A Plataforma GIS CCUS Brasil, desenvolvida pelo Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) da PUCRS, em parceria com a Petrobras, foi uma das três finalistas do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2023, na categoria IV – Projetos na área de Meio Ambiente, Transição Energética e Descarbonização (exceto biocombustíveis).
O prêmio tem como objetivo reconhecer e premiar os resultados associados a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). Esses resultados devem representar inovação tecnológica para o setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis, desenvolvidos no Brasil por instituições de pesquisa credenciadas pela Agência, empresas brasileiras e empresas petrolíferas, com recursos da Cláusula de PD&I presente nos contratos de Exploração e Produção (E&P). No total, 100 projetos foram inscritos, sendo 19 deles na categoria IV.
A cerimônia de premiação ocorreu em 30 de novembro, no Rio de Janeiro, e o IPR foi representado no evento por Clarisa Melo, coordenadora de Pesquisa do projeto finalista, Daiane Cardoso, pesquisadora do projeto, e Moema Martins, interlocutora técnica da Petrobras.
“Esse projeto representa o amadurecimento de nossas pesquisas e a compreensão da urgência em consolidar informações nacionais sobre os principais aspectos que envolvem o CCUS. A plataforma foi cuidadosamente planejada, com o intuito de criar uma ferramenta prática e acessível, que possa atender a um público diversificado. Com informações atualizadas, nossa meta é efetivamente impulsionar a implementação de projetos de CCUS no Brasil. Parabéns a toda a equipe por esse reconhecimento”, celebra Clarissa.
A pesquisa do IPR desenvolveu o primeiro webmap interativo exclusivo para Tecnologias de Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCUS) no Brasil, permitindo o mapeamento e a quantificação das emissões de CO₂. As CCUS se destacam como uma estratégia importante na transição para uma economia de baixo carbono. Nesse contexto, a Plataforma GIS CCUS Brasil surge como uma iniciativa inovadora e única no cenário nacional, buscando auxiliar os tomadores de decisão e a população em geral, ao permitir o acesso a dados e informações relevantes dessas tecnologias.
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A plataforma integra o sistema de classificação SRMS e dados dos projetos Reate e Promar, disponibilizados pela CPRM e ANP, possibilitando uma análise mais abrangente dos recursos de armazenamento de CO₂ presentes nas áreas estudadas. Dessa forma, a plataforma consegue contribuir para a identificação de áreas promissoras ao desenvolvimento desse setor no Brasil.
Essa abordagem preenche uma lacuna existente de informações no país sobre o assunto, e democratiza o acesso a dados e ferramentas essenciais, possibilitando que empresas, instituições de pesquisa, governo e sociedade civil desenvolvam projetos sustentáveis e efetivos para a redução das emissões de CO₂. A plataforma se destaca por apresentar a localização e quantificação dessas emissões de fontes estacionárias, identificar áreas estratégicas para a captura de dióxido de carbono. Além disso, a plataforma ajuda na implementação de projetos futuros, possibilitando a visualização geográfica da infraestrutura e dos possíveis locais para o armazenamento do CO₂ proveniente dessas fontes.
A plataforma contribui diretamente para a redução dos riscos do desenvolvimento de projetos, auxilia no planejamento e desenvolvimento sustentável de diversos setores, promove a colaboração entre diferentes atores e dissemina informações, oportunizando o avanço da tecnologia e fortalecendo a governança ambiental. A GIS CCUS Brasil é uma iniciativa que utiliza a tecnologia geoespacial para impulsionar a transição para uma economia de baixo carbono, fornecendo informações precisas e facilitando a tomada de decisões estratégicas para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
O IPR é membro do Tecnopuc desde sua criação em 2014, e o Instituto tem como objetivo fomentar, dar visibilidade e proporcionar um crescimento sustentado das ações da universidade em pesquisa, desenvolvimento e inovação na área de petróleo e derivados, recursos naturais, energia e meio ambiente. O IPR conta com uma equipe multidisciplinar composta por professores, pesquisadores, auxiliares de laboratório, profissionais administrativos e alunos de graduação e pós-graduação da PUCRS. O espaço faz com que os resultados de análises, produzidos com rigor e qualidade, sejam transformados em informações estratégicas e elementos de tomada de decisão para os parceiros do instituto.
