desde muito cedo sabia que queria seguir a vida religiosa e, aos 11 anos, despediu-se da família para ingressar no seminário por decisão própria. Frei Susin, como é conhecido, escolheu a ordem do Frades Capuchinos e chegou à Capital em 1972 para cursar Teologia. Começou a lecionar na PUCRS ainda como estudante de graduação, aos 25 anos. Defende o movimento de vida simples e de crescimento feliz e diz que a sociedade precisa trabalhar valores e espiritualidade para ser mais despojada, mais sóbria, mais original, viver de coisas mais simples, com menos sofisticação, passando por todas as áreas: vestuário, alimentação, transporte, energia, consumo. Em sala de aula, coloca toda sua energia para tratar de assuntos vitais e sente-se privilegiado pela troca com os estudantes.
Ao longo dessa semana, os valores Amor ao Trabalho, Audácia, Espírito de Família, Espiritualidade, Presença e Simplicidade foram evidenciados em alguns dos muitos exemplos de pessoas, projetos e ações. O último a ser abordado será a Solidariedade, que trata, entre outros pontos, do comprometimento e da perseverança na busca do bem comum, na promoção e defesa dos direitos. Leia todas as matérias neste link.
A proposta da ação motivada pela pergunta Quem é luz na sua vida? foi estimular que a comunidade acadêmica homenageasse as pessoas que são importantes na sua trajetória e que, assim como Champagnat, são sinais de luz. Confira as respostas aqui.
Integrantes do Laboratório de Neurociências do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) fizeram um estudo mostrando que, quando a depressão está associada à epilepsia, acaba contribuindo para a piora do quadro em um modelo experimental. Animais com as duas doenças tiveram maior redução do metabolismo cerebral, ou seja, da atividade do cérebro, quando comparados a animais epilépticos sem depressão. Também apresentaram um maior número de conexões anormais na rede metabólica cerebral entre regiões envolvidas com ambas as patologias.
A partir dos resultados, o grupo busca novas estratégias eficazes e seguras para prevenção e tratamento. O projeto abre caminho para estudos de redes metabólicas em portadores de epilepsia e depressão, com potencial não só para diagnóstico mais preciso, mas também para escolha e avaliação da terapêutica”, destaca o coordenador da pesquisa, diretor do InsCer e professor da Escola de Medicina, Jaderson Costa da Costa. A ideia é mais adiante realizar um estudo clínico, envolvendo pacientes.
Saiba mais na Edição 188 da Revista PUCRS.
O ano de 2018 foi de consolidação de um grande sonho da equipe do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer): o início das obras de ampliação do empreendimento. No dia 9 de novembro, houve o lançamento oficial para a sociedade, em um jantar em comemoração aos 70 anos da PUCRS. Ao final das obras, o InsCer terá três vezes mais espaço para as pesquisas, ensino, assistência e desenvolvimento de radiofármacos. “A união e o comprometimento de todos os colaboradores do Instituto tornou possível o início das obras e a consolidação da sua internacionalização, sem renunciar ao acolhimento, à solidariedade, à empatia e ao cuidado com a pessoa humana”, salientou o diretor do InsCer e vice-reitor da PUCRS, Jaderson Costa da Costa. Esta ampliação já fazia parte do projeto original, e irá consolidar a posição de destaque do empreendimento no País e no mundo.
A projeção internacional se traduziu pelas constantes visitas de pesquisadores e autoridades ao longo do ano. Foram oito visitas de estrangeiros e outras oito de visitantes nacionais. Os profissionais do InsCer também estiveram além das fronteiras, participando de congressos e de seminários internacionais, e contribuíram com eventos científicos no Brasil que discutem a neurologia em diversos aspectos.
Renomado neurocirurgião visita Universidade e InsCer
No País, também aconteceram muitas trocas, inclusive em pesquisas, como o projeto Zika Vírus, que trouxe 29 crianças de Alagoas para uma série de avaliações no Instituto, com o objetivo de estudar a doença que afeta o desenvolvimento delas e compartilhar conhecimentos para ajudar a comunidade.
A disseminação de conhecimento é um dos pilares do InsCer. É por isso que desde a sua fundação organiza um evento em que traz pesquisadores para dar palestras à comunidade sobre temas de relevância pública. Intitulada InsCer para a Comunidade, a ação ocorre todos os anos, gratuitamente, e aborda a doença de Alzheimer, o envelhecimento, o desenvolvimento do cérebro infantil, a esclerose múltipla, entre outros. Neste ano, o evento se consolidou, com a participação de mais de quatrocentas pessoas nos dois dias de palestras.
