Os super-heróis de histórias em quadrinhos (HQs) historicamente são representativos para a sociedade. Ao longo dos anos, personagens como Batman, Mulher Maravilha e Hulk capturaram a imaginação das pessoas e se tornaram ícones da cultura pop em todo o mundo. Presentes em filmes, séries, brinquedos e livros, suas narrativas transcendem fronteiras geográficas e barreiras linguísticas, unindo fãs de todas as idades e origens.
Conforme explica o pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação PUCRS, Gelson Weschenfelder, as HQs tornaram-se referência na formação de opiniões, pois de maneira acessível e perspicaz colocam em debate as questões fundamentais das relações sociais e os valores morais com os quais todas as pessoas se defrontam no dia a dia. O pesquisador cita personagens como o Homem-Aranha como exemplo para abordar questões como responsabilidade, ética e os desafios de conciliar uma vida pessoal com o dever de proteger os inocentes, afinal “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”.
Desde sua graduação em Filosofia, Weschenfelder – que nas redes sociais se identifica como “Filósofo dos Quadrinhos –, notou o potencial pedagógico das histórias em quadrinhos, dedicando então sua trajetória acadêmica de mais de 20 anos em pesquisar e aplicar os super-heróis das histórias em quadrinhos como recursos para a promoção de resiliência para crianças e adolescentes em situação de risco. Reconhecido com o 29º Prêmio de Jovem Cientista da CNPq, o pesquisador desenvolve projetos com Super-heróis em sala de aula, onde procura aproximar os jovens estudantes das questões filosóficas e de autores clássicos da filosofia como Aristótoles, Spinoza e Kant.
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“Mais do que diversão, as histórias desses super-heróis introduzem e abordam de forma vívida importantes questões enfrentadas no cotidiano de pessoas comuns. São temas ligados à superação de adversidades, construção de identidade pessoal, elementos de ética, moral, justiça, enfrentamento de medos, de situações de violência, entre outros”, destaca o pesquisador.
Criados há mais de 80 anos, os super-heróis das histórias em quadrinhos vêm, desde o seu surgimento, conquistando fãs de todas as idades. De acordo com Weschenfelder, o gênero de superaventura nasceu em 1938 no lançamento da revista Action Comics, que trouxe a história do Super-Homem, criado pelos adolescentes Joe Schuster e Jerry Siegel. Logo depois surgiu Batman, a Mulher Maravilha e Capitão América. Desta forma, a partir daí esses super-heróis começaram a ocupar um espaço cada vez maior desde o início deste século.
Para introduzir as questões éticas e morais em sala de aula, o pós-doutorando questiona seus alunos a partir da pergunta “O que o herói faria?”, a partir da metodologia intitulada Pré-Capa, Pré-Máscara, em que aborda as ações que fizeram de fato aquele personagem ser reconhecido como um verdadeiro herói. O pesquisador explica que 97% dos heróis passaram por adversidades na vida, tornando-se exemplos claros de resiliência e superação com suas histórias de vida para jovens e adultos se inspirarem contra as dificuldades no seu dia a dia.
A partir de suas pesquisas, Gelson propõe oficinas e intervenções didáticas em escolas de Canoas em parceria com a Secretaria da Educação, apresentando heróis da atualidade, da mitologia e da cultura pop em sala de aula, desafiando os alunos a criarem suas próprias histórias em quadrinhos a partir de suas realidades. Como personagens principais em suas histórias, os jovens desenvolvem a criatividade para criar os desenhos e a capacidade de refletir sobre a situação em que estão inseridos.
“As histórias dos super-heróis estimulam as crianças e adolescentes a encarar seus medos e enfrentar desafios. Mais do que exemplos de força e coragem, estes personagens são modelos morais. Há uma necessidade de uma educação moral para os jovens, pois muitas vezes crianças e adolescentes buscam apoio emocionais e psicológicos enquanto vivem sob circunstâncias adversas”, finaliza o pesquisador.
Fã de história em quadrinhos desde sua infância, Gelson Weschenfelder possui hoje uma coleção de 8 mil quadrinhos catalogados em sua gibioteca (biblioteca de quadrinhos). Realizou seu mestrado e doutorado abordando aspectos educativos das histórias em quadrinhos de super-heróis e sua importância na formação da consciência moral, na perspectiva da ética aristotélica das virtudes.
Supervisionado atualmente pelo professor e pesquisador da Escola de Humanidades Alexandre Anselmo Guilherme, o pós-doutorando amplia suas pesquisas no tema sobre as histórias em quadrinhos de superaventura como recursos para competências socioemocionais uma proposta de formação docente. Autor dos livros Filosofando com os Super-Heróis (Editora Mediação), Homens de Aço? Os Super-Heróis como tutores de resiliência (Appris Editora), Aristóteles e os super-heróis (EducaPop) e Vamos Usar quadrinhos em Sala de Aula? Os super-heróis invadem a escola (editora Fi).
