26 de agosto de 1973: há 50 anos era implementado pelo Congresso dos Estados Unidos o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A data foi escolhida em homenagem à emenda que permitiu o voto às mulheres americanas em 1920. No Brasil, o direito ao voto feminino, sem nenhum tipo de restrição, foi obtido mais de 20 anos depois. Já a luta pelo direito feminino de exercer uma profissão continuou até 1962, quando ocorreu a revogação do inciso VII do Artigo 242 do Código Civil Brasileiro de 1916 – em que o trabalho da mulher estava sujeito à autorização do marido. Mesmo assim, nas últimas cinco décadas, já com o Dia Internacional da Igualdade Feminina instaurado, as mulheres continuam lutando pela equidade.
Um estudo do PUCRS Data Social mostra uma desigualdade de gênero no mercado de trabalho no Rio Grande do Sul. Apesar de possuírem maior escolaridade, as mulheres têm média salarial 37,2% menor que a dos homens no Estado: enquanto a renda média delas era de R$ 2.380,00, a deles era R$ 3.267,00. E mesmo entre mulheres e homens com a mesma qualificação, a desigualdade se mantinha. Se, para os homens com Ensino Superior completo, a renda média era de R$ 6.589,00, entre as mulheres caía para R$ 3.888,00.
Os dados são do Levantamento Sobre Desigualdade de Gênero no Rio Grande do Sul feito através de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles dizem respeito à população ocupada com idade entre 25 e 64 anos, com valores de rendimento deflacionados para preços médios de 2021.
“Essa predominância de mulheres ocupando cargos de menor remuneração pode estar associada a um conjunto de fatores individuais, familiares e sociais que vão desde a existência de profissões consideradas mais femininas até as barreiras efetivas que as mulheres enfrentam para ascender aos cargos de melhor remuneração”, destaca Izete Bagolin, pesquisadora do PUCRS Data Social.
De acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial, a equidade entre os gêneros só será alcançada em 132 anos. A Lei 14.611, sancionada em julho deste ano, chega para tentar mudar esse cenário e garantir a igualdade salarial. Com ela, torna-se obrigatório a adoção de medidas para que mulheres entrem, permaneçam e evoluam no mercado de trabalho em condições iguais as dos homens.
Ao longo das décadas, a evolução na conquista de direitos femininos fortaleceu o movimento ao redor do mundo, oportunizando a criação de pesquisas e estudos na área. Na PUCRS, desde o ano 2000, existe o Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência (NEPEVI) que, entre outras questões, debate a violência de gênero e estratégias de prevenção. Entre as pesquisas desenvolvidas está o mapeamento da rede de proteção à mulher em situação de violência doméstica; avanços e desafios da Lei Maria da Penha na implementação de políticas públicas; mulheres quilombolas e o acesso às políticas públicas e a violência contra a mulher rural e a rede de proteção social.
Para Patrícia Grossi, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência da Escola de Humanidades da PUCRS, “o NEPEVI identificou uma lacuna no atendimento às mulheres rurais que não possuíam acesso às delegacias, serviços especializados e abrigos. Isso contribuía para que elas permanecessem em situação de violência”. Patrícia destaca também a importância de políticas públicas transversais e com foco na luta contra as desigualdades de gênero, raça, etnia e geração. “Existem mulheres mais vulneráveis à violência, como as negras, as que vivem em territórios isolados, as ribeirinhas, quilombolas, indígenas. Todas elas têm menos acesso a políticas de enfrentamento, por isso é essencial pensarmos em ações que incluam estes grupos”.
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No Brasil, mais da metade da população (57%) é de pessoas negras, segundo o IBGE. Dessas, 29% são mulheres. Mesmo assim, elas não ocupam os melhores lugares. De acordo com o Instituto, as mulheres negras ainda possuem os piores empregos, salários e condições de vida.
Na PUCRS, o Núcleo de Estudos em Cultura Afro-Brasileira e Indígena (NEABI) realiza pesquisas e ações com enfoque na diversidade étnico-racial e na valorização de histórias de comunidades africanas, afro-brasileiras e indígenas. Para Flávia Camila Bernardes, integrante do NEABI e psicóloga supervisora do Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP) da PUCRS, o acesso à educação é um fator determinante para mudar o atual cenário.