InsCer para a Comunidade debate esclerose múltipla
Crianças do Colégio Marista Rosário visitam o InsCer-RS
Entre tantos profissionais de excelência, muitos recebem distinções e premiações em todo o mundo. Um deles está, Ivan Izquierdo, entre os mais importantes neurocientistas em atividade, liderando o Centro de Memória do InsCer. Este ano ele recebeu o Prêmio Internacional Unesco-Guiné Equatorial para Pesquisa em Ciências da Vida 2017, mais um reconhecimento ao trabalho dedicado ao avanço científico e à formação de novos pesquisadores.
Dois novos membros da Academia de Ciências são do InsCer
A vice-diretora do Instituto do Cérebro, Magda Lahorgue Nunes, sintetiza 2018 da seguinte forma: “Esse foi um ano de muitos desafios e com muitas metas atingidas”.
O pesquisador do Centro de Memória do Instituto do Cérebro do RS (InsCer), Ivan Izquierdo, foi laureado com o prêmio Cientista do ano, na área de neurociências, na categoria Professor, pelo Instituto Nanocell. Ele divide o reconhecimento com o também pesquisador Fernando Cesar Capovilla, da Universidade de São Paulo (USP).
Entre a indicação e a votação da Academia e do público leigo, somaram-se 65 mil votos em todo o país em seis diferentes áreas, incluindo a neurociências. O prêmio destinado aos professores deve ser entregue em evento com data ainda a ser definida.
Na área de Neurociências foram avaliados trabalhos técnicos ou científicos que promoveram acesso ao bem-estar por meio de ações sociais, apoio à comunidade, grupos de pacientes e outras atividades focadas na melhora da qualidade de vida da população em geral, ou descobertas que proporcionaram melhora ou tiveram aplicação direta da sociedade.
O Nanocell é um instituto de ensino, ciências e tecnologia, cuja missão é a de promover as ciências e a educação por meio de muitas atividades, entre elas o Prêmio Cientistas e Empreendedor do Ano, que tem como objetivo valorizar, incentivar e divulgar trabalhos de Inovação em ciências, educação e saúde pública, com foco em prevenção e educação.
A data de 30 de agosto marca o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, uma das doenças neurológicas mais comuns em adultos jovens, de 20 a 50 anos de idade. Dados do Atlas da Federação Internacional da Esclerose Múltipla (MSIF) mostram que ela atinge 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, são 30 mil casos diagnosticados. Para contribuir com soluções no tratamento, o Instituto do Cérebro do RS (InsCer) integrou a audiência pública com o tema Debater a importância da inovação nos tratamentos da Esclerose Múltipla, promovida pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, em Brasília, no início de agosto. A discussão significa um primeiro passo na busca por uma solução que traga benefícios macros à população.
Durante a audiência, o superintendente de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do do InsCer e professor da Escola de Medicina, Douglas Sato, apresentou a palestra Inovação nos tratamentos da Esclerose Múltipla para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. De acordo com o neurologista “a esclerose múltipla precisa ser diagnosticada o quanto antes, pois temos tratamentos para controlar a doença. Para isso, um dos grandes desafios é o acesso à informação de qualidade. Precisamos aumentar a disseminação de conhecimento para a população em geral”, salienta.
Soluções atuais
Atualmente, dos oito medicamentos liberados pela Anvisa, seis estão disponíveis. Porém, o protocolo exige que o paciente seja tratado primeiro com os medicamentos de primeira linha, mesmo que não sejam os mais adequados para o seu caso. “Engessar o acesso a tratamentos que ele deveria ou poderia receber no momento certo leva a um risco muito grande de incapacidade permanente ou de sequelas importantes. E tudo isso num jovem, que é geralmente o portador da esclerose múltipla”, disse Sato, em entrevista para a Agência Câmara Notícias.
Sobre a doença
A esclerose múltipla é uma doença autoimune e ataca a mielina (proteína que reveste os neurônios e facilita a condução dos impulsos nervosos), provoca inflamações no cérebro e na medula. Os sintomas podem variar dependendo da região afetada, e incluem dificuldade para andar, fadiga crônica, falta de coordenação motora, perda do equilíbrio, comprometimento da memória, da visão, da fala e do funcionamento do corpo, e problemas no sistema urinário, entre outros. Essas manifestações neurológicas agudas e bem definidas são intercaladas com períodos de estabilidade. É uma doença crônica e sem cura.
Dezoito alunos da graduação, mestrado e doutorado e profissionais em estágio pós-doutoral da PUCRS, que auxiliam nas pesquisas do Instituto do Cérebro do RS (InsCer), estão entre os vencedores do Prêmio Jovem Pesquisador , que fez parte da 15ª edição do Congresso on Brain – Behaviour and Emotions, realizado pelo Instituto de Neurociências Integradas, em Gramado. Os agraciados ganharam a inscrição gratuita para o evento do ano que vem. Ao todo, 150 participantes se destacaram nessa categoria. Os trabalhos foram realizados com outros autores.