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Desde 1988, a Editora Universitária da PUCRS (ediPUCRS) apresenta publicações de excelência científica, cultural, social, literária ou didática em diferentes áreas do conhecimento. Dentre seus títulos estão 20 periódicos científicos, em mídia eletrônica, que seguem os princípios recomendados pela Committee on Publication Ethics (COPE) e são de livre acesso à sociedade através do Portal de Periódicos da PUCRS.
A ediPUCRS tem como objetivo publicar obras sobre temas contemporâneos e/ou resultantes de pesquisas acadêmicas, com caráter de divulgação científica, de todas as áreas do conhecimento. Como o livro “Comunicação, infância e imaginário”, da professora Juliana Tonin, apresentado durante a 68ª Feira do Livro de Porto Alegre. Os periódicos contam com o Digital Object Identifier (DOI), código identificador importante para maior inserção, disseminação e divulgação dos periódicos.
Conheça alguns dos periódicos nas áreas de Filosofia, História, Ciências Sociais, Serviços Sociais e Educação:
Caderno Marista de Educação: O Caderno Marista de Educação é um periódico científico da Gerência Educacional e está vinculado à Escola de Humanidades da PUCRS. Tem como principal foco promover a discussão de temáticas relacionadas à Educação Básica, a saber: formação de professores, currículo, aprendizagem, gestão escolar, tecnologias, inclusão, metodologias e políticas educacionais, bem como outras temáticas que envolvam a educação básica. Editor(a): Ederson Luiz Locatelli.
Civitas: revista de Ciências Sociais: é um periódico do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS, editado sob a direção da Edipucrs. A Revista publica artigos inéditos em Ciências Sociais que contribuam para o aprimoramento teórico, metodológico e/ou empírico da área. Editor(a): André Ricardo Salata e Fernanda Bittencourt Ribeiro.
Conversas & Controvérsias: Conversas e Controvérsias é um periódico semestral do curso de graduação e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS, editado sob a direção da Edipucrs. Voltada para a produção científica discente, a revista publica artigos inéditos em Ciências Sociais de autoria de graduandos que contribuam para o aprimoramento teórico, metodológico e/ou empírico da área. Editor(a): Augusto Neftali C. de Oliveira.
Educação: A Revista Educação veicula textos relativos à área da Educação, sendo publicados artigos originais, resenhas de artigos, relatos de casos e entrevistas nos idiomas português, espanhol e inglês, do Programa de Pós-Graduação em Educação. Editora: Andréia Mendes dos Santos.
Educação Por Escrito: A revista Educação por Escrito, criada em 2010, é a revista científica discente do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS. Nela constam artigos originais, resenhas de artigos, relatos de casos, relatos de experiências e entrevistas na área de Educação. Editor: Alexandre Anselmo Guilherme.
Estudos Ibero-Americanos: A revista Estudos Ibero-Americanos (EIA) publica textos relativos à área de História, mas a publicação também aceita contribuições relevantes de outras áreas das Ciências Humanas, como Filosofia, Ciências Sociais e História da Educação. Editores: Luciana Murari e Tatyana de Amaral Maia.
Intuitio: A Intuitio é uma revista científica discente do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Escola de Humanidades da PUCRS. São publicados textos relativos à área de Filosofia, abordando como principais temáticas Ética e Filosofia Política, bem como Metafísica e Epistemologia. Editor: Fabio Caprio Leite de Castro.
Oficina do Historiador: A Oficina do Historiador, instituída em 2009, é a revista discente do Programa de Pós-Graduação em História da Escola de Humanidades da PUCRS. São publicados textos originais relativos à área de História, estando aberta também para contribuições relevantes de outras áreas das Ciências Humanas, produzidos por pesquisadoras/es graduadas/os e pós-graduadas/os, na forma de artigos, resenhas de livros e entrevistas. Editora: Marlise Regina Meyrer.
Revista FAMECOS: A Revista Famecos: Mídia, Cultura e Tecnologia, criada em 1994, é a revista científica oficial do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Escola de Comunicação, Arte e Design da PUCRS. Publica textos relativos à área de Comunicação Social, nos temas do Jornalismo, Cinema, Imaginário, Cibercultura, Audiovisual, Mídia e Cultura, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Comunicação Social, Comunicação Empresarial e Design. EditorA: Beatriz Corrêa Pires Dornelles.
Teocomunicação: A Teocomunicação, instituída em 1970, é a revista científica do Programa de Pós-Graduação em Teologia da Escola de Humanidades da PUCRS. A revista apresenta textos relativos à área de Teologia e outras produções científicas relevantes para essa área do conhecimento, sendo publicados artigos originais, resenhas e recensões de livros. Editor(a): Tiago de Fraga Gomes.
Textos & Contextos (Porto Alegre): A Textos & Contextos, instituída em 2002, é uma revista científica do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) da Escola de Humanidades da PUCRS. Suas publicações contêm textos relativos à área de Serviço Social, mas também está aberta para contribuições relevantes de outras áreas das Ciências Humanas e Sociais, sendo publicados artigos originais e relatos de casos. Editora: Jane Cruz Prates.