“A educação é um meio transformador da sociedade, especialmente com foco nas relações étnico-raciais. Além disso, diferentes ações que contemplem o letramento racial auxiliam no processo de desconstrução dos estereótipos e preconceitos, pois possibilitam adquirir e aprimorar conhecimentos a respeito da temática e promovem conscientização”.
Grupos como o NEABI são uma maneira de fortalecer a representação negra dentro do ambiente acadêmico, oportunizando a criação de ações para essa parcela da população. “Promover atividades, incluindo a comunidade externa em maior vulnerabilidade, contribui para que as mulheres negras possam almejar e concretizar o acesso ao espaço acadêmico. A reserva de vagas e o fortalecimento dessas ações devem garantir a permanência delas no ambiente acadêmico em diferentes níveis, como discentes, docentes e pesquisadoras”, destaca.
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Com a expansão de novas tecnologias e com a alta da demanda de adaptação digital, até 2024 serão criadas cerca de 420 mil novas vagas na área de Tecnologia da Informação (TI), segundo estimativas do Banco Mundial. Apesar do crescimento do mercado, a representatividade das mulheres na área ainda é baixa.
Em 2019, elas correspondiam a apenas 13,3% dos/as estudantes matriculados/as nos cursos de graduação presenciais nas áreas de computação e TI, de acordo com o estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E mesmo com o exemplo de nomes como Ada Lovelace, Mary Kenneth Keller, Margaret Hamilton e Frances Allen, que fizeram história no ramo, até 2017 apenas 20% das pessoas que atuavam na área de computação no Brasil eram mulheres, segundo a plataforma de dados Dataviva.
Para contribuir com a mudança dessa realidade e ampliar a inserção de mulheres nas áreas relacionadas a tecnologia, a PUCRS e a empresa Poatek estão lançando a quinta edição do Programa Mulheres na Computação. A iniciativa oferece cinco bolsas integrais para o ingresso no curso de Bacharelado em Ciência da Computação da Escola Politécnica da PUCRS, além de bolsa-auxílio mensal de R$ 1.200, para cada aluna, durante 18 meses.
A primeira etapa de inscrição para o programa é o registro de interesse, que deve ser feito até o dia 30/9, pelo site do PUCRS Carreiras. Para concorrer às bolsas é necessário possuir renda familiar de até 1,5 salário mínimo por pessoa.
As candidatas passarão por etapas de entrevistas e deverão realizar a prova do Vestibular de Inverno 2022 da PUCRS, no dia 11 de junho. O edital pode ser conferido neste link.
A estudante Morgana Weber foi uma das aprovadas na primeira edição do Programa. Para ela, a oportunidade possibilitou a realização de um sonho. “Foi por meio da iniciativa que pude realizar o sonho de entrar na faculdade em uma área na qual quero seguir”. A estudante também destaca a relevância da ação para a sociedade e para a participação de mais mulheres na TI:
“Por mais que a gente trabalhe e lute para mudar isso, ainda há poucas mulheres na computação e tecnologia da informação. Ações como essa são fundamentais para debatermos essa questão e ampliar a igualdade de gênero”.
Já a estudante Jennifer Bittencourt, que também foi selecionada na primeira edição do Programa, incentiva as estudantes que desejam ingressar na área. “Lembrem-se que o primeiro algoritmo foi escrito por uma mulher. Por isso, não tenham medo de seguir nessa área”.
O Bacharelado em Ciência da Computação na PUCRS oferece uma base sólida dos fundamentos da computação e uma visão profunda de temas como linguagens de programação, sistemas operacionais, redes e sistemas distribuídos, engenharia de software, inteligência computacional, computação gráfica e desenvolvimento de jogos.
A profissional diplomada estará habilitada para atuar na indústria de software e hardware. Também poderá se vincular a projetos de pesquisa, empreender e buscar oportunidades de carreira no exterior.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 tiveram, pela primeira vez, um número de atletas mulheres participando da competição quase igual ao masculino. A edição também foi marcada pela inédita participação de uma atleta transgênero em uma categoria feminina. Celebrado nesta quinta-feira, 23 de junho, o Dia do Atleta Olímpico, foi criado em homenagem à fundação do Comitê Olímpico Internacional, em 1894. A data também tem como objetivo promover o movimento olímpico em todo mundo, incentivando a prática esportiva.
