A mais recente edição do Índice de Desenvolvimento Estadual-RS (iRS), que mede a qualidade de vida nos Estados brasileiros, apontou a queda do Rio Grande do Sul em relação ao Estado do Paraná, passando da quarta para a quinta posição entre as 27 unidades da federação. As informações são fruto do levantamento referente ao período de 2016, e resultam da parceria entre PUCRS e jornal Zero Hora, com apoio institucional da Celulose Riograndense. Os dados completos foram expostos nesta terça-feira, 7 de agosto, na sede do Grupo RBS, em Porto Alegre.
A pesquisa mede o desempenho das unidades da federação e do país em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidas, longevidade e segurança. Cada um dos grupos é composto por três variáveis, e os dados apresentados são os mais recentes à disposição em bases públicas. No campo da educação, o RS aparece na 11ª posição, duas abaixo do levantamento anterior. Nos quesitos longevidade e segurança, caiu da terceira para a quinta posição. Essas quedas ocasionaram a desvantagem na classificação em relação aos paranaenses, além de mostrarem Estado abaixo da média nacional.
De acordo o coordenador da pesquisa e professor da Escola de Negócios, Ely José de Mattos, “durante a crise econômica, o Rio Grande do Sul perdeu mais fôlego do que o Paraná. Ainda frequenta posição melhor do que a maioria dos demais, mas está se aproximando de uma zona perigosa. O que chama atenção é a dificuldade para reagir”, avalia.
A variação do iRS ocorre entre zero e um, assim como a do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Quanto maior o índice, melhor o desempenho. Na passagem de 2015 para 2016, o indicador geral gaúcho recuou de 0,645 para 0,630. Foi a terceira redução anual consecutiva no Estado.
No dia 21 de agosto, as conclusões do iRS estarão em debate durante fórum na PUCRS, em evento gratuito e aberto ao público, sem a necessidade de inscrições prévias. A atividade ocorre no auditório térreo do prédio 50 do Campus (Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre), das 8h às 12h.
Os resultados do estudo estão disponíveis no site do Índice de Desenvolvimento Estadual-RS (iRS).
A 4ª edição do Índice de Desenvolvimento Estadual (iRS), levantamento promovido numa parceria entre a Escola de Negócios da PUCRS e o jornal Zero Hora, com o apoio da Celulose Riograndense, apontou um cenário de queda contínua no desempenho do Rio Grande do Sul em relação aos anos anteriores. Os resultados foram discutidos nesta terça-feira, 22 de agosto, durante o Fórum iRS – Caminhos para o Futuro, ocorrido na PUCRS. Dos três grandes eixos – Emprego e Renda, Saúde e Educação e Segurança e Longevidade – debatidos por especialistas, emanou um consenso: a necessidade de mobilização da sociedade para contribuir na solução dos problemas.
Desafios no Emprego e Renda
Ao abordar a questão do emprego e renda, o professor Flavio Comim, do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFRGS, mostrou-se pessimista ao fazer um diagnóstico das causas do baixo índice de ocupação formal no Estado. “O Rio Grande do Sul perdeu importância e qualidade na Educação”, afirmou. Ele citou o êxodo de novos profissionais para outros estados brasileiros, frente à falta de oportunidades locais. Comim criticou o fato de quase 50% dos empregos gaúchos estarem na área de serviços, com baixa qualidade, por não exigirem formação qualificada. Além de pagarem pouco, são os primeiros impactados em situações de crise. A desigualdade foi outro aspecto citado, pois a má distribuição de renda afeta o crescimento. Na visão dele, para haver uma solução “é fundamental que as pessoas estejam engajadas para o Estado crescer”.
Nesse mesmo eixo de Emprego e Renda, a professora Izete Bagolin, decana associada da Escola de Negócios da PUCRS, tratou dos desequilíbrios de gênero e cor e faixa etária. “A taxa de desemprego feminina é sempre superior à masculina”, expôs, devido à formação em profissões de baixa complexidade, além de as mulheres receberem salários inferiores aos homens para os mesmos cargos. Também as pessoas negras apareceram como vulneráveis, pois têm empregos mais suscetíveis às crises. Em relação aos jovens, Izete citou o segmento “nem-nem”, ao referir aos que nem estudam e nem estão empregados devido à falta de oportunidades e fatores como a insegurança. “É o momento de buscarmos juntos respostas sobre o porquê chegamos até aqui e como melhorar a sociedade gaúcha”, conclamou.
Saúde e Educação necessitam de atenção
O tema das incoerências nos investimentos em saúde e das falhas na distribuição de recursos foi abordado pelo médico José de Jesus Camargo, diretor do Centro de Transplantes da Santa Casa de Porto Alegre. Ele questionou a Agência Nacional de Saúde Suplementar pelas regras que fazem com que 95% dos transplantes não sejam cobertos por planos de saúde, o que sobrecarrega o Sistema Único de Saúde. Também criticou programas como o Mais Médicos, alegando que o motivo de os médicos não irem para o interior se deve à falta de estrutura nas cidades mais distantes.
A professora Bettina Steren dos Santos, decana associada Escola de Humanidades da PUCRS, procurou explicar os motivos da 8ª posição do RS em Educação no Brasil, de acordo com o iRS. A descontinuidade de políticas pedagógicas, políticas de governo em vez de políticas de Estado, a falta de investimentos e baixas remunerações foram alguns dos fatores elencados. Para mudar, Bettina acredita que “cognição e emoção devem estar unidos”. Ela apresentou princípios de sucesso aplicados na Finlândia, como igualdade, gratuidade, educação para a vida (e não para responder a provas e avaliações), humanização e trabalho interdisciplinar.
Em busca de soluções para a Segurança Pública
O Brasil concentra 12% dos homicídios do planeta, sendo que reúne 3% da população mundial. Porto Alegre tem 40 pessoas mortas violentamente para cada 100 mil habitantes. Esses dados abriram o último painel dedicado à Segurança e Longevidade. O professor Rodrigo G. Azevedo, pesquisador da Escola de Direito da PUCRS, defendeu que “governar em segurança pública exige enfrentar corporativismos” ao exibir slides que mostraram correntes de pensamento dissonantes sobre o assunto. Ele defende que ocorra uma mudança na maneira de pensar capaz de ir além de movimentos como o Lei e Ordem (onde há defensores de um Estado de Polícia e de cidadãos armados) e de Corporativismo (com agentes recebendo recursos para tentar resolver por conta os problemas). O professor sinalizou para uma integração entre União, estados e municípios; ação integrada entre agentes policiais, o Judiciário e a sociedade; e adoção de boas práticas, com monitoramento e avaliação permanentes. “É necessária a mobilização da Sociedade Civil”, reforçou.
Sobre o iRS
O levantamento, numa parceria entre a Escola de Negócios da PUCRS e o jornal Zero Hora, com o apoio da Celulose Riograndense, mede o desempenho de todos os Estados e Distrito Federal a partir de três dimensões – padrão de vida, educação e, juntos, longevidade e segurança, analisando dados de 2015 (informações mais recentes publicamente disponíveis para todas as variáveis). Para isso, é utilizado o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).