Veritas (Porto Alegre): A Veritas, criada em 1955, é o periódico científico oficial do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Escola de Humanidades da PUCRS. O escopo do periódico consiste em publicar artigos científicos relativos à área de Filosofia, segundo a temática do respectivo número, e conteúdos interdisciplinares, recebendo artigos originais, resenhas, traduções e entrevistas. Editor(a): Nythamar Fernandes de Oliveira.
Sem pesquisa não há como produzir conhecimento e realizar trabalhos de qualidade. Mas talvez o principal senso comum quando se pensa em ciência ou tecnologia é associar esses temas às áreas de exatas, como matemática e física, por exemplo. Porém, quando se trata de estudos mais subjetivos e igualmente complexos que impactam a vida em sociedade, profissionais de diferentes áreas das Humanidades entram em cena.
Durante a pandemia do coronavírus pesquisadores e pesquisadoras da Escola de Humanidades da PUCRS têm atuado em iniciativas para ajudar a comunidade. Para quem compartilha do mesmo propósito e quer aprofundar o conhecimento sobre as diferentes dimensões da humanidade, diferentes PPGs incentivam estudantes a examinar os mais diversos aspectos da realidade contemporânea, como: crise, democracia, tolerância e intolerância a populações minorizadas, novas relações de trabalho, empreendedorismo e desenvolvimento sustentável, entre outros.
Os cursos de mestrado e doutorado estão com inscrições abertas até o dia 18 de junho. Os Programas de Pós-Graduação (PPGs) com vagas disponíveis são Filosofia, História, Letras e Teologia.
“Desde pequeno eu queria estudar línguas. Conhecer novos idiomas e culturas sempre foi uma atividade prazerosa para mim. Quando ingressei no curso, um dos aspectos que mais me chamou a atenção foi a variedade das áreas de estudo”, conta Anderson Smidarle, doutorando em Linguística, no PPG em Letras, pela PUCRS.
Para Smidarle um dos principais aprendizados do mestrado e do doutorado foi o de como identificar e abordar as lacunas observadas na ciência. “Durante a minha formação, aprendi a analisar criticamente os motivos que levaram a tais lacunas e a propor soluções fundamentadas em evidências empíricas e científicas, além de conduzir estudos interdisciplinares e conciliar diferentes teorias”.
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Lives promovidas pela PUCRS Cultura, ao mesmo tempo em que são desenvolvidos dois murais em grande escala na Universidade, buscam problematizar as diferentes formas de escrever as demandas do novo humanismo em tempos desafiadores.
Trata-se de um ciclo de debates transdisciplinar com especialistas da Filosofia, Antropologia, História, Geografia e Literatura. Com esses convidados e convidadas, queremos refletir sobre a pergunta: Quais foram as grafias do humanismo moderno e quais são os contornos do novo humanismo?
Gersem Baniwa é indígena do povo Baniwa, de São Gabriel da Cachoeira (AM), graduado em Filosofia pela UFAM e mestre em Antropologia Social pela UnB. É coordenador geral de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do MEC, diretor-presidente do Centro Indígena de Estudos e Pesquisa e professor do curso de Licenciatura Específica em Formação de Professores Indígenas da UFAM.
Aline Fay é coordenadora do curso de graduação em Letras Inglês da PUCRS, professora coordenadora do LAPREN Inglês/Português e professora adjunta da Escola de Humanidades. É pesquisadora colaboradora no projeto ACERTA e Neuroeducação no INSCER. Integra o grupo de professores nos cursos de pós-graduação em Gestão da Educação, Docência no Ensino Superior (EAD) e Psicopedagogia.
Norman Roland Madarasz é professor Adjunto do PPG em Filosofia e do PPG em Letras na PUCRS, onde desenvolve pesquisa no campo da Filosofia francesa contemporânea, na literatura francesa e nos estudos de gênero. Entre suas publicações, destaca-se a autoria de cinco livros, a edição e tradução de três livros de Alain Badiou para o inglês.
Antônio de Ruggiero é professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS e Docente do Curso de Graduação em História. Os seus estudos têm ênfase em história política italiana (sec. XIX e XX) e história socioeconômica. É membro da Associação Internacional AREIA (Audioarchivio delle migrazioni tra Europa e América Latina) e da ABHO (Associação Brasileira de História Oral) e pesquisador na Rede Internacional de estudos de língua, história e cultura italiana.
Charles Monteiro é professor Adjunto em História na PUCRS atuando nos Programas de Pós-Graduação em História e Letras (Escrita Criativa). É pós-doutor em História Social e Cultural da Arte pela Sorbonne e autor de vários livros sobre História Urbana e de artigos sobre História, Fotografia e Cultura Visual.
Marcia Andrea Schmidt da Silva é professora na Escola de Humanidades da PUCRS e doutoranda em Ensino da Geografia na UFRGS. Tem experiência na área de Educação básica, com ênfase em Educação Popular e de Adultos, e em gestão de instituições educacionais, como diretora do Colégio Leonardo da Vinci – Beta e atualmente coordenadora e elaboradora do curso PUCRS ONLINE – A Moderna Educação.