Confira os premiados e suas pesquisas:
Carlos Gabriel Moreira De Almeida
Biólogo e doutorando em Medicina e Ciências da Saúde, atua no Laboratório de Neurotoxinas do InsCer
Pesquisa: Neurotoxicidade induzida por urease do feijão-de-porco no sistema nervoso de mamíferos
Resumo: O trabalho trata de uma toxina protéica de origem vegetal que causa convulsões e morte. A bactéria da meningite produz uma toxina muito parecida com essa. O objetivo do grupo é estudar o seu mecanismo de ação a fim de gerar conhecimento para um possível tratamento no futuro. Foram realizados estudos de neuroimagem (eletroencefalograma e tomografia por emissão de pósitrons – PET-CT) que permitem mapear a ação dessa toxina no cérebro. Identificaram correlação com algumas epilepsias.
Bióloga, doutoranda em Pediatria e Saúde da Criança
Pesquisa: O papel do baço na eficácia do transplante de células mononucleares de medula óssea em ratos tratados após o status epilepticus induzido por pilocarpina
Resumo: O uso de terapia celular em ratos com epilepsia do lobo temporal apresentou uma eficácia significativa relacionada à redução do número de crises, melhora do desempenho cognitivo dos animais e em padrões celulares no hipocampo. Os trabalhos desenvolvidos com essa temática e que mostraram o rastreamento dessas células constataram que, no caso dos animais que receberam as células pela veia caudal, foram encontradas poucas células em fatias histológicas do cérebro, mas localizadas no baço por um período de até três meses. Foi possível observar que os animais submetidos a transplante de células mononucleares de medula óssea e que tiveram a retirada do baço previamente apresentam um padrão inflamatório semelhante aos animais que não foram tratados. Os tratados e sem o baço seguiram com a memória espacial prejudicada, enquanto os que passaram pelo procedimento e tiveram o órgão mantido melhoraram a execução dessa tarefa. A partir dos dados é possível admitir que a passagem das células pelo baço apresenta um papel importante para a eficácia do transplante.
Psicólogo, mestre em Medicina e Ciências Médicas, com atuação em pesquisas do InsCer e do Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas
Pesquisa: Memory course in patients who underwent right temporal lobe surgery to treat epilepsy due to hippocampal sclerosis
Resumo: A esclerose hipocampal é a doença de base mais comum em pacientes com epilepsia refratária (que fazem uso de medicações, mas não têm o controle adequado das crises). Para esses casos, o tratamento mais indicado é o neurocirúrgico, que consiste na retirada do tecido cerebral doente. Para esse trabalho, foram investigados 89 pacientes com esclerose hipocampal no hemisfério direito que haviam realizado avaliação de memória no período prévio e posterior ao tratamento cirúrgico. Os participantes foram divididos em dois grupos: os que ficaram livres de crises e os que permaneceram apresentando as manifestações depois da cirurgia. Informações sociodemográficas e neuropsicológicas desses dois grupos foram comparadas e fatores como sexo, escolaridade, idade e tempo convivendo com a doença não se mostraram estatisticamente significativos para predizer melhora ou piora de memória após a cirurgia. Porém, pacientes que ficaram livres de crises apresentaram maior estabilidade cognitiva, com menos alterações de memória.
Aluno de Ciências Biológicas – Bacharelado
Pesquisa: Padrão de metilação do DNA do gene CTNNB1 em pacientes com displasia cortical focal
Resumo: A displasia cortical focal (DCF) é uma desordem cerebral intimamente relacionada à epilepsia refratária (que não responde bem ao tratamento). Ela é caracterizada pela malformação do córtex cerebral e pode apresentar alterações celulares e anormalidades na arquitetura da região afetada. Desde a última década, muitos estudos foram desenvolvidos, permitindo uma melhor compreensão da doença. Trabalhos sobre epigenética, uma área que estuda modificações herdáveis do DNA que afetam a expressão gênica, têm proporcionado uma visão mais sistemática do assunto. A metilação de citosinas é um mecanismo epigenético que normalmente está vinculado à diminuição da expressão gênica e pode ser correlacionado com descobertas prévias sobre genes de interesse se regiões diferencialmente metiladas forem identificadas no estudo. Nesse estudo, foi extraído o DNA do cérebro e de células-tronco pluripotentes induzidas de pacientes com DCF para a análise do padrão de metilação do gene da β-catenina, pois ela desempenha um importante papel no neurodesenvolvimento, podendo ser um ponto-chave na etiologia da doença. Foi realizada a primeira etapa da análise de metilação do DNA, bem como a análise da expressão do gene de interesse, que mostrou diferenças significativas em um dos grupos. Esses resultados preliminares podem permitir a correlação entre epigenética e a malformação do córtex.