Apesar de, normalmente, o foco das olimpíadas estar voltado às competições, diversas questões sociais permeiam a prática dos esportes. O coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS e presidente do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, que tem sede na Universidade, Nelson Todt, explica a importância dos Jogos para a visibilidade diferentes temas.
“Os Jogos Olímpicos são o maior evento esportivo do mundo e ele reflete todo o contexto social exterior a ele. Com isso, ao abordar questões sociais em um evento de tamanha dimensão, é dada uma atenção maior a essas problemáticas”.
Em uma parceria entre o eMuseu do Esporte, a PUCRS, a UERJ, a Acnur, a Unesco e a Unic Rio, em agosto de 2021 foi lançada a exposição virtual Reflexões Olímpicas e Dignidade Humana, que abordou Jogos Olímpicos e inclusão através do esporte. Confira uma seleção de momentos, realizada pelo professor Todt, nos quais as questões sociais estiveram presentes no evento e saiba mais sobre a exposição virtual.
Os Jogos Olímpicos tiveram seu início na Antiguidade Clássica. Na época, podiam participar apenas cidadãos gregos, ou seja, homens nascidos no território que hoje conhecemos como Grécia. Nesse contexto, além de não poderem participar dos jogos, as mulheres sequer podiam estar presentes na arquibancada. Esquecida por anos, essa competição foi retomada por Pierre de Coubertin, o criador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Sua primeira edição, ocorrida em 1896, na cidade de Atenas, também não permitia a participação feminina. No entanto, mulheres passaram a competir na segunda edição, em 1900.
Apesar disso, apenas em 1991 se tornou obrigatória a inserção de categorias femininas em todas as modalidades esportivas. Na edição posterior a essa determinação, em 1992, menos de três a cada dez atletas eram do gênero feminino. Somente nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a competição passou a ter um patamar próximo da plena igualdade de gênero. Atualmente, as mulheres representam 48,8% dos/as atletas e a expectativa é de que em 2024 a igualdade seja ainda maior.
Em 1968, no pódio da competição de 200 metros rasos, os atletas que conquistaram o ouro e o bronze, Tommie Smith e John Carlos, levantaram os punhos cerrados utilizando uma luva preta durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos. Esse gesto é conhecido como símbolo dos Panteras Negras, movimento afro-americano. Na época, a luta contra a segregação racial nos EUA estava em um dos seus momentos mais críticos, após o assassinato de Martin Luther King Jr. Por conta da manifestação política, que era vedada pelo Comitê Olímpico Internacional, os atletas foram penalizados.
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio houve uma flexibilização dessa proibição. As manifestações políticas não serão passíveis de punição, desde que não aconteçam no pódio ou durante os eventos. Também não é permitida qualquer ação que tenha uma pessoa, país ou organização como evidente alvo. Antes mesmo da abertura oficial, protestos contra o racismo foram realizados nas competições do Futebol Feminino: jogadoras das seleções da Grã-Bretanha, Chile, Estados Unidos, Suécia e Nova Zelândia ajoelharam-se antes do início de suas partidas, um gesto que relembra a morte de George Floyd, ocorrida no ano passado.
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Dora Ratjen representou a Alemanha no salto em distância feminino em 1936. Anos após a competição, ele descobriu sua identidade de gênero masculino ou intersexo. Aos 21 anos, o atleta alterou seu nome para Heinz Ratjen.
Após a carreira no esporte, a polonesa Stella Walsh, medalhista em atletismo nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1932, e nos de Berlim, em 1936, também teve descoberta a identidade de gênero intersexo.
Ratjen e Walsh não foram os únicos casos, outros atletas intersexo competiram em determinado gênero. A questão ainda gera controvérsia no esporte, seja por preconceito ou sob o argumento de que o desequilíbrio hormonal traria vantagens a esses competidores.