Fernanda Bastos é jornalista, escritora e servidora pública estadual. É mestra em Comunicação e Informação (UFRGS) e possui graduação em Letras pela UFRGS. Autora de Dessa Cor (Figura de Linguagem, 2018) e eu vou piorar (Figura de Linguagem, 2020).
Michel Yakini é escritor, produtor cultural e arte-educador. Autor de Acorde um Verso, Crônicas de um Peladeiro e do romance Amanhã quero ser Vento (indicado pelo Suplemento Pernambuco como um dos melhores lançamentos literários de 2018).
Altair Martins é professor da PUCRS, tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, atuando principalmente nos seguintes temas: escrita criativa, criação literária e literatura brasileira. Como escritor, publicou, entre outros, A parede no escuro (2008), Enquanto água (2012) e Os donos do inverno (2019).
Em 2021, daqui a poucos dias, completam-se os trezentos anos do surgimento da primeira fábrica no mundo ocidental. Situada em Derby, na Inglaterra, a Derby Silk Mill demarca o início da construção do mundo moderno. Segundo Paul J Crutzen e Eugene Stoermer, vivemos, desde o final do século XVIII, a era do Antropoceno no qual os crescentes impactos das atividades humanas na terra e na atmosfera se fazem notar em escalas globais.
Os impactos das atividades humanas vão continuar por longos períodos. Segundo um estudo de Berger e Loutre, devido às emissões de CO2 antropogênicas, o clima pode se afastar significativamente de seu comportamento natural ao longo dos próximos 50.000 anos.
Diante à crítica da modernidade, cabe a pergunta: quais são os novos paradigmas para um novo humanismo do século XXI? Como poderemos transformar esse processo de destruição numa paralaxe humanista na qual a diversidade, a alteridade, a leveza, a empatia, a ecologia e a democracia estejam na pauta de um discurso de conciliação do habitar-juntos e do viver-juntos. Refundar o humanismo talvez seja uma forma de reconstruir uma maneira de partilhar a realidade com a natureza, as diferentes agendas identitárias, as epistemologias do afeto.
Ser professor ou professora é escrever o futuro. Na PUCRS são oferecidas possibilidades em diferentes áreas do conhecimento para quem sonha em atuar na formação de profissionais das próximas gerações. Além disso, cursos de licenciatura têm 40% de desconto nas mensalidades. Inscreva-se para o Vestibular 2021 neste link ou aproveite sua nota do Enem para estudar na PUCRS.
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Além disso, a PUCRS possuiu estrutura completa e docentes que são referência no mercado. Segundo diferentes rankings, é uma das melhores Universidades do País e referência internacional, sendo destaque inclusive no Guia do Estudante, com 47 cursos com as melhores notas.
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Quando se pensa em filosofia, é comum a quem não é da área ter dificuldade em associar os estudos às atividades práticas do dia a dia, entendendo o filosofar como algo muito restrito ao mundo das ideias. Mas a verdade é que o tema se conecta com inúmeras outras questões em pesquisas e na atuação no mercado de trabalho. E tanto para quem deseja seguir carreira na pesquisa, na docência ou em atividades de consultoria, cursar mestrado ou doutorado na área pode ser uma grande oportunidade para aprofundar o conhecimento.
O Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCRS, vinculado à Escola de Humanidades, é um dos mais experientes do Brasil e se consolida em padrões internacionais de qualidade. Com inscrições abertas para mestrado e doutorado até o dia 30 de outubro, possui avaliação 6 no conceito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e conta com duas áreas de concentração: Metafísica e Epistemologia e Ética e Filosofia Política, ambas com diferentes linhas de pesquisa.
Segundo o coordenador do PPG, professor Agemir Bavaresco, alunos e professores se dedicam a pesquisas sobre temas e problemas clássicos da filosofia que são atualizados e relacionados a questões emergentes de nossos cenários regionais, nacionais e internacionais:
“Desenvolvemos a conexão com a pesquisa, a produção e a publicação filosófica, formando profissionais com perfil interdisciplinar, empreendedor e estratégico para atender às demandas da sociedade”.
Bavaresco aponta três indicadores que comprovam a relevância do PPG em Filosofia: formação de pessoas, impacto na sociedade e internacionalização. Em relação ao primeiro, o coordenador aponta o fluxo de formação de mestres e doutores que encontram seu espaço no mercado de trabalho tanto em assessorias, gestão e participação em equipes éticas quanto como docentes em instituições por todo o Brasil.
No que diz respeito ao impacto na sociedade, a formação tem um importante papel por meio do apoio a políticas afirmativas com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas; da inserção de docentes em projetos que envolvem o ensino da filosofia, atuando na melhoria dos ensinos fundamental e médio; e da participação dos pesquisadores em iniciativas multidisciplinares e de impacto artístico-cultural.