Aluno de Medicina
Pesquisa: Neurodesenvolvimento cognitivo e motor, ressonância magnética (RM) e polissonografia em neonatos expostos ao zika: há um período crítico para o desenvolvimento de alterações morfofuncionais?
Resumo: A epidemia de Zika Vírus começou no Nordeste brasileiro em 2015, aumentando a prevalência de microcefalia congênita em até 20 vezes. O estudo surgiu da necessidade recente de entender melhor o curso da doença. Foram investigados 13 recém-nascidos microcefálicos com forte suspeita de infecção congênita por virus Zika. A maioria das infecções aconteceu no primeiro trimestre de gestação. Foi possível observar que quanto mais precoce o período de infecção, maior o comprometimento neuropsicomotor. Todos os pacientes com infecção comprovada até o 2º trimestre apresentam atrasos importantes nos marcos do desenvolvimento. No exame, a hipotonia generalizada (diminuição do tônus muscular e da força) e a tetraespasticidade (limitação dos quarto membros em algumas funções motoras) foram os achados mais significativos. Além disso, seis pacientes usam anticonvulsivantes. Dos 13 pacientes analisados, apenas um havia confirmado a infecção no terceiro trimestre. Essa criança apresentou todos os marcos do neurodesenvolvimento motor e cognitivo, RM, avaliação neuropsicológica por Bayley-III e polissonografia dentro da normalidade.
Aluna de Medicina
Pesquisa: Avaliação do tropismo e ação do zika vírus em linhagens celulares de glioblastoma
Resumo: O glioblastoma é o tumor de sistema nervoso central mais prevalente em adultos, tendo como prognóstico uma sobrevida mediana de, no máximo, dois anos após o diagnóstico. A terapia viral se torna uma opção terapêutica cuja segurança e eficácia já foi demonstrada em alguns casos, fazendo-se necessária, contudo, maior investigação. O vírus Zika é um flavovírus transmitido por artrópodes vetores, principalmente do gênero Aedes. Estudos já demonstraram a capacidade do vírus infectar e causar morte de células-tronco neurais. O objetivo do trabalho é avaliar o tropismo (fenômeno biológico que orienta o crescimento de um organismo em resposta a um estímulo ambiental) e a toxicidade do zika vírus em linhagem celular humana de glioblastoma U138. Para isso, linhagens desse tumor foram cultivadas e expostas a três diferentes concentrações (1:10, 1:100 e 1:1000) de duas cepas (brasileira e africana), por duas, 12 e 24 horas. A cepa brasileira causou uma redução de cerca de 40% na viabilidade celular na sua diluição máxima analisada (1:1000). Houve uma redução estatisticamente significativa (p<0,001) na capacidade migratória dos glioblastomas nos três tempos analisados de exposição às duas cepas virais, não ocorrendo o mesmo na linhagem controle. Ensaios complementares de viabilidade, ciclo celular e controle de apoptose (morte cellular) estão em andamento. Os resultados indicam que a ação do zika na linhagem de glioblastoma U138 não possui influência principal sob toxicidade dos glioblastomas e sim na capacidade de reduzir o potencial de migração celular, processo este fundamental na evolução e crescimento tumoral.
Graduada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Medicina e Ciências da Saúde, faz estágio pós-doutoral no InsCer
Pesquisa: Depression comorbidity in epileptic rats is related to alterations in both cerebral glucose metabolism and metabolic network architecture
Resumo: A depressão é a comorbidade psiquiátrica mais frequente em pacientes com epilepsia. Estudos têm sugerido cada vez mais que a relação entre essas duas patologias está associada a mecanismos neurobiológicos patogênicos comuns. No entanto, eles não são totalmente compreendidos. O estudo demonstrou que a depressão desempenha um papel importante no cérebro epiléptico, revelando alterações relevantes e complexas no metabolismo de glicose no cérebro e na arquitetura da rede metabólica. Os achados contribuem para uma melhor compreensão dos mecanismos dessa condição e serão fundamentais para que possamos buscar novas estratégias eficazes e seguras para o tratamento e prevenção dessa comorbidade na epilepsia.
Aluno de Medicina
Pesquisa: Remodelamento metabólico hipocampal guia crises convulsivas em ratos epiléticos
Resumo: A epilepsia de lobo temporal é uma patologia neurológica comum e altamente incapacitante com alta prevalência na população idosa. O trabalho analisou os efeitos em longo prazo de convulsões espontâneas recorrentes no metabolismo cerebral, incluindo a rede metabólica, função de memória e alterações eletrofisiológicas do hipocampo em ratos epilépticos idosos. O grupo concluiu que o comprometimento cognitivo produzido por epilepsia crônica em modelo animal de epilepsia por pilocarpina está associado com reorganização da rede metabólica, hipometabolismo hipocampal e desequilíbrio inibitório-excitatório sináptico em lobo temporal.