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“Os projetos desenvolvidos pelo IPR têm um grande potencial de colaboração com outros atores do ecossistema. A equipe IPR tem participado ativamente de construtivas discussões sobre novas fontes energéticas e o mercado de carbono com empresas e startups da comunidade Tecnopuc que também estão buscando ou oferecendo soluções inovadoras de eficiência energética e neutralização de emissões de carbono. Ter essa área estratégica e de extrema relevância para a Universidade e a sociedade tão próxima de outras organizações no Tecnopuc tem favorecido as trocas e identificação de sinergia que pode resultar em um impacto positivo ainda maior”, declara Daniela Carrion, líder de Comunidade do Tecnopuc.
O IPR fica localizada no prédio 96 do Parque Tecnológico e conta com compreende 5000 m². O Instituto conta com o Laboratório de Análises Químicas (LAQ), o Laboratório de Caracterização de Rochas (LCR), o Laboratório de Geoquímica e Petrofísica (LGP), o Laboratório de Isótopos e Geocronologia (LIG), Laboratório de Monitoramento Ambiental (LMA) e o Laboratório de Materiais (LMT). ,
Uma parceria inédita e inovadora entre a PUCRS, por meio do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) e a empresa Repsol Sinopec Brasil (RSB), desenvolverá um novo projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com o objetivo de remover gás carbônico já existente na atmosfera e, assim, abater emissões de CO2 que já ocorreram. Com um investimento inicial estimado em R$ 60 milhões, este será o primeiro projeto que avaliará o desempenho de uma planta em escala experimental de captura direta do ar (DAC – sigla em inglês para Direct Air Capture) na América do Sul.
Batizado de DAC.SI (sigla em inglês para Direct Air Capture System Integration), o projeto foi concebido pelo IPR em conjunto com a RSB e irá avaliar de forma integrada o processo de remoção de dióxido de carbono direto da atmosfera e posterior armazenamento do CO₂ em reservatórios geológicos. Neste caso, em rochas basálticas, como estratégia de mitigação de efeitos climáticos.
O IPR, reconhecido pela pesquisa de ponta em CCS (sigla em inglês para Carbon Capture and Storage), será responsável pela: validação do desempenho da tecnologia de captura direta do ar (DAC) em condições de temperatura e umidade brasileiras, avaliação da reatividade do CO₂ nas rochas basálticas, bem como da possibilidade/potencial de mineralização e indicação de áreas no Brasil onde esse processo poderá ser realizado de forma a ser validado como uma tecnologia de emissão negativa (NET – sigla em inglês para negative emission technology).
O novo projeto, assinado na última semana, visa um importante retorno ambiental, uma vez que atua como uma ferramenta que possibilita a neutralização de emissões já realizadas de CO2 e possibilita a descarbonização de alguns setores de mais difícil abatimento. “Atualmente, temos tecnologias e ferramentas convencionais focadas na redução da emissão, especialmente relacionadas aos métodos de CCS e mudanças sociais. Porém, os métodos convencionais de mitigação das mudanças climáticas não se mostraram suficientes para combater os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente, sendo necessário desenvolver um conjunto complementar de tecnologias de remoção de dióxido de carbono da atmosfera (CDR – sigla em inglês para carbon dioxide removal)”, comenta o diretor do IPR Felipe Dalla Vecchia.
Nesse contexto, de acordo com Dalla Vecchia o grande diferencial deste projeto é o potencial de validação de uma tecnologia de emissão negativa, ou seja, que promove a remoção de emissões que já ocorreram. Dessa forma, ao reduzir o CO₂ na atmosfera, o projeto DAC.SI contribuirá para a redução dos impactos ambientais a partir da validação uma alternativa tecnológica NET, complementarmente às demais estratégias de abatimento de emissões de gases do efeito estufa.
Além do projeto de PD&I, também está sendo executado um projeto de infraestrutura no campus da PUCRS. O diretor do IPR conta que três obras estão em planejamento, sendo elas: 1) a preparação de uma área para receber uma planta experimental de captura direta do ar (DAC), com capacidade nominal para remoção de 300 tonelada por ano de CO2 da atmosfera, 2) a instalação de um sistema de energia solar de 10.000 kwh/mês para o fornecimento de energia de fonte renovável ao sistema DAC, evitando assim novas emissões durante o processo de remoção de CO₂ da atmosfera e 3) a implementação de um novo laboratório para a caracterização e validação de materiais para processos de captura CO₂ direto do ar (DAC). A estimativa é que a unidade de DAC esteja implementada e operacional em três anos.