E, por fim, o programa incentiva a internacionalização de alunos e professores, participando de projetos e acordos de cooperação e intercâmbio internacional de pesquisa e docência, bem como organizando eventos promovidos por instituições internacionais e integrando programas de mobilidade estudantil, como doutorado-sanduíche e estágios de curta duração.
Um ponto relevante destacado por Bavaresco é o fato de o ecossistema de pesquisa e pós-graduação da PUCRS promover o esforço multidisciplinar para a busca de soluções para as demandas da sociedade. Segundo ele, toda a estrutura da Universidade, com seus institutos, centros e grupos de pesquisa, possibilita a formação de redes e de parcerias institucionais, resultando em profissionais altamente qualificados e capacitados a tratar de temas estratégicos para o País.
Por meio do corpo docente, dos equipamentos e das estruturas disponíveis e do apoio às iniciativas de pesquisa, inovação e empreendedorismo, o PPG em Filosofia forma profissionais em uma abordagem interdisciplinar.
“Nossos egressos são preparados para atuar na docência, na pesquisa, em atividades de consultoria e em empresas públicas e privadas, como centros de bioética, biotecnologia, estudos ambientais, computação, políticas públicas, ética empresarial, ciências cognitivas e outras áreas de interface com a Filosofia Teórica e a Ética Aplicada”, conclui o coordenador.
Uma das pesquisas atualmente em andamento dentro do Programa de Pós-Graduação em Filosofia que comprova o caráter multidisciplinar do PPG está desenvolvendo um diálogo entre a tradição fenomenológica e a psicanálise. Conforme o coordenador do estudo, professor Fabio Capio Leite de Castro, os objetivos centrais são desenvolver uma perspectiva fenomenológico-existencial que possa oferecer uma resposta sobre a crise do pensamento contemporâneo e uma metodologia de abordagem da crise da sociedade contemporânea através de fenômenos como patologias como a depressão.
A necessidade de uma pesquisa na área surge a partir da previsão da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que a depressão se tornará neste ano a principal patologia incapacitante para o trabalho. Castro explica que há algo no modo como se adoece psiquicamente no mundo contemporâneo que expressa um modelo de sociabilidade e cultura no qual estamos inseridos. Por isso, uma fenomenologia da depressão e da aceleração, com um aprofundamento do tema do mundo da vida, mostra-se essencial para compreendermos a realidade de nosso tempo:
“E isso surge em contraponto a uma concepção errônea de ser humano, atualmente tão propagada, cujas bases derivam do individualismo, do naturalismo, do neurocentrismo e das tecnologias de inteligência artificial”.
O estudo já resultou em um evento sobre a temática Filosofia e Psicanálise no último ano e em publicações no Brasil e na França. “Nos últimos anos, além do seminário de Fenomenologia e Hermenêutica que é realizado no âmbito do PPG, foram desenvolvidos grupos de leitura com a participação de mestrandos, doutorandos e alunos de Iniciação Científica”, comenta o professor.
A partir da pesquisa, Castro conta que a ideia é construir uma perspectiva filosófica sólida que possa contribuir para uma reflexão interdisciplinar e as ciências sociais.
Nos dias 19 e 20 de novembro acontece o Colóquio Internacional Musil, Benjamin & seus contemporâneos – Pensamento e ficção em tempos de crise, promovido pelo Centro de Estudos Europeus e Alemães (CDEA). Os encontros ocorrem das 14h às 20h30min, no Auditório do Prédio 9 do Campus (Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre) e abordarão figuras emblemáticas da filosofia e da literatura do século 20. Interessados podem se inscrever até o dia 11 de novembro pelo e-mail [email protected]. Evento gratuito com entrega de certificados.
O Colóquio foca nas reflexões de grandes nomes sobre os impasses e fricções na tradição filosófico-literária europeia. Essas tensões dificultaram a abertura à pluralidade e à complexidade do mundo moderno, às relações democráticas e às perspectivas multiculturais que, em breve, teriam abrangência global. O propósito consiste em elucidar a visão que esses ensaístas tinham de um mundo no qual se processavam traumáticas transformações e também em iluminar as relações desses poetas e pensadores entre eles e com seus contemporâneos.
O encontro tem o objetivo de ampliar as perspectivas para além dos estudos especializados sobre Walter Benjamin e Robert Musil, dando espaço para reflexões que enriqueçam a visão dessa época estabelecendo relações escritores como Thomas Mann, Walser, Kafka, Döblin e Brecht, Proust e Joyce, entre outros, com filósofos como Heidegger, Hannah Arendt e Adorno.
Para o professor Leandro Karnal, “universidades compartimentadas, ensinando conteúdos fixos, que se transmitem de uma geração a outra, estão condenadas pela própria transformação técnica da sociedade”. Um dos palestrantes mais solicitados do País e famoso nas redes sociais – mantém um grupo no Facebook com 68 mil membros e sua página conta com 1,5 milhão de seguidores –, defende que os cursos superiores reforcem a Filosofia mais do que nunca, no mundo ultratécnico, ultramecanizado, extremamente industrializado e com todos os recursos de internet. “Não pode haver um programador de computadores que não tenha estudado lógica formal aristotélica, não pode haver um médico que não tenha estudado ética filosófica, não pode existir um engenheiro que não tenha estudado, por exemplo, urbanismo e outras questões fundamentais para pensar o humano.”
