Quatro professores da PUCRS participam da série Guaíba, onde as águas se encontram, gravada em 2018 e que será lançada na noite de hoje. Ao longo de seus 13 episódios, cada um com 26 minutos de duração, é contada a história de formação do Guaíba, sua evolução e a transformação das cidades ao seu entorno. Além disso, há uma atenção especial à necessidade de preservar a biodiversidade, além de políticas públicas que privilegiem a sustentabilidade ecológica de todos que vivem nessa região.
Para isso, foram coletados depoimentos de importantes pesquisadores de diversas áreas, entre eles os docentes Edison Hüttner, Luciano Zasso e Klaus Hilbert, da Escola de Humanidades; e Marcos Brandalise da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Com isso, a Universidade pôde oferecer conhecimentos em história, arqueologia, geografia e biologia, colaborando com a difusão do conhecimento.
Para o professor Hüttner, “o estuário do Guaíba, onde as águas se encontram, revela antigas lembranças de barcos e tripulantes, dos peixes, de ilhas e da formação das cidades. São águas que nutrem nossa cultura e história. As filmagens e os depoimentos da série trazem a esperança de preservar todas essas histórias, além das águas e de sua biodiversidade”.
O professor Luciano Zasso, por sua vez, conta que “a série reúne um conjunto de elementos que oportunizam ao público conhecer de maneira mais ampla e aprofundada esse valoroso manancial lacustre e seus diferentes aspectos de cunho geoambiental, social, histórico, econômico, entre tantos outros”. Ele destaca, ainda, que espera que essa produção “possa aproximar a população ao Guaíba no sentido de trazer conhecimento para que possamos nos envolver cada vez mais com esse ambiente de relevada importância e para que a população tenha condições de fazer uso responsável e sustentável deste riquíssimo ecossistema”.
A série foi produzida por Carmem Curval, com direção de Pedro Zimmermann e pesquisa de Cristiano Goldschmidt, que foi responsável pelos depoimentos. Segundo ele, a participação dos pesquisadores foi fundamental para a produção, já que contribuíram com seus conhecimentos para que o projeto se concretizasse.
A produção será lançada nesta sexta-feira, 16/7, às 22h, na Fish TV (canal 58 da NET e da TV Claro e 162 da SKY).
Devido ao esgotamento das jazidas de mineração de areia do rio Jacuí, o lago Guaíba tem sido apresentado como alternativa para a mineração de areia para a construção civil, o que pode representar em mais uma fonte de impacto para o manancial de água que beira a cidade de Porto Alegre. Em função de estudos já desenvolvidos pela PUCRS, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) contratou a Universidade para a elaboração de um laudo sobre os potenciais impactos da atividade de mineração de areia sobre a fauna aquática do Guaíba. Esse levantamento está sendo conduzido pelo Instituto do Meio Ambiente da PUCRS (IMA), que irá colaborar com o licenciamento ambiental conduzido pela Fepam.
Por ter uma importância estratégica para a sociedade gaúcha, desde 2012, a PUCRS vem desenvolvendo estudos no lago. A iniciativa começou com um projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que foi dividido em dois subprojetos independentes. O primeiro, intitulado Diagnóstico da pesca da tainha e do bagre-marinho na região límnica da Laguna dos Patos, resultou em uma tese de doutorado e artigo publicado no Journal of Fish Biology. O segundo subprojeto, denominado Modelagem do padrão de ocupação de habitat de espécies dominantes da ictiofauna do Lago Guaíba, objetivou o estudo de padrões temporais e espaciais de ocupação de hábitat de espécies dominantes da fauna de peixes.Durante dois anos foram realizadas 59 amostragens contemplando os diferentes hábitats do Guaíba, como pontos de conexão com rios e arroios, assim como toda a superfície do lago. Os dados oportunizaram a elaboração de duas teses de doutorado e um artigo publicado recentemente na revista Frontiers in Marine Biology.
A partir destes estudos, um laudo, que será apresentado em forma de livro impresso e eletrônico, deverá estar pronto até o final de 2019. “O lago Guaíba é de grande importância por sua rica biodiversidade e pelos vários tipos de hábitats compreendidos em sua extensão. Devido ao conjunto de impactos impostos ao lago e o aumento dos centros urbanos às margens deste ambiente, é imprescindível a caracterização do perfil atual deste ecossistema para a aplicação de medidas eficazes de conservação”, comenta o diretor do IMA, Nelson Fontoura.
O lago Guaíba se constitui como o principal manancial de abastecimento da capital gaúcha. Mesmo assim, recebe uma carga poluidora de várias naturezas, incluindo esgotos domésticos in natura, efluentes industriais e contaminação decorrente de atividades agrícolas.