Para o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da PUCRS Carlos Eduardo Lobo e Silva o novo projeto é motivo de orgulho e confirma o trabalho de qualidade que vem sendo realizado no IPR. “Este é um caso exemplar da excelência da pesquisa da PUCRS que traz melhorias diretas para a sociedade. Nossa excelência, reconhecida nacionalmente e internacionalmente, não deve ser vista como fim em si, mas como uma riqueza no melhor sentido da palavra, que deve transbordar para a sociedade e para todos os níveis de ensino da PUCRS, transformando a vida das pessoas”, adiciona.
“Este é o projeto de pesquisa e desenvolvimento mais ambicioso lançado pela Repsol Sinopec Brasil, tanto em termos econômicos, como de impacto futuro esperado, como parte do processo de transição energética”, destaca José Javier Salinero, gerente de P&D da Repsol Sinopec.
“Como acreditamos que a colaboração é essencial para a inovação, e a inovação tecnológica é um dos pilares essenciais para a transição energética, nos aliamos à PUCRS, que possuiu um longo histórico na execução de projetos de PD&I na área de CCS (Carbon Capture and Storage), profissionais com competência no assunto e uma infraestrutura excelente, além de possuir um modelo de inovação aberto e flexível que se adequa à estrutura que um projeto desse porte necessita”, complementa Cassiane Nunes, pesquisadora da Repsol Sinopec e coordenadora do projeto DAC.SI.
Sobre a Repsol Sinopec Brasil
Presente no Brasil desde 1997, a Repsol Sinopec é pioneira na abertura do mercado de E&P e na exploração no pré-sal brasileiro. Hoje, é a quarta maior produtora de petróleo e gás do país, com uma média diária de produção em torno de 80 mil barris por dia, provenientes dos campos Sapinhoá, Lapa e Albacora Leste.
A RSB também é responsável pela descoberta do campo BM-C-33, ativo com capacidade de ser uma das principais fontes de fornecimento de gás natural do país. Desde 2010, a empresa forma uma joint venture entre o Grupo espanhol Repsol (60%) e o Grupo chinês Sinopec (40%). Desta forma, é uma sociedade controlada que adota os padrões de atuação do Grupo Repsol, que opera em toda a cadeia de valor da energia.
O Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) começa em 2021 um novo projeto de qualificação dos laboratórios para sua ampliação de serviços e para o início da produção de materiais de referência certificados (MRC).
Esses produtos são as bases para verificação da exatidão de medições analíticas, com objetivo de garantir a confiabilidade de operações que sigam a norma da ISO/IEC 17025 (que de determina os requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração).
O projeto intitulado como QualyLab-IPR tem o objetivo de habilitar dois pacotes de serviços em nível internacional, buscando acreditação de órgãos norte-americanos, com os seguintes enfoques:
Segundo Felipe Dalla Vecchia, diretor do IPR, a acreditação permitirá ampliar a atuação do Instituto no cenário internacional, além de oferecer um serviço diferenciado para empresas e instituições parceiras. “A qualificação do IPR atenderá demandas de alta complexidade do mercado nacional e internacional, além de acreditar a qualidade dos ensaios realizados e qualificar ainda mais as pesquisas que são desenvolvidas”, destaca.
Com o novo projeto o IPR busca, até 2026, “ser um dos mais importantes institutos de referência internacional em qualidade técnica em pesquisa, realização de análises laboratoriais e produção de materiais de referência certificados na área de petróleo e derivados, recursos naturais, energia e meio ambiente”, acrescenta Dalla Vecchia.
Entre os grandes diferenciais do instituto estão o amplo conhecimento técnico e científico específico, com um quadro de pesquisadores/as e técnicos/as altamente especializados/as. O IPR também conta com uma infraestrutura de ponta, equipamentos de alta complexidade e um amplo escopo nas suas áreas de atuação.
O projeto tem um cronograma previsto para os próximos cinco anos, iniciando com a qualificação dos processos e estruturas e se preparando para a acreditação do sistema. Com isso, passa a figurar como uma importante referência no mercado nacional e internacional, alinhando seus processos com exigências de multinacionais e dos melhores centros de pesquisa do mundo.