Sobre o seu alcance nas redes, ao lado de outros professores, Karnal acredita que há uma difusão no acesso a informações. “É difícil explicar o fenômeno. Posso recorrer a uma profecia do século 19, de Marx, que dizia que no futuro tudo se transformaria em mercadoria, inclusive o conhecimento, ou McLuhan, de que o meio e a mensagem estão fundidos – significado e significante.”
Gaúcho de São Leopoldo, mora há décadas em São Paulo, onde leciona na Universidade Estadual de Campinas. Historiador, tem especialização em História da América e doutorado em História Social, com pós-doutorado pela Unam (México) e CNRS (Paris). Participa de cursos do Pós PUCRS Online pelo terceiro ano consecutivo. É um dos convidados de cinco modalidades atuais: A Moderna Educação: Metodologia, tendências e foco no aluno; Educação Transformadora: Pedagogia, Fundamentos e Práticas; Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional; Psicologia Positiva, Ciência do Bem-Estar e Autorrealização; e Gestão de Pessoas: Carreiras, Liderança e Coaching. Nesses, ministra, respectivamente, as disciplinas A Cultura no Ambiente Educacional: da Sala de Aula ao Grupo de WhatsApp, com a professora Roselane Costella, da UFRGS; Uma Breve História da Humanidade: lições para a educação no século XXI, com Alexandre Anselmo Guilherme, da Escola de Humanidades; História da Filosofia: ser, conhecer, dizer, com Leonardo Agostini, também da Escola de Humanidades; Muito obrigado! O papel da gratidão, ao lado de Irani Argimon, da Escola de Ciências da Saúde; e Atalhos da sabedoria: maestria do ser e espiritualidade, com Wagner de Lara Machado, também da Escola de Ciências da Saúde.
Em 1996, Karnal participou da sua primeira banca de doutorado na PUCRS. Fez parte da mesa de José Alberto Baldissera, que defendeu tese em Educação. Confira mais de seu pensamento em entrevista exclusiva ao portal da PUCRS.
O senhor faz parte de cinco cursos da PUCRS. Sente diferença entre os perfis de alunos?
Os cursos produzem culturas específicas. As pessoas do Direito não são iguais às pessoas de Finanças, os alunos da área de Humanidades são muito distintos dos de outras áreas. Eu ainda não toquei, eu creio, em outras culturas, como Engenharia e Medicina, que ainda são mais específicas. Os alunos são atraídos para um curso porque tem um perfil. Eu reconheço quase imediatamente se estou numa sala com engenheiros ou filósofos.
Esses cursos se propõem a ter uma multiplicidade de perfis pelos temas que abrangem.
É um impulso universal, mas muito forte aqui na PUCRS, que eu gosto em particular, o caráter de universidade. Ela existe desde que surgiu, no ocidente europeu, na cidade de Bolonha, no século 11, como um convívio de saberes. A universidade era não um espaço para eu me tornar exclusivamente um filósofo ou um doutor em leis, mas onde eu convivia com exposições à questão estética da arte, da música, da literatura e do próprio encontro estudantil. Grandes e boas universidades, e esse curso é uma prova de que a PUCRS busca o mesmo objetivo, estão trabalhando com a ideia de dissolução de barreiras. Claro, há coisas que só o engenheiro estudará, o médico ou o filósofo. Mas eles serão muito melhores se tiverem convívio ou exposição a outras metodologias e maneiras de ver o mundo. Isso que é universidade e não uma faculdade isolada. Passei por áreas de convívio aqui. Até o ato de conversar com colegas é um ato transformador no sentido humanístico da palavra: perceber diferenças, comportamentos, distinções, idiossincrasias, para eu reforçar meu ponto de vista ou modificá-lo.
“Grandes e boas universidades, e esse curso é uma prova de que a PUCRS busca o mesmo objetivo, estão trabalhando com a ideia de dissolução de barreiras. Claro, há coisas que só o engenheiro estudará, o médico ou o filósofo. Mas eles serão muito melhores se tiverem convívio ou exposição a outras metodologias e maneiras de ver o mundo.”
O senhor vê que esse é o caminho das universidades em um contexto em que profissões estão enfraquecidas pelas tecnologias e há uma crise de emprego?