Aluno de Medicina
Pesquisa: Hipometabolismo cerebral e astrócitos na epilepsia crônica: impacto do envelhecimento
Resumo: A epilepsia é caracterizada por convulsões recorrentes espontâneas que podem variar em gravidade, tipo e causa. O estudo buscou descrever detalhes da história natural da doença em modelo experimental, avaliando a relação entre a ativação de astrócitos (células mais abundantes do sistema nervoso central) e o metabolismo da glicose em ratos epilépticos idosos. Na análise qualitativa, foi observado um aumento nos astrócitos positivos para GFAP e uma imunorreação mais forte nos ratos tratados com pilocarpina quando comparados aos ratos controle. Ou seja, houve maior ativação glial, ação do sistema imune e redução do metabolismo.
Aluno de Medicina
Pesquisa: Transplante de células mononucleares da medula óssea tem efeito antidepressivo no estresse crônico
Resumo: A depressão é uma doença inflamatória e está associada ao aumento dos níveis dos biomarcadores IL-1, IL-6 e TNF-α. Há um esforço para o desenvolvimento de estratégias anti-inflamatórias para auxiliar no tratamento e prevenir a progressão da doença. O grupo já demonstrou no modelo de epilepsia que a administração endovenosa de células mononucleares de medula óssea tem potencial terapêutico para promover a reparação e a regeneração tecidual através da redução de citocinas pró-inflamatórias e do aumento dos fatores de crescimento e citocinas anti-inflamatórias. Os dados apontaram um efeito antidepressivo e anti-inflamatório do transplante, uma vez que há diminuição dos níveis de citocinas pró-inflamatórias e um aumento na citocina anti-inflamatória.
Biólogo e mestrando em Pediatria e Saúde da Criança
Pesquisa: Triagem para infecção por vírus Zika: análise in vitro do risco de dano do complexo anticorpo-vírus ao tecido embrionário humano utilizando células-tronco pluripotentes induzidas (IPSC)
Resumo: O trabalho busca avaliar os efeitos prejudiciais ou imunizantes de uma infecção prévia por zika frente à reexposição ao vírus durante a gestação e o neurodesenvolvimento. Serão incluídas gestantes que realizarem o pré-natal na rede pública de saúde de Maceió: 20 com infecção prévia por zika vírus e 300 suscetíveis à infecção, das quais 45 participantes serão selecionadas. Será aplicado questionário sobre informações sociodemográficas, clínicas e epidemiológicas e realizada coleta de sangue das gestantes. A parte clínica será feita pela Universidade de Alagoas. No estudo in vitro, na PUCRS, será avaliado o potencial neuromodulador do soro de gestantes durante a reexposição ao vírus em cultura de células-tronco pluripotentes induzidas e organoides cerebrais (minicérebros) obtidos a partir de fibroblastos de pele. As biópsias de pele serão coletadas de residuais de abdominopalstia de dois pacientes saudáveis. Serão avaliados os níveis de fatores de crescimento e citocinas inflamatórias.
Aluno de Medicina
Pesquisa: Declínio de memória episódica em uma superidosa PIB-positiva em uma reavaliação após 15 meses
Resumo: O trabalho se baseou no relato de caso de uma mulher de 84 anos, com 14 de escolaridade, aposentada, que foi à clínica com queixa de memória. A avaliação neuropsicólogica se mostrou normal, porém a pontuação no teste de memória tardia se mostrara excepcionalmente alta. Aceitou participar do Projeto Superidosos, no qual foi submetida a uma bateria de testes neuropsicológicos e exames de neuroimagem. Quinze meses depois, apresentou um declínio significativo na capacidade de memória e outros. Agora atende aos critérios de estágio pré-clínico da doença de Alzheimer. O caso ilustra a importância da avaliação longitudinal e é um exemplo paradoxal de um superidoso com alterações típicas da doença de Alzheimer.
Aluna de Medicina
Pesquisa: Associações no paradigma Change entre a vitimização e alterações funcionais no cérebro de adolescentes
Resumo: Dentro do projeto Viva – Vida e Violência na Adolescência, o estudo tem o objetivo de estudar os efeitos da violência, entendida do ponto de vista da vitimização, a partir de questionários, exames de cortisol e de neuroimagem. Participaram 52 estudantes de 10 a 12 anos da rede pública de Porto Alegre. Na pesquisa foram feitas ressonâncias magnéticas funcionais incluindo tarefas que avaliam as bases neurais da atenção sustentada. Isso foi realizado por meio de um paradigma experimental com a estrutura Go No-Go, chamado de Change. Funciona da seguinte forma: o participante é orientado a apertar botões de um controle de acordo com a forma vista na tela. Quando aparece o círculo e o x, deve-se apertar os botões com a mão esquerda (dedo indicador para o círculo e dedo médio para o x) e, quando aparece o quadrado azul, deve-se apertar com o indicador da mão direita. Os resultados apresentados demonstram que existem consequências da vitimização pela violência para o funcionamento de regiões neurais pré-frontais associadas com atenção e planejamento de movimentos.