Em Tóquio, foi a primeira vez que o Comitê Olímpico Internacional (COI) permitiu a participação de uma atleta transgênero em uma categoria feminina: a halterofilista neozelandesa Laurel Hubbard. A organização determinou que quem fez a transição do sexo masculino para o feminino, e vice-versa, antes da puberdade, poderá competir na categoria desejada, sem restrições. No entanto, aqueles que realizaram a transição após esse período devem cumprir alguns requisitos. No caso de mulheres transgênero, como Laurel, é necessário comprovar que o nível de testosterona em seu sangue permaneceu inferior a 10 nanomol/litro por ao menos 12 meses antes de sua primeira competição e durante todo o período em que estão competindo.
O Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos, coordenado pelo professor Todt, realiza, em seu canal no YouTube, as Reflexões Olímpicas, que buscam discutir questões diversas acerca do olimpismo. Alguns assuntos abordados foram LGBTQIA+, liberdade de expressão e gênero.
Além disso, a exposição do eMuseu do Esporte conta com galerias e exposições em 3D, com entrevistas com diversas personalidades e especialistas das áreas de filosofia e estudos olímpicos. A exposição aborda os temas: Esporte e Valores, Intersexualidade, Refugiados e Liberdade de Expressão. A exposição usa como cenário os Jogos Olímpicos e Paralímpicos para tratar temas sociais, humanos e esportivos e a curadoria foi realizada pelos professores Nelson Todt, do curso de Educação Física da PUCRS, e Lamartine da Costa, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
A iniciativa é do eMuseu do Esporte, em parceria com o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin (CBPC), com apoio institucional do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), em cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
É possível visitar a exposição a partir da data de lançamento acessando o site do eMuseu do Esporte.
Nesta quinta-feira, 26 de agosto, é o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A data reforça a necessidade de se debater esse tema e a importância de ações efetivas para que a igualdade e a equidade de gênero possam serem alcançadas. Ao longo do tempo, mulheres conquistaram inúmeros avanços, desde o direito ao voto, na década de 1930, até a Lei do Feminicídio, em 2015. No entanto, além de ambas serem datas recentes se comparadas à história da humanidade, a disparidade entre homens e mulheres ainda é evidente na sociedade.
Para refletir sobre essa data, uma das pesquisadoras mais influentes do Brasil, Patrícia Grossi, que estuda violência de gênero e políticas públicas e atualmente é professora da Escola de Humanidades da PUCRS, preparou cinco dicas de livros e de filmes que abordam questões de gênero, confira!
Uma das lutas mais marcantes pela igualdade de gênero da história se deu através do movimento sufragista do século 20. Esse filme conta a história de Maud Watts, interpretada por Carey Mulligan, uma mulher inglesa sem formação política que passa a cooperar com o movimento, cujo objetivo é a conquista do direito ao voto feminino. Para isso, ela enfrenta a pressão imposta pela polícia e por seus familiares, os quais querem que ela retorne para casa, onde seria sujeita à opressão masculina. No entanto, ela decide realizar certos sacrifícios em busca da igualdade de direitos.
Estrelado por Julia Roberts, esse drama romântico conta a história de Katherine Watson, uma professora que, na década de 1950, é contratada para lecionar História da Arte em uma escola feminina tradicional, a Wellesley College, onde garotas consideradas brilhantes são educadas para serem esposas cultas e mães responsáveis. Entretanto, Watson discorda desse pensamento e enfrenta tanto a administração da escola quanto as próprias estudantes para abrir a mente das alunas. Seu desafio é fazer com que elas assumam sua identidade cultural como ser social e histórico.
Dirigido por Tim Burton, é um drama biográfico que aborda a vida da artista Margaret Keane. Ela e seu marido, Walter, ficaram conhecidos nas décadas de 1950 e 1960 por pintarem retratos de mulheres e crianças com olhos grandes. A mulher era a verdadeira responsável pelas obras, mas era Walter quem recebia os créditos por elas. Em 1970, Margaret assumiu a autoria das artes durante um programa de rádio, o que culminou em uma grande disputa entre o casal, resultando em uma batalha judicial.