A tendência global hoje é das universidades saírem do campo de transmissoras de conhecimento para produtoras de atitudes e indagações. Mais do que nunca tenho visto que servem e funcionam como não para a formação de uma profissão, mas de uma atitude indagadora e de um posicionamento, para usar uma palavra difícil, de uma reformuladora de epistemologias, de busca de verdade, de validação da verdade, e de métodos para produzir novas verdades. De fato, como você lembra, tudo o que me ensinaram ficará defasado. E o Yuval Harari disse, no seu último grande pronunciamento sobre educação em um congresso em Portugal, que somos a primeira geração que não sabe o que ensinar à seguinte. E eu diria assim: nós não sabemos quais as técnicas serão utilizadas, quais serão as profissões em 20 anos, mas, independentemente disso, teremos que dar resposta a questões relativas a quem eu sou, que função exerço na sociedade, quais são os valores e os modelos de busca de profissão, de modelo de ação. Universidade compartimentada, ensinando conteúdos fixos, que se transmitem de uma geração a outra, estão condenadas pela própria transformação técnica da sociedade.
Como a tecnologia pode vir de suporte a esse modelo?
Restaurando uma noção humanística de que a tecnologia é um suporte e não objetivo. Meu objetivo não é o computador, nem a rede social, nem a internet, meu objetivo é utilizar essas ferramentas, recursos e paradigmas para atingir o conhecimento e a verdade, a transformação da sociedade. Pra eu não ser possuído pelo computador, para não cumprir aquelas profecias negativas de Admirável Mundo Novo, de Huxley, ou de sociedades como a prevista por Fritz Lang, em Metrópolis, no cinema alemão do entre guerras, que serve à tecnologia. É preciso estudar muito a tecnologia, é preciso dominar linguagens tecnológicas, é preciso fazer tudo isso pra que eu não dependa de tecnologias, não seja escravo delas e que não entenda que o objetivo do 4G é ser plataforma do 5G, o objetivo do 4G, do 5G ou do 50G, quando eu já estiver fora deste mundo, é sempre servir às pessoas, que se comuniquem mais, pensem mais, tenham acesso a informações mais verdadeiras. Por isso, universidade também é um centro de educação de valores e não de técnicas. Essa techne, uma expressão da filosofia grega, tem que estar a serviço de uma ação humana ou ela será não só inútil, mas perigosa.
“Eu diria que hoje no mundo ultratécnico, ultramecanizado, extremamente industrializado e com todos os recursos de internet, todos os cursos superiores têm que reforçar sua carga de filosofia, mais do que no passado, mais do que nunca”
Como o senhor vê o contexto político atual no Brasil e o seu impacto na educação de cortes de verbas no ensino superior?
Existe uma crise hoje e, naturalmente, o decréscimo na arrecadação de valores vai representar um decréscimo nos investimentos na educação. O que é perigoso nesse momento não é a oscilação quase que pendular que acompanhei ao longo de 40 anos de vida como professor, é o fato de que há um descrédito da própria educação, especialmente da educação humanística. Nós precisamos valorizar aqueles eixos que constituem o próprio conhecimento. Todo o projeto universitário e de conhecimento gira ao redor da filosofia. Ela que permite a investigação médica, física, científica, química. São os desafios propostos pelo método filosófico que se espraiam para outras áreas. São filósofos como Descartes, no seu discurso do método, e Bacon, que trabalham a ideia de como se faz a pesquisa científica, que depois vai se transformar em aparelhos médicos, remédios ou prédios mais bem construídos. A gênese, a semente de toda a educação é a filosofia, o senso crítico, a quebra de dogmas, o estímulo ao debate, ao estudo sistemático. Se eu passar a dizer que filosofia é inútil e filósofos não fazem nada, historiadores, sociólogos e antropólogos são agitadores, é porque não tenho a menor noção do que seja conhecimento, não sou de fato um intelectual ou pesquisador, sou alguém com título superior, o que hoje nem sempre quer dizer um pensador. Se eu não restauro essa crença fundamental na filosofia como primeira de todas as ideias, tenho um problema grave para resolver porque vou tornando a sociedade uma resposta técnica, de um algoritmo, que vai tornar o homem mais eficaz e mais submetido a sistemas. Eu diria que hoje no mundo ultratécnico, ultramecanizado, extremamente industrializado e com todos os recursos de internet, todos os cursos superiores têm que reforçar sua carga de filosofia, mais do que no passado, mais do que nunca. Não pode haver um programador de computadores que não tenha estudado lógica formal aristotélica, não pode haver um médico que não tenha estudado ética filosófica, não pode existir um engenheiro que não tenha estudado, por exemplo, urbanismo e outras questões fundamentais para pensar o humano. Mais do que nunca, me preocupam as verbas, que já vi serem maiores ou menores, mas hoje me preocupa muito mais a postura de agressão ao conhecimento feita por pessoas sem conhecimento.
Reconhecido e aclamado mundialmente por ser uma referência em ideias políticas conservadoras e polêmicas, o pensador e escritor britânico Roger Scruton foi moderado ao falar para uma plateia lotada na terceira noite de conferências do Fronteiras do Pensamento, em 1º de julho. Deu pinceladas em alguns temas controversos contemporâneos, mas se ateve em refletir de forma profunda sobre os sentidos da vida, o tema de sua palestra e também do ciclo de eventos deste ano.