Bióloga e mestranda de Medicina e Ciências de Saúde
Pesquisa: A urease e hiperfosforilação da proteína tau por Helicobacter pylori: implicações para tauopatias
Resumo: No estudo, foi evidenciada a participação da urease de H. pylori, reconhecido agente etiológico de gastrite crônica, úlcera péptica e duodenal e câncer gástrico, em um biomarcador da doença de Alzheimer – a perda de conformação da proteína tau, que, assim, forma emaranhados neurofibrilares (alteração patológica comum nessa doença).
Aluna de Psicologia
Pesquisa: Fluência verbal e fonológica em idosos com queixas de memória
Resumo: O processo de envelhecimento é acompanhado da perda de algumas habilidades cognitivas, como a memória episódica e as funções executivas. Estudos longitudinais apontam que idosos com queixa de memória e sem declínio cognitivo (subjetivas) apresentam um alto potencial para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas quando comparados à população controle sem essa queixa. Foi realizada uma pesquisa retrospectiva no banco de dados do Ambulatório de Envelhecimento do Hospital São Lucas. A amostra foi composta por 62 idosos que tinham queixas de memória e haviam realizado avaliação neuropsicológica completa entre 2011 e 2017. Eram 24% de homens e 76% de mulheres, com idade média de 69,5 anos e escolaridade média de 10,5 anos. Os resultados apontam que os idosos com queixas subjetivas de memória apresentam memória episódica tardia e fluência categórica semelhantes aos escores normativos, porém demonstram fluência fonológica abaixo do esperado de acordo com os escores padronizados para os idosos de mesma faixa etária e nível de escolaridade. Assim, prejuízo de fluência fonológica pode estar associado a um período prodrômico (com sintomas precursores) de doenças neurodegenerativas.
Engenheira de Computação e doutoranda em Medicina e Ciências da Saúde
Pesquisa: A conectividade do cérebro de jovens vivendo em ambientes urbanos violentos: um estudo de RMF em estado de repouso
Resumo: A exposição prematura ao estresse produz alterações significativas na cognição, comportamento e funcionamento do cérebro e isso permanece até a vida adulta, podendo causar diferentes disfunções. O trabalho utilizou a técnica de imageamento por Ressonância Magnética Funcional (RMF) em estado de repouso para investigar o que acontece no cérebro dos adolescentes que vivem em ambientes urbanos violentos, tanto ambiente familiar quanto escolar. Foram incluídos no estudo 40 adolescentes de escolas públicas que, de acordo com a Secretaria da Educação, residem em alguns dos bairros considerados os mais violentos de Porto Alegre. O resultado que mais chamou a atenção foi uma redução da conectividade funcional entre a amígdala e o córtex cingulado anterior. Essas duas regiões fazem parte do chamado sistema límbico, responsável pelo processamento emocional e cognitivo. Além disso, a amígdala integra o sistema de recompensa e do circuito do medo. Ou seja, essas duas regiões estão “conversando” menos do que deveriam. Este resultado mostra que a violência não tem apenas um impacto social, mas também de vulnerabilidade no cérebro. O estudo faz parte do Projeto Viva – Vida e Violência na Adolescência.
Aluna de Medicina
Pesquisa: Associação entre estresse crônico e modificações funcionais no lobo temporal superior direito em adolescentes em situação de violência e vulnerabilidade
Resumo: Dentro do Projeto Viva – Vida e Violência na Adolescência, o estudo investiga os prejuízos cognitivo-comportamentais resultados do estresse crônico em crianças e adolescentes causados pela violência. Crianças de 10 a 12 anos de algumas escolas públicas de Porto Alegre passam por análise psicológica e depois por ressonância magnética funcional e coleta de saliva e cabelo (para dosar o cortisol dessas crianças, o hormônio responsável pela sensação de prazer e bem-estar). O lobo temporal superior direito é relacionado com o que se chama de “cérebro social”, que integra o sistema límbico. Durante a ressonância, a criança observou imagens de olhares de pessoas e deveria escolher entre duas alternativas (o que achavam que a pessoa estava sentindo e qual o sexo dela). Não existe uma resposta certa para o teste. Foi avaliado o tempo que ela demora para escolher, ou seja, o tempo que leva para pensar na outra pessoa. Os dados foram correlacionados com os scores do questinário sobre maus-tratos, vitimização por pares e irmãos, vitimização sexual e vitimização indireta. Como resultado, houve uma subativação das áreas do cérebro social. Ou seja, quanto maior a vitimização e estresse da criança, menor é a ativação dessas áreas cerebrais.