Nessa obra, a escritora nigeriana relembra a primeira vez que foi chamada de feminista. Durante uma discussão com seu amigo de infância, a palavra foi utilizada de maneira depreciativa. Apesar disso, Chimamanda abraçou o termo e começou a se autodenominar como “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”. Neste ensaio, a autora parte de sua experiência pessoal para mostrar que ainda há muito trabalho para que a igualdade de gênero seja alcançada.
Ela considera que para atingir essa igualdade é necessário que homens e mulheres atuem de forma conjunta, pois é algo que beneficiará ambos os gêneros, uma vez que meninas poderão assumir sua identidade, ignorando a expectativa alheia, enquanto os meninos poderão crescer livres, sem ter que se enquadrar em estereótipos de masculinidade.
Neste livro a renomada escritora aborda não apenas a luta feminista, mas também a anticapitalista, a antirracista e a antiescravagista. Davis acredita que as questões de gênero são permeadas por interseccionalidades, as quais não podem ficar de fora dos debates. Ela sai do ponto de vista das mulheres brancas e dá centralidade ao papel das mulheres negras na luta contra as explorações que se perpetuam no presente, relembrando diferentes momentos da história dos Estados Unidos.
Apesar de não ser uma obra pensada para a realidade brasileira, ainda assim é uma leitura importante, visto que o País por muito tempo ressaltou e ainda repete o mito da democracia racial, além de ser um dos mais desiguais do mundo. Basta observar que a maior parte da população que não possui trabalho ou que está subocupada é racializada e que negros além de serem mais vítimas de homicídios, em relação a brancos, são maioria no sistema carcerário, como demonstrado pela Agência Lupa, em reportagem que usa como base dados do IBGE.
Dados do Female Founders Report, da comunidade de startups brasileira, Distrito, mostram que apenas 9,8% das startups são fundadas ou cofundadas por mulheres, e muitos destes negócios não ultrapassam o estágio inicial por encontrarem dificuldades no processo de validação. Para auxiliar na transformação dessa realidade, o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), com apoio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), desenvolveu o programa Women on the Road, que acontecerá no segundo semestre de 2021.
O propósito da iniciativa é promover o desenvolvimento de startups em estágio inicial que sejam fundadas ou cofundadas por mulheres, além de sensibilizar futuras empreendedoras. O Women on the Road deve provocar conexões que poderão gerar oportunidades de negócio entre empreendedoras do ecossistema.
Para o superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, Jorge Audy, iniciativas como esta são um investimento no futuro da região: “A capacitação de profissionais nas áreas de tecnologia e de empreendedorismo para mulheres é uma ação estratégica para o desenvolvimento de nosso estado”.
Já Leandro Pompermaier, líder do Tecnopuc Startups, explica o propósito do Tecnopuc com o programa:
“Explorar o potencial de liderança, trabalho em equipe, inovação e solução de problemas. O Women on the Road nasce conhecendo o potencial de executivas e empreendedoras mulheres pois acreditamos que a diversidade nos negócios traduz em negócios melhores, mais robustos e é um ativo com potencial de gerar impactos socioeconômicos positivos”
Saiba como funcionará o programa para startups fundadas por mulheres
O Women on the Road será dividido em três momentos: awareness, women warm-up e women on the road.
Para participar, as equipes devem ser formadas por, no mínimo, duas empreendedoras, 75% da equipe precisa ser composta por mulheres e a solução inovadora proposta deve ter base tecnológica. A startup deve ser fundada ou cofundada por mulheres.
Interessadas em participar do programa podem se inscrever pelo site Sympla.
Outras iniciativas do Tecnopuc para mulheres
Flávia Fiorin, Gestora de Operações e Empreendedorismo do Tecnopuc, relembra algumas das ações recentes do Parque: o Women in Tech, em parceria com a HP, e o Conexão Rio-POA [Delas], em parceria com a UFRJ, mostram a responsabilidade e o compromisso que o Tecnopuc tem com a formação e com a conexão de mulheres empreendedoras. Tudo isso demonstra o compromisso em auxiliar startups que tem mulheres como fundadoras a concretizar seus negócios e, dessa forma, transformar a realidade em que pessoas do gênero feminino são minorias na liderança de empresas.