“Somos criaturas ávidas por sentido. Sem sentido é quase impossível aceitar viver. Buscamos significados até onde ninguém os implantou, como nas flores”, refletiu. Tendo como fio condutor a história de sua mãe, Scruton, 75 anos, um dos mais importantes filósofos da atualidade, membro da Royal Society of Literature, condecorado com a medalha da Ordem do Império Britânico e professor da Universidade de Buckingham, relatou um convívio familiar difícil na infância e juventude.
Em busca de sentido
Afeto e acolhimento não eram demonstrados por seus pais, o que o levou a fugir de casa aos 16 anos. A mãe, tímida e reclusa, submissa ao marido, um operário sindicalista de personalidade opressora, sofria calada. Vítima de câncer de mama, no fim da vida, no leito, confidenciou aos filhos: “Minha vida foi um fracasso, nunca admiti isso. Mas agora eu sei. Olho para trás e vejo que nunca disse o que queria: que eu amava vocês”. Scruton revelou que carregou as palavras e o desespero da mãe por 50 anos. “Ela buscou o sentido da vida e não encontrou nenhum”, avaliou.
Autor de best-sellers sobre filosofia, política e estética, além de produções acadêmicas e um documentário para a BBC sobre Por que a beleza importa?, escreveu A alma do mundo e A natureza humana, onde diz que o sentido da vida não é o significado que cada um atribui a ela. “É o significado que os outros lhe conferem, através do reconhecimento da minha vontade, da compaixão pelo meu sofrimento e do perdão pelos meus defeitos.”
A redenção, na análise de Scruton, é uma solução para as falhas do passado. Ele questionou por que as pessoas agem, sentem e reagem de certa forma. Segundo o filósofo, a redenção não vem do ego, vem do outro. “Reconhecemos, em nosso ser, que não estamos sozinhos. Que o que importa para nós, a nossa salvação, é o amor, a compaixão e o perdão que os outros nos concedem.” E foi além: “Mais promissor é buscar o sentido da vida não nos acontecimentos que a compõem, mas na visão que a redime”. Acrescentou que o fundamental para uma vida de relações pessoais é o sacrifício. “O pensamento de que os outros poderiam se sacrificar por mim é um pensamento que muda o mundo”, vaticinou.
Em busca da beleza
Diante da relação somente instrumental com o mundo, Roger Scruton defende o papel da beleza. Diz que ela está intimamente ligada ao sagrado, ao contrário da sociedade materialista, que vê todas as coisas como algo que pode ser comercializado e consumido. O estético, enraizado nas comunidades desde tempos ancestrais, em sua percepção, foi construído “no espírito do amor, voltado para os outros”.
Citou que o principal exemplo quando se fala em estética são as cidades, decoradas e ornamentadas, em cada detalhe, para se oferecerem aos olhares e julgamentos. “A vida já me apresentou vários exemplos, mas nenhum como Veneza e a Basílica de São Marcos, com sua cúpula dourada e ordem estética meticulosa”, observou.
Por que a beleza importa? O escritor diz que contemplar o belo é compreender a alma do mundo, tocar o sentido profundo das coisas através do olhar. “Por meio da beleza, implantamos em nosso entorno o sentido de pertencimento que nos vem dos outros; quando a relação eu-você floresce, o outro é trazido para nossas vidas.”
O papel da beleza e do amor nos sentidos da vida leva em conta, de acordo com Scruton, que a condição humana, como a conhecemos, é cheia de tragédias e mistérios. Uma das tarefas da arte seria reconciliar os seres humanos com isso. “É mostrar que, na profundeza do desespero, existe uma beleza que nos liberta”, concluiu.
Nesta quinta e sexta-feira, 27 e 28 de junho, a PUCRS recebe a 5ª Conferência Internacional de Filosofia da Educação e Pedagogia Crítica, promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade de Caxias do Sul, Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Universidade Federal Fluminense, University College of London e a National University of Ireland. O evento ocorre no auditório térreo do Prédio 50 do Campus (Avenida Ipiranga, 6.681 – Porto Alegre).
Essa é a primeira vez que a conferência ocorre no Brasil, já tendo sido sediada em Liverpool e Winchester, no Reino Unido. O objetivo é compartilhar experiências e conhecimentos produzidos no campo de filosofia da Educação e Pedagogia Crítica, bem como fomentar a integração e a cooperação entre pesquisadores da área da educação.
Para o coordenador do evento e professor do PPGE Alexandre Anselmo Guilherme, “o encontro permitirá a congregação de especialistas e interessados na área de filosofia de educação, possibilitando uma grande troca de saberes entre a América Latina e Europa. Além disso, introduzirá no contexto brasileiro o importante trabalho de filósofos da educação reconhecidos internacionalmente por seus trabalhos sobre educação e democracia”, destaca.
A conferência terá a presença de pesquisadores internacionais, reconhecidos no campo da filosofia, educação e pedagogia. Entre os nomes confirmados estão a professora Judith Suissa, da University College London (Reino Unido), o professor Carl Safstrom, da National University of Ireland (Irlanda), e a professora Sharon Todd, da Northeastern Illinois University (Estados Unidos).
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