Médico e doutorando em Medicina e Ciências da Saúde
Pesquisa: Perfil neuropsicológico e sociodemográfico de idosos atendidos em ambulatório de memória de um hospital terciário
Resumo: O declínio cognitivo relacionado à idade é frequente entre os idosos. Por se tratar de um problema crescente, é importante identificar corretamente o perfil de indivíduos com esse risco para auxiliar nas estratégias de prevenção e tratamento. O trabalho avaliou o perfil neuropsicológico e sociodemográfico de idosos de 60 a 90 anos tratados no Hospital São Lucas. Passaram por testes cognitivos e entrevista estruturada. Dos 165 incluídos na pesquisa, 70,3% eram mulheres, 54,4% casadas e 67,3% conviviam com um acompanhante. A média de anos de estudo foi de 10,73. Em nossa amostra, os idosos tiveram notas mais baixas, comparando com a população em geral, na memória verbal lógica e fluência. A maioria apresentou declínio cognitivo, mais do que o esperado para a população geral.
O vice-reitor da PUCRS e diretor do Instituto do Cérebro (InsCer), Jaderson Costa da Costa, é um dos homenageados no maior congresso brasileiro sobre neurociência: Cérebro – Comportamento e Emoções (Brain – Behavior and Emotions). O evento acontece entre os dias 20 e 23 de junho, em Gramado, na Serra Gaúcha. Na solenidade, estiveram presentes o reitor da Universidade Ir. Evilázio Texeira, o assessor da Reitoria, Solimar Amaro e a professora da Escola de Medicina e pesquisadora do InsCer, Mirna Portuguez.
Todos os anos, o congresso tem a tradição de homenagear grandes personagens da neurociência do país. A escolha do homenageado se dá em função da representatividade na sua área de atuação (publicações científicas, atuação clínica, liderança) e a decisão de quem será homenageado é submetida ao Board do Brain, que conta com treze profissionais de diversos estados e especialidades, na maioria professores titulares em suas universidades, que homologa os nomes escolhidos.
O homenageado recebeu um troféu do evento e apresentou uma conferência com o tema A maravilha de ser humano. “Fiquei extremamente lisonjeado com a minha escolha. Ela foi motivada não só pela produção na área da neurociência, ou no meu papel de gestor, ou assistencial como neurologista, mas muito em função do grupo de jovens pesquisadores que consegui estimular para que continuem trabalhando nesta área, que possam aprofundar seus conhecimentos e sejam sempre melhores. É um legado que deixo por meio deles que inclui a própria idealização e construção do InsCer, um centro de referência que vai dar continuidade a todo este trabalho já iniciado. Esse reconhecimento fortalece o fato de que a decisão tomada muitos anos atrás foi a mais adequada, me dá a certeza de que as escolhas feitas foram as mais corretas”, afirmou Costa da Costa.
O Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer-RS) esteve movimentado na tarde de 16 de maio por uma turma de pequenos visitantes. Dezessete crianças de 5 e 6 anos de idade do Colégio Marista Rosário fizeram uma visita especial ao local, onde foram recebidas pelo pesquisador Augusto Buchweitz e pela enfermeira Cristina Appel Friedrich. Além de conhecerem mais sobre a memória e o funcionamento do cérebro, estiveram no Centro de Pesquisa Pré-Clínica e, ao final, receberam um Certificado de Bravura pela experiência de participarem de uma simulação de exame em um aparelho, inoperante, especificamente adaptado para as crianças.
A ideia de conhecer o InsCer-RS surgiu após a contação da história Guilherme Augusto Araújo Fernandes, da autora Mem Fox, sobre um menino que tenta resgatar a memória de uma senhora que já a perdera. A partir daí, surgiram as perguntas dos estudantes: O que é a memória? Onde fica a memória? É dentro do cérebro ou não? Do que é feita a memória? As memórias felizes e tristes ficam guardadas juntas ou separadas?
A partir dos questionamentos, diversas atividades foram construídas ao redor do tema. Os estudantes do Colégio Marista Rosário conversaram com um psiquiatra, trabalharam as memórias felizes e tristes, a árvore genealógica, fizeram a visita ao InsCer-RS e, agora, devem aprender sobre os alimentos que fazem bem ao cérebro.