“Estamos muito felizes em contar com o BRDE para impactar a trajetória profissional de muitas mulheres. Além de auxiliar na formação, o ecossistema cria e fortalece uma rede de apoio e de crescimento para que o impacto no mercado seja real. É um movimento que busca auxiliar na transformação do dado que revela o baixo número de startups lideradas por mulheres. Queremos mudar isso através da ação, da conexão e da formação”, sintetiza Flavia.
Hoje, no Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, separamos algumas dicas de livros escritos por pesquisadoras da PUCRS que atuam em diferentes áreas. Desde 2015, o dia 11 de fevereiro simboliza a luta e a reinvindicação por igualdade e equidade de gênero na ciência, inspirando o debate em setores anteriormente predominantemente masculinos.
Na PUCRS, pesquisadoras se dedicam a investigar e criar novas soluções em áreas distintas. Confira sugestões de obras elaboradas por elas e que estão disponíveis para venda no site da ediPUCRS, a editora da Universidade:
1. Juventudes, violências e políticas públicas
Para combater a mortalidade de jovens, é preciso efetivar políticas públicas que fortaleçam projetos de vida de adolescentes em situação de vulnerabilidade e permitam destacar seus potenciais. A obra evidencia dois dos infinitos componentes da violência sofrida pela juventude brasileira: a violência negativa de direitos e a violência simbólica, permeada pelas representações sociais e pelos estigmas depreciativos da condição adolescente, sobretudo quando vinculada à pobreza.
Por Beatriz Gershenson, Giovane Antonio Scherer, Lisélen de Freitas Avila e Patrícia Krieger Grossi.
Reúne poemas, listas, contos e fragmentos de autoras e autores que confessam ou inventam pretextos que os mantêm no limbo da página em branco na tentativa de entender, como dizia Salvador Dalí, “a doce angústia criativa”.
Por Ángela Cuartas, Geysiane Andrade, Harini Kanesiro, Juliana Maffeis, Manuela Furtado, Márcia Bastilho e Vitória Vozniak. Todas são doutorandas do Programa de Pós-Graduação em Letras da Escola de Humanidades.
3. As Imagens na História: o cinema e a fotografia nos séculos 20 e 21
As imagens ocupam um lugar central na produção da cultura visual nos séculos 20 e 21. Nas últimas décadas do século 20, se intensificaram os debates sobre a importância da imagem como fonte/objeto e a linguagem visual como forma de (re)construção e (re)formulação do mundo social. Neste livro, são analisados os múltiplos usos da imagem no mundo contemporâneo.
Por Beatriz de las Heras e Tatyana de Amaral Maia.
4. Avaliação psicológica no contexto contemporâneo
Com o objetivo de ampliar os horizontes da avaliação psicológica, a obra discute sua aplicação e seus aspectos éticos e dinâmicos nos diferentes contextos desse vasto campo de atuação. Traz análises da área da oncologia, da pesquisa científica, entre outros, além de tratar sobre espiritualidade e tecnologia.
Por Daiana Meregalli, Manuela Polidoro Lima, Mariana Balem Yates, Schutz, Tatiana Quarti Irigaray e Valéria Gonzatti.
5. A reforma trabalhista simplificada
Se pauta na simplicidade, com a finalidade de facilitar a compreensão da Reforma Trabalhista a qualquer cidadão e evitando a parcialidade, com comentários breves e diretos sobre cada alteração. O conteúdo está organizado em duas grandes partes: direito material e direito processual do trabalho. Ao final, conta com a Lei da Reforma Trabalhista, possibilitando a conferência dos textos.
Por Denise Fincato e Gilberto Stürmer.
Durante a pandemia provocada pela Covid-19, a ciência e as pesquisas demonstraram ainda mais sua relevância, não apenas para o desenvolvimento de vacinas, mas contribuindo para a sociedade em diferentes áreas. Na PUCRS, 144 professoras também atuam como pesquisadoras. Saiba mais sobre a atuação dessas profissionais em prol da comunidade em busca de soluções no combate ao coronavírus.
O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência foi criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela ONU Mulheres como forma de promover a conscientização sobre o tema e ampliar o acesso de pessoas diversas na área.
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