“A visita foi fantástica. Enriqueceu nosso estudo, as crianças ficaram felizes e mais instigadas. Essas oportunidades promovem o aprendizado além dos muros do colégio, permitindo que as crianças levantem hipóteses, descubram novos conhecimentos e vivenciem novas experiências”, ressalta a professora Bruna Knecht da Silva.
Para os profissionais do InsCer-RS, foi considerado um grande desafio traduzir para as crianças, de forma lúdica, algo tão complexo como o cérebro humano. “As crianças demonstraram que têm curiosidade e interesse por um tema que eu achei que fosse só do interesse de adultos. Fiquei muito feliz e surpresa ao ouvi-las falando de memória de curto e de longo prazo. Foi um desafio e uma troca incríveis”, avalia a enfermeira Cristina.
Imagine o quanto o reconhecimento social é fundamental em nossas vidas: além de encontros face a face, vivemos em diversas redes sociais, estabelecemos contatos e nos relacionamos com intensidade com quem está ao nosso redor. Para os mamíferos em geral, esse reconhecimento é fundamental para a manutenção dos relacionamentos, da formação desses vínculos sociais e sem esse tipo de memória, não haveria sociedade. Um estudo do Centro de Memória do Instituto do Cérebro do RS (InsCer/RS), coordenado pelo neurocientista Iván Izquierdo, levou à descoberta de que as áreas como o hipocampo e a amígdala cerebral são participantes ativas do processo de reconhecimento, até então vinculado somente ao bulbo olfatório, primeira estrutura do sistema olfatório cerebral. O achado se torna a base neurofisiológica do reconhecimento social e foi publicado recentemente na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), dos Estados Unidos.
A primeira experiência compreendeu a colocação de um roedor em uma caixa vazia. Depois, ele foi apresentado a um rato jovem, sentindo seu cheiro. No dia seguinte, ele foi exposto ao mesmo rato jovem da etapa anterior e a um novo. Passadas as fases de ambientação e de exposição, houve a infusão cerebral de três neurotransmissores no hipocampo e na amígdala: dopamina (responsável em outros lugares do cérebro por motivação, prazer), noradrenalina (envolvida nos processos de alerta e interesse) e histamina (ligada à memória, controle alimentar, etc.). “Até então os neurotransmissores mais visados no processo de reconhecimento social eram a ocitocina e os hormônios sexuais. Queríamos comprovar como atuavam esses três grandes sistemas”, disse a pesquisadora Carolina Zinn, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde da Universidade.
Os pesquisadores concluíram que esses neurotransmissores e essas áreas cerebrais são fundamentais na participação da consolidação da memória de reconhecimento social. A percepção é a de que, em média e em porcentagem de exposição, o roedor testado utilizou as áreas cerebrais para explorar três vezes mais o ratinho novo, sabendo que ele não estava ali antes. “Além disso, ele vai buscar em suas memórias o reconhecimento de longa duração, para reconhecer o lugar onde está e suas referências espaciais, como a localização”, esclarece a professora e pesquisadora do Centro de Memória Jociane Myskiw.
Para Izquierdo, o resultado representa um divisor de águas na pesquisa sobre a área. “É uma descoberta importante, pois aponta para o surgimento de possíveis bases de reconhecimento social em indivíduos saudáveis e pacientes psiquiátricos, como portadores de demências, autismo e esquizofrenia”. Ele explica que em demências como o Alzheimer, o hipocampo é uma das primeiras áreas a sofrer lesões. “É uma área diretamente afetada, provocando principalmente a falta de reconhecimento do paciente em pessoas de seu convívio, como filhos, cônjuge, etc.”, frisa.
O estudo teve início em 2013 quando o mestrando francês Nicolas Clairis, da Universidade de Lyon, atuou no Centro de Memória com a pesquisa colaborativa na área de reconhecimento social. Depois de três meses na instituição, ele retornou à França e o estudo teve continuidade com a doutoranda Carolina e as professoras Jociane e Cristiane Furini, com coordenação de Izquierdo.
Pesquisadores do Centro de Memória da PUCRS, liderados por Iván Izquierdo, publicaram uma revisão bibliográfica na área da memória do medo no periódico Physiological Reviews. Foram estudados cerca de 800 artigos divulgados nos últimos 60 anos em todo o mundo. “Trata-se da maior revisão bibliográfica já realizada na área”, afirma Izquierdo. Desses artigos publicados, 90 foram realizados no Centro de Memória, que é ligado ao Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul.
A convite da publicação, Izquierdo e as pesquisadoras Cristiane Furini e Jociane Myskiw passaram dois anos trabalhando no artigo. As referências bibliográficas utilizadas abordam temas como a definição da memória do medo, as estruturas envolvidas, como são reguladas e estudadas e os mecanismos bioquímicos, entre outros. O artigo pode ser acessado mediante assinatura ou download pago.